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Dissertações

O objetivo da pesquisa desenvolvida foi compreender a forma como a cultura material pode contribuir para a construção da memória e da identidade de determinado grupo. Dessa maneira, o grupo estudado foi a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. A escolha por pesquisar esse grupo se deu justamente pela vontade de memória que apresenta, seja através da preservação de seus documentos, fotografias e objetos, seja através das comemorações em datas festivas, quando expõem os objetos representativos de sua história e memória. Sendo assim, através de discussões embasadas nos autores que discorrem acerca dos temas da memória, da identidade e da cultura material, foi possível traçar suas relações. Além disso, buscando estudar esses objetos através das perspectivas da Museologia, propor modelos para sua extroversão, pensado através do conceito de musealização, de modo que seja possível aplicá-lo a outras unidades universitárias que demonstrem a mesma vontade de memória.

Ubirajara Buddin Cruz

Fotografia e memória: as câmaras frias dos extintos frigoríficos Anglo de Pelotas (Brasil) e Fray Bentos (Uruguay)

Palavras-chave: Patrimônio industrial. Memória social. Fotografia. Frigorífico Anglo. Pelotas. Fray Bentos

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O estudo desenvolve reflexão sobre os limites e possibilidades de um processo de constituição de suporte para a memória e sobre a memória das extintas câmaras frias do Frigorífico Anglo de Pelotas. Utilizou-se de revisão bibliográfica, análise de acervos fotográficos atuais e históricos e depoimentos de ex-trabalhadores para compreender como essas unidades fabris apresentaram trajetórias de patrimonialização tão diversas. As fábricas de Pelotas (Brasil) e Fray Bentos (Uruguay), foram implantadas pelo grupo inglês de beneficiamento de alimentos de origem animal, Vestey Brothers. O estudo parte de considerações sobre o desenvolvimento da indústria frigorífica na Argentina, Uruguai e Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, para compreender a relação entre os valores que determinaram o nível de proteção das plantas fabris remanescentes nesses lugares. Especificamente no caso brasileiro, observa-se como a ocupação do antigo Frigorífico Anglo pela Universidade Federal de Pelotas, provocou uma série de obras para adaptar a antiga indústria em um campus universitário provocando a descaracterização do conjunto. O foco do levantamento de dados e da análise centrou-se nas câmaras frias, sobre as quais se estabeleceu a observação comparativa entre os dois lugares. Apresentam-se as câmaras frias como o local mais identificador dessa fábrica e discute-se como a sua eliminação indica o abandono da proteção do patrimônio industrial em foco. O Arquivo Fotográfico e outros acervos existentes no Uruguai sobre o extinto, Frigorífico Anglo del Uruguay, localizado em Fray Bentos, declarado como Patrimônio Cultural da Humanidade em 2015 foi a base dessa consideração, contrapondo-se a ela a documentação gerada na derradeira intervenção que inabilitou o local das câmaras frias na extinta unidade pelotense. Fotografia, patrimônio industrial e a construção da memória são as bases do tripé conceitual desta investigação, cuja meta é aportar conhecimento ao conjunto remanescente do Frigorífico Anglo de Pelotas.

Vania da Costa Machado

Memórias em arquivos pessoais: a trajetória de vida de Judith Cortesão a partir de seu arquivo pessoal

Palavras-chave: Arquivo pessoal. Trajetória de vida. Maria Judith Zuzarte Cortesão. Legitimação e validação de fontes de informação

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Arquivos pessoais são compostos tanto por documentos probatórios de atividades e responsabilidades sociais, profissionais ou financeiras, quanto por documentos de caráter memorial, que de forma subjetiva traduzem nossas identidades, relações e laços afetivos e, diferentemente dos arquivos institucionais, sua acumulação não segue regras ou leis gerais. Entretanto, apesar do caráter subjetivo e arbitrário que caracteriza o processo de composição de arquivos pessoais, eles podem se constituir em fontes, às vezes, bastante relevantes enquanto suportes de memória acerca de trajetórias de vida de personalidades individuais, de notoriedade pública ou não. A partir dessa perspectiva, o presente trabalho destina-se a evidenciar uma narrativa memorial acerca da trajetória de vida da professora Dr.ª Maria Judith Zuzarte Cortesão, a partir dos documentos que integram o seu arquivo pessoal, sob custódia da Biblioteca Setorial da Pós-Graduação em Educação Ambiental, Sala Verde Judith Cortesão, da Universidade Federal do Rio Grande, buscando, dessa forma, não só legitimar a fonte de acervos pessoais enquanto suportes de memória de trajetórias de vida individuais, como também desvelar uma sistematização possível da trajetória de vida de seus sujeitos a partir desses suportes. Para a consecução dessa pesquisa, além das fontes documentais pertencentes ao acervo Judith Cortesão, utilizou-se, também, de documentos oriundos de diferentes arquivos, fontes bibliográficas e depoimentos orais de ex-alunos da professora, muitos deles encontrados a partir do mapa e dos indícios fornecidos por esse arquivo pessoal.

Defesas 2015

Bruna Frio Costa

FIOS DE MEMÓRIA: rastros do manuscrito da família Rojas no Quadro Antigo do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula

Palavras-chave: Quadro Antigo do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula. Família Rojas. Manuscrito. Memória

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Esta dissertação tem como objetivo principal investigar o que motivou a elaboração e o que motiva a ―sobrevivência‖ de um manuscrito, que em suas páginas contém o inventário dos túmulos pertencentes ao Quadro Antigo do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula. O manuscrito foi elaborado por Rui Rojas entre 1972 e 1975, enquanto exercia as funções de coveiro do cemitério – no lugar de seu falecido pai, Elias – e por mais de 30 anos foi guardado por Ricardo Rojas, filho de Elias e irmão de Rui e coveiro do Quadro Antigo de 1975 a 2009. A história da família Rojas, se entrelaça com a do Quadro Antigo por quase cem anos e teve início no ano de 1914. A dissertação está organizada em três capítulos. O primeiro capítulo trata do Quadro Antigo e da Família Rojas. Conceitos de memória, história do cemitério e memória da família serão apresentados. O segundo capítulo trata do manuscrito. Por quem e como foi elaborado e escrito. Qual o contexto de sua criação. A intenção que inspirou sua confecção. Usos atribuídos a ele por seu criador e seu guardião. Seus percursos. Foi feita também uma descrição detalhada do manuscrito. O terceiro capítulo apresenta os objetos pessoais como forma de salvaguardar a memória. Além disso, foram trabalhados ―o que guardar?‖, ―como guardar?‖ e ―por que guardar?‖, além do papel do ―guardião da memória‖. Este estudo permite compreender o manuscrito em diferentes sentidos: como escrita ordinária, como testemunha de um modo de vida, como relíquia conectada com uma sensibilidade nostálgica, como registro de uma trajetória e como um objeto a ser conservado e preservado por ser parte da história daquela família e daquele local.

Claudia Fontoura Lacerda

O Ateliê de conservação e restauro da Universidade Federal de Pelotas e suas ações preservacionistas

Palavras chave: patrimônio, conservação; restauro; acervo pictórico

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Esta dissertação é o resultado de uma pesquisa sobre as ações desenvolvidas no Ateliê de Conservação e Restauro criado pela Universidade Federal de Pelotas no ano de 1982 para restaurar as pinturas do artista pelotense Leopoldo Gotuzzo e, assim, poder efetivar a criação do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG) e de sua Pinacoteca. Após a primeira etapa de trabalhos práticos, o Ateliê continuou suas atividades até 1992, restaurando o restante do acervo pictórico da Universidade, oriundo da Escola de Belas Artes de Pelotas (EBA), constituído na época pelas coleções particulares de João Gomes de Mello Filho e Faustino Trápaga e pelas pinturas dos ex-alunos e de professores da EBA [atualmente denominada pelo MALG como coleção EBA] As ações que resultaram na criação do Ateliê foram respaldadas pelo valor do acervo pictórico da UFPel, que é representativo de parte da história cultural da cidade de Pelotas e da região, e pela preocupação na sua conservação. No presente trabalho fez-se uma pesquisa sobre a criação do Ateliê, a identificação de quais e quantas pinturas foram restauradas, definindo os materiais e as técnicas utilizadas, e sobre o seu pioneirismo nas ações de restauro em acervos pictóricos no Rio Grande do Sul. Para alcançar os objetivos propostos pesquisou-se no arquivo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG), detentor da documentação produzida no Ateliê, e, buscando preencher lacunas deixadas pela documentação, realizou-se entrevistas com pessoas envolvidas nos trabalhos de conservação e restauro das obras do acervo pictórico.

Cleiton Bierhals Decker

MEMÓRIA E CIBERCULTURA Os suportes de memória e a apropriação do patrimônio na contemporaneidade – uma análise da fanpage Projeto Pelotas Memória no Facebook

Palavras-chave: Memória. Patrimônio. Cidade. Cibercultura. Pelotas. Mídias sociais. Sociotransmissores

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O presente trabalho buscou estudar conceitos referentes à memória social e ao patrimônio cultural em tempos de cibercultura, identificando os traços de uma representação da cidade na mídia social, bem como as formas de apropriação que os usuários estabelecem com os elementos dessa cidade – em especial a memória e o patrimônio. A representação refere-se à fanpage Projeto Pelotas Memória, que disponibiliza conteúdos como imagens, vídeos e textos na rede, com o intuito de estabelecer relacionamento com essa comunidade virtual, cujos membros têm a cidade de Pelotas – sua memória, história e tradições – como elemento integrador. A página surgiu no ano de 2011, no site de rede social Facebook, e buscava valorizar a memória da cidade de Pelotas, bem como homenagear Nelson Nobre Magalhães, criador do projeto com mesmo nome, que mantinha um quiosque na Rua Quinze de Novembro, com o intuito de disponibilizar imagens e textos sobre a história de Pelotas. A análise identificou quais imagens da cidade possuem mais apropriação pela mídia social e também como os dispositivos de interação permitem que sejam gerados novos conteúdos sobre a memória social. Por meio da ferramenta, o trabalho mostrou a relação que as pessoas têm com prédios, praças e ruas da cidade, demonstrando em alguns casos que esses locais, muito mais do que “espaços”, são “lugares”, pois estão carregados de significados. A relação com os lugares foi identificada por meio dos comentários em cada uma das postagens, cuja natureza também foi classificada. Todas essas análises nos permitiram identificar conteúdos de um discurso metamemorial circulando pelas mídias sociais e contribuíram para abrir uma discussão sobre o potencial sociotransmissor em que a rede pode se tornar.

Daniel Barbier Leal

A cidade e o museu: a orgiem, em 1904, do Museu Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense

Bibliotheca Pública Pelotense. Pelotas/RS. Cidades e Museus. Memória social. Patrimônio cultural

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Esta dissertação trata de uma investigação dos motivos, mais implícitos do que explícitos, que levaram à fundação do Museu Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense, em 1904, oferecendo suporte teórico para os estudos das relações entre cidades e museus; neste caso, Pelotas/RS e o MH-BPP no início do séc. XX. Para dar conta às inúmeras explicações, delimitaram-se hipóteses a fim de serem analisadas com base em dados obtidos na pesquisa em fontes primárias, tendo como viés pressupostos teóricos para o estudo de museus no campo do patrimônio cultural. Em caráter preliminar, percebemos no panorama local uma série de transformações acontecendo num ambiente de fortes contrastes sociais, entre elas a de uma elite que sofre com o rearranjo de poder no cenário regional, de contingentes de imigrantes pobres que, saindo da Europa, buscam se estabelecer ao arredor da urbe pelotense e de uma expressiva população de africanos e seus descendentes que, após a abolição, precisavam consolidar seus direitos e garantir seu desenvolvimento. Em contraponto, temos os museus que, em regra, no Brasil, com sucesso ou não, buscam atender uma série de demandas do grupo que os constituíram e acabam servindo para finalidades menos genéricas e altruístas do que preveem seus documentos e discursos oficiais. Processo esse que nos leva a crer que a criação de um “pequeno museu anexo à Bibliotheca” tenha sido motivada por uma estratégia política fundamentada em questões ligadas ao governo pela memória via patrimônio cultural.

Diogo Souza Madeira

Memórias linguísticas de Jorge Sérgio Lopes Guimarães

Palavras-chave: surdez; memória; identidade; Jorge Sérgio Lopes Guimarães

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Esta dissertação teve como objetivo analisar as narrativas de Jorge Sérgio Lopes Guimarães compiladas no livro Até onde vai o surdo, publicado em 1961, no Rio de Janeiro. O livro contém 41 pequenas crônicas que foram publicadas, originalmente, entre os anos de 1958 e 1960, em três periódicos que circulavam na cidade do Rio de Janeiro: O Globo,o Jornal das Moças e o Jornal News Shopping. Para conhecer a biografia do autor, surdo e falecido em 1973, foram entrevistadas uma amiga e uma sobrinha. Os textos foram analisados através de procedimento de redução temática a qual fez emergir seis categorias: Política, Surdez, Educação, Oralismo, Língua de Sinais e Língua Portuguesa. Os conteúdos assim organizados em categorias, permitiram a compreensão de representações da surdez como doença e situação incapacitante. Ao mesmo tempo, percebe-se um discurso que desestimulava e, até, proibia a Língua de Sinais e fazia uma referência positiva ao Oralismo. O livro de Jorge Sérgio Guimarães é uma importante contribuição para a história e a memória dos surdos brasileiros e, muito ainda tem a ser explorado para o melhor entendimento da surdez nas décadas de 50 e 60 do século XX no Brasil.

Fábio Galli Alves

Decorações murais: técnicas pictóricas de interiores. Pelotas/RS (1878-1927)

Palavras-Chave: ecletismo; técnicas decorativas; bens Integrados

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A dissertação tratou dos bens integrados ao patrimônio eclético historicista de Pelotas, teve como objeto de estudo as técnicas pictóricas desenvolvidas sobre as superfícies murais dos ambientes interiores: a escaiola, o estêncil, a pintura a mão livre, o trompe l’oeil, a marouflage e o marmoreado. Analisou as decorações parietais de nove edificações da cidade: o sobrado residencial de Alfredo Gonçalves Moreira, filho do Barão de Butuí; as casas assobradadas do Barão de São Luís; do Conselheiro Francisco Antunes Maciel; do Senador Joaquim Augusto Assumpção; de Thereza Simões Dias da Costa; o Clube Caixeiral; a Biblioteca Pública Pelotense; o Teatro Guarani e o Paço Municipal. Apresentou as origens e o desenvolvimento das pinturas murais na História da Arte do mundo ocidental, desde a Pré-História ao Ecletismo. Identificou o translado do estilo arquitetônico e dos procedimentos decorativos para o Brasil. Comentou sobre a formação da mão de obra brasileira e sobre os manuais usados por artistas e artífices na área. Apresentou os edifícios e discorreu sobre os materiais e as ornamentações pictóricas desenvolvidas nos ambientes interiores dos prédios pelotenses elencados, identificou e exemplificou os procedimentos encontrados nos casarões e realizou a leitura formal, iconográfica e iconológica dos exemplares encontrados.

Frantieska Huszar Schneid

Fotografias de Casamento  – Memórias compartilhadas a partir de acervos pessoais

Palavras-chave: Fotografias de casamento. Memórias compartilhadas. Guardiã de memória. Vestido de noiva

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Este estudo pretende investigar, em fotografias de casamentos de 1940 a 1969, as formas de um rito de passagem que se apresenta, nessas imagens, como poses, personagens e cenários. Quanto aos recortes temporal e espacial, ambos são moventes, porém, não imprecisos e estão condicionados à teia de relações dos sujeitos pesquisados. O recorte temporal justifica-se pelo fato de que, no período abarcado, havia o hábito de compartilhamento das fotografias entre amigos e familiares. Já o recorte espacial, a própria teia formada através do conjunto e sequência das fotos o delimita. O referencial teórico apresentado aborda o casamento como rito compartilhado, no qual as fotografias do evento assumem um formato colaborativo para a memória familiar, bem como tudo que está presente no universo destas fotografias: materiais, fotógrafos, ateliers fotográficos, cenários em que foram registradas as fotos, poses dos fotografados, objetos que compõem a cena e traje, destacando o vestido de noiva. O casamento, neste período e sociedade, é um evento que reunia os envolvidos em um rito afirmativo que se desejava compartilhar. A fotografia cumpria tanto a função de registro como possibilitava que o compartilhamento fosse estendido para além da sua ocorrência. A metodologia estrutura-se em estudo de caso: um método da abordagem de investigação, que consiste na utilização de um ou mais métodos qualitativos de recolha de informação e não segue uma linha rígida de investigação. Caracteriza-se por descrever um evento ou caso de uma forma longitudinal. Os métodos utilizados são: revisão bibliográfica – sobre memória, fotografia, família, mulher e casamento – e análise das fotografias do acervo em questão. Pretende-se, por fim, verificar como o registro da imagem permite que famílias acumulem durante anos fragmentos capazes de constituírem-se como um lugar de memória.

Isabel Halfen da Costa Torino

Mercúrio na torre do mercado: percurso e significado de um símbolo grego na memória e no patrimônio cultural de Pelotas, RS

Palavras-chave: Memória. Patrimônio. Práticas patrimoniais. Deus Mercúrio. Mercado Central de Pelotas

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Esta pesquisa tem como tema central o estudo de um símbolo do patrimônio cultural pelotense que esteve desaparecido por longo tempo, embora presente no imaginário pelotense e reivindicado por alguns setores da sociedade: a escultura em metal que representa o deus Hermes na mitologia grega ou Mercúrio na mitologia romana. Ela esteve fixada no alto da torre do Mercado Central de Pelotas desde aproximadamente 1914, desaparecendo entre a década de 1950 e 1960 e reaparecendo há alguns anos em uma sala da Secretaria de Cultura do município. Sob quatro perspectivas a serem interligadas, serão estudados: o longo percurso mitológico/iconográfico de Hermes/Mercúrio, iniciando pelas suas conformações mitológicas, simbolismos associados e mudanças sofridas na sua representação; a contextualização cultural do Mercúrio em Pelotas como produto de uma apropriação moderna que ocorre não somente em uma escala geográfica local, mas global; o histórico do Mercúrio contemplando os aspectos subjetivos de sua memória, até o início da patrimonialização, onde se propõe uma discussão entre patrimônio e memória. Neste percurso serão abordadas as relações dos diversos atores sociais implicados nas práticas patrimoniais ocorridas no processo de descontextualização deste bem cultural. Interessa nessas mobilizações a significação do Mercúrio no contexto cultural da cidade. Por tratar-se de tema multidisciplinar, o trabalho tem também como objeto de pesquisa a abordagem da proteção do patrimônio cultural dos bens móveis e integrados. Sob a ótica da conservação e de alguns documentos de proteção patrimonial propõe-se uma reflexão sobre as ações sofridas por este bem cultural ao longo do tempo.

Laura Ibarlucea

Ciudades que se narran Relaciones entre las narrativas histórico-patrimonial y turística en el Barrio histórico de Colonia del Sacramento (UY)

Palabras clave: Patrimonialización. Turismo. Colonia del Sacramento. Dispositivo memorial. Patrimonio Mundial de la Humanidad

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El Barrio histórico de Colonia del Sacramento –una pequeña área urbana ubicada en la costa del Río de la Plata, en la ciudad del mismo nombre, en la región suroeste del Uruguay– es, hasta la fecha, el único sitio uruguayo incluido en la Lista del Patrimonio Mundial de la Humanidad, el trabajo que sigue se centra en el análisis de las formas en que la narrativa patrimonial y la turística interactúan en este espacio. Se trata de un abordaje centrado en la caracterización de cada uno de estos relatos, mediante la conformación de un conjunto de herramientas teóricas, entre las que destaca la categoría de dispositivo memorial, desarrollada específicamente para identificar y describir elementos de la semántica patrimonial del sitio. El método regresivo-progresivo de Henri Lefevre permitió configurar una trama de análisis para la caracterización del espacio analizado. En tanto que la metodología utilizada se basó en la revisión de archivos documentales de diverso tipo (prensa escrita, fotografías, documentación pública, etcétera) así como la realización de observaciones de campo (inspiradas en la metodología de la observación participante) y el análisis de propuestas turísticas concretas en la ciudad. El trabajo, orientado a entender las estructuras de las distintas narrativas, implicó la descripción de los procesos de patrimonialización y turistificación del Barrio histórico y el análisis de las dinámicas de articulación de estos dos procesos, así como su situación actual. La investigación concluye con la confirmación de las relaciones previstas como hipótesis iniciales. Paralelamente, la puesta en acción de las herramientas teóricas como categorías de análisis resulta apropiada y abre la posibilidad de su aplicación a otros casos, en particular para la categoría dispositivo memorial.

Magali Martins Aquino

Entre metodologias e ferramentas: Análise de software para informatização do acervo fotográfico do Memorial Theatro Sete de Abril

Palavras-chave: Softwares para tratamento de acervos. Acervo fotográfico. Theatro de Sete de Abril. Memorial Theatro Sete de Abril. Preservação da memória cultural

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O presente trabalho tem como objetivo facilitar o acesso às informações imagéticas através da análise de softwares que possibilitem informatizar acervos fotográficos. Tem-se como objeto deste trabalho o tratamento técnico das fotografias do acervo do Memorial Theatro Sete de Abril, localizado na cidade de Pelotas/RS. Por se tratar de um acervo com relevante conteúdo informacional e histórico, torna-se imprescindível o tratamento técnico destes documentos para posterior recuperação, a fim de que a história e a memória deste espaço cultural sejam preservadas. Para tanto, elegeu-se como método o estudo exploratório, com abordagem qualitativa, através da análise documental de softwares de informatização de acervos, com atenção aos módulos de catalogação e indexação, procedimentos responsáveis pela recuperação da informação. Os resultados demonstram que, dentre os três softwares analisados, o software Personal Home Library (PHL) atendeu a maior parte das demandas para tratamento de acervos fotográficos, bem como atende às demandas para gerenciamento do referido acervo. Sendo o mesmo eleito para demonstrar a análise de viabilidade de tratamento do acervo fotográfico do Memorial Theatro Sete de Abril.

Micheli Martins Afonso

Uma abordagem brasileira sobre a temática das Casas-Museu: classificação e conservação

Palavras-Chave: Casa-Museu; classificação das Casa-Museu; memória íntima; conservação

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Objetiva-se nesta pesquisa investigar a temática das Casas-Museu e analisar os conceitos que definem esta tipologia museal. Buscou-se entender a trajetória deste tipo de museu dentro do cenário brasileiro, verificando a quantidade de instituições cadastradas nesta categoria, a sua distribuição geográfica por regiões do país e a classificação, de acordo com o critério elencado pelo DEMHIST. Realizou-se uma compilação dos dados apresentados na publicação organizada por Ana Cristina Carvalho, que elabora um mapeamento das Casas-Museu existentes no Brasil. A partir desta publicação, e das informações contidas neste manual, sentiu-se a necessidade de criação de uma nova categoria: as Casas-Museu de memória íntima. Por fim, abordou-se questões ligadas à conservação, museologia e museografia, visando problematizar estas práticas dentro destes espaços de preservação. Pretendeu-se com a pesquisa ampliar o debate sobre a temática das Casas-Museu, contribuindo para um maior entendimento sobre esta tipologia museal e para a salvaguarda destes espaços como um todo.

Olivia Silva Nery

A invisibilidade na materialidade: as pontes de memória nos objetos de Lyuba Duprat

Palavras-chave: Objetos. Memória. Lyuba Duprat

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Os objetos estão presentes na vida de todo o ser humano. Entretanto, nem todos possuem o mesmo significado e valor para as pessoas. Existem aqueles que temos como materiais íntimos, extremamente associados a nossa história, identidade e memória. Estes objetos dizem muito sobre quem nós somos, são objetos biográficos que mostram qual o nosso lugar no mundo e contam também sobre a nossas relações com as pessoas e lugares. Além disso, são grandes evocadores memoriais, pois a materialidade das coisas permite um exercício memorial que nos conecta ao passado, a cheiros, músicas, etc. Essa pesquisa de mestrado trata da relação entre objeto e memória, tendo como base os objetos que pertenceram à professora de francês Lyuba Duprat (1900- 1994), na cidade do Rio Grande. A pesquisa teve por objetivo analisar como os objetos biográficos, quando associados diretamente aqueles que os possuem, podem ou não se converter em elementos discursivos do passado, evocadores de memória. Examinamos estes objetos biográficos de Lyuba Duprat em duas perspectivas: em entrevistas com ex-alunos próximos à professora; em espaços patrimonializados como o Museu da Cidade do Rio Grande e a Salle de Documentation Lyuba Duprat na Universidade Federal do Rio Grande – FURG.

