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Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter completa um ano na nova sede

                        No dia 13 de maio de 2020 o Museu Carlos Ritter comemorou um ano desde a mudança para a nova sede, no Casarão 1, junto a Praça Cel. Pedro Osório, no centro histórico de Pelotas. Desde a mudança de sede, sob coordenação do Prof. João Iganci, do Departamento de Botânica, o Museu teve uma série de novidades e é possível perceber muitas mudanças positivas tanto de organização geral do acervo, exibições e mesmo em relação ao público. Desde a concepção inicial esta mudança não representava apenas uma mudança física de endereço, mas sim uma mudança de conceitos, buscando uma modernização da coleção, sobretudo da forma de exibição do acervo ao público visitante. Um museu de ciências naturais tem um papel fundamental de aproximação da academia com a comunidade em geral, que tanto carece de informação acessível de qualidade. O museu é uma ponte capaz de ligar o conhecimento científico produzido na Universidade à comunidade, através da promoção do conhecimento científico e da sensibilização do público para questões importantes, como a preservação do meio ambiente, tema de extrema importância atualmente.
                   A preparação para a mudança para a nova sede teve início em dezembro de 2018, com os estudos e execução da embalagem e transporte do acervo. Para isso, o museu teve um grande esforço de trabalho, contando principalmente com a colaboração dos servidores Carolina Silveira Régis e Mauro Mascarenhas, e dos monitores que atuaram fortemente neste processo. Junto com a mudança, o Museu estabeleceu uma colaboração que tem sido muito importante para a elaboração das exposições. A Profa. Nádia Leschko, da faculdade de Design e da incubadora Suldesign Estúdio, passou a integrar a equipe de trabalho, colaborando para a execução das ideias de remodelação da exibição permanente do novo Museu Carlos Ritter e, posteriormente, de algumas das exposições temporárias. Da mesma forma, o Prof. Roberto Heiden, do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis e chefe do Museu do Doce, colaborou para a elaboração do Diorama sobre o Bioma Pampa, que se tornou uma das principais atrações do Museu em sua nova sede. Ao mesmo tempo, diversos estudos sobre a conservação do acervo e para a elaboração de novas peças para o acervo do museu vêm sendo desenvolvidos sob a coordenação do  técnico Mauro Mascarenhas, agora acadêmico do curso de Conservação da UFPel. Diversos outros projetos de professores da UFPel colaboram para que o Museu Carlos Ritter tenha cada vez maior impacto nas atividades locais. Dentre estes, podem ser destacados os projetos de extensão do Prof. Giovanni Nachtigall Mauricio, do Centro de Integração do Mercosul, com ênfase no Pontal da Barra do Laranjal, e da Profa. Noris Leal, do Instituto de Ciências Humanas, sobre documentação do acervo do Museu. Estes são apenas dois dos inúmeros projetos vinculados ao Museu que vêm sendo desenvolvidos  no Museu Carlos Ritter. Também deve ser destacada a grande procura por estudantes da UFPel, principalmente dos cursos de Ciências Biológicas, Museologia, Conservação e Restauração de Bens Culturais Imóveis, Hisória, Arquitetura dentre outros, que desenvolvem projetos relacionados ao Museu e que atuam como monitores, a maioria voluntários, recebendo os visitantes do Museu.
                  Desde a mudança para a nova sede, o Museu teve um grande aumento no número de visitantes. Ainda não é possível comparar o número total de visitantes com anos anteriores, já que o Museu esteve fechado para a mudança entre dezembro de 2018 e maio de 2019 e agora, mais uma vez por conta da quarentena da COVIDI19. Entretanto, em 2019 o Museu já havia atingido um público semelhante à visitação anual de anos anteriores. O principal público do Museu permanece sendo de estudantes e professores de escolas públicas de Pelotas e região, entretanto houve um grande aumento de visitantes provenientes de escolas particulares e, principalmente, de visitantes individuais, nacionais e estrangeiros, que encontram no Museu mais uma atração turística na cidade e Pelotas. Isto se reflete nas redes sociais, nas referências ao Museu na web e mesmo no retorno que os visitantes trazem aos monitores e funcionários do Museu, ao manifestar grande satisfação ao visitar o Museu, tanto pelas exibições quanto pelas visitas guidas e atenção por parte dos monitores. Os dioramas são uma peça chave em museus de ciências naturais pela representação de ambientes e de animais em seu habitat natural. 
