Novo número de HR, dedicado à discussão do tema História do Trabalho e dos (as) Trabalhadores (as), organizado no dossiê Trabalhadores e Trabalhadoras no passado e no presente já está disponível.
Este volume, em especial, tem a perspectiva de trazer novos estudos sobre o tema e, por isso, se intitulou: “Trabalhadores e Trabalhadoras no passado e no presente”. Traz, em seu interior, seis artigos para o dossiê, os quais enfatizam diferentes análises sobre o mundo laboral. Três deles se relacionam a uma perspectiva de estudos vinculados à pós-abolição: o artigo Combate à carestia nas páginas da Imprensa Negra, de Liana Severo Ribeiro, analisa notícias do jornal O Exemplo, entre os anos de 1917 e 1919, enfocando como era difícil para a população trabalhadora mais pobre ter acesso aos direitos básicos; Trabalhadores e repressão no Pós-Abolição em Alegrete/RS, de Guilherme Vargas Pedroso, tem como fontes documentações hospitalares e da cadeia municipal e busca perceber as políticas de repressão aos trabalhadores na tentativa de se estabelecer um “pretenso” ordenamento social e Trabalhadores negros criam união familiar: revivendo o mais antigo clube social negro de Santa Maria/RS, de Franciele Rocha de Oliveira, aborda, a partir de uma ampla documentação, a trajetória de uma associação negra relacionada às dinâmicas familiares e trajetórias profissionais.
Os outros três textos possuem temáticas mais diversas. Este é o caso de “Maçaroca” Desigual: a luta de tecelãs da Companhia Fiação e Tecidos Pelotense pela remuneração estabelecida por lei na década de 1940, de Taiane Mendes Taborda, que trabalha com processos trabalhistas para discutir se a lei do salário-mínimo trouxe vantagens às operárias. Ainda há um texto sobre o Trabalho nas fazendas de cacau: na costa do Ouro (Gana) e no sul da Bahia (1920-1945), de Luciane Aparecida Goulart e Flávio Gonçalves dos Santos, que busca, através da história comparada, verificar as condições laborais destes trabalhadores, em diferentes contextos. E, por fim, há o artigo “Minha Gente, vamos todos reclamar”: as demandas da classe trabalhadora de Florianópolis em A Verdade (1952-1960), de Jéssica Duarte, o qual aborda as reivindicações de operários urbanos, tendo em vista reclamações postadas em um jornal da cidade.
Três outros textos compõem este volume: As memórias e sociabilidades dos imigrantes brasileiros em suas chegadas e primeiros tempos em terras paraguaias, de Vanucia Gnoatto, observa, por meio da história oral, o estabelecimento dos imigrantes brasileiros, nos departamentos paraguaios de Alto Paraná e Itapúa, bem como, investiga a criação de redes associativas e a construção de laços de sociabilidade; Saúde e Gênero: o enfrentamento citadino às epidemias na era moderna lusitana e a representação do corpo da mulher, de Audrei Rodrigo de Conceição Pizolati, tem como objetivo observar as epidemias na Portugal dos séculos XVI e XVII, com ênfase na atuação da Santa Casas de Misericórdia e no corpo feminino, a partir de uma perspectiva foucaultiana e Sistema de padroado na Comarca do Serro do Frio: a atuação do Padre Simão Pacheco na paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Vila do Príncipe, Minas Gerais, 1723-1776, de Danilo Arnaldo Briskievicz, analisa, por meio de investigação bibliográfica e documental, o sistema do padroado real na igreja de Nossa Senhora da Conceição da Vila do Príncipe da Comarca do Serro do Frio, entre os anos de 1723 e 1776.
Esperamos que a leitura do dossiê traga novos olhares sobre um campo que, embora tenha muitas produções, precisa ser constantemente pensado, especialmente em um momento em que trabalhadores e trabalhadoras têm seus direitos constantemente atacados, seja por mudanças na legislação, seja pela informalidade de muitas relações de trabalho.
Que o olhar da História, sempre muito preciso, nos traga possibilidades de, com estudos sobre o passado, continuar resistindo, na perspectiva de se construir um futuro mais justo, no qual as pessoas possam trabalhar e viver com dignidade.
Desejamos a todos uma excelente leitura!
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