Roberta Pinto Medeiros

Fotojornalismo e Memória no Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo (1984 – 1990) – Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH)

Palavras-chave: Fotografia. Memória. Arquivo. Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo

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A proposta deste trabalho é apresentar a análise intrínseca e extrínseca das fotografias premiadas do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo do período de 1984 a1990. A análise resulta do desenvolvimento do trabalho de pesquisa pelo Curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Essa proposta de trabalho resultou em duas frentes de análise, sendo que a primeira consistiu de uma análise extrínseca das fotografias, o que correspondeu as principais características das fotos, como cor, tamanho, se eram sequenciais ou não, entre outros. Essa primeira análise deu suporte para a elaboração do instrumento de pesquisa, o catálogo seletivo, que corresponde a um dos produtos desta dissertação. Já a segunda parte da análise correspondeu exatamente a proposta deste trabalho, ou seja, fazer a relação entre memória, fotografia e o Prêmio. Para isso, foi necessário traçar trajetórias ao longo do trabalho, as quais foram divididas em capítulos ou subcapítulos para que se alcançasse o objetivo proposto, sendo inicialmente abordada a trajetória do Prêmio. Em seguida, apresentou-se um referencial teórico embasado na fotografia, memória, esquecimento, ditadura e arquivologia. Por fim foi apresentada uma breve história do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), para posteriormente a esse capítulo, trazer a discussão em pauta da dissertação. Assim, para entender o porquê da criação do Prêmio, é necessário compreender o cenário no qual o mesmo foi criado. É dentro de um contexto de lutas e de violação aos direitos humanos do período final do regime militar no Brasil que foi criado o Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, em 1984, pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional do Rio Grande do Sul e a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado (ARFOC/RS). Assim, o Prêmio tem por função, além de outras, incentivar a denúncia de violações contra a liberdade de expressão, impedindo que o passado de repressão e censura se repita nos dias atuais. Diante disso, o Prêmio, que ainda ocorre anualmente, visa prestigiar as matérias jornalísticas mais relevantes em torno da defesa da dignidade humana, ao mesmo tempo em que estimula o trabalho dos profissionais do jornalismo na denúncia das violações e na vigilância ao respeito aos Direitos Humanos. O recorte das imagens (1984 a 1990) foi estabelecido devido à enorme quantidade de fotografias premiadas ao longo dos 31 anos de atuação do Prêmio, na medida em que trabalhar com todas elas extrapolaria o cronograma previsto pelo Programa de Pós-Graduação. As imagens trabalhadas na pesquisa podem ser consideradas como fotojornalísticas, pois estão ligadas aos meios impressos diários, além de agregarem algumas imagens chocantes e expressivas para a sociedade. Portanto, concluiu-se através deste trabalho, ou seja, do estudo da fotografia em relação à memória, que as fotografias presentes nesse acervo possuem um valor histórico e cultural para a sociedade, já que refletem o ambiente em que foram registradas. Além do mais, podem ser caracterizadas como documentos de arquivo, quando se faz a relação com outros documentos, já que muitas estão vinculadas a reportagens. Sendo assim, após a análise das fotografias e do estudo das fotografias em relação à memória, este trabalho chegou à conclusão de que o Prêmio possui o papel fundamental de não deixar que o Movimento seja esquecido, pois o MJDH foi criado com o objetivo, de auxiliar pessoas durante a ditadura civil-militar no Brasil, e mesmo após findado esse regime, o Movimento continuou a atuar na sociedade em favor dos direitos humanos.

Tassiane Mélo de Freitas

DE COMPLEXO CARBONÍFERO A MUSEU:o processo de patrimonialização dos remanescentes do antigo complexo carbonífero de Arroio dos Ratos, Rio Grande do Sul, Brasil (1983 – 1994)

Palavras-Chave: Desindustrialização. Patrimonialização. Patrimônio. Preservação. Museu Estadual do Carvão

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O objetivo central desta pesquisa é analisar e compreender o processo de patrimonialização de um lugar de trabalho ligado à indústria carbonífera – os remanescentes do antigo complexo carbonífero de Arroio dos Ratos – Rio Grande do Sul, Brasil. Neste local, além das atividades de extração, funcionou a primeira usina termoelétrica brasileira movida a carvão mineral, inaugurada no ano de 1924. Em 1956 a localidade de Arroio dos Ratos assistiu ao retraimento de sua economia baseada na extração do carvão, pós a transferência das atividades de mineração para a cidade de Charqueadas – Rio Grande do Sul. A desindustrialização trouxe ao distrito problemas econômicos e sociais, além das marcas do abandono da atividade mineira, que por anos foi o sustentáculo da região. Assim, os remanescentes do antigo complexo carbonífero estiveram por cerca de trinta anos à mercê tanto da ação humana, que dilapidava a antiga construção tirando-lhe os tijolos e tudo o que poderia ser aproveitado da sua estrutura, quanto do tempo, que se encarregava de oxidar as estruturas metálicas e cobrir com vegetação daninha o espaço outrora dinâmico. Os objetivos específicos desta pesquisa são: observar e analisar a relação da comunidade arroio-ratense com o espaço dos remanescentes, atual Museu Estadual do Carvão; analisar o processo de proteção e musealização à luz dos conceitos de memória, identidade e história e a partir da perspectiva política; compreender o modo pelo qual este bem vem sendo preservado ao longo das três últimas décadas; por fim, ponderar e apontar possibilidades sobre o uso social do patrimônio estudado. Partindo da perspectiva interdisciplinar, este estudo de caso segue a abordagem metodológica qualiquantitativa. A análise e compreensão do processo incluem: pesquisa bibliográfica; observação direta; exame de fontes documentais (processos, jornais, folders e fotografias) encontradas basicamente no acervo do Museu Estadual do Carvão; realização de entrevistas com roteiro semiestruturado entre a comunidade arroio-ratense e demais participantes deste processo; análise de respostas ao questionário virtual aplicado na comunidade carbonífera por meio das redes sociais e demais meios eletrônicos.

Defesas 2014

Aline Abreu Migon

Caracterização para tratamento de conservação do papel translúcido industrial para plantas arquitetônicas encontradas em acervos patrimoniais

Palavras-chave: Papel translúcido. Plantas arquitetônicas. Acervos patrimoniais. Conservação

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No Brasil, o papel translúcido popularmente conhecido como papel vegetal e também papel manteiga, normalmente, é encontrado em arquivos, bibliotecas, museus e centros de documentação como suporte para desenho de artistas, desenho técnico, mapas e plantas arquitetônicas. Muitos conservadores têm dificuldade em manter a integridade desse suporte, principalmente, devido aos processos de fabricação desse papel, que têm como objetivo alcançar a translucidez da folha, que ocorre através de diversas técnicas de fabricação onde os componentes usados induzem, juntamente com os fatores externos, a um processo extremo de degradação que fragiliza consideravelmente o documento ao longo dos anos. Embora não se tenha pesquisa e nem publicação sobre o tema no Brasil, percebe-se o interesse dos conservadores que atuam na área do papel e que em algum momento de sua profissão, já se depararam com esse tipo de material. Esta condição levou ao desenvolvimento do presente trabalho que aborda questões relacionadas à conservação dos tipos de papéis translúcidos industriais associados à atividade do registro arquitetônico, principalmente do século XX, encontrados em acervos patrimoniais brasileiros. Além disso, considerando que o conservador é um agente preservador do patrimônio cultural tangível, a pesquisa busca analisar processos para a tomada de decisão no tratamento de conservação das plantas arquitetônicas em papel translúcido industrial, que envolva estudos materiais do objeto, filosofia subjacente, suposições e juízos de valor inerentes ao material cultural que podem influenciar em cada decisão durante o tratamento. Inicialmente, para o desenvolvimento do trabalho, serão abordados conceitos que norteiam a conservação do projeto arquitetônico de monumentos. A seguir, esse tipo de suporte será caracterizado segundo a metodologia de tratamento da conservadora norte americana Barbara Appelbaum, que faz uma abordagem sistemática aplicável a todos os bens culturais, independente do tipo de objeto ou material. A autora, como contribuição para determinar seu tratamento, também dá importância à história do objeto e ao significado que ele tem para o seu proprietário, instituições e atores que o norteiam. Consequentemente, essa metodologia apresenta mais opções, respostas e melhores resultados para a escolha, elaboração e desenvolvimento do tratamento de conservação. A fim de abordar a aplicabilidade e o entendimento desta metodologia, e assim caracterizar esse tipo de suporte, foi escolhido o conjunto de plantas arquitetônicas do Fundo Presidência da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, Seção Diretoria da Administração do Campus como estudo de caso, que se refere à formação do campus de Manguinhos e outros dois institutos da Fiocruz. Os levantamentos e estudos possibilitarão uma discussão sobre a tomada de decisão para tratamento de conservação desse tipo de suporte.

Ana Paula Ferreira de Brito

O tempo da memória: (re)significando os usos sobre a memória do período militar no Brasil

Palavras-chave: memória, justiça de transição, direito a memória, ditadura cívico-militar, movimentos juvenis, escrachos

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Nos últimos anos, os países da América Latina tem (re) visitado suas histórias vinculadas ao passado recente com ênfase nos episódios relacionados às ditaduras cívico-militares. No Brasil, este compromisso com a memória tardou a se fortalecer na agenda pública em relação aos demais países vizinhos. No entanto, a luta pela memória, verdade e justiça sempre estiveram presentes, sobretudo no universo das vítimas e de seus familiares. Neste processo de (re) construção pública desta memória, se tem destacado um novo sujeito memorial que é a juventude, aqui classificada como a 3ª geração de memória, que não possuí qualquer vinculação com os primeiros grupos. Neste sentido, esta investigação busca problematizar como têm ocorrido esses movimentos “em prol da memória” e principalmente uma de suas expressões: os escrachos.

Ana Ramos Rodrigues

Usos do Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa (2002-2011)

Palavras-chave: Museu da Comunicação Hipólito José da Costa. Fotografia. Campanha da Legalidade

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Rodrigues, Ana Ramos. Usos do Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa (2002-2011). 2014. 164 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. Esta dissertação pretende analisar os usos do acervo fotográfico do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MCHJC), localizado na cidade de Porto Alegre-RS. Criado em 1974, o referido museu tem a finalidade de guardar, preservar e difundir a memória dos meios de comunicação no Rio Grande do Sul. Esta pesquisa visa analisar os usos realizados pelos pesquisadores do acervo fotográfico da instituição para compreender como ocorre este processo de construção das memórias coletivas através de um museu. O trabalho pretende mostrar, diante desta “emergência de memória” que vivemos na sociedade contemporânea, como os usos de um acervo fotográfico, podem refletir uma das várias formas de expressão da “compulsão memorial”, como a comemoração/rememoração. Esta pesquisa mostrará que os usos do acervo fotográfico não ocorrem somente em datas comemorativas/rememorativas de grande porte, mas também em datas de amplitudes menores. No entanto, são nas grandes datas que elas tomam uma dimensão maior, como no caso dos cinquenta anos da Campanha da Legalidade (1961), comemorados/rememorados em 2011. Neste ano foram realizados eventos, produções e publicações referentes aos seus 50 anos com uso no acervo fotográfico do MCHJC. Constituído pelo Arquivo do Palácio Piratini, responsável pelos registros oficiais dos atos dos governadores entre 1947 e 2006, as imagens foram produzidas pela Assessoria de Imprensa do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Através dos usos do acervo fotográfico no ano de 2011, pode-se conhecer a dimensão desta data de comemoração/rememoração. Assim, através da análise dos usos do acervo fotográfico foi possível conhecer quais foram as produções realizadas entre o ano de 2002 e 2011. Dessa forma, observou-se que houve um marco na grande busca pelo acervo a partir da implantação do Projeto Memória Visual de Porto Alegre 1880-1960, realizado em 2005-2006. Este projeto desenvolveu ações que estimularam o acesso do público ao MCHJC.

Cristiane Bartz de Avila

Entre esquecimentos e silêncios: Manuel Padeiro e a memória da escravidão no distrito de Quilombo, Pelotas, RS

Palavras-chave: quilombos; comunidades negras rurais; silêncio; memória; patrimônio cultural

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A presente dissertação de mestrado tem por objetivo investigar, junto aos moradores do Distrito de Quilombo do Município de Pelotas (RS) e da Comunidade Negra Rural do Alto do Caixão, que se localiza no próprio Distrito, as memórias da experiência da escravidão e da experiência Quilombola. Ao dar especial visibilidade aos moradores do Alto do Caixão, procurou-se pesquisar como as políticas públicas têm influenciado a vida desta Comunidade Negra Rural. Qual seria o papel das instituições que servem de ponte entre a Comunidade e o governo para implementar as referidas políticas? Será que estas ações contribuem no sentido de estabelecer uma condição cidadã para os seus integrantes? Para responder essas questões, foram utilizadas fontes primárias, tais como o processo crime de Mariano, Atas da Câmara Municipal de Pelotas (século XIX), leis atuais sobre o processo de reconhecimento das Comunidades Negras Rurais e bibliografia sobre os temas escravidão, quilombos, memória e patrimônio. Na pesquisa de campo, fez-se contato com os moradores do Distrito de Quilombo e das Comunidades do Alto do Caixão e do Algodão, bem como com pessoas que participaram do processo de orientação aos moradores na busca das políticas públicas que se aplicam a estes grupos. Buscou-se as origens do Distrito de Quilombo no século XIX na figura do Quilombo de Manuel Padeiro e sua resistência à escravidão na Cidade de Pelotas. Procurou-se demonstrar que as memórias da escravidão trazem lembranças que foram silenciadas ao longo do tempo e que nos últimos anos têm sido rememoradas numa nova perspectiva. Ao trazer a discussão da nova perspectiva de Patrimônio Cultural, que nos últimos anos tem dado atenção ao Patrimônio Cultural Imaterial (saberes-fazeres) e ao Natural, buscou-se demonstrar que, através de referências a elementos da Paisagem, os moradores do Alto do Caixão e os moradores do Distrito de Quilombo como um todo, rememoram a história do Distrito de Quilombo e a da Cidade de Pelotas, em suas facetas escravista, charqueadora e quilombola. Por fim, questionou-se se uma iniciativa de patrimonializar a figura de Manuel Padeiro ou os saberes-fazeres da Comunidade Negra Rural do Alto do Caixão contribuiria de forma afirmativa para a autoestima destes moradores.

Cristiéle Santos de Souza

ESCREVER, GUARDAR, LEMBRAR: Os Copiadores de Cartas de Dom Joaquim Ferreira de Mello

Palavras-chave: Memória, Cartas, Acervo, Escrita Epistolar

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Joaquim Ferreira de Mello, Bispo de Pelotas entre os anos de 1921 e 1940, copiou e organizou sua correspondência expedida em livros copiadores de cartas, por mais de vinte anos, reunindo o acervo epistolar que compõe o objeto deste estudo. Na análise do acervo busquei compreender, por meio das evidências deixadas nos processos de escrita e arquivamento de cartas, o lugar que o texto epistolar ocupou no ambiente clerical vivido por Dom Joaquim na primeira metade do século XX, e sua relação com a apropriação desses textos como suporte para discursos memoriais, ora relativos ao indivíduo que os produziu, como um “arquivamento de si”, ora relativos à instituição que os preservou, como um “dever de memória”. Para isso, analisei o acervo em três momentos distintos e complementares, referentes aos processos de arquivamento, escrita e preservação do conjunto de cartas. Objetos narrativos, discursivos e confessionais, as cartas de Dom Joaquim são indícios do uso e do lugar ocupado pela escrita epistolar no ambiente clerical. Lugar, este, que extrapolou os limites da comunicação à distância e passou a representar, também, um instrumento administrativo e um espaço de divulgação e afirmação da doutrina cristã. De outro modo, com o passar do tempo e por sua natureza dúbia – documento e testemunho – a carta passou a representar, também, um lugar de preservação e evocação da memória.

Cristina Jeannes Rozisky

Arte decorativa: forros de estuques em relevo Pelotas, 1876 | 1911

Palavras-chave: bens integrados; estuque; ecletismo; patrimônio cultural

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Esta dissertação trata dos bens integrados ao patrimônio arquitetônico historicista eclético de Pelotas. Tem como objeto central os ornamentos em relevo que decoram os forros de estuque dos ambientes interiores das antigas residências do Conselheiro Francisco Antunes Maciel, do Barão de São Luis, de Francisco Alcina, e do Paço Municipal. Apresenta as origens e o desenvolvimento da técnica do estuque. Discorre sobre os materiais empregados nas massas, sobre os instrumentos utilizados para a estucagem e sobre as diferentes técnicas da estucaria. Expõe a diversidade das composições e dos acabamentos dos estuques lisos e suas variadas nomenclaturas. Comenta sobre os estuques de relevo: sobre o processo estrutural dos forros como suporte para as ornamentações, e sobre a moldagem dos elementos compositivos, modelados in loco ou obtidos através de formas. Identifica diferentes moldes e as tipologias dos relevos: quanto à função e à natureza das peças. Explana sinteticamente sobre os exemplares da estucaria no Brasil. Disserta sobre o ecletismo pelotense e sobre os construtores e artífices que trabalharam nos canteiros de obras durante o período. Apresenta os quatro edifícios estudados. Analisa formalmente e iconográfica/iconologicamente as complexas composições desenvolvidas nos tetos das salas internas dos prédios.

Daniele Borges Bezerra

Patrimônio afetivo e fotografia: relicários da memória de idosos no Asylo de Mendigos de Pelotas

Palavras-chave: Memória e identidade. Fotografia. Velhice. Asilamento

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Esta dissertação teve como objetivo analisar as narrativas de pessoas idosas que vivem em situação asilar, suas memórias, objetos de memória e a relação que se estabelece entre fotografia e narrativa. Para tanto, foram ouvidos e fotografados 13 moradores do Asylo de Mendigos de Pelotas, instituição que abriga idosos de baixa renda, ao longo de doze meses de convívio. Resultado de uma pesquisa interventiva, este trabalho se insere no campo da memória e da identidade e utiliza como aporte a Antropologia visual, não apenas como método, mas como proposta de narrativa, fruto de apropriações por parte dos próprios narradores. Percebeu-se que a fotografia contribuiu para o trabalho de memória e para a fluência das narrativas, e que, ao valorizar a imagem do idoso, funciona como um convite para pensar as categorias velhice, asilamento, solidão, saúde, casa, entre outras. Além disso, a partir das imagens geradas é possível apresentar ou reapresentar cenas de um contexto que talvez não povoe o imaginário da sociedade de maneira ampla, o da velhice institucionalizada. Essas imagens, produzidas em conjunto com os narradores, serviram para comunicar aspectos extremamente valorizados nessa etapa de vida. A partir desses enunciados de valor, identificou-se: a fotografia como relicário da memória, a morte como uma categoria presente, a saúde e a vida como patrimônio, o exercício narrativo como processo benéfico de identificação e autovalorização da identidade do idoso e a atribuição de valor excepcional às memórias do passado.

Geanine Vargas Escobar

Memória da Militância Negra durante a Ditadura Militar no Brasil e a Luta Antirracista através do Acervo Fotográfico de Oliveira Silveira (1971-1988)

Palavras-chave: fotografia; negritude; patrimônio; memória; Oliveira Silveira

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O poeta Oliveira Silveira nasceu em 16 de agosto de 1941, no 6º Subdistrito de Rosário do Sul intitulado Touro-Passo, município situado na fronteira oeste do estado do Rio Grande do Sul. Faleceu em 1º de janeiro de 2009 em Porto Alegre. Foi um estudioso da cultura negra. A atuação, no Movimento Negro, perpassou sua vida, durante a qual tanto vivenciou como registrou momentos decisivos de emancipação das comunidades negras no Rio Grande do Sul. Ao longo de sua atuação, gerou importante conjunto de fotografias que constituem um acervo intenso sobre a cultura e política negra. Esses registros embasam parte da história do movimento negro nacional. Esta pesquisa versa sobre o referido acervo e entende-o como sendo de grande interesse público por apresentar valor histórico para a memória da população negra brasileira. No estudo, foram desenvolvidas reflexões no que diz respeito à memória de um período repressivo, sobre disputas por espaço e idealizações políticas que propunham a inserção dos negros em uma sociedade que, por meio de uma política de estado, reconheceu ser racista, mas se declarou antirracista. Discute-se sobre a conservação das fotografias e sobre a divulgação do acervo a partir de oficinas sobre militância negra e a luta antirracista, conjeturando assim, métodos de aplicação para a Lei Federal 10.639.03, que torna obrigatório o ensino da África e dos afro-brasileiros nos currículos escolares. A partir desse acervo, é possível traçar uma narrativa sobre as histórias de lutas sociais vividas pelos grupos dos quais o poeta participou em plena ditadura. Desse modo, reconhece-se que essas imagens configuram-se como importante fonte para estudos étnicos e patrimoniais

Juliani Borchardt da Silva

Benzimentos: estudo sobre a prática em São Miguel das Missões (RS)

Palavras-chave: Benzimentos. Memória. Transmissão. São Miguel das Missões-RS

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O ofício de benzer, prática e sabedoria popular transmitida entre gerações, cultura viva representada e manifestada no cotidiano de pessoas que se colocam à disposição de uma comunidade a fim de suprir seus problemas de saúde ou simplesmente para ouvir histórias, dar atenção e conselhos àqueles que lhes procuram em suas residências, transformadas em pequenos santuários onde símbolos, imagens e códigos misturados ganham sentido e consolidam as percepções que estes possuem do mundo. Objetos, orações, palavras e noções de cura ganham sentido durante o benzimento, constituindo memórias e identidades de pessoas que compartilham desta prática no seu cotidiano. A pesquisa visa estudar a prática dos benzimentos no município de São Miguel das Missões-RS, identificar o perfil de seus praticantes, suas principais características, aplicabilidade, expressões, simbologias, significados bem como sua transmissão. Aspectos relacionados aos seus conflitos e relacionamentos com instituições religiosas da cidade são elementos importantes analisados no decorrer da pesquisa, assim como o seu processo de ‘turistificação’ por órgãos governamentais e entidades ligadas a este segmento, resultando em negociações e apoios recíprocos das partes que objetivam crescimento, status e legitimação. As narrativas produzidas por estes agentes foram essenciais no estudo e entendimento desta prática, sendo o único subsídio para sua análise e compreensão nos dias atuais.

Luzia Costa Rodeghiero

Do Photo-Club Helios ao DECIFOTOS: memória e patrimônio em Porto Alegre no século XX

Palavras-chave: fotoclubismo em Porto Alegre; fotografia brasileira; Turnerbund; Acervo Memorial SOGIPA; gestão e produção cultural

luzia_rodeghiero

O Photo-Club Helios existiu oficialmente até 1949, quando findou o período de interrupção de suas atividades, iniciado ainda em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo, após, sucedido pelo Departamento Fotográfico da SOGIPA, de 1949, e que mais tarde passou a chamar-se DECIFOTOS (Departamento Cine-Fotográfico da SOGIPA). Este estudo pioneiro apresenta parte da atuação desses grupos de fotógrafos amadores, a partir de pesquisa em fontes documentais do Acervo do Memorial da SOGIPA. O trabalho recupera as ações de gestão e produção cultural empreendidas sobre o Acervo e possibilita conhecer a trajetória daqueles entusiastas da fotografia, inseridos num ativo circuito da cultura visual da cidade e do mundo. Ao elucidar aspectos históricos e analisar as relações de sociabilidade a partir da memória e do patrimônio, a pesquisa contribui para a história, teoria e crítica da fotografia no Brasil.

Marcelo Garcia da Rocha

Arqueologia da Escravidão e Patrimônio Cultural no Passo dos Negros (Pelotas, RS)

Palavras-chave: arqueologia da escravidão; Passo dos Negros; charqueadas; patrimônio cultural

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Essa dissertação apresenta um estudo arqueológico sobre a região do Passo dos Negros em Pelotas. Sob a perspectiva da arqueologia da escravidão, procura-se entender como a região do Passo dos Negros, em Pelotas (RS), relacionou-se, ao longo do século XIX, com diversos locais do Atlântico por meio da produção do charque e seus derivados. Para tanto, empreendemos estudos sobre documentação relacionada ao sítio e região, confecção de mapas e prospecção arqueológica, a fim de evidenciarmos o valor do sítio como patrimônio arqueológico e cultural.

Márcio Dias da Silveira

Os portos que habitam o lugar: Percepção e Revitalização do “Porto Velho” do Rio Grande

Palavras-chave: Revitalização, Porto Velho, Percepção Ambiental

marcio-silveira

A Cidade do Rio Grande percorre sua história margeada pelas águas. Tida inicialmente como marco na manutenção territorial durante as disputas entre portugueses e espanhóis, teve ainda em seu traçado urbano inicial a Lagoa dos Patos como elemento norteador. Sua inegável associação às águas conferiu-lhe uma especialização e uma dependência que influenciaria os saberes e fazeres de seu cidadão. Perante a importância simbólica que a área do Porto Velho da Cidade do Rio Grande mantém na construção de uma identidade riograndina e o atual distanciamento e subutilização que ela mantém junto à população, viu-se, a luz de outros projetos, a necessidade de uma “revitalização”. Diante da ineficácia de alguns projetos de mesma natureza, a presente pesquisa objetiva identificar, se a execução deste representaria efetivamente os anseios da comunidade riograndina. Como meio de verificar nossa hipótese, dividimos o trabalho em dois grupos. No primeiro, a partir da identificação e interpretação dos elementos norteadores das bases do concurso, buscamos apontar os objetivos de sua produção e de sua execução; e no segundo grupo, por meio de um questionário, procuramos identificar, dentro da esfera da percepção ambiental, as preferências e expectativas da comunidade. Após a análise dos resultados evidenciamos uma sólida consciência do riograndino frente a questões patrimoniais da cidade, bem como, a representatividade destes nas linhas do projeto. Além disso, percebeu-se que, a volta de um espaço ao convívio social depende não apenas da esfera econômica como também da difusão da esfera simbólica, onde seus frequentadores tenham a oportunidade de escolher se o espaço se tornará lugar.