                     O Museu reinaugurou na nova sede com três exposições. O Diorama sobre o Bioma Pampa foi montado na entrada principal do Museu e retrata uma paisagem  típica do Pampa com animais comumente encontrados na região. O diorama chama muito a atenção dos visitantes é uma forma de tratar de diferentes assuntos, sobretudo sobre a importância de preservar os ambientes naturais e preservar as espécies silvestres, e sobre os serviços ambientais que o Pampa nos oferece. A segunda exposição trata do principal acervo do Museu, a coleção de aves, em sua maioria taxidermizadas por Carlos Ritter e que deram origem ao Museu 50 anos atrás, a partir da doação do acervo para a UFPel.  Em colaboração com o Prof. Giovanni, foram realizados estudos recentes sobre a evolução das aves e identificadas as espécies de aves presentes no acervo que contemplavam a grande diversidade evolutiva neste grupo de animais. O desenho ao fundo do painel é baseado em uma fotografia de um ambiente natural do Pontal da Barra do Laranja, uma área riquíssima do Bioma Pampa dentro do município de Pelotas. Quem observar com atenção, verá a silhueta de plantas nativas da nossa região, como o jerivá, e também da própria cidade de Pelotas, ao fundo. As aves foram fixadas na parede, sobre este painel de fundo, e estão dispostas de forma a representar o parentesco evolutivo entre as diferentes espécies. Esta disposição traz também inúmeras possibilidades de abordagens de temas científicos, sejam relacionados à evolução, às características ecológicas apresentadas pelas espécies e sobre a conservação da fauna nativa. É importante destacar que para todas estas novas exibições o Museu contou com a colaboração de inúmeras pessoas que trabalham na UFPel, sobretudo o setor de marcenaria e outras estruturas ligadas à PROPLAN e à PREC, com servidores que trabalharam de forma incansável para que tudo estivesse pronto em tempo da reinauguração.
            Além de ocupar uma localização central no coração do centro histórico da cidade de Pelotas, o Museu ganhou muito com a proximidade do Museu de Artes Leopoldo Gotuzzo e do Museu do Doce, bem como do Mercado Central, da Biblioteca Pública e demais prédios históricos que atraem turistas à nossa cidade. Os três museus têm uma ligação muito forte, que é promovida principalmente pela Rede de Museus da UFPel, que busca integrar os museus em campanhas culturais sobretudo em datas comemorativas locais e nacionais e promove atividades em busca da integração dos museus com a comunidade local. A Rede de Museus tem também um papel muito importante na busca por programas de acessibilidade nos três museus e também em ações para ampliar a segurança dos acervos, junto ao Núcleo de Segurança da UFPel. A proximidade entre os três museus promove a visitação integrada, sendo muito comum que o público visite no mesmo dia as exposições nos diferentes museus. Isso acontece tanto quando são levados em consideração visitantes individuais, que relatam a visita nos outros museus, quando também em relação aos visitantes em grupos, sejam de escolas ou outras entidades que agendam visitas nos três museus para aproveitar a visita ao centro histórico da cidade e o transporte. Sem dúvidas existem ainda infinitas possibilidades de integração e intercâmbio entre os três museus e é nosso papel fomentar isto.
              No dia 21 de maio o Museu e a Universidade Federal de Pelotas comemoram 50 anos de fundação do Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter. É uma data muito importante para Pelotas, que já vinha sendo pensada desde que a direção atual assumiu a coordenação do Museu. A quarentena pegou à todos de surpresa e infelizmente impede que atividades presencias sejam desenvolvidas. Poucos dias antes de iniciar a quarentena, o Museu inaugurou uma exposição muito importante para a história da Instituição. Esta exposição já fazia parte das comemorações do aniversário do Museu. É uma exposição sobre a Cervejaria C.Ritter & Irmão, de propriedade de Carlos Ritter, na cidade de Pelotas. A exposição tem curadoria do Prof. João Iganci, chefe do Museu, e da Profa. Nádia Leschko e retrata diferentes aspectos da cervejaria e sua relação direta com o Museu. O principal destaque da exposição é para o mosaico elaborado por Carlos Ritter, composto por insetos e que representa a fachada da cervejaria. O mosaico estava guardado na reserva técnica do Museu enquanto passava por um trabalho muito cuidadoso de conservação preventiva, realizado pelo técnico Mauro Mascarenhas, para que pudesse retornar à exibição. A exposição contou ainda com um trabalho de pesquisa sobre os rótulos antigos das cervejas produzidas pela C.Ritter & Irmão, tema de interesse de pesquisa da Profa. Nádia. Durante o resgate destes rótulos, foram encontradas duas pedras litográficas originais, com as inscrições utilizadas para imprimir os rótulos da cervejaria. Estas pedras fazem parte do acervo do Museu da Bibliotheca Pública Pelotense e foram gentilmente emprestados para compôr a exposição. Além da Biblioteca Pública Pelotense, diversos outros colaboradores contribuíram com o empréstimos de itens para a elaboração da exposição. Além da história da cervejaria, a exposição tem um lado científico biológico, ao retratar os processos envolvidos na fabricação da cerveja. Busca representar cada uma das etapas, ilustrando as plantas utilizadas como insumos para fabricar a cerveja, assim como a levedura e o processo de fermentação. Recentemente, renovando uma parceria do Museu com o DNIT de longa data, o Museu pretende lançar um tour virtual para que o público possa visitar a exposição de casa. Assim, esperamos suprir em parte a impossibilidade de visitas físicas ao Museu durante a quarentena e reaproximar o Museu de seu público. Outras atividades estão sendo programadas, como algumas palestras sobre temas gerais relacionado às ciências e relevantes para a comunidade, bem como sobre a história do Museu e de Carlos Ritter. Na terça-feira, dia 19, às 19h, será lançado um selo comemorativo aos cinquenta anos do Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter e na quinta-feira, dia 21, também às 19h, haverá um sarau de aniversário, com o Prof. João Iganci e o Prof. Leandro Maia, do Conservatório de Música, como convidados do Programa Pinheiro Nativo, que vai ao ar ao vivo pelo canal no Youtube e na página do Facebook do Museu.
Prof. Dr. João R.V. Iganci
Publicado em 14/05/2020, na categoria Sem categoria.
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