Nesse espaço divulgaremos produções editadas pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFPel com a colaboração de docentes vinculados ao Núcleo.

A série abaixo versa sobre dissertações defendidas entre 2018 e 2021 selecionadas, através de edital (2022), para publicação em livro.

CHAVES, Elisiane Medeiros. “[…] eu quebrei a pau, chutei, arroxei os dois olhos, eu gostava tanto dela, não era pra ter feito aquilo comigo”: narrativas de réus julgados por violência doméstica na comarca de Pelotas -RS (2011-2018). Orientadora Lorena Almeida Gill. 2018.

Dissertação foi selecionada como a melhor, dentre as inscritas para publicação pelo PPGH-UFPel, e estará disponível também em formato impresso. O impactante texto de Elisiane versa sobre a violência contra a mulher, fenômeno que se tornou um problema social, de expressão mundial e que está arraigado nas mentalidades masculinas. No estudo são observados processos e entrevistados réus acusados de atentar contra a vida de mulheres, não raras vezes companheiras, esposas ou namoradas. Através da metodologia da História oral temática foram entrevistados 18 indivíduos que eram réus em ações penais que tramitaram no Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher na comarca de Pelotas. Outra fonte utilizada foi o acesso aos autos dos processos penais e a coleta de dados de cada um dos réus que participaram voluntariamente do estudo. A pesquisa buscou demonstrar que nascer com um corpo feminino é um desafio em um mundo ainda dominado pelas mentes e corpos masculinos, mesmo que as mulheres já possuam uma forte atuação nas esferas sociais, políticas e econômicas, exercendo as mais variadas funções, como nunca antes puderam fazer.

KUNRATH, Gabriel Carvalho. Não tivemos outro jeito, ou morríamos ou nos defendíamos : uma análise acerca da Batalha do Irani (1912). Orientadora Márcia Janete Espig. 2020.

Trata do começo da Guerra do Contestado, mais precisamente sobre a batalha que deu início ao conflito, quando, na manhã do dia 22/10/1912, tropas do Regimento de Segurança do Estado do Paraná, entraram em confronto com a liderança religiosa popular, o monge José Maria, no Banhado Grande, região de Irani. A pesquisa parte da identificação que aquele evento possui diversas versões, supressões de fatos e dúvidas que precisam ser revisitadas através de uma revisão historiográfica alicerçada na micro-história e análise de fontes como processos crime e militares, jornais da época, telegramas e fotografias.

LOPES, Jéssica Bitencourt. Boletim Renner: Um periódico das indústrias Renner, Porto Alegre – RS (1949-1958). Orientador Aristeu Elisandro Mahcado Lopes.

Analisando uma publicação da comunicação institucional das indústrias Renner de Porto Alegre, a pesquisa buscou compreender o que era o Boletim Renner e quais os interesses que o cercavam, partindo da hipótese de que ele servia como ferramenta de um grupo de empresários para assegurar seu poder na hierarquia social, consolidar seus ideais e fortalecer uma identidade empresarial. Utilizando-se de referências de diferentes áreas como a comunicação e campos historiográficos como a História do Trabalho, História das Elites e História da Imprensa, essa pesquisa procurou contribuir especialmente no desenvolvimento da História das Empresas, investigando as potencialidades dos usos de periódicos institucionais para o entendimento das histórias das organizações em meio a estrutura social em que estavam inseridas.

RESENDE Jr., José Ricardo Marques. “Infâncias de sal e areia” uma história das crianças escravizadas em Pelotas e Rio Grande (1820-1870). Orientador Jonas Vargas. 2021.

O autor busca pensar a experiência das crianças escravizadas no extremo sul do Império brasileiro (Pelotas e Rio Grande) entre os anos de 1820 e 1870. No estudo, analisa quais foram e se houveram alterações na presença das crianças nas escravarias com o fim do tráfico atlântico, com os movimentos de emancipação e as alterações nos discursos a respeito da maternidade negra (1869) até as vésperas do Ventre Livre. Para José Ricardo, estudar a infância escravizada ajuda a pensar com mais profundidade a sistemática da escravidão no século XIX e auxilia a repensarmos outros assuntos da temática como: estrutura de posse, família e maternidade.