Marina Gowert dos Reis

A internet como ferramenta de participação social: uma análise das mobilizações para preservação do Centro Histórico de Santo Ângelo – RS

Palavras-chave: Centro Histórico de Santo Ângelo – RS; processo de patrimonialização; internet; participação social

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A pesquisa aqui realizada trata-se de um estudo de caso sobre o processo de patrimonialização do Centro Histórico de Santo Ângelo – RS, caso no qual a comunidade faz uso da internet para se mobilizar no intento da preservação de seu patrimônio cultural. Como marco teórico desse estudo, utilizam-se as teorias de Tornatore sobre processo de patrimonialização integrado à comunidade, de Prats, sobre os agentes envolvidos no patrimonialização e a mercantilização do patrimônio, e ainda autores sobre a cibercultura, democracia e mobilização da sociedade civil na internet. O objetivo principal dessa pesquisa está em compreender como a mobilização de comunidades, potencializada pelo uso da internet, influencia o processo de reconhecimento e consequente patrimonialização de um bem, tendo como objeto de análise o caso do Centro Histórico de Santo Ângelo, a comunidade envolvida, e as normativas estatais que aí que estão envoltas aí. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi de estudo de caso, analisando dados do grupo do Facebook “Defenda Santo Ângelo! Quero nossa História Viva!”, onde essa comunidade santo-angelense se organiza para discutir seu patrimônio. Analisou-se o grupo em 4 períodos, em consonância com uma análise dos principais fatos do processo de patrimonialização, sistematizados nesse estudo. Foram observados, portanto, quatro momentos: 1) setembro de 2011, quando o grupo é criado; 2) maio e agosto de 2012, que compreende a organização do abaixo-assinado, até o momento em que é postulado o tombamento provisório pelo Iphae; 3) agosto e setembro de 2013, etapa marcada pelo Protesto das Cruzes e pela audiência pública realizada na cidade; 4) e entre outubro e novembro 2013, quando o Iphae publica a notificação do tombamento e, por fim, não promulga esse ato, passando para o poder municipal a incumbência de construir uma Legislação de preservação patrimonial. Nesses períodos, as categorias de análise, quantitativas e qualitativas sobre o objeto de estudo, foram as seguintes: 1) atos do processo x respostas no grupo, que versa sobre o principal assunto discutido em cada período analisado; 2) sujeitos ativos x sujeitos observadores, buscando evidenciar se a grande maioria dos membros do grupo é ativa, se realmente posta e discute, e qual esse percentual em relação às pessoas que somente observam; 3) participação na internet x participação nas ações, relacionando o número de pessoas que está no grupo com o número de pessoas que se posiciona em ações efetivas no processo, como o abaixo-assinado e a presença em audiências públicas; 4) conteúdos postados x curtidas, buscando entender qual tipo de conteúdo gera maior repercussão dentro do grupo, se são comentários sobre o processo, se são imagens sobre Santo Ângelo, se são denúncias de casos de descaso com o patrimônio, entre outros.

Maritsa Sá Freire Costa

A memória de uma imagem e a imagem de uma memória: um estudo sobre o “São Francisco das Chagas”, do Museu de Arte Sacra de São Paulo

Palavras-chave: Iconografia; São Francisco de Assis; Imagem; Museu de Arte Sacra de São Paulo

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O presente estudo é resultado de uma reflexão sobre o Paulo (MAS-SP) e compõe sua exposição permanente. O que se propõe é investigar imagem de devoção, para o qual ela foi confeccionada no século XVII, até seu uso como objeto musealizado. A primeira parte do trabalho se concentra na imagem e trata das variações do modelo iconográfico a ela associado, as percepções de seus temas, bem como a intencionalidade de sua criação. A imagem ao fim desta etapa igualmente é tratada como fantasma ao páthos . Em seguida, realiza-se uma abordagem mais pragmática à medida que a contextualiza entre as produções da imaginária na São Paulo do século XVII. A terceira parte trata da fase museológica da peça e é questionada a perda de seu valor cultual quando deslocada para o museu. Neste percurso, diferentes sentidos são ativados, tanto no exercício memorial associado à pratica católica quanto na apreciação estética e na valorização histórica. Conclui-se que nada é perdido, tudo é agregado fazendo com q hoje seja considerada como bem cultural e patrimônio católico brasileiro.

Matheus Cruz

Clubes Sociais Negros: Memória e Esquecimento no Clube Recreativo e Cultural Braço é Braço. (Rio Grande, RS, 1969-1992)

Palavras-chave: clubes sociais negros; Braço é Braço; lugar de memória

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O presente trabalho tem por objetivo, fazer um alerta e suscitar reflexão acerca das condições, em que se encontram os clubes sociais negros no Brasil. Para tal fim, estudou-se sob a égide da memória, patrimônio e outros conceitos caros às ciências sociais, no caso o Clube Recreativo Braço é Braço, situado na cidade de Rio Grande, no Estado do Rio grande do Sul. O clube foi fundado, em primeiro de janeiro de 1920 e foi realmente atuante até meados dos anos 2000, momento em que foi reconhecido pelo poder municipal de sua cidade, como patrimônio histórico e cultural (Lei Municipal nº 6.410/2007). Porém, mesmo dispondo de tais prerrogativas, sua sede encontra-se em desuso. E, mesmo diante da inatividade de suas funções e deste cenário, a pesquisa que gerou este trabalho aponta que, este foi um espaço significativo para a sociabilidade do negro riograndino e ainda repousa muita nostalgia por parte dos membros mais antigos. Desta forma, questiona-se que tipo de patrimônio o poder municipal reconheceu e transformou em lei. É um patrimônio alavancado pela memória daqueles, que por lá circularam e socialmente construído, ou é apenas um patrimônio posto em valor, por um dado momento político? O descaso é por parte do poder público ou dos atores sociais por não reivindicarem a preservação de sua memória institucionalizada?

Veronica Coffy Bilhalba

Restauração do patrimônio cerâmico: obtenção e análise de massas polivinílicas processadas por micro-ondas para a recomposição de objetos cerâmicos

Palavras-chave: patrimônio cerâmico; restauração cerâmica; massa polivinílica irradiada, desidratação por micro-ondas

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O presente trabalho apresenta um método alternativo para a restauração de cerâmicas que, se comparado às outras práticas desenvolvidas na atualidade, promete facilidades à etapa de recomposição estrutural. Trata-se de um produto composto de materiais geralmente mencionados na literatura do restauro, tais como cargas minerais e emulsão de poliacetato de vinil (PVA), que é processado por radiação em um forno de micro-ondas convencional. A massa polivinílica proposta foi idealizada a partir da composição de massas cerâmicas de dois objetos escolhidos para o estudo de restauro. Os objetivos principais da pesquisa foram analisar o desempenho técnico do material experimental, durante e depois do trabalho de restauração, e de verificar o efeito das micro-ondas nas misturas polivinílicas, uma vez que o compósito adesivo é descrito na literatura como material suscetível à (foto) oxidação e acidificação quando submetido à energia calorífera ou fonte de irradiação. Dentro dessa perspectiva, a etapa experimental envolveu o acompanhamento de amostras durante sua secagem e em embalagem plástica, ensaios de aplicação das massas, testes de revestimento e de remoção, exames de caracterização por microscopia óptica (MO), microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectrometria de energia dispersiva de raios X (EDX), ensaios de reometria (ensaio de flexão), termogravimetria (TGA e D-TGA) e espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR). Os testes práticos demonstraram que o material experimental corresponde aos princípios práticos da restauração contemporânea, já que é de fácil produção, aplicação, remoção, distinguibilidade, além de ser adaptável à composição dos objetos em restauro. As análises instrumentais indicaram qualidades físicas e estabilidade para as massas polivinílicas irradiadas. Apesar dos resultados promissores, a pesquisa não oferece parecer conclusivo, uma vez que o material experimental não pôde ser submetido ao ensaio de envelhecimento acelerado.

Defesas 2013

Amanda Costa da Silva

Era uma vez um cinema: o caso do Cine-Theatro Independência e os mecanismos de preservação do patrimônio de Santa Maria (RS)

Palavras-chave: Cine-Theatro Independência. Patrimônio. Memória. Tombamento

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O objetivo central dessa pesquisa foi refletir sobre o processo de tombamento do prédio que abrigou o Cine-Theatro Independência, em Santa Maria (RS), debatendo os conflitos referentes à preservação do patrimônio e às escolhas memoriais. O espaço foi inaugurado em 1922, na praça central da cidade. Ao longo de seus mais de 70 anos, foi palco de apresentações artísticas, encontros e reuniões sociais, além das exibições diárias de filmes. Apesar de Santa Maria possuir outros espaços de grande representatividade para o cenário cultural do município, o Cine Independência foi o único cine-teatro da cidade que passou por um processo de tombamento. Esse processo, entretanto, transcorreu de forma nebulosa e aparentemente confusa. Atualmente, o espaço está descaracterizado e abriga o Shopping Popular de Santa Maria. Dessa forma, esse trabalho buscou identificar, a partir do histórico do local e do processo de tombamento, que elementos foram decisivos para que o bem chegasse à atual situação, realizando uma reflexão sobre os conflitos que permeiam esse processo. Para isso, se desenvolveu uma pesquisa bibliográfica tanto em relação à história da cidade, seus espaços culturais e o Cine Independência, contextualizando com outras importantes cidades do estado, quanto referente às políticas públicas preservacionistas e aos conceitos de memória e patrimônio. Além disso, se buscou a documentação ligada a esse processo de tombamento, bem como, junto a acervos da cidade, imagens e matérias publicadas em periódicos. Por fim, se realizou uma entrevista com o ex-prefeito de Santa Maria, buscando, assim, compreender melhor de que forma se deu esse processo e a constituição do Shopping Popular de Santa Maria.

Andressa Domanski

Arqueologia Histórica nas Missões de Santo Ângelo: Representações dos Dirigentes Municipais Sobre as Escavações Arqueológicas e Políticas Públicas de Patrimônio (2006-2007)

Palavras-chave: Arqueologia; Redução Jesuítica; Santo Ângelo; Patrimônio; Representação

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O objetivo desse estudo é conhecer as representações sobre as pesquisas arqueológicas do “Programa de Acompanhamento e Monitoramento Arqueológico das Obras de Modificações na Praça Pinheiro Machado, Sítio Arqueológico da Antiga Redução de Santo Ângelo Custódio”, realizadas entre os anos de 2006 e 2007. Tendo como base metodológica a História Oral, serão analisadas, principalmente, as representações dos dirigentes municipais de Santo Ângelo.

Cibele Ferreira Dias

Caetano José Ribeiro Junior: um artista de obras sacras e sua memória

Palavras-chave: Arte sacra. Memória. História oral. Caetano José Ribeiro Junior

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Caetano José Ribeiro Junior (1824-1894) nasceu e faleceu na cidade de São José do Norte. Reconhecido como santeiro, existem cinco obras sacras suas identificadas até o momento, divididas entre as cidades do Rio Grande e São José do Norte. As imagens do Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores estão localizadas em São José do Norte. Nossa Senhora da Conceição, o Cristo na cruz e o Cristo morto estão localizados na cidade do Rio Grande. Todas as obras são em madeira e duas delas têm características de imagens de vestir sendo também articuladas. Esse trabalho tem como objetivo aproximar a memória das obras de Caetano à sua história pessoal, além de apresentar o acervo do artista e de, conhecer a importância nos relatos familiares e na memória geracional. Para que isso aconteça um levantamento sobre as obras existentes foi realizado e as narrativas familiares foram estudadas. Arte brasileira, imaginária devocional no Brasil, memória, identidade e memória geracional são temas que norteiam essa pesquisa. A história oral é importante uma vez que não há qualquer registro de próprio punho do artista, tampouco trabalhos escritos, sobre sua biografia ou suas obras.

Cristiano Gehrke

Imigrantes italianos e seus descendentes na zona rural de Pelotas/RS: representações do cotidiano nas fotografias e depoimentos orais do Museu Etnográfico da Colônia Maciel

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O presente trabalho tem como objetivo analisar como se deu o processo de representação fotográfica do cotidiano do grupo de imigrantes italianos e seus descendentes chegados ao Brasil em finais de 1880, e radicados na Colônia Maciel, 8º distrito do município de Pelotas/RS. A partir destas informações, busca-se identificar se a fotografia foi utilizada como elemento de distinção étnica e como foi utilizada. Desta forma, além da utilização do acervo fotográfico do Museu Etnográfico da Colônia Maciel, foram utilizados também o acervo de entrevistas do Museu, foram efetuadas consultas aos documentos oficiais da Igreja da Paróquia de Sant’Anna e Escola Garibaldi, bem como efetuadas observações junto à comunidade estudada de forma a entender como se deu o processo de valorização da memória étnica italiana na região.

Darlan de Mamann Marchi

Teatralidade das margens: os sentidos da memória e do patrimônio, suas continuidades no teatro do Bebé

Palavras-chave: Circo-teatro. Teatro do Bebé. Memória. Patrimônio cultural

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O riso, elemento intrínseco de diversas manifestações culturais populares, é o ponto de partida para a análise da prática teatral do circo-teatro. O cômico, o palhaço, a lona e o palco são aspectos marcantes do cenário das artes mambembes no Brasil do século XX, do qual o Teatro do Bebé é derivado. Os vários espetáculos repertoriados pelo grupo ao longo dos anos possuem como protagonista o palhaço Bebé, cômica figura personificada por José Ricardo de Almeida, o pai da família e proprietário do circo. O teatro e a vida mambembe estão interligados à vida familiar, e o cotidiano e as histórias familiares estão perpassados por essa atividade profissional compartilhada, configurando uma memória de grupo que possui particulares formas de transmissão. O fazer teatral do grupo vincula-se estreitamente a essa memória familiar, responsável por fatores organizadores do trabalho e das práticas cênicas, que por sua vez estão em constante diálogo com seu tempo. Esse formato de teatro, ressignificado no presente, mas mantendo as características do passado como basilares para sua estrutura, ainda possui grande adesão pelos locais onde atua. Lançar um olhar patrimonial sobre a prática teatral da qual o grupo/família é detentora traz consigo os desafios contemporâneos do debate sobre o patrimônio cultural: o olhar de fora sobre o grupo, o olhar do grupo sobre seu fazer, os usos do patrimônio cultural e os paradoxos que atravessam todo o processo de patrimonialização.

Francine Morales Tavares

Políticas públicas referentes ao patrimônio cultural edificado na cidade de Pelotas, RS: o caso da isenção do IPTU

Palavras-chave: Políticas públicas. Avaliação. Preservação do patrimônio edificado. Imposto Predial e Territorial Urbano

francine-morales-tavares-ribeiro

O objetivo deste trabalho é avaliar a efetividade da aplicação de uma política pública de isenção fiscal instituída na cidade de Pelotas, RS. Baseado no item II.b do Artigo 6º da Lei Municipal nº 5.146/2005, todos os imóveis integrantes do patrimônio cultural pelotense possuem isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) se devidamente conservados e restaurados de acordo com o órgão responsável. Com intuito de fornecer mecanismo de informação a respeito do processo de desenvolvimento da política de isenção fiscal, esta pesquisa parte da hipótese que a política pública estudada é efetiva, ou seja, contribui com as condições culturais prévias das populações atingidas. Objetivando comprovar tal hipótese, a avaliação foi tratada como de caráter de mensuração dos resultados, constituindo-se em um julgamento sobre os aspectos positivos e negativos da política. Nesta perspectiva, foram aplicados métodos de pesquisa de campo, através de coleta de dados no órgão responsável pela política sob análise (bases quantitativas) e entrevistas semi-estruturadas com os moradores de imóveis inventariados do município (bases qualitativas). Foram entrevistados 170 moradores de imóveis inventariados pertencentes às quatro zonas de preservação do patrimônio cultural pelotense, desses, 109 já solicitaram, pelo menos uma vez, a isenção do imposto e 61 nunca haviam solicitado o benefício, mesmo possuindo o direito. A partir disso, destacaram-se os seguintes resultados: das quatro zonas de preservação, as zonas do 1º e 2º loteamento são predominantemente comerciais e as zonas do Porto e Caieira são, em sua maioria, residenciais. Nas primeiras, a maior parte dos imóveis eram alugados, já nas outras, a maioria dos moradores eram proprietários. Dos moradores que solicitam a isenção do imposto anualmente, a maior parte respondeu que o valor da isenção é irrisório comparado ao custo de manutenção da fachada de um imóvel inventariado. Já para os entrevistados que nunca haviam requerido a isenção do IPTU, o motivo principal para a não solicitação do benefício é a falta de informação a respeito da lei. Pretendeu-se com este estudo fornecer dados sobre o processo de execução da política pública de isenção fiscal, visando detectar incongruências na elaboração dos procedimentos e na execução, identificando barreiras e obstáculos no seu desenvolvimento, por fim, gerando dados para sua reprogramação, nos aspectos considerados conflitantes. Neste sentido, evidenciou-se que há falta de instrumentos que contribuam para a avaliação da política estudada, e que a carência de informações é o fator preponderante que acarreta falhas em alguns aspectos dessa política.

Jenny Gregória Gonzáles Muñoz

Llanero centro-occidental venezolano y gaúcho sur-rio-grandense brasileño rural: una identidad cultural compartida

Palabras clave: Llanero centro-occidental venezolano rural, gáucho sur-riograndense brasileño rural, identidad cultural compartida, literature

jenny-gregoria-gonzales-munoz

El presente trabajo de investigación tiene como objetivo general analizar al llanero centro-occidental venezolano y al gaúcho sur-rio-grandense brasileño rurales a partir de elementos culturales abordados desde la óptica de la construcción de identidades locales, visando la comprensión de ambas culturas para tratar de encontrar puntos compartidos. Dicho abordaje se realiza a partir de tres factores determinantes para la construcción de su identidad cultural: el paisaje de sabana de su entorno; aseveraciones conceptuales tanto del llanero como del gaúcho,en cuanto a sus incursiones históricas y transformación en los tratamientos a partir de su inclusión en la literatura; y el caballo como representación simbólica de significación en ambas culturas. Cabe destacar que dichos abordajes están concentrados en los dos primeros capítulos de la disertación, siendo el tercero dedicado a los aspectos de una posible identidad compartida, con aproximaciones teóricas en torno conceptos de identidad cultural y procesos de construcción de identidades en ambos actores culturales teniendo como ejemplo la literatura en dos novelas escritas en el siglo XX: Cantaclaro, del venezolano Rómulo Gallegos, y Um certo capitão Rodrigo, del brasileño Érico Veríssimo, para finalizar con la óptica de especialistas en el tema entrevistados para analizar dichos factores culturales en el siglo XXI. Desde el punto de vista metodológico, se está haciendo un abordaje cualitativo-interpretativo con inclusión de entrevistas semi-estructuradas a conocedores del área. La investigación tiene como resultado el trabajo disertación presentado y como conclusión general el establecer elementos concretos que apuntan hacia la construcción de una identidad hacia la constitución de la integración latinoamericana desde la óptica cultural.

Jerusa de Oliveira Michel

Jornal O Pescador – Instrumento de Representação Social, Construção da Memória e da Identidade Social dos Pescadores da Colônia Z3

Palavras-chave: Memória social. Identidade. Representação Social. Jornalismo Comunitário. O Pescador.

jerusa-de-oliveira-michel

Essa dissertação possui relevância social, por tratar da relação do jornalismo comunitário com a produção e reprodução de identidades, representações sociais e memória dos moradores da Colônia de Pescadores da Z3. O jornalismo é um campo que pressupõe ação social – especialmente o comunitário e tem figurado em muitos trabalhos como suporte da expressão da memória de grupos, como um lugar de informação sobre o que as comunidades pensam, embora não se constitua como propagador intencional de uma memória. São a linguagem e os gêneros jornalísticos que não só representam o grupo social e sua identidade – mas contemplam sua história e sua construção de mundo, retomando em sua fala/conteúdo, acontecimentos considerados “memoráveis”, que ao contextualizar as temáticas, permitem que ocorra o movimento de constituição de memória, por mobilizar conteúdos de reconhecimento e representação coletivos. A pesquisa desenvolvida é interdisciplinar e permeia os saberes diversos ao relacionar jornalismo comunitário e a memória social. A metodologia está apoiada em pesquisa exploratória e observacional, qualitativa, cujas técnicas foram a etnografia e a análise de conteúdo. Estruturada em três capítulos, o primeiro situa o campo empírico e permite conhecer o objeto de estudo e sua relação com a Colônia de Pescadores Z3 e tem o suporte de autores como Niederle e Grisa (2012), Silveira (2012), Figueira (2009), Claval (2001), e depoimentos. O segundo, trabalha os conceitos de Representação Social, Identidade Social, Memória, e do jornalismo Comunitário, suas áreas de domínio e de interação, ancorando-se em Moscovici (1978), Guareschi e Jovchelovitch (1997), Duveen, 2004, Jodelet (2001), Pollak (1992), Halbwachs (1990), Castells (2000), Lopes (2007), Marques de Melo (2003), Medina (1978), Piza (2003), Kossoy (2005), Berger (2005), Castilho (2011), Guareschi (2004), Peruzzo (2002), Chauí (2003), Benjamim (1993), e outros. Por fim, o terceiro constitui a análise da identidade, representação social e memória coletiva no jornal e fatos expressos em suas páginas por meio tanto dos gêneros textuais utilizados no jornalismo, quanto por meio das ilustrações e imagens escolhidas para documentá-los.

Karen Velleda Caldas

Contrapontos entre teoria e prática da conservação/restauração do patrimônio histórico edificado:o caso do Grande Hotel de Pelotas/RS.

Palavras-chave: Restauração, Grande Hotel, Tombamento.

karen-velleda-caldas

Tombado pela municipalidade em 1986, o Grande Hotel representa uma marca insofismável da economia agrária e charqueadora pelotense. Situado no centro histórico desta cidade gaúcha, esta edificação, em estilo eclético historicista, foi erguida na segunda década do século XX e exprime em seu conjunto os valores estéticos e históricos que o consagraram como bem patrimonial. Após o tombamento recebeu duas intervenções de restauro através do Programa Monumenta. O primeiro projeto – que compreendeu o restauro da fachada e da cobertura – foi executado em 2004. O segundo projeto – que trata da readequação do prédio como Hotel-Escola – foi dividido em duas etapas. Na primeira, iniciada em 2009, foi executada a remodelação de aspectos fundamentais do espaço interno, a qual interferiu e descaracterizou parcialmente os aspectos estéticos e históricos do edifício. O foco dessa dissertação é analisar a dialética entre as teorias de restauro e a prática realizada nas intervenções restaurativas, utilizando-se o Grande Hotel como elemento contextual. Partiu-se da premissa de que as restaurações resultam de tomadas de decisão, as quais se referem, em parte, ao aspecto técnico, mas que, principalmente, fundamentam-se em conceitos indispensáveis para dar sustentação às intervenções, posto que estas interferem diretamente na memória que se deseja manter. Objetivamente a dissertação centrou-se em três aspectos, quais sejam: a verificação dos critérios e princípios teóricos da conservação-restauração, a aplicação das recomendações internacionais (Cartas Patrimoniais) e a atenção à legislação patrimonial, especialmente no que tange à lei de tombamento municipal. Entre as conclusões desse estudo consta o reconhecimento acerca da inobservância destes três aspectos, em meio a uma realidade que evidencia a complexidade de processos que são claramente afetados pelo ambiente social e político em que se desenvolve a prática da restauração.

Luísa Lacerda Maciel

OS BAILES DA COLÔNIA: MEMÓRIA, SOCIABILIDADE E PATRIMÔNIO CULTURAL DA ZONA RURAL COLONIAL DE PELOTAS (RS)

Palavras-chave: patrimônio cultural, bailes, fotografias
O presente trabalho se propõe identificar e analisar, sob a ótica do patrimônio cultural, os salões de baile da colônia de imigrantes em Pelotas, zona rural da cidade. Para esse fim, foram associadas diferentes metodologias, como o recolhimento de depoimentos de História oral (produzidos pela autora e vinculadas a bancos de dados de memória oral), entrevistas e observações feitas pela autora no local, durante atividades de campo, o registro da cultura material imóvel (os prédios e espaços remanescentes dos salões de baile), fotografias (fotos documentais antigas e fotos atuais de registro de pesquisa), documentação escrita (sobretudo periódicos) e dados cartográficos. Os acervos do Banco de Imagem e Som do Museu Etnográfico da Colônia Maciel disponibilizaram um grande volume de dados para a pesquisa. Paralelamente, foram consultados autores que se dedicaram ao estudo da região da colônia de Pelotas, além de estudos sobre práticas de sociabilidade e lazer, bem como os fenômenos da festas, como categorias interpretativas e como material empírico relativo à experiência histórica das colônias de regiões de imigração do Sul do Brasil. A ressonância desse patrimônio cultural – os bailes da colônia – é verificada através da(s) memória(s) presentes nas narrativas em torno dos eventos nos salões de baile. Busca-se, portanto, recompor o cenário em que se deram essas festividades, bem como a identificação de elementos constitutivos da memória social dos agentes sociais. Traça-se um panorama histórico e geográfico dos bailes, aprofundando-se a análise em dois casos em especial: o salão do senhor Otávio Beskow, localizado na Cascata (5º distrito), e o salão do senhor João Casarin, localizado na Vila Maciel (7º distrito). Os bailes irão revelar uma gama de relações, negociações, inclusões/exclusões, que apresentam, enfim, as representações sociais dessas comunidades. Estuda-se, em particular, a representação de relações de gênero e de relações inter-étnicas.

Magda Villanova Nunes

MEMÓRIA CIENTÍFICA: PATRIMÔNIO TECNOLÓGICO DA FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Palavras-chave: Faculdade de Farmácia da UFRGS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Patrimônio Científico e Tecnológico. Memória Científica.

DISSERTAÇÃO MAGDA VILLANOVA NUNES

Essa pesquisa trata-se de um arrolamento do acervo da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FACFAR), o que constitui o patrimônio científico e tecnológico dessa unidade. A FACFAR foi fundada em 1895 a partir da iniciativa de um grupo de farmacêuticos que se reuniu na “Sociedade União Farmacêutica de Porto Alegre”, especialmente para esse fim. A principal contribuição da elaboração desse instrumento de pesquisa encontra-se além do arrolamento em si, está na possibilidade de que sejam feitas algumas reflexões a partir da coleção de objetos científicos reunida pela FACFAR, tais como: o potencial documental que essa coleção oferece à História das Ciências; a política de patrimonialização da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; a situação do patrimônio científico e tecnológico brasileiro; o processo de consolidação da formação do profissional em ciência farmacêutica na cidade de Porto Alegre e a representação da memória desse grupo. (CANDAU, 2011). A formação desse patrimônio e o seu arrolamento são analisados a partir do discurso de desenvolvimento da C & T no Brasil, das noções de construção social do patrimônio (PRATS, 1998) e da história do patrimônio (POULOT, 2008). Outros procedimentos utilizados para essa elaboração foram referenciais básicos da Museologia e da História Oral. Por fim, o que esse estudo procura compreender através desse rol dos objetos, mais do que os próprios objetos, é a relação que um grupo pode estabelecer com eles.

Maria Socorro Soares dos Santos

Igreja Nossa Senhora do Socorro: reflexões sobre os usos educativos do patrimônio no ensino fundamental em Tomar do Geru/SE

Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Educação Patrimonial; Igreja Nossa Senhora do Socorro.

maria_socorro_soares

A dimensão patrimonial deve estar presente nas escolas, se não como objeto de estudo especificamente, mas como meio de acesso a outros campos de conhecimento através da interdisciplinaridade. O objetivo dessa pesquisa é analisar as compreensões dos usos, ou os não usos, da Igreja Nossa Senhora do Socorro, enquanto bem patrimonial, pelas escolas da cidade de Tomar do Geru/SE. A esse templo é atribuído pelo IPHAN valor patrimonial devido sua relevância histórica e artística nacional. Dessa forma, a comunidade necessita redirecionar seus saberes e suas experiências para a valorização desse patrimônio, testemunho arquitetônico da presença da Companhia de Jesus na antiga aldeia do Geru. O campo pesquisado são professores do polivalente, de História e Artes, e alunos das escolas municipais de Tomar do Geru: Valdete Dórea, Albano Franco e Antonio Aguiar Velames. Utilizaram-se os aportes metodológicos da história oral para a aplicação de entrevistas com os pesquisados a partir de um roteiro de perguntas semiestruturado. A ausência do sentimento de valorização, de pertencimento e de apropriação desse bem por parte dos partícipes da comunidade geruense pode refletir no processo de transformação e de continuidade dos significados e usos deste monumento e de seu acervo, em sua trajetória histórico-temporal. Para isso é fundamental que a educação direcione forças, desenvolva ações concretas e acima de tudo conheça e construa conhecimentos continuamente sobre a sociedade da qual ela faz parte e atua.

Rafael Klumb Arnoni

A tradição das marcas de gado nos Campos Neutrais, RS/ Brasil

Palavras-chave: Tradição. Identidade. Marcas de gado. Campos Neutrais. Região Platina.

rafael-klumb

Este trabajo tiene como tema las marcas de ganado registradas y utilizadas en el extremo sur de Rio Grande do Sul, Brasil, en la región históricamente conocida como Campos Neutrais. Las marcas se estudian desde su uso como un instrumento de registro de la propiedad y como elemento simbólico, dando lugar a una tradición de creación, transmisión y renovación de estos usos. El objetivo de este trabajo es identificar y registrar los mecanismos que intervienen en estos procesos, con el fin de entender cómo esta tradición se establece y se renueva a través del tiempo. Para cumplir este objetivo inicialmente se realiza una investigación centrada en la descripción del espacio donde se desarrolla esta tradición, señalando las características históricas, geográficas, políticas y sociales con la propiedad de tierras y ganado como factores importantes en la formación cultural y social del campo de estudio. Los Campos Neutrais se insertan en un contexto regional más amplio, denominado Región Platina, que cubre Rio Grande do Sul, en el extremo sur de Brasil, parte de la mesopotamia y de la pampa de Argentina y por Uruguay. Posteriormente se verifica como las marcas se convierten en instrumentos jurídicos para determinar la posesión de la creación en toda la región. Para ello, están identificadas las particularidades de los lugares investigados, buscando establecer relaciones entre las prácticas de los tres países. Se puede observar que el uso de marcas de ganado permanece como referencias simbólicas, gradualmente recibiendo transformaciones en su forma de uso, lo que permite tanto la actualización y la expansión de su ámbito de aplicación, como su identificación como un elemento de identidad. En lo que se refiere a los teóricos, se utilizan, para el primer capítulo, autores centrados en la discusión de territorios, fronteras y límites de la geografía, en particular Haesbaert. La bibliografía sobre la formación histórica se basa en historiadores gauchos, argentinos y uruguayos, en particular Golin y Pesavento. Para los últimos capítulos, donde se da el foco a las marcas, se utilizan las referencias sobre el tema, en particular Pont y Maia. En el campo de la antropología y la memoria son buscados los referentes a la discusión de la identidad y tradición, en particular de Candau y Arévalo.

Rafaela Nunes Ramos

Reflexões sobre gestão arqueológica e museológica da cultura material: o sítio Guarani PS- 03 Totó (Pelotas, RS) e seus vestígios

Palavras-Chave: Cultura Material. Preservação. Gestão de Acervos. Arqueologia. Museologia.

rafaela-nunes

O presente estudo objetiva refletir a respeito da gestão tanto arqueológica, quanto museológica, do acervo procedente do sítio Guarani PS- 03 Totó (Pelotas, RS). Dentro desse enfoque destaca-se a importância da preservação da cultura material, pois a partir desta se constituem o patrimônio histórico-cultural, a memória coletiva e as identidades sociais, bem como há a possibilidade desta ser utilizada como documento histórico para o entendimento das relações sociais e compreensão do passado. Dessa forma, esta pesquisa centra-se na demonstração do processo metodológico empregado para a proteção dos vestígios arqueológicos recuperados no sítio em questão, desde o momento da sua coleta em campo, até o seu acondicionamento na reserva técnica do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (LEPAARQ/UFPel). Essa demonstração/reflexão é desenvolvida no âmbito da musealização da arqueologia, comprovando a relevância da aplicação de metodologias de gestão estruturadas de forma apropriada e padronizada para proporcionar a devida preservação da cultura material.

Vanessa da Silva Devantier

Visões do Urbano: a Rua XV de Novembro, Pelotas/RS.

Palavras-chave: Patrimônio e Memória; Cidade e Imprensa; Rua XV de Novembro.

vanessa-devantier

O presente trabalho tem por objetivo o estudo de uma referência cultural da cidade de Pelotas/RS, a Rua XV de Novembro, em seu trecho central, da Praça Coronel Pedro Osório até a Rua Voluntários da Pátria, através da imprensa periódica local, expressa pelos jornais A Opinião Pública e Diário Popular, entre os anos de 1920 a 1950. Na época enfocada, esse trecho da via era visto como o principal espaço de comércio, cultura e lazer da cidade de Pelotas/RS. Três pontos foram destacados: o comércio, os passeios e o carnaval, elementos que caracterizam este espaço urbano como um referencial na história e na cultura pelotense. A partir dos periódicos, colunas, notas, crônicas e fotografias são entendidas como visões do urbano, partes consideráveis dos jornais dedicadas à cidade em seu cotidiano, seus problemas e suas transformações. Como via central de Pelotas pelo menos até a primeira metade do século XX, a Rua XV se destacou como enfoque importante para estes diferentes olhares, entendida como a vitrine de uma urbe que se pretendia moderna, culta e progressista.

Defesas 2012

Alessandra Buriol Farinha

Senhora das Águas: Memórias da antiga Procissão de Navegantes do Porto de Pelotas – RS

Palavras chave: Procissão de Navegantes. Pelotas. Memória. Esquecimento.

alessandra-buriol-farinha

O presente trabalho tem como principal objetivo recuperar as memórias da antiga Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes na região do Porto de Pelotas. Da mesma forma, busca elucidar de que forma ocorreu sua descaracterização, seu esquecimento. A Festa de Navegantes ocorreu pela primeira vez em Pelotas em 1932, no bairro portuário da cidade, organizada pela Matriz Sagrado Coração de Jesus, conhecida como Igreja do Porto. No evento religioso, ocorria procissão terrestre, pelas principais ruas do bairro, e fluvial, pelo Canal São Gonçalo e o Arroio Pelotas. Por quase quatro décadas, a Festa de Navegantes ocorreu anualmente, com participação de autoridades clericais, civis e militares, milhares de fiéis, associações religiosas, festeiros, bandas de música, atrações culturais, bancas de gastronomia, fogos de artifício, dentre outros. Nos anos 1970, a Procissão de Navegantes foi transferida para a Colônia de Pescadores Z-3, a cerca de 25 quilômetros do centro de Pelotas. O deslocamento da Imagem de Navegantes e descaracterização da Festa representaram, principalmente para os devotos da Santa, moradores do Bairro do Porto, a perda, o esquecimento. O principal aporte metodológico utilizado para a evidenciação das memórias da antiga Festa de Navegantes foi a história oral, com depoentes devotos da Santa, antigos moradores no Bairro do Porto, que participavam da procissão. Foram consultadas também fontes primárias, como o Primeiro Livro Tombo da Paróquia do Porto (1912), assim como periódicos de 1932 a 1972. O trabalho é contextualizado pela história da Igreja do Porto junto à Arquidiocese de Pelotas, origem da devoção a Navegantes, e o surgimento da Festa de Navegantes em Pelotas, idealizada pelo Monsenhor Luiz Gonzaga Chierichetti. Foi verificada uma unidade em contexto étnico religioso do grupo envolvido na festa. Os devotos entrevistados partilham as memórias de Festa de Navegantes e lamentam seu esquecimento. De acordo com a pesquisa, a procissão está diretamente relacionada à vida, ao trabalho, à sociabilidade e ao território do bairro do Porto. Foi descoberto que a maior parte das memórias da Festa de Navegantes do Bairro do Porto evidencia suas partes mais felizes, o que transforma o espaço em um “lugar privilegiado”, carregado de emoções de vida, fé, trabalho.

Aline Herbstrith Batista

Conceitos e critérios para a qualificação de Obras Raras da Biblioteca de Direito da Universidade Federal de Pelotas

Palavras-chave: Obras raras. Preservação de acervos. Patrimônio histórico-cultural. Memória social.

aline-batista

O presente trabalho tem como principal objetivo esclarecer o que realmente é uma obra ou livro raro, usando para isso autores que escrevem sobre o assunto em questão. Traz uma discussão com relação aos critérios de raridade bibliográfica utilizados por algumas instituições brasileiras, questionando a inexistência de uma política nacional de qualificação de obras raras. Engloba também a trajetória das obras raras no Brasil, além de abordar a preservação e conservação de acervos bibliográficos, trazendo as diferenças conceituais entre preservação, conservação e restauração. Utiliza a Biblioteca de Direito da Universidade Federal de Pelotas, mais especificamente sua “Sala de obras raras”, para um estudo de caso com relação ao acervo constante nesta sala, se são raros ou somente antigos, trazendo dados específicos relacionados a esse acervo, como critérios de raridade, idioma das obras, idade, estado de conservação, entre outros aspectos pertinentes ao estudo. Traz uma explicação da biblioteca como lugar de memória, já que a mesma está contida em seus inúmeros suportes, sendo assim caracterizada como guardiã do conhecimento, não no sentido de guardar para si o patrimônio produzido por homens do passado, mas, de através dele, possibilitar o acesso ao passado e preservar a memória.

Ana Paula Batista Araujo

Memórias do Ensino de Desenho na UFPel: Da Escola de Belas Artes ao Centro de Artes

Palavras-chave: Memória; Ensino de Desenho; Artes Visuais; Professores de Desenho; História da UFPel.

ana-paula-batista-araujo

Este estudo trata de retomar a história do ensino de desenho vislumbrando uma trajetória que vai da Escola de Belas Artes (EBA) até a criação do Centro de Artes. Permeia suas mudanças de estrutura e a atuação dos professores do ensino de desenho, seus materiais e metodologias. A trajetória da história e do ensino de desenho, na cidade de Pelotas, é uma questão de pesquisas ainda incipientes neste tema. Na Universidade, especificamente na área das Artes, cuja nomenclatura se modificou conforme a necessidade de mudança em sua estrutura acadêmica: ILA – Instituto de Letras e Artes, IAD – Instituto de Artes e Design- e CA – Centro de Artes, esta realidade não é diferente. Busca-se então escrever um fragmento da história desta instituição mostrando sua identidade. A principal fonte da pesquisa é o acervo do CA, em sua documentação escrita e visual. O enfoque é o ensino de desenho dentro das artes, buscando especialmente analisar os professores e suas metodologias na sua atuação enquanto artistas-desenhistas e em sala de aula, mostrando assim as evoluções ou involuções da estrutura de ensino e suas metodologias dentro da Universidade Federal de Pelotas na área das artes. A metodologia utilizada é um levantamento documental com base em fragmentos distribuídos em acervos pessoais e públicos com fonte em materiais pessoais (dos professores) e documentos do CA. O referencial teórico tem como fundamento textos com temáticas ligadas a memória, identidade, história, fotografia, arte e ensino de arte, desenho e ensino de desenho, para ressaltar a importância dos registros que remontam a nossa história.

Carmen Lúcia Lobo Giusti

Estudo para criação da Biblioteca Retrospectiva no Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Pelotas

Palavras-chave: memória; patrimônio cultural; biblioteca universitária; preservação de acervos.

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O presente estudo é o resultado da constante necessidade de espaço das bibliotecas, que, após criteriosa seleção, se deparam com acervos retirados de suas estantes ativas para o registro de novos materiais ou implementação das novas tecnologias. Estes acervos, bens patrimoniais utilizados para estudos, fazem parte da memória bibliográfica da instituição e, portanto, ainda possuem valor histórico e cultural e, por isso, não devem ser descartados definitivamente. O objetivo principal é influenciar na tomada de decisões das unidades de informação das diversas universidades brasileiras, mas principalmente do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Pelotas, quanto à solução dos problemas de armazenamento e acessibilidade dos acervos selecionados pelo processo de desbastamento. A presente proposta é criar a Biblioteca Retrospectiva, com uma política adequada ao setor, respeitando a importância na construção de pesquisas históricas e preservando a memória bibliográfica dos patrimônios culturais que um dia fizeram parte dos acervos da universidade e, portanto, não devem ser descartados. Seu principal foco será a pesquisa retrospectiva, sem distanciá-la das modernas ferramentas de busca da informação, possibilitando que pesquisadores e futuras gerações, de um lado, disponibilizem informações históricas e retrospectivas, e de outro, convivam com o avanço tecnológico e o acesso a informações virtuais do mundo inteiro. Através da aplicação de um questionário, utilizado como instrumento para a coleta de dados, foi realizada a análise, e os resultados apontaram que em 88,9% das bibliotecas federais brasileiras não existe um local próprio para armazenar, organizadamente, o acervo em estudo. Na Região Sul do Brasil, este índice é de 83,3% das bibliotecas analisadas, sendo que em 60% deste universo os administradores já cogitaram criar essa biblioteca, mas nunca a concretizaram. Dessa forma, acredita-se que a criação desse novo espaço teria grande valia para a preservação do patrimônio cultural bibliográfico na instituição.

Chanaísa Melo

Fragmentos da Memória de uma Fábrica na Coleção Fotográfica Laneira Brasileira Sociedade Anônima

Palavras-chave: Patrimônio Industrial, Memória, Fotografia, Laneira Brasileira S. A., Sistematização de Acervos.

chanaisa-melo

A Laneira Brasileira Sociedade Anônima, localizada no Bairro Fragata, em Pelotas/RS, foi uma importante indústria para a comunidade pelotense, ajudando no desenvolvimento econômico e social da cidade, por meio das atividades voltadas para produção e comercialização de lã, durante mais de cinquenta anos. Devido à falência, a Laneira encerrou seu processo de beneficiamento da lã em 2003. No ano de 2010, foi adquirida pela Universidade Federal de Pelotas para a instalação de novas unidades da instituição, bem como a constituição de um memorial sobre a extinta indústria. De seu espaço foram resgatados inúmeros artefatos materiais, os quais levam a imaginar e a reinterpretar a trajetória desse local, como as fotografias. O presente trabalho objetiva discutir as possibilidades da fotografia como suporte para o patrimônio industrial, no caso do Memorial da Laneira Brasileira S. A., evidenciando metodologias de sistematização que possibilitem trazer informações a respeito do trabalho fabril dessa indústria. Acredita-se que as ações efetivadas para a organização do acervo fotográfico da Laneira sejam fundamentais para a compreensão de sua história no período de seu funcionamento, contribuindo para a criação do memorial referente a esse patrimônio industrial pelotense.

Dionis Mauri Penning Blank

Possibilidade jurídica de dano moral coletivo pela destruição de bens culturais: exame da jurisprudência estadual brasileira

Palavras-chave: patrimônio cultural; bens culturais; dano moral coletivo; indenização; jurisprudência.

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Esta pesquisa investigou a possibilidade jurídica de ocorrência do dano moral coletivo em virtude da destruição de bens culturais. O objetivo principal do trabalho foi comprovar ser admissível a configuração da responsabilidade civil ambiental pelo dano moral coletivo e, por consequência, do dever de indenizar a comunidade ou o grupo social, em razão das lesões sofridas pelo patrimônio cultural, sem prejuízo da reparação material. Para isso, utilizou-se o método de abordagem hipotéticodedutivo, o método de procedimento monográfico e as pesquisas bibliográfica, documental e explicativa, com base na técnica de análise de conteúdo. O corpo da pesquisa está estruturado no exame da jurisprudência estadual brasileira, quanto ao reconhecimento do dano moral coletivo, em termos ambientais e culturais, que resulta na condenação do ofensor ao pagamento de indenização arbitrada pelo Poder Judiciário, tendo como suporte as decisões dos tribunais de cada Estado brasileiro. Nesse sentido, de início, apresenta-se a cultura nacional como principal fonte da identidade cultural, a qual legitima a proteção do patrimônio cultural, que é um campo de conflito entre identidades, e se relaciona a patrimonialização ao trabalho da memória de um lugar e de um grupo. Após, abordam-se as questões doutrinárias associadas à dimensão coletiva do patrimônio cultural, na direção de ser ele um aspecto do meio ambiente, constituído por bens culturais que merecem a tutela jurisdicional. Enfim, descreve-se a configuração da responsabilidade civil por dano moral coletivo e a possibilidade de condenar o ofensor ao pagamento de indenização, pelo dano causado aos bens culturais, destacando-se os precedentes ambientais e culturais e a análise de casos concretos dos Tribunais de Justiça estaduais do Brasil. Por resultado, tem-se a reparação por dano moral coletivo como instrumento de defesa do patrimônio cultural, com caráter pedagógico e punitivo.

Estefania Jaékel

Paisagens negras: arqueologia da escravidão nas charqueadas de Pelotas (RS, Brasil)

Palavras-Chave: Arqueologia da Escravidão, Charqueadas Pelotenses, Charqueada Santa Bárbara, Escravos, Patrimônio.

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Este trabalho apresenta um estudo arqueológico da escravidão nas charqueadas pelotenses do século XIX, no intuito de compreender sua dinâmica de funcionamento e a atuação da mão-de-obra escrava nesses estabelecimentos. Essas questões foram abordadas a partir da análise de cinco charqueadas preservadas na costa do arroio Pelotas e de um conjunto de prédios que integrava um complexo estancieiro-charqueador localizado às margens do antigo leito do arroio Santa Bárbara.

Fernanda Amaral Taddei

A conservação e a memória da arte contemporânea através da instituição museológica

Palavras Chaves: Arte contemporânea. Conservação. Memória.

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A Arte Contemporânea possui, como especificidade, abarcar uma grande variedade de elementos e configurações que, muitas vezes, a torna difícil de ser assimilada por grande parte da sociedade, e suas obras, ainda difíceis de serem conservadas e preservadas. A complexidade é enorme quando espaço, luz e ideias são considerados elementos constitutivos de uma obra de arte. Todas estas inovações trouxeram grandes dificuldades para os museus de arte e para o trabalho do conservador, que tem a função de assegurar a perenidade dos objetos. Com o objetivo de investigar, analisar e registrar os critérios utilizados pela instituição museológica de arte contemporânea, para preservar, conservar e armazenar o seu acervo, tendo como estudo de caso o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul e o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o presente estudo tem como questão central: quais os critérios utilizados pelo museu de arte contemporânea nos processos de preservação, conservação e guarda do seu acervo? Essa pesquisa, que possui caráter qualitativo, foi desenvolvida a partir de estudo de referenciais bibliográficos e de pesquisa de campo. Com a finalidade de conhecer como ocorre na prática a preservação, a conservação e a guarda de acervos de Arte Contemporânea pertencentes a museus públicos brasileiros, foram realizadas entrevistas com os profissionais responsáveis por estas atividades nas duas instituições pesquisadas. Além disso, foram analisados os espaços onde as obras de arte são acondicionadas, observando as condições de armazenamento, de higienização das peças e, além de outras questões, como a climatização e a iluminação destes ambientes. Tendo em vista a escassez de bibliografia tratando especificamente sobre conservação de arte contemporânea, e o ainda recente estabelecimento dos critérios que embasam essa atividade, espera-se que os resultados deste estudo possam contribuir com pesquisas futuras relacionadas a este assunto, aos museus aqui referidos e a outras instituições que abrigam acervos de arte contemporânea.

Fernando Silva de Almeida

Arqueologia e história na terra dos bugres: em busca da visibilidade indígena na região de Cruz Alta – RS

Palavras-Chave: Arqueologia, História, Povos Indígenas.

fernando-silva-de-almeida

O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação, baseada em um levantamento etno-histórico, sobre a presença de grupos indígenas vivendo desde períodos imemoriais na região de Cruz Alta. São introduzidas informações arqueológicas e documentais que atestam a presença de grupos Guaranis e Kaingangues ocupando o atual território do município. Além disso, avaliam-se alguns fatores que levaram as comunidades indígenas a serem desconsideradas nos discursos históricos. Para isso, realizaram-se levantamentos de bibliografia referente ao colonialismo, ao papel da arqueologia como reprodutora dessa ideologia, aos discursos sobre grupos indígenas nos projetos de nação por intelectuais brasileiros no século XIX e XX, além de alguns aspectos sobre discursos identitários referentes aos grupos indígenas no Rio Grande do Sul e também no município onde se realiza esta pesquisa: Cruz Alta. Evidencia-se que são inúmeras as histórias que podem ser contadas, por diferentes atores sociais, e que os sítios arqueológicos existentes na região não se configuram ainda como um patrimônio arqueológico da sociedade, considerando o desconhecimento dessa materialidade pré-colonial, bem como da própria história indígena. Assim, através da pesquisa histórica, entende-se que outras visões do passado podem ser desveladas, contribuindo para a construção de identidades culturais múltiplas.

Ilza Carla Favaro de Lima

PARQUES E PATRIMÔNIOS Análise da diversidade sociocultural do Parque Saint’ Hilaire de Porto Alegre – RS

Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Parques. Unidades de Conservação. Diversidade Cultural.

ilza_carla-de-lima

O Patrimônio Cultural é uma área que ganha cada vez mais força e espaço na contemporaneidade, baseada na importância de se preservar a herança cultural das sociedades. Com o passar dos anos a categoria tem se expandido, buscando abranger os mais diferentes grupos que constituem a sociedade brasileira e mundial. No entanto, este processo sempre está submetido a seleções e exclusões, quando tem que delimitar o que deve ser preservado. Esta é a problemática analisada neste trabalho, a partir do exemplo do Parque Saint’ Hilaire de Porto Alegre – RS, uma área de preservação ambiental localizada na região metropolitana do Rio Grande do Sul. Diante da constatação de uma sobreposição na valorização das características ambientais diante de outras, buscou-se conhecer as diferentes formas de uso do espaço público, a fim de identificar a diversidade presente no Parque e os conflitos que o envolvem. A partir do contexto encontrado, questionam-se as possibilidades de preservação de bens ambientais e socioculturais em um mesmo espaço, tendo em vista suas especificidades, bem como as práticas de categorização e preservação do Patrimônio Cultural desassociadas das comunidades locais.

João Paulo Borges da Silveira

“Somos, sem modéstia, […] um homem de teatro”: os manuscritos de Coriolano Benício como documentos (auto) biográficos

Palavras-chave: Memória Social. Patrimônio Cultural. Arquivos pessoais. Escritas de si. Coriolano Benício.

joao-paulo-borges-da-silveira

O presente estudo tem como foco os documentos (auto) biográficos pertencentes ao arquivo pessoal de Coriolano Mário de Araújo Benício (1911-1984), cidadão rio-grandino que teve suas trajetórias pessoal e profissional dedicadas às cenas artística e cultural de seu munícipio. Este estudo parte de uma inquietação, que é o pouco conhecimento sobre a figura de Coriolano Benício e de seu arquivo pessoal na cidade do Rio Grande. A pesquisa se justifica pelo ineditismo acadêmico, já que a trajetória pessoal e profissional de Coriolano Benício, através de seu arquivo pessoal, nunca foi explorada. Uma vez que os documentos manuscritos presentes no seu arquivo pessoal possuem caráter (auto) biográfico, os quais Coriolano Benício registrou traços de sua trajetória de vida, tais documentos atuam, portanto, como suportes das memórias de seu titular, ao mesmo tempo que apresentam elementos importantes para a compreensão de uma memória artística coletiva da cidade do Rio Grande.

Jonathan Santos Caino

Potencial arqueológico de Cruz Alta: propostas para uma arqueologia da cidade

Palavras-chave: patrimônio cultural, patrimônio arqueológico, identidade, Cruz Alta-RS

jonathan-caino

A cidade de Cruz Alta, no noroeste do estado do Rio Grande do Sul, reconhece a si mesma como uma cidade histórica. Fundada em 1821 em um contexto de disputas de fronteiras entre Portugal e Espanha, a história oficial do município dá ênfase em alguns elementos de seu passado, como a ocupação inicial da área enquanto uma rota de comércio de gado, período no qual as populações indígenas são rechaçadas da região e da história local. Sua história é em geral a das elites brancas e rurais, e raramente a dos pobres, dos escravos, ou do cotidiano. Estas histórias são assumidas como o verdadeiro passado, herança de seus habitantes. O patrimônio cultural do município reproduz esta lógica, uma vez que atua basicamente em bens arquitetônicos que se referem em geral às mesmas elites. Narrativas históricas e discursos patrimoniais são os meios pelos quais uma cidade representa seu passado, e assim o passado da cidade aparece simplificado, sem conflitos e sem contemplar a diversidade de cenários e atores sociais que compõem a história da cidade. Uma arqueologia da cidade pode dar conta do enorme potencial arqueológico da área central da cidade, e trazer aos debates estes outros atores. O levantamento historiográfico e o uso de fotos e plantas históricas permitiram traçar o processo de ocupação da cidade, e assim identificar áreas de potencial arqueológico, destacando as possibilidades interpretativas de seu estudo. A área central da cidade foi dividida em três camadas arqueológicas identificadas pelo período ao qual se referem, e nestas três camadas, alguns lugares específicos foram identificados por suas potencialidades. Como resultado, é proposta uma carta arqueológica que permite localizar na cidade atual as áreas de interesse arqueológico.

José Daniel Telles dos Santos

Lúcio Yanel e o Violão Pampeano: memória(s), história(s) e identidade(s) de um fazer musical no sul do Brasil

Palavras-chave: Lúcio Yanel. Memória. Identidade. Cultura Regional. Violão Pampeano.

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O presente estudo visa inicialmente, registrar e analisar parte da história de vida do violonista argentino Lúcio Yanel (1946), bem como sua produção artística nas últimas três décadas no Rio Grande do Sul. As práticas sóciomusicais desta região evocam reflexões a respeito da memória social, história, identidade e tradição relacionadas a fenômenos culturais como os festivais de música nativista e a processos identitário-culturais no estado. O estilo violonístico, do qual Yanel é portador, é apresentado através de reflexões acerca das características musicais deste violão, ora denominado pampeano, a partir da análise de uma interpretação musical do violonista. Considerando a obra e a produção deste artista, foram levantadas algumas discussões, a partir dos relatos de outros violonistas, sobre a possível formação de uma escola violonística ligada à música do Pampa no estado do Rio Grande do Sul. Através da História Oral, da pesquisa documental e da análise musical, parte da história de vida de Lúcio Yanel, adquire registro inédito nesta pesquisa que visa contribuir para o debate e a análise das práticas sócio-musicais no Rio Grande do Sul, sobretudo àquelas ligadas a musica pampeana e ao violão regional.

Katia Helena Rodrigues Dias

Fotografias para memória: a Escola de Belas Artes de Pelotas através do seu acervo documental (1949-1973)

Palavras-chave: história, memória, acervo, arquivo, documento, fotografia, ensino de arte.

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A Escola de Belas Artes de Pelotas (EBA) funcionou entre os anos de 1949 a 1973, tendo sido pioneira no ensino formal de artes plásticas na cidade de Pelotas/RS. Ao longo desse período, a escola gerou um conjunto documental composto por fotografias e documentos textuais que constituem o acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG), instituição vinculada ao Centro de Artes (CA) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que atualmente detém a guarda e proteção desses documentos. A presente pesquisa tem como principal meta sistematizar esse acervo, uma vez que o mesmo não se encontrava catalogado. A sistematização desse conjunto documental, aqui denominado Coleção EBA, abrange etapas de conservação, tratamento da informação e acessibilidade. Para o desenvolvimento técnico da pesquisa utilizam-se publicações de Belloto, Burgi, Cândido, Paes e Pavão. Os documentos fotográficos registram aulas, ambientes internos e diversos eventos, tais como confraternizações, exposições, formaturas e retratos. Os documentos textuais são constituídos em sua maioria por papéis de cunho administrativo: atas, correspondências, estatutos, memorandos, ofícios, regimentos internos e notícias de jornal. Portanto, de acordo com a natureza do conjunto, foi utilizada como metodologia a análise documental a partir do estudo de caso da Coleção EBA, a qual é considerada como um objeto evocador de memórias, pois ao mesmo tempo em que remete nosso pensamento ao passado, ela, a fotografia, comunica e contribui para repensar e recriar experiências passadas, ressignificandoas no presente. Este trabalho objetiva sistematizar o acervo, conservando, organizando e acondicionando os itens de modo a garantir melhores condições de preservação. Em seguida, a informação é tratada com vistas à sua organização metódica. Para isso, criam-se tabelas de elementos fotográficos e textuais em que as informações são dispostas de acordo com os conteúdos informativos de cada documento. Tudo isto com o objetivo principal de preservar e comunicar a história e a memória da EBA, disponibilizando os conteúdos assim tratados às mais diversas pesquisas.

Keli Cristina Scolari

Cerâmicas em faiança existentes nos casarões do centro histórico de Pelotas, RS.

Palavras-Chaves: Cerâmica em faiança. Patrimônio. Conservação. Restauração. Caracterização química.

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A cerâmica é o artefato de maior relação com o desenvolvimento estético e, também, o que mais vem resistindo às revoluções promovidas pela humanidade. Muitas dessas peças artísticas constituem-se em um legado histórico da produção cerâmica, tais como a azulejaria portuguesa que por sua qualidade é igualada a outras artes em voga na Europa, tais como a tapeçaria, ourivesaria e o mobiliário. No Brasil, no período colonial, a cerâmica foi instrumento de composição de projetos arquitetônicos e de estilos artísticos, tais como o barroco, o neoclássico e o eclético. A grande maioria dos azulejos e ornatos existentes nas fachadas dos prédios destes estilos vinha importada da Europa, especialmente, de Portugal e França. No século XX, a conscientização da importância de conservar a história das origens brasileiras fez surgir o interesse do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional e, também, de alguns grupos privados, tais como o Instituto Portucale de Cerâmica Luso-Brasileira, localizado no estado de São Paulo, pela leitura de cerâmicas artísticas portuguesas como instrumento da memória de nossa colonização. A cidade de Pelotas, uma das vinte e seis cidades que integram o Projeto Monumenta do Governo Federal, detentora de um dos maiores acervos edificados no estilo eclético do século XIX, com 4 edificações com tombamento em nível federal, 1 em nível estadual, 10 em nível municipal e mais de 1700 prédios inventariados, possui um acervo de decoração cerâmica de fachada de grande beleza e qualidade, em sua maioria, na forma de ornatos e esculturas, atualmente, sendo restaurado ou em processo de preservação. Esta condição levou ao desenvolvimento do presente trabalho que buscou a identificação das peças cerâmicas existentes em edificações tombadas do patrimônio histórico da cidade de Pelotas, identificadas como cerâmica em faiança originária de Portugal. Além disto, com vistas à questão da conservação patrimonial, avaliou-se, nas peças cerâmicas em faiança encontradas, a sua condição de degradação. As edificações pesquisadas são os casarões de números 8, 6 e 2, localizados na Praça Coronel Pedro Osório, conhecidos como Casarão do Barão de Cacequi, Casarão do Barão de São Luís e Casarão do Barão de Butuí. Para o desenvolvimento do trabalho, inicialmente, pesquisou-se a origem das esculturas em faiança e a sua tecnologia de produção. Posteriormente, fez-se a identificação visual, documentada fotograficamente, o levantamento cadastral, a partir de fichas catalográficas, das peças cerâmicas existentes nos Casarões. Após, compararam-se os exemplares encontrados nos Casarões com peças existentes no catálogo da Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devezas, editado em 1910. Para a análise do estado de conservação das peças cerâmicas foram utilizadas as informações das fichas catalográficas. Complementando o trabalho, fez-se a determinação da composição química da pasta cerâmica e do vidrado de uma amostra coletada em um vaso Krater, existente no Casarão Barão de Cacequi (Casarão 8). As composições químicas da pasta cerâmica e do vidrado foram comparadas com análises químicas de peças cerâmicas efetuadas pelo químico francês Charles Lepierre, em 1912. Os levantamentos e estudos feitos possibilitaram a elaboração de uma proposta para futuras intervenções nas peças cerâmicas em faiança portuguesa existentes nos Casarões, a partir da sua reconstituição ou substituição por peça original.

Kelly Raquel Schmidt

Tradição e (re) invenção da tradição: a Oktoberfest de Igrejinha/RS

Palavras-chave: Memória. Tradição. Patrimônio. Festa. Oktoberfest. Igrejinha-RS.

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A Oktoberfest de Igrejinha-RS ocorre anualmente desde 1988 e tem como principal objetivo a rememoração da cultura germânica trazida pelos imigrantes que colonizaram a região, no século XIX. Com expressivo número de visitantes e muitas melhorias em sua programação feitas a cada ano, acrescido ainda o titulo de Patrimônio Cultural do estado do Rio Grande do Sul. Esta pesquisa tem a finalidade de compreender como a Oktoberfest articula noções de tradição, retradicionalização, invenção da tradição e patrimônio cultural na cidade de igrejinha-RS.A pesquisa foi delineada conforme os registros da festa através de fotografias e materiais gráficos, bem como notícias de jornais, incluídas no acervo da Associação dos Amigos da Oktoberfest e entrevistas. Os questionamentos permearam os elementos culturais que estariam em evidência; de que maneira foi articulada a programação da festa no processo de retradicionalização e invenção da tradição para que continuasse ocorrendo e de que forma auxilia no processo atual. A metodologia foi alicerçada mesclando elementos de etnografia, história oral, pesquisa documental e jornalística. A dissertação está separada em três capítulos, sendo eles: a história do município, a história da Oktoberfest e tradição. Autores como Grützmann, Dreher, Feldens, Engelmann, Arévalo, Lenclud e Machuca nortearão a análise.

Mariciana Zorzi

De quem é a Cidade Heroica? Trajetórias da Preservação do Patrimônio Cultural, Atratividade Turística e Participação Social em Jaguarão, Rio Grande do Sul (1982 – 2011)

Palavras-chave: patrimônio cultural; preservação; turismo; participação social e Jaguarão.

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O presente trabalho busca apresentar em que medida as ações de preservação do patrimônio cultural influenciam na constituição da atratividade turística de Jaguarão (RS), bem como o modo como os moradores participam desse processo. A análise se sustenta na delimitação de cinco ações de preservação do patrimônio cultural realizadas entre 1982 e 2011, a saber: Projeto Jaguar, IPAJ, PRIJ, Tombamento do Conjunto Histórico e Paisagístico, e Refuncionalização da antiga Enfermaria Militar. As entrevistas foram utilizadas como suporte metodológico, realizadas em três momentos: no entendimento das ações de preservação do patrimônio cultural, na contextualização social de cada ação e na verificação da existência de participação social. Através deste trabalho, foi possível averiguar que: 1) a escolha do que é patrimônio cultural e do que é atrativo turístico ocorreu inicialmente por meio das reivindicações do Grupo Jaguar; e 2) a relação entre turismo, patrimônio e participação social sofreu algumas modificações, sobretudo nas atuais ações de refuncionalização.

Rogério Piva da Silva

O valor econômico do patrimônio cultural: o caso da fábrica Rheingantz na cidade do Rio Grande – RS

Palavras-chave: Patrimônio, Identidade, Rheingantz, Valoração Econômica, DAP

rogerio-piva-silva

A Fábrica Rheingantz, fundada em 1873 na cidade do Rio Grande, foi a pioneira na industrialização no Rio Grande do Sul. Seu complexo, que através da produção fabril ajudou a impulsionar a economia local, encontra-se abandonada desde que sua atividade entrou em declínio ao fim dos anos 1960, abrigando desocupados e sendo alvo de vândalos. O descaso e a degradação que vem sofrendo, evidencia que se nada for feito rapidamente, pode-se perder um dos únicos sítios industriais urbanos do Estado do Rio Grande do Sul que ainda mantém parte de sua estrutura edificada. Com o intuito de fornecer uma dimensão distintiva aos agentes e gestores patrimoniais na tomada de decisão, este trabalho tem por objetivo dimensionar o valor atribuído pela sociedade riograndina à fábrica Rheingantz utilizando, o método da valoração contingente, fundamentado em Pearce, Pagliola, entre outros. A valoração econômica se justifica em virtude da necessidade de se fazer escolhas entre o que é imprescindível preservar e o que não é – em função dos recursos escassos. Para tanto, este trabalho foi desenvolvido por meio do método de abordagem dedutivo, descritivo e pesquisa de campo. Foram entrevistados 500 indivíduos dos quais, 87% acreditam que a fábrica representa a identidade local, 84% que deve ser tombada como patrimônio cultural do Rio Grande e 63% responderam estarem dispostos a pagar/doar pela preservação/conservação do Patrimônio Cultural representado pela Rheingantz, resultando em uma disposição média a pagar de R$ 4,44 e valor econômico total de R$5.682.600,00.

Simone Soares Delanoy

A presença francesa na arquitetura pelotense – um estudo sobre o arquiteto Julio Delanoy

Palavras-chave: Arquitetura. Biografia. História. Memória.

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No contexto de modernidade da sociedade brasileira, do início do século XX, é notória a participação de imigrantes estrangeiros, em especial o europeu, no processo de formação do ambiente urbano e na configuração espacial das cidades. Nesse caminho, esta pesquisa teve por objetivo principal apresentar a história de vida do engenheiro arquiteto francês Julio Delanoy, através de sua trajetória, tomando como ponto de partida sua formação profissional na França, passando pela imigração para o Brasil em 1926, e o estabelecimento na sociedade local pelotense. Embasada nos conceitos sobre memória coletiva, métodos biográficos na análise de trajetórias de vida, relações, indivíduos, sociedade e contexto; tendo como metodologia levantamento bibliográfico e documental em acervos pessoais e públicos; cadastramento e classificação da arquitetura projetada, procuramos relacionar o personagem com o contexto, bem como promover a identificação e reconhecimento de sua atuação na sociedade local.

Vanessa Patzlaff Bosenbecker

Influência Cultural Pomerana Permanências e Adaptações na Arquitetura Produzida Pelos Fundadores da Comunidade Palmeira Cerrito Alegre, Terceiro Distrito de Pelotas (RS)

Palavras-chave: arquitetura pomerana; arquitetura rural; patrimônio arquitetônico; Serra dos Tapes; Pelotas.

vanessa-bosenbecker

Este estudo aborda a arquitetura produzida pelos descendentes de imigrantes pomeranos nas Colônias Osório e Py Crespo, no Cerrito Alegre, Terceiro Distrito de Pelotas, Rio Grande do Sul. Os sítios estudados pertencem ao grupo de fundadores da Comunidade Palmeira, associação religiosa luterana livre daquela localidade. A pesquisa tem como objetivo principal identificar as permanências e as adaptações no modo de construir e organizar as funções nas propriedades destas pessoas que compõem a terceira geração dos pomeranos em solo brasileiro. Para atingir o objetivo, as características na organização das funções nos sítios e nas residências, bem como as técnicas construtivas utilizadas pelo grupo analisado, foram colocadas em diálogo com os dados trazidos pela historiografia referente à arquitetura produzida pelos pomeranos em sua terra natal e pelos imigrantes pomeranos em solo sul-riograndense, assim como a algumas das outras arquiteturas produzidas por imigrantes de outras etnias. Desta maneira, os dados obtidos nos levantamentos dos sítios foram relacionados à literatura especializada de referência (WEIMER, 2005; BERTUSSI, 1987 e; MACEDO, 1987), e identificaram-se permanências, adaptações e rupturas na arquitetura produzida pelos netos de imigrantes pomeranos.

Defesas 2011

Andressa Roxo Pons

A INTEROPERABILIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA AMPLIAÇÃO DO ACESSO A ACERVOS DIGITAIS Um estudo sobre a base de dados do Arquivo Fotográfico Memória da UFPel

Palavras- chave: Acesso a acervo digital, Arquivo Fotográfico Memória da UFPel, Base de dados digital, Interoperabilidade, Preservação digital, D-Space, Dublin Core, Gestão de acervos, Fotografia, Memória social, Patrimônio digital.

andressa-roxo-pons

Este trabalho refletiu sobre o acesso as coleções fotográficas da Faculdade de Odontologia da UFPel (FO) a partir da Base de Dados digital (BD) do Arquivo Fotográfico Memória da UFPel (AF) . Seus objetivos foram identificar quais os impactos da digitalização na preservação das coleções fotográficas do AF e como ampliar o grau de acesso à esse acervo digitalizado. A era digital provocou mudanças na concepção de preservação. O contexto cultural e tecnológico que vem se impondo nos últimos anos indica a lógica do acesso como principal diretriz para as ações de preservação. Compreender as mudanças provocadas pela digitalização e as novas possibilidades que se abrem ao disponibilizar um acervo na web é fundamental para que o AF possa fazer escolhas e programar ações que permitam inserir sua Base de dados no atual contexto cultural e tecnológico de circulação da informação e, com isso consiga ampliar o grau de acesso ao seu acervo. Neste sentido, conclui-se que a digitalização melhora a conservação dos originais e possibilita maior acesso ao acervo. Mas para que o AF consiga ampliar o grau de acesso a seus acervos, da maneira preconizada na literatura das áreas que discutem este tema, é preciso que sua gestão adote padrões de acesso que permitam a circulação da informação atendendo a premissa da interoperabilidade. Entre esses padrões, este trabalho aponta a adoção do recurso D-Space para o gerenciamento da base de dados, a adoção do padrão Dublin Core para descrição dos metadados e o uso de licenças alternativas que possibilitem uma distribuição e uso mais seguros e consistentes do conteúdo disponibilizado dos acervos. Adotando os padrões indicados, o AF estará permitindo uma maior circulação da informação, seus objetos estarão ganhando visibilidade e com isso ampliando o grau de acesso às coleções fotográfica da FO e do AF como um todo.

Annelise Costa Montone

Representações da vida feminina em um acervo de imagens fotográficas do Museu da Baronesa, Pelotas/RS: 1880 a 1950

Palavras-chave: acervos, fotografia, retrato, memória, representações, Museu da Baronesa.

annelise-montone

Esta pesquisa tem como objetivo analisar um conjunto de reproduções eletrostáticas de fotografias armazenadas no Museu Municipal Parque da Baronesa, em Pelotas, RS. Em especial os retratos femininos, na medida em que dialogam com a narrativa deste espaço museal, concernente ao período de 1880 a 1950. As imagens foram expostas, na década de 1990, em duas exposições de curta duração, que versaram sobre moda e infância. O museu, pertencente ao município de Pelotas, manteve a tipologia de residência, da época em que pertencia à família Antunes Maciel, existindo um forte vínculo à figura feminina, criado pela presença de três gerações de mulheres que habitaram a casa. Seu acervo é formado pelo prédio, por objetos pessoais e decorativos, mobiliário, têxteis, documentação privada, livros e fotografias, que trazem representações do espaço privado e dos costumes da sociedade pelotense, entre o final do século XIX e meados da década de 30 do século XX. A interpretação se deu no âmbito do estudo da história cultural das mulheres, de acervos, representações, memória e fotografias, bem como de documentação privada da família Antunes Maciel, dialogando com outras pesquisas sobre o museu, já desenvolvidas em âmbito de Pós-Graduação.

Aydê Andrade de Oliveira

Os acervos documentais referentes aos Salões de Arte de Pelotas (1977-1981): história e memória

Palavras-chave: Salões de Arte de Pelotas−História; Preservação de acervos; Memória; Hemeroteca; Fotografia; Sistematização de acervos.

ayde-oliveira

O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa histórica, desenvolvida a partir do mapeamento e da localização dos suportes de registro em suas diversas formas. Assim, o objeto desta pesquisa são os acervos documentais públicos e privados sobre os Salões de Arte de Pelotas (1977-1981). O objetivo principal foi a sistematização desses acervos como um meio de garantir a preservação, a recuperação e a disseminação do conteúdo informacional. Numa promoção da 5ª Delegacia de Educação, esses Salões foram idealizados e organizados pelo Coordenador de Assuntos Culturais, Nelson Abott de Freitas, que registrou essas exposições com fotografias, recortes de jornais e outros documentos, desempenhando também o papel de guardião da memória, através da construção de álbuns que contam a história dos eventos. Esses salões destacaram-se pela grande repercussão na mídia impressa e que rendeu um precioso acervo de matérias publicadas nos jornais locais, regionais e nacionais. As expressões artísticas e culturais oriundas desses salões foram consideradas como bens culturais que simbolizam a identidade local e a memória social da cultura pelotense, representadas pelas obras premiadas durante os Salões e expostas na Galeria Nelson Abott de Freitas. A escolha deste recorte deve-se à documentação composta pelo acervo audiovisual A arte em Pelotas – Os Salões de Arte, produzido pelo Centro Integrado de Teleducação do Sul, da Universidade Federal de Pelotas, existente na Biblioteca de Ciências Sociais da UFPel. O trabalho ressalta a importância dos registros e, a partir da análise documental do conteúdo desses acervos, mostra a importância da sistematização para a reconstrução da história e da memória dos Salões de Arte de Pelotas.

Caterine Henriques Mendes

Estudo dos Evangelhos Sinóticos: memória e identidade das primeiras comunidades cristãs

Palavras- chave: Paleocristianismo, memória coletiva, narrativa memorial, Evangelhos Sinóticos.

caterine-mendes

Este trabalho tem como objetivo analisar o papel dos Evangelhos como formadores da memória nas primeiras comunidades cristãs. Esta pesquisa se dá através do estudo critico dos Evangelhos Sinópticos, os quais compõem uma narrativa memorial. Vamos adotar como referencial teórico o conceito de memória coletiva de Maurice Halbwachs, pelo qual defende que a memória é socialmente construída pela interação entre indivíduos em seus diversos contextos. Essa memória coletiva possui uma importante função de contribuir para o sentimento de pertença a um grupo de passado em comum. Num primeiro momento, os Evangelhos servem como uma moldura para a memória cristã que vai ser evocada em cada época, respondendo a suas necessidades e objetivos, oferecendo a garantia de constante repetição através da evocação dessa narrativa, muitas vezes aliada ao ritual e à liturgia.

Deborah Coimbra Nunez

Educação patrimonial nos bastidores do processo. A formação dos agentes multiplicadores e as metodologias de ensino aplicadas na apreensão de bens culturais: o caso de São João Delrei/Minas Gerais

Palavras-chave: Educação Patrimonial. Patrimônio Cultural. Minas Gerais. São João del-Rei.

deborah-nunez

Consideramos que o estudo do Patrimônio Cultural nos possibilita analisar a trajetória de um povo, suas relações sociais e políticas através da análise do sentido simbólico desses lugares, dos modos de vida no espaço comunitário, suas expressões culturais, suas relações de existência. Nesse sentido, a Educação Patrimonial reveste-se de um papel fundamental na medida em que possibilita aos cidadãos adquirir habilidade de interpretar os objetos e símbolos culturais, ampliar sua aptidão de compreender o mundo e seus significados e, com isso, tornarem-se possíveis agentes e parceiros do processo de preservação. Contudo, para que essa Educação Patrimonial atinja seu objetivo principal que é a apropriação do Patrimônio Cultural e de tudo que ele representa, é de suma importância que os “agentes multiplicadores”, especialmente os professores do ensino fundamental e médio, tenham suporte teórico-metodológico e conhecimento adequado acerca do assunto que diz respeito ao patrimônio para que sejam alcançados os objetivos desse tipo de ensino. Acreditamos que o ponto cego, mas de fundamental importância para a compreensão do processo de Educação Patrimonial está no professor uma vez que professor mal informado pode transmitir uma orientação defeituosa comprometendo os reais objetivos do programa. Assim, o problema central desta pesquisa diz respeito ao estudo das condições da formação do próprio profissional responsável pelo desenvolvimento da Educação Patrimonial. Tivemos como referencial o estudo de caso realizado no município de São João del-Rei, estado de Minas Gerais, que além de contar com uma lei que institui a Educação Patrimonial nas escolas do município é também entendido enquanto uma referencia nacional deste tipo de ensino voltado para o patrimônio.

Gianne Zanella Atallah

Trajetórias musicais de alunas e professoras do conservatório de música de Rio Grande

Palavras-chave: Música, Gênero, Positivismo, Conservatório de Música de Rio Grande, História Oral.

gianne-atallah

O trabalho de pesquisa, intitulado Trajetórias Musicais de Alunas e Professoras do Conservatório de Música de Rio Grande que aqui será apresentado, buscou identificar as formas de representação das mulheres musicistas, a partir das memórias dos alunos e professoras do Conservatório de Música de Rio Grande. Tomou-se como recorte temporal do trabalho a década de 1940 até a primeira metade de 1950, tendo em vista o período de atuação das mulheres entrevistadas dentro do Conservatório de Música de Rio Grande. A partir das entrevistas orais, buscou-se identificar as influências familiares, a motivação para o estudo da música, a construção da carreira profissional e a dicotomia entre o ser concertista e o ser professora. Para melhor compreender o contexto social do período, abordaremos o contexto histórico e musical brasileiro entre os séculos XIX e XX, tendo como marco temporal a Proclamação da República até o final da primeira metade do século XX. Neste contexto, enfocaremos aspectos do pensamento positivista, que foram determinantes para o modelo de conduta estabelecido para a mulher no que tange especialmente ao processo de ensino-aprendizagem musical. A partir do contexto da cidade de Rio Grande, dirigimos nosso olhar para o Conservatório de Música de Rio Grande, enfocando sua trajetória e a presença feminina no acervo documental. Trabalharemos com os conceitos de gênero, representação e poder simbólico para compreendermos os diferentes papéis sociais femininos dentro da música, nos meios geradores aqui identificados como família, trabalho e carreira musical. A partir dos relatos orais, buscou-se compreender a vivência musical além do documento, trazendo memórias de sete mulheres que atuaram como professoras, diletantes e artistas. Além de perceber a representação direta que possuem cada um destes papéis, identificamos o processo de conquista do espaço musical pelas mulheres, configurando o Conservatório de Música como importante espaço de atuação feminina na esfera pública.

Gisela Brum Isacsson

O TEMPO E O MUSEU: Manifestações da Modernidade, Pós-Modernidade e Hipermodernidade no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli 1957-2009

Palavras-chave: memória coletiva, cultura, tempo.pós-modernidade, Museu Aldo Malagoli.

gisela-brum

O trabalho analisa pontos característicos de três momentos da cultura: Modernidade, Pós-Modernidade e Hipermodernidade. Estabelece-se e aceita-se, como ponto inicial, a partir do qual será desenvolvido o presente estudo, o entendimento de que existem os períodos acima nominados, tendo em vista a preponderância e repetição de determinados comportamentos na vida social do séculos XIX, XX e início do século XXI, autorizando, dessa forma, a nomenclatura adotada pelos autores consultados ao longo da elaboração do presente texto. Lembra-se, no entanto, dois pontos: o tempo é contínuo e não admite intersecções, e os comportamentos existentes em cada momento apontado não são estanques e únicos naquele espaço temporal. A partir disso, o estudo irá ressaltar, dentro de cada um dos três momentos, as atitudes mais ocorrentes, citadas pela literatura, como capazes de trazer uma caracterização especial, assim como uma definição diferenciada. A seguir, verificar-se-á a relação desses períodos com a formação e o desenvolvimento do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, elegendo três datas emblemáticas: o ano da sua inauguração oficial, em 1957, destacando características encontradas na Modernidade; o ano da sua mudança para o prédio da Praça da Alfândega em 1978, ressaltando traços relacionados com a Pós-Modernidade; e o ano da realização da exposição “Arte na França 1860-1960: O Realismo”, em 2009, salientando pontos que trazem referências à Hipermodernidade. O entrelaçamento das datas eleitas e as características de cada um dos períodos supracitados são trabalhados no estudo, demonstrando como os comportamentos sociais em relação ao museu podem refletir as características dos momentos da cultura escolhidos. Para o desenvolvimento do tema, utilizar-se-á, ainda, o conceito de memória social cunhado por Maurice Halbwachs, assim como uma análise de fotografias, reportagens jornalísticas, documentos, entrevistas, catálogos de exposições, listas de frequência às exposições e revisão bibliográfica como suportes da análise proposta.

Janaina Timm

O revelar da memória: as ações sociais e culturais do movimento circulista em Pelotas/RS

Palavras chave: Circulo operário, memória, ação social, ação cultural, Pelotas.

janaina-souza

A presente dissertação trata do Círculo Operário Pelotense fundado em 1932. O objetivo central dessa pesquisa é verificar, através do processo de rememorização, de que forma as atividades sociais e culturais contribuíram para a efetivação do circulismo. Para tal análise, é utilizada como referência o Círculo Operário Pelotense, por ser o pioneiro no movimento circulista. Como registro temporal foi delimitado as décadas de 1930 e 1940. O estudo parte do levantamento de fontes primárias, em sua grande maioria inédita aos trabalhos de pesquisa. E este trabalho se orienta a partir do referencial teórico dos conceitos de memória, de Jacques Le Goff, Michael Pollak e Paul Ricoeur, e sua relação com o contexto social.

Jezuina Kohls Schwanz

A Chácara da Baronesa e o imaginário social pelotense

Palavras-chave: Memória, Representações, Imaginário Social, Família Antunes Maciel, Pelotas.

jezuina-kohls-schwanz

Esta dissertação versa sobre uma família da Pelotas oitocentista, os Antunes Maciel, família que teve no Barão e na Baronesa dos Três Serros seus mais destacados membros. Trata ainda das representações criadas na comunidade em torno da chácara onde moraram os barões e seus descendentes e que hoje abriga o Museu Municipal Parque da Baronesa, em Pelotas, RS. O trabalho foi construído através de pesquisa em documentos privados, tais como cartas, diários e fotografias, e também em documentos públicos, como jornais e revistas da época. Tais fontes foram escolhidas por permitem analisar as peculiaridades de uma família que viveu seu período áureo no Brasil Império. Como fio condutor, são utilizadas entrevistas e cartas trocadas entre os membros da família que trazem aspectos de seu cotidiano e de sua intimidade.

Mariana Gaelzer Wertheimer

A arte vitral do século XX em Pelotas, RS.

Palavras-Chave: Vitral; Patrimônio; Conservação; Tradição.

mariana-gaelzer-wertheimer

Para compreender a manifestação da arte do vitral do século XX na cidade de Pelotas, foi necessário conhecê-la em seu aspecto geral, seu processo evolutivo, histórico, suas características tecnológicas e compositivas, assim como seu processo de degradação. A partir de uma metodologia de levantamento instrumentalizado com fichas cadastrais, foi possível identificar treze exemplares de vitrais na zona central da cidade de Pelotas. Os exemplares foram analisados quanto as suas características formais e tecnológicas e, também, quanto aos aspectos de conservação e alterações causadas pela ação do tempo ou pela intervenção humana. A análise permitiu identificar diferentes tipologias de vitrais, quer seja sob o olhar tecnológico quer sob o olhar iconográfico. O levantamento dos exemplares de vitrais pelotenses, feito nesta pesquisa, mostrou serem estes representativos do poder econômico e cultural da cidade e que, apesar de grandes lacunas, pode-se considerar que estes representam uma manifestação cultural com influência europeia sem, no entanto, se vincular à tradição portuguesa, e que, sendo um símbolo de progresso econômico e social da cidade, sua manufatura pouco se alterou desde as suas origens. Os vitrais religiosos identificados remontam à tradição medieval da narrativa e da presença da marca dos doadores. Os vitrais profanos trazem características decorativas representando motivos florais ou bucólicos, vinculados à tradição da Arte Nova e dos movimentos de Artes Aplicadas.

Moysés Marcionilo de Siqueira Neto

Sob o véu do patrimônio cultural: uma análise dos processos de tombamento em Pernambuco (1979 – 2005)

Palavras-chave: Patrimônio cultural. Tombamento. Identidade. Representação.

moyses-marcionilo-de-siqueira-neto

Esta pesquisa analisa a constituição de patrimônios culturais, através da instituição do tombamento, em Pernambuco, como parte de um processo mais amplo de construção da identidade estadual e nacional. O recorte temporal escolhido acompanha as primeiras atividades do tombamento no estado, com a lei nº 7.970, de 18 de setembro de 1979, que determinou a criação do Sistema Estadual de Tombamento e serviu de estatuto para definir 51 bens tombados, até que o decreto 27.753, de 18 de março de 2005, marcou uma nova fase na política de preservação, com o conceito de patrimônio imaterial. Para essa análise, utilizo a perspectiva dos Estudos Culturais, em que o patrimônio pode ser entendido como produto de um processo de representação que organiza certo sentido e conteúdo às identidades e paisagens culturais, em permanente construção e reconstrução. Foram pesquisados os documentos produzidos pelo Sistema Estadual de Tombamento no período: processos para o registro, relatórios e publicações da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), livros de tombo e ata de reuniões do Conselho Estadual de Cultura (CEC), além de legislações e outras publicações de interesse para a pesquisa. A partir dessa documentação, exploro a formação institucional do tombamento em Pernambuco, os conteúdos dos processos, os seus requerentes, os contextos, o perfil dos elementos tombados e sua distribuição nos livros de tombo. A pesquisa confirmou uma relação de poder assimétrica nesse processo de representação, através do Sistema Estadual de Tombamento, em que foram instituídos os 51 registros para evidenciar objetos e lugares, essencialmente no período de 1979 e 1986, como agentes ativos que passam a significar a identidade e cultura do Estado de Pernambuco.

Nadia Miranda Leschko

Inventário para a Memória da Indústria Gráfica em Pelotas-RS 1920

Palavras-chave: Indústria gráfica; Memória social; Inventário; Produção gráfica; Pelotas-RS.

nadia-leschko

O presente trabalho tem como objetivo colaborar para a constituição de suportes para uma memória gráfica tendo como meio o inventário da indústria gráfica em Pelotas/RS na década de 1920, este composto por empresas que atuavam na impressão em série de projetos gráficos. Pelotas foi escolhida como espaço de concentração da pesquisa tendo em vista sua trajetória histórica e os estudos realizados na área de memória. O foco delimitador temporal é a década de 1920 em função da importância regional que a cidade obteve como pólo produtor de cultura e informação. O local de pesquisa foi a Bibliotheca Pública Pelotense tendo como fontes examinadas os periódicos e peças gráficas produzidas na época. A estrutura do trabalho consiste em primeiro capítulo contendo histórico dos processos gráficos, segundo capítulo contendo metodologia, dados da pesquisa de campo e inventário sumário das empresas atuantes à década e terceiro capítulo relacionado os dados dos capítulos anteriores e inventário analítico da indústria gráfica em Pelotas – RS.

Roberta Mecking Arantes Santos

ANÁLISE TIPOLÓGICA E O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: Estudo de fábricas doceiras na zona rural de Pelotas, RS

Palavras-chave: patrimônio imaterial; arquitetura industrial; análise tipológica; espaços de produção doceira.

roberta-dos-santos

A presente dissertação estuda as tipologias arquitetônicas das unidades fabris destinadas à produção do doce na zona rural de Pelotas através de pesquisa teórica e prática. Para tanto, foram selecionadas oito fábricas, com datas de registro entre 1950 e 1970. Como o pêssego é a principal fruta utilizada na produção dos doces coloniais da região, foram analisadas fábricas localizadas na área reconhecida (na década de 1960) pela concentração de pomares de pessegueiros. A discussão proposta vincula-se ao tema do patrimônio industrial e pretende contribuir para o reconhecimento, análise e preservação de remanescentes da arquitetura industrial pelotense, bem como, ao problematizar as questões metodológicas surgidas, visa a estimular trabalhos análogos para outros ramos. O estudo feito demonstra as transformações dos referidos espaços, alinhavadas a evolução das técnicas empregadas para a fabricação do doce. Para alcançar os objetivos foram estudadas teorias relativas ao “tipo”, tais como as de Quatremère de Quincy, Giulio Carlo Argan, Aldo Rossi, dentre outros. A parte experimental do trabalho foi feita com saídas de campo, para a realização dos levantamentos arquitetônicos, e apoio em teóricos que já se utilizaram de análise tipológica em situações práticas e objetivas. Nesta fase, foram essenciais os estudos do arquiteto Píer L. Cervellati e do arquiteto francês Philippe Panerai. Os resultados obtidos identificaram as características que constituem os diferentes tipos arquitetônicos das unidades fabris e delinearam as tipologias que aproximam as edificações no tocante à similaridade formal, funcional e de relação com o entorno.

Vanessa Regina Freitas da Silva

PATRIMÔNIO, MEMÓRIA E MERCADORIA: uma reconstrução arquitetônica em Ouro Preto, Minas Gerais

Palavras-chave: patrimônio arquitetônico, reconstrução, memória, mercadoria, Ouro Preto.

vanessa-da-silva

O trabalho avalia a reconstrução de uma edificação localizada na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, Minas Gerais. Um incêndio ocorrido em 2003 destruiu o imóvel que abrigava o Hotel Pilão, marco edificado da cidade localizado na Praça Tiradentes. A reconstrução foi inaugurada em 2006 e transformada em Centro Cultural e Turístico com localização privilegiada. A intervenção promoveu a reprodução externa da arquitetura colonial e a inovação interna com o uso de estrutura metálica como tecnologia construtiva integrada a paredes de pedra remanescentes. Ouro Preto, cidade detentora do título de Patrimônio da Humanidade no Brasil desde 1980, é considerada uma cidade turística brasileira e a intervenção reflete a intenção de manter a sua imagem consolidada, restaurando a própria praça. A Praça Tiradentes é referencial de centralidade, ponto de entrada e encontro, local das festividades e solenidades. Agrega valores estéticos, históricos e econômicos que reforçam a preocupação em preservar a paisagem colonial ouropretana. Sabe-se que a elevação de Ouro Preto como Patrimônio Nacional em 1933 iniciou o debate da preservação no Brasil e, ainda na atualidade, influencia nas discussões sobre bens patrimonializados. A pesquisa busca compreender, a partir do estudo de caso apresentado, como e por que restaurar ou mesmo reconstruir um patrimônio arquitetônico. Por um lado, avalia-se como se posicionam os valores simbólicos e de apropriação do patrimônio edificado – “patrimônio-memória”; por outro lado, observase como o valor econômico interfere nas justificativas de proteção e de intervenção desse patrimônio edificado – “patrimônio-mercadoria”. Além disso, foram abordadas as políticas públicas de preservação em Ouro Preto. Para o desenvolvimento do trabalho foi aplicada a metodologia técnica – coleta de dados por meio de pesquisa de campo com registro fotográfico e levantamentos documentais sobre a história da edificação e sobre o projeto executado, além de entrevistas – e de uma metodologia de análise – referenciais teóricos definidos após pesquisa bibliográfica. A pesquisa é composta por uma revisão dos conceitos sobre o patrimônio edificado, bem como sobre as ações preservacionistas e de intervenções usuais; os estudos sobre memória, lugar, paisagem, imagem e mercantilização do patrimônio. Por intermédio desses temas, foram analisados como os aspectos mercadológicos e os sociais influenciam na preservação e seus efeitos sobre a percepção, apropriação e intervenção do patrimônio edificado.

Defesas 2010

Ana Lúcia Pereira Ferreira de Quadros

Gravuras na campanha

Palavras-chave: Memória, Museu, Gravura.

ana-lucia-de-quadros

O presente trabalho é um estudo de caso sobre a instituição do Museu da Gravura Brasileira da cidade de Bagé, na Região da Campanha do Rio Grande do Sul e sua ligação com a construção da Memória e da identidade do Grupo de Bagé. Aborda o contexto de surgimento do grupo na cidade, os primeiros incentivadores, a criação do Clube de Gravura e as contribuições deste para a atualização da arte riograndense. Procura abordar o envolvimento dos componentes do grupo com a instituição do museu e a formação do acervo. Destaca a participação de Carlos Scliar e Tarcísio Taborda como agentes culturais fundamentais nesse processo de resgate da memória e identidade. Faz uma análise do funcionamento do museu na comunidade, das mudanças culturais decorrentes de sua instituição e das conseqüências de seu fechamento. Finaliza abordando o movimento cultural da sociedade bageense em favor da reabertura desse espaço como referência cultural para Bagé e região.

Andrea da Gama Lima

O Legado da Escravidão na Formação do Patrimônio Cultural Jaguarense (1802 – 1888)

Palavras-chave: Patrimônio. Jaguarão. Arquitetura. Escravidão.

andrea-lima

A cidade de Jaguarão, localizada ao Sul do Brasil, na fronteira com o Uruguai, é reconhecida por seus conjuntos arquitetônicos, que constituem um acervo considerado sem similar em número e estado de conservação no Rio Grande do Sul. Denota-se o destaque, em meio a este cenário, às edificações erigidas nos últimos decênios do século XIX e princípios do século XX, período de prosperidade econômica que demarca o apogeu da construção civil local. Os estudos que originaram o Inventário do Patrimônio Arquitetônico Jaguarense (1988), mais do que refletir as ações de salvaguarda, sublinharam, especificamente, no plano da História, a proeminência dos referenciais euroocidentais na conformação da fronteira. Sustenta, assim, que Jaguarão reflete, em seu contexto cultural e urbano, a mescla de duas culturas, a portuguesa e a espanhola. Em contraposição, esta pesquisa contempla dados do passado local que foram invisibilizados e omitidos, em grande parte, pelos estudos da esfera patrimonial: a presença negra, de cativos africanos e afrodescentes, nos casarões da Jaguarão oitocentista, e as incidências da escravidão na constituição do patrimônio edificado das elites.

Caroline Leal Bonilha

Corymbo: memória e representação feminina através das páginas de um periódico literário entre 1930 e 1944 no Rio Grande do Sul

Palavras-chave: Gênero. Memória. Representação. Imprensa.

caroline-bonilha

A presente dissertação, pretende analisar a construção da representação da figura feminina através das páginas do periódico literário Corymbo, lançado em 1883 e publicado até 1944 na cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul. A proprietária, redatora e principal escritora do Corymbo foi Revocata Heloisa de Mello, acompanhada, de 1898 a 1928, por sua irmã Julieta de Mello Monteiro. O Corymbo é classificado como um periódico literário, publicação que mantém certa periodicidade e que se dedica a divulgação de contos, poesias, resenhas de livros e de outros gêneros literário. Esse tipo de publicação tornou-se comum no Brasil a partir da metade do século XIX. No entanto, alguns motivos fazem com que o Corymbo mereça atenção especial. Um deles é sua longevidade, lançado em 1883, só deixa de ser editado em janeiro de 1944. Outro elemento que chama atenção é o fato de ter sido criado e de ter mantido à frente de sua redação, durante todo o tempo em que foi publicado, duas mulheres, Revocata Heloisa de Mello e Julieta de Mello Monteiro. A combinação desses elementos faz do Corymbo o primeiro periódico literário dirigido por mulheres surgido no sul do Brasil, assim como aquele que se mantém mais tempo sendo publicado.

Elaine Maria Tonini Bastianello

Os monumentos funerários do Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé e seus significados culturais: memória pública, étnica e artefactual (1858-1950)

Palavras-chave: Artefato, Marmoraria, Memória, Primeira Divisão.

elaine-bastianello

A pesquisa intitulada “Os monumentos funerários do Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé e seus significados culturais: memória pública, étnica e artefactual (1858-1950)” tem como objetivo estudar aspectos da memória social da cidade plasmados nos túmulos e no espaço funerário da Primeira Divisão deste cemitério. Para tanto, toma como partida a busca da compreensão do tratamento conferido ao morto na tradição ocidental cristã, tanto no continente europeu, quanto no território brasileiro. Deste modo, procura analisar o sentido das práticas de enterramento e seus monumentos associados ao longo da história ocidental, para conseguir compreender as significações da necrópole em estudo, no que se refere ao período de 1858 a 1950. Ao avançar no estudo propriamente do cemitério de Bagé, inicia analisando seu potencial para o estudo da memória desta cidade, elegendo três enfoques: a memória pública, a memória étnica e a memória artefactual. Deste modo, traz à luz diferentes perspectivas de significação: a heroização do morto, o mosaico étnico cultural ou até mesmo o saber fazer dos marmorista e, em particular, a atuação do marmorista espanhol Jose Martinez Lopes. Visando a um registro e análise das características materiais do túmulos edificados por este marmorista, elabora um catálogo, composto por 22 túmulos, pormenorizadamente caracterizados quanto à sua arquitetura, estilo e atributos. Deste modo, combina o estudo do social e do individual, articulando a presença das etnias na formação histórica da cidade e a atuação de um indivíduo.

Francine Silveira Tavares

Cinema e patrimônio: o Theatro Guarany de Pelotas/RS

Palavras-chave: Patrimônio. Salas de Cinema. Cinema. Theatro Guarany.

francine-tavares

O trabalho apresenta uma pesquisa realizada sobre o Theatro Guarany, localizado no município de Pelotas/RS. Objetivou-se confrontar a atuação cinematográfica do Theatro Guarany com a história dos cinemas de rua no Brasil e avaliar como essa atuação contribui para o reconhecimento patrimonial do Theatro. O Guarany foi inaugurado no dia 30 de abril de 1921 e projetado a fim de desempenhar as atividades de cinema e teatro. As exibições cinematográficas ocorreram durante o período de 18 de maio de 1921 a 24 de outubro de 1996. O Cine Theatro é propriedade particular da família Zambrano, a qual é proprietária desde o período da fundação. A escolha do Cine Theatro Guarany deveu-se ao fato de ter sido o estabelecimento que desempenhou, simultaneamente, por mais tempo as atividades do teatro e cinema e também por ainda permanecer em funcionamento através do aluguel do prédio para peças de teatro, espetáculos de música, dança e cerimônias de formatura dos cursos das universidades locais. Para o desenvolvimento do estudo, foram realizadas entrevistas que recuperaram, em parte, o funcionamento do setor de exibição cinematográfica na cidade e consultas nos jornais Correio Mercantil e Diário Popular nas décadas de 1920, 1930, 1970 e 1990. Para avaliar os dados obtidos por meio do estudo das fontes escritas e das fontes orais, foi necessário relacioná-los e cruzá-los com a literatura especializada sobre os temas: história do cinema, salas de cinema, patrimônio e Theatro Guarany. Através do estudo realizado concluiu-se que a atuação cinematográfica do Theatro Guarany responde em grande medida pela sua importância como patrimônio cultural de Pelotas. O Guarany é um lugar de tempos remanescentes e é capaz de narrar a intensa e rápida trajetória histórica dos cinemas de calçada em Pelotas, no Brasil e no mundo. Ainda atuante como Casa de Espetáculos, pode evocar lembranças de como foi o ápice do percurso da exibição cinematográfica pública nos grandes cines teatros. A imponência ainda viva do Guarany faz saber que por muitos anos a experiência da exibição do filme foi grandiloqüente, rentável e também democrática.

Guilherme Rodrigo Bruno

Mercado Central de Pelotas: a permanência no lugar do consumo

Palavras-chave: patrimônio cultural, mercados públicos, consumo, Mercado Central de Pelotas.

guilherme-bruno

A presente dissertação constitui-se num estudo interpretativo sobre os mercados públicos tradicionais. O trabalho usa como piloto o Mercado Central de Pelotas (RS, Brasil), mas relaciona-o com outros casos igualmente pesquisados, como os mercados de Buenos Aires e o antigo mercado de Bagé. A partir desse recorte singelo, o trabalho se propõe a realizar uma interpretação dos fenômenos de consumo urbano, especialmente no tocante à construção, percepção e uso do espaço. Partindo da hipótese de que os mercados públicos tradicionais foram deteriorados para dar lugar aos supermercados, com prejuízos para economia popular e a qualidade do espaço urbano, o trabalho procura justificar o entendimento de que a sociedade de consumo não edifica, e sim reifica a realidade, a partir da manipulação dos estímulos ambientais, com fins mercadológicos. Processo no qual os arquitetos teriam importância fundamental, como cúmplices ou críticos. Agindo em nome da segunda postura, propõe-se que a memória social os mercados públicos deve ser preservada como representação do longo período em que o estado funcionou como promotor da economia popular. Os mercados públicos teriam sido equipamentos capazes não só de oferecer gêneros alimentícios a preços acessíveis, como também de promover o empreendedorismo; duas condições das quais carece a conjuntura atual, marcada pela alta dos preços alimentos e dos níveis de desemprego urbano. Se tal distorção fosse intrínseca à exploração econômica do solo urbano as cidades nem sequer teriam surgido, no entanto, o que uma breve caracterização das origens da atividade comercial revela é que as cidades se formaram justamente porque a troca permitiu um equilíbrio pacífico entre as demandas e ofertas dos gêneros necessários à preservação da vida. Essa fundação ancestral das atividades de troca se encontra preservada nos mercados públicos, onde a substituição da gôndola pela banca representa uma respeitosa aproximação face a face entre comerciantes, produtores e consumidores.

Ivana Morales Peres

Limitações ao direito de propriedade: efeitos sobre a preservação do patrimônio cultural edificado na cidade de Pelotas/RS

Palavras-chave: Direito. função social da propriedade. patrimônio cultural. memória. identidade. preservação.

ivana-peres

O presente trabalho trata da importância da função social da propriedade para a proteção dos bens culturais, com o objetivo de verificar se as limitações ao direito de propriedade contribuem satisfatoriamente para a valorização, a preservação e conservação do patrimônio edificado. Nesse sentido, também é imprescindível a realização de um estudo sobre os elementos que integram o patrimônio cultural, ou seja, a identidade e a memória, pois estes proporcionam inúmeros reflexos na preservação de um patrimônio histórico edificado e inventariado, como no caso ocorrido na cidade de Pelotas/RS. Esta pesquisa fundamenta-se em uma abordagem multidisciplinar para se compreender os diversos momentos históricos pelos quais os imóveis estudados passaram até atingirem o seu atual estado de conservação. Observa-se que a relação entre o passado e o contemporâneo é essencial para justificar a necessidade de proteger um bem cultural digno de permanecer preservado por várias gerações, pois ele oferece um importante testemunho do passado. Tanto a tutela jurídica como a jurisdicional do patrimônio cultural representam instrumentos de proteção, a exemplo do tombamento e do inventário, sendo que este se expressa claramente no estudo da trajetória administrativa e judicial enfrentada pelos imóveis da Rua XV de Novembro, n. 730 e 732, na cidade de Pelotas, objetos deste estudo.

Janaina Schvambach

Memória visual da cidade de Pelotas nas fotografias impressas no jornal A Alvorada e no Almanaque de Pelotas (1931-1935)

Palavras-chave: Fotografia. Periódicos. Memória visual.

janaina-schvambach

Imagens fotográficas vinculadas ao meio impresso indicam inúmeras leituras e várias possibilidades para a decifração de suas mensagens. Para uma análise isenta de subjetividades, foi desenvolvido o presente trabalho através de uma metodologia de caráter multidisciplinar, quantitativa e qualitativa, sobre as fotografias impressas presentes no Jornal A Alvorada e no Almanaque de Pelotas, durante o período de 1931 a 1935. O recorte temporal é significativo para a cidade de Pelotas por representar o declínio financeiro de uma economia antes em ascensão, marcado pela falência do Banco Pelotense no ano de 1931. O jornal A Alvorada, liderado por um grupo de intelectuais negros, com característica de semanário dominical, difundia ideais e informações para classe operária e para comunidade negra da região. No Almanaque de Pelotas, os temas populares, inerentes à parte de suas páginas, garantia a simpatia de um público amplo. Ambos os periódicos contêm em suas páginas um grande número de fotografias impressas; embora diversos na periodicidade, formato e utilidade, comungavam de alguns princípios democráticos: algumas vezes transitavam entre as classes sociais, e outras, noticiavam conteúdos que entretinham, informavam e orientavam os seus leitores para a vida em sociedade através das representações visuais da cidade de Pelotas.

Janaina Silva Xavier

SANEAMENTO DE PELOTAS (1871-1915): o patrimônio sob o signo de modernidade e progresso

Palavras chave: Pelotas. Saneamento. Patrimônio. Modernidade. Progresso.

janaina-xavier

Esta dissertação apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa desenvolvido no Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural, da Universidade Federal de Pelotas. O estudo analisa as primeiras iniciativas de saneamento da cidade de Pelotas (RS) através da instalação de uma concessionária privada chamada Companhia Hydráulica Pelotense que, em 1871, implantou os serviços de abastecimento de água. Posteriormente, o poder público municipal criou a Seção de Águas e Esgotos, por meio da qual ela encampou a Hydráulica a fim de ampliar os serviços de água e construir o primeiro sistema de esgotos, inaugurado em 1915. O trabalho apresenta a situação sanitária de Pelotas antes dos serviços de água e esgotos, os motivos que levaram a cidade a buscar as melhorias sanitárias, onde a administração pública encontrou referências, a trajetória das obras, os resultados e a repercussão junto à sociedade local. A dissertação discute ainda os conceitos de modernidade e progresso presentes na Europa no século XIX e sua influência na urbanização das cidades e faz uma breve análise do patrimônio histórico e cultural do saneamento de Pelotas.

Maiquel Gonçalves de Rezende

Silêncio e esquecimento: Henrique Carlos de Morais e a construção de um agente de preservação do patrimônio em Pelotas (1933 – 1986)

Palavras-chave: Memória; Patrimônio; Arquivos; Biografia; Museus; Pelotas.

maiquel-de-rezende

O presente trabalho se propõe a buscar as consonâncias e as contradições entre a proposta de uma política nacional para a constituição e proteção do patrimônio cultural e as ações engendradas na cidade de Pelotas entre 1933 e 1986, período em que Henrique Carlos de Morais trabalhou como voluntário na Biblioteca Pública Pelotense e, simultaneamente a isso, a partir de 1940, como Conservador do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). O trabalho buscou compreender o desenvolvimento de uma trajetória do conceito de patrimônio em Pelotas a partir do trabalho desenvolvido por Morais, observando, contudo, a proposta desenvolvida pelo órgão federal de proteção ao patrimônio histórico brasileiro. Outro ponto importante que perpassa este estudo diz respeito à relação entre público e privado na constituição dos arquivos pessoais de Morais, documentos estes que foram organizados durante seu período de trabalho na Biblioteca Pública Pelotense. Essa ideia constituiu uma das bases de análise para a compreensão do processo de simbiose entre ele e a instituição, indicando como a noção de guarda gerou um interesse pela musealização na cidade, segundo sua perspectiva, cujos efeitos foram, dentre outros, o surgimento e a fixação de instituições museais em Pelotas e em seu entorno.

Pablo Fabião Lisboa

REDE DE PONTOS DE CULTURA DO MUNICÍPIO DE PELOTAS: processos de digitalização de acervos na era das tecnologias da informação e da comunicação

Palavras-chave: Gestão de Acervos, Patrimônio Cultural, Cibercultura, Ponto de Cultura, Digitalização de Imagens.

pablo-lisboa

Partindo do impacto das novas tecnologias sobre a cultura contemporânea e sobre as políticas públicas de democratização da informação, a presente dissertação procura analisar a experiência dos “Pontos de Cultura” desenvolvida pelo governo federal através do Ministério da Cultura, particularmente o projeto Rede de Pontos de Cultura do Município de Pelotas – RPCMP – desenvolvido pela Universidade Católica de Pelotas. Tal projeto se propôs a digitalizar e disponibilizar os acervos documentais de três entidades de Pelotas, a Colônia de Pescadores Z3, o Clube Cultural Fica Ahí Pra Ir Dizendo e a Sociedade União Democrata. A investigação tem três focos. Primeiramente são observados os temas da Tecnologia da Informação e Comunicação – TICs, da digitalização e gestão de acervos, da cibercultura e, como forma de ter parâmetros para análise do projeto estudado, buscou-se na internet alguns exemplos de ambientes virtuais de acessibilidade a acervos digitais. Em seguida é apresentado o histórico, a conceituação e uma análise da estrutura dos “Pontos de Cultura” em âmbito nacional. Por fim, são apresentados os Pontos de Cultura da RPCMP e seus processos de digitalização de acervos. Compreendemos a gestão de acervos como uma prática dinâmica, transversal e criteriosa que tem por objetivo preservar o patrimônio cultural e a memória das sociedades; e a digitalização de imagens como um instrumento que contribui para a preservação do acervo físico, mas também como uma prática que possibilita a divulgação do arquivo por meio do acesso a ambientes virtuais de disponibilização de acervos digitais. Neste sentido, o trabalho procura analisar os propósitos da RPCMP e os resultados efetivamente obtidos. Por fim, são feitas algumas considerações no sentido de apontar caminhos para o futuro do objeto de estudo.

Paula Garcia Lima

Estudo da memória e do conceito de design através das peças gráficas e fotografias do Parque Souza Soares (Pelotas, 1900-1930)

Palavras-chave: Design Gráfico, Memória, Parque Souza Soares.

paula-lima

O presente trabalho trata da relação entre design gráfico e memória, tomando como objeto de estudo as peças gráficas do Parque Souza Soares e de seu laboratório na cidade de Pelotas nas três primeiras décadas do século XX. O objetivo principal desta pesquisa foi examinar, através destas peças, a existência de uma produção gráfica que configure aquilo que hoje se entende por design gráfico, mesmo em se tratando de um período anterior a institucionalização desta área profissional. Além disto, adotou-se a concepção de que o design é uma atividade direcionada a coletividades, portanto, buscou-se compreender se o produto desta atividade, gerado no passado e reencontrado no presente, pode ser considerado um suporte da memória social de um tempo já findo. Com estes objetivos o trabalho foi organizado a partir de pesquisa bibliográfica, para a fundamentação teórica das hipóteses, e de fontes primárias, onde levantou-se um amplo acervo de peças gráficas e demais documentos que foram sistematizados durante esta pesquisa. Tendo em vista que as peças gráficas investigadas são relacionadas a medicamentos, o objeto de estudo foi contextualizado abordando a história da farmácia, a história do design gráfico e a história do estabelecimento em questão. Traçados os cenários principais, a partir de uma definição de design gráfico, ele foi inserido dentro do campo da cultura material e adentrou-se nos conceitos de memória como memória individual e memória coletiva, com vistas a apresentar o aporte teórico e conceitual que direcionou a compreensão da produção gráfica do Parque no interior de sua própria história como testemunhos que auxiliam a entender a história e o percurso do mesmo além de aspectos relacionados ao contexto em geral. Para confirmar estas suposições fez-se a apreciação das peças gráficas que constituem o acervo de pesquisa com base nos seus aspectos formais e simbólicos para entender como elas passam as mensagens. Foi a partir destes direcionamentos que a pesquisa se desenvolveu e apontou algumas repostas acerca do design gráfico e de sua função enquanto suporte memorial.

Renata de Azevedo Ribeiro

“A MEMÓRIA COMO BÚSSOLA”: as representações do passado na obra de Mia Couto.

Palavras-chave: Memória, Mia Couto, Literatura Africana, Moçambique.

renata-ribeiro

Nessa dissertação pretendeu-se abordar as principais características da obra literária de Mia Couto, enfatizando-se a memória como representação do passado. Buscou-se mostrar os elementos recorrentes em sua obra, tais como tradição e oralidade e, a partir do delineamento de um texto carregado de lembranças e esquecimentos, analisar como se constroem e se revelam as memórias. Foram consideradas para este trabalho todas as obras literárias de Mia Couto publicadas no Brasil, e feito um levantamento histórico-político e social sobre Moçambique.

Rodrigo de Oliveira Torres

“… e a modernidade veio a bordo”: Arqueologia histórica do espaço marítimo oitocentista na cidade do Rio Grande/RS.

Palavras-chave: patrimônio marítimo, arqueologia Rio Grande.

rodrigo-torres

Fundada ainda no século XVIII no contexto das disputas militares entre portugueses e espanhóis ao sul do “Novo Mundo”, a cidade do Rio Grande viria a florescer como uma importante praça comercial da América meridional no século XIX. A Abertura dos Portos e sustentação econômica das charqueadas forneceram as condições para o ingresso da cidade nas redes internacionais do capitalismo comercial, mediadas pela atividade de veleiros e vapores mercantes oitocentistas. Meu objetivo é entender como Rio Grande inseriu-se na modernidade. No campo teórico e metodológico da Arqueologia histórica, foram utilizados documentos cartográficos, históricos e etnográficos para o estudo de lugares e paisagens do espaço marítimo do Porto do Rio Grande significadas no contato com a modernidade oitocentista. Recursos de cartografia digital e S.I.G. foram utilizados para relacionar os documentos consultados em camadas de informação. Os processos materiais decorrentes da inserção da cidade na forma histórica do capitalismo comercial resultaram na diversificação social e assimetrias na utilização do espaço urbano, dirigidas por questões tanto regionais, ou mesmo puramente locais, como por questões transatlânticas. Rio Grande, sem vocação natural para cidade portuária, fisicamente voltada para o interior da Lagoa dos Patos, construiu e hierarquizou sua paisagem urbana segundo as expectativas de um mundo transatlântico e de uma economia capitalista embarcada. É esta a modernidade que veio a bordo.

Samila Pereira Ferreira

Políticas da memória e esquecimento: estudo sobre zona portuária de São Lourenço do Sul

Palavras-chave: paisagem cultural, políticas públicas, São Lourenço do Sul

samila-ferreira

O presente trabalho trata da importância da função social da propriedade para a proteção dos bens culturais, com o objetivo de verificar se as limitações ao direito de propriedade contribuem satisfatoriamente para a valorização, a preservação e conservação do patrimônio edificado. Nesse sentido, também é imprescindível a realização de um estudo sobre os elementos que integram o patrimônio cultural, ou seja, a identidade e a memória, pois estes proporcionam inúmeros reflexos na preservação de um patrimônio histórico edificado e inventariado, como no caso ocorrido na cidade de Pelotas/RS. Esta pesquisa fundamenta-se em uma abordagem multidisciplinar para se compreender os diversos momentos históricos pelos quais os imóveis estudados passaram até atingirem o seu atual estado de conservação. Observa-se que a relação entre o passado e o contemporâneo é essencial para justificar a necessidade de proteger um bem cultural digno de permanecer preservado por várias gerações, pois ele oferece um importante testemunho do passado. Tanto a tutela jurídica como a jurisdicional do patrimônio cultural representam instrumentos de proteção, a exemplo do tombamento e do inventário, sendo que este se expressa claramente no estudo da trajetória administrativa e judicial enfrentada pelos imóveis da Rua XV de Novembro, n. 730 e 732, na cidade de Pelotas, objetos deste estudo.

Yussef Daibert Salomão de Campos

Imaterialidade do Patrimônio e Identidade Social: uma análise da lei “Robin Hood” de Minas Gerais

Palavras-chave: Identidade Social, Patrimônio Cultural Imaterial, Lei Robin Hood.

yussef-de-campos

Essa dissertação estuda a relação entre identidade social e patrimônio cultural, em especial o imaterial, tomando como objeto de estudo a legislação específica, com enfoque na Lei Robin Hood, de Minas Gerais, que trata do repasse de tributo do Estado aos municípios que conferem atenção aos seus bens culturais. O objetivo principal da pesquisa é apontar a identidade social como legitimadora da proteção do patrimônio cultural, em todas suas categorias e demonstrar que não se deve montar uma pirâmide hierárquica entre as categorias do patrimônio cultural; e mais: que a identidade nacional é formada por uma miríade de identidades locais, entendidas como conceitos construídos a partir de conflitos e disputas entre tais identidades, que resultam em determinadas práticas políticas. Além disto, buscará mostrar como a lei age como instrumento construtor de comunidades imaginadas. Isso poderá ser observado a partir da análise da legislação pertinente, assim como na comparação entre a legislação brasileira, em especial a mineira, e a lei da “Ciudad Autonoma de Buenos Aires”, Argentina. Através dessa investigação será visto que o patrimônio cultural é um campo de conflito entre identidades, e que as práticas públicas nessa área são reflexo de tal embate.

Defesas 2009

Alan Dutra de Melo

Publicidade e imóveis inventariados: estudo de caso no “Foco de Especial Interesse Cultural Calçadão” no III Plano Diretor, Pelotas, RS.

Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Urbanismo Comercial, Poluição Visual, Legislação Municipal.

alan-melo

O trabalho em questão trata da proteção do patrimônio histórico e cultural no “foco de especial de interesse cultural calçadão” no III Plano Diretor, de Pelotas, Lei Municipal, 5.501/2008. A dissertação aborda a relação entre publicidade e patrimônio construído, especificamente em relação aos bens constituídos como inventariados, de acordo com a Lei Municipal 4.568/2000. A área do estudo é denominada pelo II Plano Diretor, Lei 2.565/1980, como zona de comércio central, e com o novo regramento é identificada como de interesse cultural. Desta forma ocorre uma mudança importante em um espaço consolidado como comercial. Outro ponto de apoio ao trabalho é o projeto de lei que trata da ordenação da publicidade, ainda na Câmara de Vereadores de Pelotas, cujo estudo para a sua implementação legal existe desde 2003. Assim, compreender o encadeamento e a constituição do patrimônio histórico e cultural, no caso o arquitetônico, como elemento conformador da paisagem urbana dentro de uma área predominantemente comercial é o objetivo deste trabalho. Por fim o estudo também questiona como conciliar o urbanismo comercial e a preservação da paisagem urbana evitando a poluição visual.

Alcir Nei Bach

O patrimônio industrial rural: as fábricas de compotas de pêssego em Pelotas – 1950 à 1970

Palavras-chave: Patrimônio industrial rural, Compotas de pêssego, História oral, Memória, Fábrica de conservas.

alcir-bach

Esta pesquisa tem como objetivo fundamental reconstruir a história das indústrias rurais de compotas de pêssego no município de Pelotas. E essa atividade caracterizou a economia da cidade durante várias décadas e é um dos fatores de reconhecimento da mesma. Embora significativa, percebia-se que havia um desconhecimento acerca dessas fábricas, sediadas no meio rural, na zona de maior afluxo de imigrantes no final do século XIX. Para a recuperação do cotidiano destas fábricas rurais, vários foram os recursos utilizados, dentre eles: fotografias, rótulos, jornais, relatórios, depoimentos pessoais. Porém, pelas dificuldades encontradas para acessar essas fontes, foi fundamental o uso da história oral, através de entrevistas e relatos orais colhidos junto às pessoas e familiares que vivenciaram o dia-a-dia dessas fábricas. O período estudado compreende as décadas de 1950, 1960 e 1970, representando o crescimento, o apogeu e o declínio dessas fábricas na zona colonial. Com a euforia do “milagre econômico” no Brasil, em meados da década de 1970, grandes indústrias conserveiras do centro do país, detentoras de um aporte tecnológico avançado, instalaram-se em Pelotas fazendo frente às pequenas indústrias artesanais locais que, sem capital, não conseguiram renovar seu parque fabril, já ultrapassado. Desta forma, sem condições de competir com as grandes fábricas, a maioria fechou suas portas. Hoje, não passam de vestígios materiais de um patrimônio industrial que se desenvolveu na zona rural do município.

Alexandre Pereira Maciel

Antigos prédios e novos municípios

Palavras-chave: patrimônio arquitetônico, plano diretor, emancipação de municípios

alexandre-maciel

A presente pesquisa constitui uma abordagem regional envolvendo quatro municípios emancipados de Pelotas: Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre. O estudo identifica e compara as alterações ocorridas na arquitetura e morfologia urbana antes e depois das emancipações. A hipótese central é a de que as mudanças no patrimônio arquitetônico, com a inserção de prédios construídos após as emancipações, não reforçam as identidades originais das respectivas áreas urbanas. Adicionalmente, o trabalho demonstra que os planos diretores e as leis contribuem de forma parcial na relação das novas construções com os prédios antigos, constituindo-se em regras contraditórias entre a preservação do patrimônio arquitetônico e os índices urbanísticos propostos. Por fim, o estudo conclui que a relação entre antigos prédios e novos municípios tende a uma linguagem universal, ou seja, as cidades aqui estudadas compõem o rol das cidades contemporâneas.

Ana Paula Dametto

Os metais no patrimônio arquitetônico urbano de Pelotas, RS – 1870 a 1931

Palavras-chave: Metais; Ecletismo; Arquitetura.

ana-paula-dametto

Estudar a manifestação dos metais nas fachadas públicas da área central de Pelotas exigiu um retrospecto à história de seu emprego na arquitetura e na cidade. A partir de então, tornou-se também necessário conhecer o processo evolutivo dos meios de obtenção e manufatura, em especial dos metais ferrosos, no período correspondente ao final do século XIX e início do século XX. Neste trabalho, adotou-se uma metodologia de cadastro em forma de inventário, que abrangeu a área central da cidade, mais especificamente a região do entorno da Praça Coronel Pedro Osorio. O cadastramento permitiu a identificação de diferentes tipologias e a análise da manifestação desta parte em relação ao todo – edificações e ambiente urbano; e em relação aos próprios artefatos – aspectos técnicos construtivos e formais. Simultaneamente ao inventário, realizou-se pesquisa documental, iconográfica e experimentos, para a caracterização de materiais utilizados em alguns artefatos, o que auxiliou na compreensão do contexto tecnológico e histórico-social do período demarcado para o estudo. Este estudo inicial nos levou a concluir que: referente à evolução tecnológica, os efeitos da Industrialização provocaram profundas mudanças no modo de entender e fazer a arquitetura, somente reconhecidas e valorizadas com o decorrer do tempo. A tendência ao uso e à popularização dos artefatos metálicos na construção civil aconteceu neste período. Em Pelotas, manifestaram-se em prédios grandiosos, em equipamentos e mobiliário urbanos da melhor procedência, mas, principalmente, sob a forma de componentes arquiteturais inovadores nas edificações. O conjunto desses fatores resultou num patrimônio sociocultural incomensurável para Pelotas. Monumentais ou singelos, únicos ou seriados, os componentes arquiteturais metálicos são, em maioria, frutos de uma produção em massa, que se avolumou em função de um gosto e de um “saber fazer” importado do Velho Mundo e adaptado à realidade local. Podem ser considerados elementos que emitem um sentido de modernidade, promovendo individualidade e caráter à arquitetura que os comporta.

Cintia Vieira Essinger

Entre a fábrica e a rua

Palavras-chave: memória, território, identidade operária

cintia-essinger

No sul do continente americano, há milhares de anos, os povos da floresta Tropical cultivam a mandioca brava e, a partir dela, produzem a farinha e outros derivados, alimentosessenciais da sua dieta. Em Nova Hartz, na região do vale do rio dos Sinos, antes da indústriacalçadista assumir papel de destaque na economia, a produção de farinha de mandioca era a principal atividade econômica. As chamadas “atafonas” produziam farinha para ser comercializada dentro e fora do Brasil. Contribuíram com o desenvolvimento econômico da Colônia Alemã de São Leopoldo e também do Rio Grande do Sul. Hoje, estas agroindústrias familiares estão em vias de desaparecimento tanto em Nova Hartz como na região. É nesse contexto que se inserem a atafona e o moinho da família Henkel. Esta atafona, diferentemente das demais, chegou ao século XXI produzindo farinha de mandioca, principal fonte de renda da família. O moinho, por sua vez, teve suas atividades encerradas na segunda metade do século XX. Inicialmente, no moinho era produzida a farinha de milho para o consumo da família que também vendia o serviço de moagem do milho aos agricultores vizinhos. Posteriormente, no período em que a atafona produziu raspa de mandioca para ser misturada à farinha de trigo, ele foi utilizado para moê-la e encerrou suas atividades descascando arroz. Esses espaços de trabalho, as duas residências da família, a cozinha e sala de refeições, o sistema de geração de energia formado por barragem, canal e rodas d’água, as técnicas de cultivo da mandioca, o modo e o maquinário para produzir a farinha são os testemunhos materiais e imateriais de parte da história local e regional. Esta pesquisa tem o objetivo de, através do estudo deste patrimônio, atribuir ao sítio histórico da Atafona e Moinho Henkel valores que contribuam com o seu reconhecimento e preservação. Estes valores também poderão servir de base para projetos de reutilização do sítio histórico que colaborem na sua manutenção. A partir da classificação do conjunto destes bens como patrimônio industrial, realizada com base na Carta de Nizhny Tagil, elaborada pela Comissão Internacional para a Conservação do Patrimônio Industrial – TICCIH este trabalho foi estruturado de forma a poder explicitar os seus principais valores. Através de vários autores com formações variadas, do trabalho com documentação oral, escrita e iconográfica e dos levantamentos de campo com registros fotográficos, foram reunidas a história e a memória, a arte, a arquitetura, a arqueologia, a antropologia, a agronomia, a economia dentre outras disciplinas.

Cláudia Campos Ribeiro

O estudo do mobiliário francês do período de 1860 a 1930 como patrimônio da cidade de Pelotas.

Palavras-chave: mobiliário,memória, marcenarias.

claudia-ribeiro

Com o decorrer dos tempos, as discussões sobre patrimônio cultural tomaram novos rumos. O valor excepcional e a notabilidade do bem a ser tombado foram substituídos pelo valor de inserção deste na sua história, formação e desenvolvimento na comunidade. Apoiados nestas premissas e na sua inserção há séculos no cotidiano humano, os historiadores da arte passaram a ver os móveis como bens representativos do patrimônio cultural de uma sociedade. Segundo Devides (2006), o fascínio por móveis começou com a burguesia francesa do século XVII. Neste período, os burgueses formavam uma classe social que, ao invés de privacidade, priorizava as aparências e se utilizava do mobiliário como forma de ostentar sua favorável condição econômica. O mobiliário fabricado nessa época era mais sofisticado e melhor adaptado ao relaxamento das pessoas. No Brasil do século XVII, diferentemente da Europa, o mobiliário das casas era simples e despojado de conforto. No entanto, este sofreu transformações desde o início de sua colonização até o século XX. As transformações eram resultantes do perfil dos colonizadores e etnias dos imigrantes que no país se fixavam. No estado do Rio Grande do Sul a imigração francesa muito influenciou a cultura regional. Na cidade de Pelotas os imigrantes franceses se instalaram na colônia Santo Antônio e na zona urbana, mudando os gostos, costumes e fazeres do povo pelotense. Dentre estes citase a influência que tiveram no mobiliário dos burgueses pelotenses, fabricando móveis segundo as práticas e ferramental da marcenaria francesa. No presente trabalho, visando ampliar as fontes de preservação do patrimônio cultural da cidade de Pelotas, a partir do mobiliário fabricado pelos imigrantes franceses, estudou-se os vestígios da influência desta etnia na sociedade pelotense do período de 1860 a 1930. O recorte temporal pesquisado justifica-se pelo início e fim da imigração francesa em Pelotas. Para o desenvolvimento da proposta, inicialmente, pesquisou-se, em fontes bibliográficas e documentais, o mobiliário sob o ponto de vista do cotidiano humano, do patrimônio e da evolução estilística e técnica ocorrida na França e no Brasil. Posteriormente, recriando uma trajetória a partir da memória de informantes e de mapeamento dos lugares onde trabalharam, pesquisou-se a história da vida de imigrantes marceneiros franceses que se fixaram na cidade de Pelotas, RS, Brasil, no período de 1840 a 1930, e aplicou-se uma metodologia de catalogação de peças no mobiliário encontrado. Por último, a partir de análise comparativa com o referencial teórico, elaborou-se uma proposta de cadastro para ser aplicada na catalogação das peças do mobiliário francês existente em Pelotas. O resultado deste trabalho mostrou que o número de profissionais marceneiros franceses que atuaram no referido período na cidade de Pelotas foi reduzido, somente quatro, que estes atuaram quase exclusivamente na área urbana e que existem poucos registros sobre as suas obras. Em função disto, o método de cadastro proposto para a criação de um acervo do mobiliário francês existente na cidade de Pelotas foi aplicado somente nas obras de um dos profissionais pesquisados, o Sr. Luiz Carlos Chevallier, do qual foram encontrados em poder de seus familiares dezesseis referenciais sobre a sua vida, que são: um retrato de sua pessoa, seis documentos (certidões e cartas) e nove móveis. O material encontrado foi cadastrado e analisado. A realização deste trabalho possibilitou a observação da contribuição dos profissionais marceneiros franceses na história e cultura da cidade de Pelotas e da importância da preservação do mobiliário antigo para uso como instrumento de memória e cultura da sociedade.

Denise Ondina Marroni dos Santos

Estudo sobre vestuário e sociedade a partir do acervo têxtil do Museu da Baronesa (Pelotas/RS)

Palavras-chave: Vestuário. Acervo Têxtil. Museu da Baronesa.

denise-dos-santos

O presente trabalho foi elaborado com o fito de elucidar a procedência do trajar adotado pela parcela mais abastada da sociedade pelotense, bem como a sua repercussão, através de uma análise cujo ponto de partida foram os objetos que compõem as coleções têxteis do Museu Municipal Parque da Baronesa em Pelotas, Rio Grande do Sul. A investigação se utilizou de fontes orais, consultas em periódicos, cartas e acervos fotográficos públicos e particulares. Os dados apurados auxiliaram na identificação dos materiais, procedência e origem dos objetos em tecido que compõem os referidos acervos e procurou mapear a produção de vestuário na Princesa do Sul, evidenciando a importância do trajar através da sua repercussão na imprensa local no período do qual procedem as peças do referido museu: finais do século XIX até o final da década de 20 do século XX.

Katia Ferreira de Oliveira

Atafona e Moinho Henkel. Nova Hartz. RS Estudo sobre o patrimônio material e imaterial

Palavras-chave: atafona; moinho; patrimônio material; patrimônio imaterial.

katia-oliveira

No sul do continente americano, há milhares de anos, os povos da floresta Tropical cultivam a mandioca brava e, a partir dela, produzem a farinha e outros derivados, alimentos essenciais da sua dieta. Em Nova Hartz, na região do vale do rio dos Sinos, antes da indústria calçadista assumir papel de destaque na economia, a produção de farinha de mandioca era a principal atividade econômica. As chamadas “atafonas” produziam farinha para ser comercializada dentro e fora do Brasil. Contribuíram com o desenvolvimento econômico da Colônia Alemã de São Leopoldo e também do Rio Grande do Sul. Hoje, estas agroindústrias familiares estão em vias de desaparecimento tanto em Nova Hartz como na região. É nesse contexto que se inserem a atafona e o moinho da família Henkel. Esta atafona, diferentemente das demais, chegou ao século XXI produzindo farinha de mandioca, principal fonte de renda da família. O moinho, por sua vez, teve suas atividades encerradas na segunda metade do século XX. Inicialmente, no moinho era produzida a farinha de milho para o consumo da família que também vendia o serviço de moagem do milho aos agricultores vizinhos. Posteriormente, no período em que a atafona produziu raspa de mandioca para ser misturada à farinha de trigo, ele foi utilizado para moê-la e encerrou suas atividades descascando arroz. Esses espaços de trabalho, as duas residências da família, a cozinha e sala de refeições, o sistema de geração de energia formado por barragem, canal e rodas d’água, as técnicas de cultivo da mandioca, o modo e o maquinário para produzir a farinha são os testemunhos materiais e imateriais de parte da história local e regional. Esta pesquisa tem o objetivo de, através do estudo deste patrimônio, atribuir ao sítio histórico da Atafona e Moinho Henkel valores que contribuam com o seu reconhecimento e preservação. Estes valores também poderão servir de base para projetos de reutilização do sítio histórico que colaborem na sua manutenção. A partir da classificação do conjunto destes bens como patrimônio industrial, realizada com base na Carta de Nizhny Tagil, elaborada pela Comissão Internacional para a Conservação do Patrimônio Industrial – TICCIH este trabalho foi estruturado de forma a poder explicitar os seus principais valores. Através de vários autores com formações variadas, do trabalho com documentação oral, escrita e iconográfica e dos levantamentos de campo com registros fotográficos, foram reunidas a história e a memória, a arte, a arquitetura, a arqueologia, a antropologia, a agronomia, a economia dentre outras disciplinas.

Leandro Ramos Betemps

A Colônia Francesa de Pelotas e seus Acervos Culturais: Memória, História e Etnia.

Palavras-chave: memória, etnicidade, colônia francesa em Pelotas.

leandro-betemps

Este estudo histórico pretende conhecer os suportes de memória formados, escolhidos e utilizados por um grupo de indivíduos, descendentes de famílias francesas que chegaram ao município de Pelotas, sul do Rio Grande do Sul em 1880, para fundar a Colônia Francesa de Santo Antônio. Estes suportes são de diversos tipos, escritos, visuais, materiais ou orais e formam um acervo cultural capaz de possibilitar a compreensão do espaço, das relações sociais, das permanências e rupturas históricas e da identidade deste grupo étnico, dito francês. Os suportes foram criados durante a trajetória histórica do grupo enquanto os indivíduos buscavam estratégias de sobrevivência econômica e reprodução cultural. Portanto, a pesquisa enfoca a própria relação entre memória social e os suportes de memória da comunidade étnica. Nesta pesquisa, três famílias descendentes dos franceses fundadores da Colônia foram entrevistadas, em cada família até quatro gerações deram testemunho. A escolha destas famílias se deu pela diferença de trajetória histórica que tiveram. Uma permanece vivendo na Colônia Francesa, outra migrou para a cidade e outra saiu do município de Pelotas. Cada família possui um grau diferente na sua relação com a Colônia e o grupo étnico. Assim, quando o grupo étnico faz a gestão de seus acervos culturais, ele utiliza os suportes de memória para manter sua memória social, contar sua história e construir a identidade étnica. Individualmente, as necessidades sociais de cada um contextualizam diferentes suportes para revelar aspectos evocados à memória, da história e sua etnicidade.

Luciana da Silva Peixoto

A louça e os modos de vida urbanos na Pelotas oitocentista

Palavras-chave: patrimônio, arqueologia, faianças.

luciana-peixoto

O objetivo deste trabalho é caracterizar o comportamento de consumo da sociedade pelotense do século XIX (1830-1900) através da louça recuperada da área central urbana da cidade e, a partir disso, caracterizar o processo de urbanização, considerando suas dimensões culturais, sociais e simbólicas. Para isso, propõe como metodologia a análise de uma amostra de louças selecionada a partir do critério de possibilidade de identificação da sua forma/função, seguindo um método de classificação referenciado em uma base documental já constituída, o Catálogo de Faiança Fina da Residência Conselheiro. Para a análise tomamos como referência o quadro teórico da arqueologia processualista, no sentido de que estamos interessados em identificar os processos culturais responsáveis pela construção destas evidências. No entanto, a interpretação dos dados está referenciada na arqueologia pós-processual, já que nosso principal interesse é perceber os contextos simbólicos, históricos e sociais relacionados a estes processos culturais.

Luiz Carlos dos Santos Vaz

Releitura da memória da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel através de seu arquivo fotográfico

Palavras-chave: Acervo Fotográfico; Memória; Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel.

luiz-vaz

Este trabalho tem por objetivo mostrar o papel da coleção de fotografias da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel na narração de sua história e na formação de sua memória institucional. Ele faz um estudo, em fontes específicas, dos fatos que culminaram com a criação da faculdade de agronomia como o primeiro curso superior na cidade de Pelotas e acompanha essa trajetória até a data de sua incorporação à Universidade Federal de Pelotas. A análise do material fotográfico, separado em categorias, fundamenta as conclusões e busca a justificativa para a construção da memória coletiva que se tem sobre a fundação da faculdade. Ele apresenta também uma cronologia histórica que insere e relaciona a história da faculdade e a história da fotografia no mesmo período estudado, com fatos importantes ocorridos no Brasil e no mundo e que chegaram até nós, principalmente, através de imagens. Ele procura demonstrar a importância do estudo dos arquivos fotográficos, da preservação e conservação deles como pertencentes ao patrimônio histórico. Por fim é apresentado um estudo sobre os efeitos danosos causados nas fotografias pelas variações de temperatura e umidade relativa do ar na cidade de Pelotas.

Margareth Vieira Acosta

Uma rua chamada Gruppelli: memórias reveladas pela fotografia

Palavras-chave: Lugar. Espaço. Paisagem. Fotografia. Memória.

margareth-acosta

Este trabalho constitui uma investigação sobre a reconstituição da memória da Localidade Gruppelli, situada na Colônia Municipal, 7º Distrito de Pelotas, com ênfase nas antigas propriedades da família Gruppelli, origem do núcleo colonial, e nas instituições de uso coletivo, contempladas pela fotografia da década de 1920 aos dias atuais. A reconstrução de processos de produção e natureza desses ambientes, através de documentos visuais, permitiu a identificação de manutenções e transformações produzidas, nesse período, por diferentes gerações. Como se tratam de ações, que foram depositadas materialmente na paisagem, ao longo do século XX, por essas sociedades, surgem em registros fotográficos como índices de uma existência física situada temporal e geograficamente. São documentos visuais, conservados como comprovantes biográficos de indivíduos e instituições que fornecem referências espaço-temporais e permitem instituir elos entre gerações. Trata-se de uma busca de caráter histórico, um diálogo entre temporalidades, em que o passado é abordado a partir do presente, permitindo a identificação de um tempo histórico e de seus processos sócio-econômico-culturais correlatos. O binômio indissociável – lugar e fotografia do lugar – ao expor uma realidade particularizada, possibilitou que a trajetória desse lugar pudesse ser vislumbrada nas diversas seqüências de imagens criadas, ao longo do tempo, por fotógrafos amadores e profissionais. Imagens que, ao serem esquadrinhadas, acabaram revelando, mais que a passagem do tempo, a própria expressão do lugar nesse contexto colonial.

Michel Constatino Figueira

Colônia de pescadores Z3, Pelotas – RS: da crise na pesca à expansão do turismo com base no patrimônio cultural

Palavras-chave: Turismo, Patrimônio Cultural, Cultura e Mercado, Colônia de Pescadores Z3.

michel-figueira

Dependentes historicamente de poderes que manipulam a sua existência, muitas comunidades locais obedecem a normativas da tradição, submetem-se diante da religiosidade e do clima, são manipuladas em sua produção, submetem-se diante de mercados produtivos tradicionais e enfrentam crises econômicas que evoluem para graves problemas sociais como o êxodo rural, o desemprego, a violência doméstica, as brigas de rua, o consumo de drogas, o suicídio e os roubos e assassinatos. A Colônia de Pescadores Z3, localizada às margens da Lagoa dos Patos, na cidade de Pelotas, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, é um exemplo desta condição imperativa. Uma sociedade de pescadores profissionais artesanais que diante da carência de perspectivas, baixa-estima e desesperança no futuro se vê a frente de uma atividade econômica alternativa focada no seu patrimônio cultural: o turismo. Sendo assim, este trabalho analisa como, diante de uma crise socioeconômica, a Colônia Z3 se apropria, valoriza e passa a proteger suas referências culturais em prol da modificação na ordem dos seus fatos sociais, com base no investimento em turismo.

Nadja Ferreira Santos

Interface entre arquitetura e arqueologia na preservação do patrimônio cultural urbano

Palavras-chave: patrimônio urbano, Arqueologia, Arquitetura.

nadja-santos

O presente trabalho teve como objetivo principal, compreender o estatuto da obra de Arte Contemporânea, de caráter efêmero ou experimental, quanto à construção de uma memória a ela relacionada, considerando sua relação de pertencimento ao museu de arte, e este como um lugar para a memória. A metodologia do trabalho valeu-se de pesquisa de campo, com o estudo de exemplos de obras e exposições do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAMSP), e constituição de análise e fundamentação teórica para uma relação entre arte e memória. Os resultados foram analisados e cruzados, a partir de uma abordagem qualitativa, com realização de estudos comparativos e análise de casos específicos. A hipótese norteadora do trabalho é de que podem existir duas situações opostas que caracterizam uma obra de arte: a primeira é que ela se constitui em uma dimensão material e a segunda de que ela só existiria em uma dimensão imaterial. Estabelecemos esta separação, como ferramenta metodológica que direcionou a discussão e análise dos exemplos escolhidos. Neste estudo, definimos a memória como uma construção do presente, mediante determinado contexto, sendo produto de articulações entre a memória do indivíduo e da sociedade, além daquela memória possibilitada pelos suportes artificiais. Foi necessário considerar determinadas formas de valor da arte, que permanecem no meio social através de disposições subjetivas, e pelas movimentações do campo artístico, bem como analisar as relações entre a história e o museu de arte na constituição de uma memória da arte. O estudo avalia a relação da obra de Arte Contemporânea com as referências do passado, para a produção de uma memória a ela relacionada, analisando esses aspectos, no ambiente de exposição. Também foram abordados cuidados específicos para a conservação de obras efêmeras ou experimentais, que demonstraram a necessidade de uso de novos processos, principalmente quanto a uma documentação que se relaciona com a intenção dos artistas, e com materiais e configurações escolhidos para cada proposta. Foi com o encaminhamento destas questões que este estudo se desenvolveu, e apresentou algumas respostas sobre a construção de uma memória relacionada à Arte Contemporânea no espaço do museu.

Olga Maria Almeida Silva

Proposta de ampliação da informação em acervos imobiliários de museus aplicada no Museu Municipal Parque da Baronesa, Pelotas, RS

Palavras Chaves: Acervo mobiliário, informações, museus, e modelagem geométrica.

olga-maria

O patrimônio imaterial de uma sociedade é tão importante quanto o seu patrimônio material. Ambos permitem uma visão integral da cultura ao possibilitar acesso a conceitos sobre os seus costumes, comportamentos, fatos e cenários que auxiliam no resgate da memória de um período. Como bem representativo da associação do patrimônio material e imaterial, destacam-se os acervos mobiliários dos museus, considerando-se que estes trazem valores de historicidade, além da funcionalidade que lhes é intrínseca. No entanto, observa-se nos acervos dos museus a carência de uma organização das informações sobre o mobiliário que possibilite a comunicação interposta entre os usuários do museu e o discurso sobre um período histórico, de modo que a relação entre eles se torne explícita. Nesse panorama, detecta-se a necessidade de ampliar as informações sobre o mobiliário baseadas, fundamentalmente, em conceitos e características formais inerentes ao móvel pertencente ao acervo. A presente pesquisa investigou sobre uma metodologia capaz de ampliar as informações sobre o mobiliário de interesse patrimonial. Para tanto, interligou, no estudo sobre o mobiliário, seus estilos e acervos a conceitos de taxonomia e de representação gráfica (modelagem geométrica e foto-realismo) das peças que o compõem, utilizando-se de um estudo de caso o acervo mobiliário do Museu Municipal Parque da Baronesa, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul. A possibilidade de uma adequada disponibilização das informações de acervos mobiliários de museus pode universalizar o acesso e permitir o compartilhamento de dados e metadados referentes a cada peça.

Patrícia Pereira Porto

A MEMÓRIA DO CONSERVATÓRIO NA IMPRENSA: Análise dos artigos e críticas musicais referentes ao Conservatório de Música de Pelotas no período de 1918 a 1923.

Palavras-chave: acervo, memória,Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas.

patricia-porto

A formação da identidade cultural de uma comunidade se dá a partir de sua memória, sendo esta construída através da escolha, por um determinado grupo de agentes, dos aspectos por eles considerados significativos na constituição daquela identidade. A cidade de Pelotas, localizada no extremo sul do Rio Grande do Sul, construiu sua identidade baseada em acontecimentos econômicos e culturais que passaram a defini-la como um grande pólo cultural no início do século XIX. A memória dessa sociedade baseia-se em um complexo processo de ações que envolvem diferentes grupos sociais, ações estas que partem de um universo simbólico, com o qual aquela sociedade se identifica e toma como verdade. A fundação do Conservatório de Música de Pelotas faz parte desse processo, onde a partir de uma “realidade simbólica”, entende-se que a instauração de uma instituição oficial do ensino da música representa os ideais da comunidade como um todo. Sua memória é criada a partir dessas trocas simbólicas, onde diversos tipos de agentes contribuem, direta ou indiretamente, para isso. A imprensa apresenta-se como elemento fundamental no processo de construção dessa memória, pois enquanto formadora de opinião, passa a ser responsável pela propagação de ideias, que são incorporadas pelo público como verdade. Sendo assim, nosso projeto objetiva compreender o papel do jornalismo na formação de uma memória referente ao Conservatório de Música de Pelotas, tomando como base os artigos e críticas musicais publicados pelos jornais nos cinco primeiros anos que seguiram sua inauguração.

Renato Duro Dias

Um olhar jurídico-multidisciplinar sobre a preservação do patrimônio cultural edificado na cidade de Pelotas

Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Legislação. Preservação. Pelotas.

renato-dias

Este trabalho pretende como intenção maior analisar os processos de criação, fundamentação e elaboração de normas protetivas ao patrimônio cultural edificado na cidade de Pelotas, RS. Neste sentido, se objetiva transportar do campo do Direito o corpo conceitual de norma jurídica, construção e aplicabilidade na esfera do patrimônio, da identidade e da memória. Por tratar-se de tema multidisciplinar, teve também, como objeto de pesquisa, a narrativa dos principais atores envolvidos no debate político sobre a preservação do patrimônio cultural edificado em Pelotas e suas justificativas, valendose de referências antropológicas, sociais e históricas para a compreensão da temática proposta. Nesta perspectiva, o mote da pesquisa realizada no trabalho procura propiciar aos leitores algumas noções elementares envolvendo os conceitos de memória, de identidade, de patrimônio cultural e suas interfaces; a relação entre o patrimônio cultural edificado e o direito à preservação como garantia de cidadania; e, por fim, a evolução histórico-legislativa, de certa forma pela primeira vez a historiar este processo coletivo. Tudo para que, ao fim e ao cabo, este trabalho reforce a corrente de que a proteção do patrimônio cultural edificado na cidade de Pelotas é uma forma de garantir a cidadania cultural à coletividade, protegendo o direito fundamental à preservação da memória e da identidade dos pelotenses.

Sérgio Luiz Peres de Peres

Uma história de invenções: memória, narrativa e biografia em Joaquim Fonseca

Palavras-Chave: Memória, Narrativa, Biografia, Patrimônio.

sergio-peres

Este trabalho recupera a memória de Joaquim Fonseca, mecânico e inventor pelotense, que construiu diferentes aparelhos entre os anos de 1920 e 1940, dentre os quais constam dois aviões. Considerado pioneiro no contexto da construção aeronáutica no Brasil, o autodidatismo de seu trabalho constitui uma das características mais marcantes do seu planejamento de maquinarias. Contudo, apesar da repercussão provocada na época, o nome dessa personagem deslizou para o esquecimento público e para a invisibilidade nos nossos dias. Através da coleta de dados em História Oral e da pesquisa documental – tanto de material impresso quanto imagético – os acontecimentos biográficos de maior relevância de tal ator social são aventados, a fim de ressaltar a singularidade das circunstâncias nas quais estão inscritos. Propõe-se, também, sua inserção nos debates contemporâneos acerca das questões patrimoniais.

Thais Castro Soares

Memória da fotografia em Pelotas/RS na produção dos ateliês de Lhullier e Amoretty (1876-1906)

Palavras-chave: memória, acervos fotográficos, Ateliês fotográficos.

tais-soares

Este trabalho de investigação insere-se nos estudos sobre fotografia e memória e objetiva, por meio de suas conclusões, contribuir para a discussão das relações entre fotografia e sociedade no passado, em especial no que diz respeito à memória da tecnologia fotográfica. A pesquisa investigou um conjunto de retratos fotográficos produzidos pelos ateliês de dois fotógrafos em Pelotas, Rio Grande do Sul: Baptista Lhullier e Augusto Amoretty, no período que vai de 1876 a 1906. A investigação buscou situar o trabalho desses dois fotógrafos em um contexto de técnicas e recursos que estavam sendo empregados no Brasil e nas cidades gaúchas. Para esse contexto aproximar-se dos fotógrafos estudados foi necessário traçar o perfil biográfico de ambos, considerando elementos e aspectos de suas trajetórias profissionais, distinguindo a experiência adquirida por cada um durante o longo período em que atuaram na cidade, inclusive delineando as razões e motivações que os fizeram escolher Pelotas para a fixação de seus ateliês. Depois desta etapa, foi possível partir para uma análise de categorias da quais se inserem os registros propriamente ditos. Através desses registros discute-se a importância do estúdio fotográfico e do retratista no século XIX. Analisaram-se as técnicas utilizadas pelos dois ateliês, confrontando-as com os resultados obtidos em cada um. Observou-se, através de uma metodologia de análise e interpretação das imagens, quais os elementos que poderiam esclarecer o que foi a tecnologia fotográfica em Pelotas nesse período. A análise do conjunto de imagens de Amoretty e Lhullier possibilitou detectar similaridades atestadas através da repetição de elementos no que diz respeito aos recursos técnicos e imagéticos, o que se tornou ponto central de discussão desta pesquisa. Somente a partir daí, pôde-se chegar à questão que diz respeito à memória, cujos resquícios foram buscados na semelhança dos registros dos dois fotógrafos. Portanto, investigou-se a memória da fotografia produzida em Pelotas no século XIX, através da própria materialidade apresentada na produção de Lhullier e Amoretty, tendo em vista a condição dos retratos enquanto imagem e objeto. Concluiu-se, por fim, a importância da constituição de acervos de originais fotográficos para a constituição de uma memória da fotografia.

Defesas 2008

Renata Barbosa Ferrari Curval

Azulejaria portuguesa no sul do Brasil

Palavras-chave: Azulejaria, patrimônio material, preservação

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Roberto Heiden

O museu como um lugar para a memória da arte contemporânea

Palavras-chave: Arte Contemporânea, Memória, Museu de Arte.

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O presente trabalho teve como objetivo principal, compreender o estatuto da obra de Arte Contemporânea, de caráter efêmero ou experimental, quanto à construção de uma memória a ela relacionada, considerando sua relação de pertencimento ao museu de arte, e este como um lugar para a memória. A metodologia do trabalho valeu-se de pesquisa de campo, com o estudo de exemplos de obras e exposições do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAMSP), e constituição de análise e fundamentação teórica para uma relação entre arte e memória. Os resultados foram analisados e cruzados, a partir de uma abordagem qualitativa, com realização de estudos comparativos e análise de casos específicos. A hipótese norteadora do trabalho é de que podem existir duas situações opostas que caracterizam uma obra de arte: a primeira é que ela se constitui em uma dimensão material e a segunda de que ela só existiria em uma dimensão imaterial. Estabelecemos esta separação, como ferramenta metodológica que direcionou a discussão e análise dos exemplos escolhidos. Neste estudo, definimos a memória como uma construção do presente, mediante determinado contexto, sendo produto de articulações entre a memória do indivíduo e da sociedade, além daquela memória possibilitada pelos suportes artificiais. Foi necessário considerar determinadas formas de valor da arte, que permanecem no meio social através de disposições subjetivas, e pelas movimentações do campo artístico, bem como analisar as relações entre a história e o museu de arte na constituição de uma memória da arte. O estudo avalia a relação da obra de Arte Contemporânea com as referências do passado, para a produção de uma memória a ela relacionada, analisando esses aspectos, no ambiente de exposição. Também foram abordados cuidados específicos para a conservação de obras efêmeras ou experimentais, que demonstraram a necessidade de uso de novos processos, principalmente quanto a uma documentação que se relaciona com a intenção dos artistas, e com materiais e configurações escolhidos para cada proposta. Foi com o encaminhamento destas questões que este estudo se desenvolveu, e apresentou algumas respostas sobre a construção de uma memória relacionada à Arte Contemporânea no espaço do museu.

 

 

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