Laboratório virtual: pesquisador do ICB-USP lança plataforma de compartilhamento de reagentes
Iniciativa de Lucio Freitas-Junior, o Social Lab é gratuito e visa combater o desperdício de materiais e facilitar seu acesso para laboratórios de todo o Brasil. Lançamento ocorreu no evento USP Ciência Aberta.
Na última sexta-feira (30/8), durante o evento USP Ciência Aberta da Pró-Reitoria de Pesquisa, o pesquisador Lucio Freitas-Junior, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), oficializou o lançamento da plataforma virtual Social Lab. Totalmente gratuito, o site foi desenvolvido em parceria com dois alunos do curso de Ciências Moleculares da USP, Fernando Tocantins e Matheus Morroni, com a empresa júnior Poli Júnior, da Escola Politécnica da USP, e a empresa júnior Conpec da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). No site, serão cadastrados pesquisadores de todo o Brasil, que publicarão um inventário dos reagentes químicos e células que possuem em seus laboratórios para compartilhamento.
De acordo com Lucio Freitas-Junior, essa plataforma é inovadora a nível mundial por permitir esse tipo de compartilhamento. A ideia surgiu como uma maneira de tentar combater o desperdício de reagentes e promover o seu rápido acesso entre os cientistas brasileiros. “Muitas vezes, os pesquisadores não utilizam todo o reagente adquirido, e o restante fica armazenado até vencer”, explica. Uma vez vencidos, a universidade tem a responsabilidade de eliminar esses resíduos através de incineração – processo caro geralmente realizado por empresas especializadas. “Todos saem perdendo: a universidade, que precisa gastar dinheiro para eliminar os reagentes; o pesquisador que está com os reagentes vencidos em mãos e o pesquisador que não tem acesso ao material”.
Para incinerar os reagentes químicos, gasta-se em torno de 12 reais por quilo, além dos gastos com transporte de resíduos perigosos e infraestrutura. De acordo com dados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, a coleta de resíduos químicos aumentou de 5.000 kg em 2002 para cerca de 46.000 kg em 2011.
Nesse sentido, o Social Lab incentiva o cientista a doar os reagentes que não estiverem mais sendo utilizados, contribuindo para acelerar a pesquisa científica no país, uma vez que o acesso a esses materiais é muito restrito em determinadas regiões. A plataforma, no entanto, garante privacidade aos usuários: não é possível ver o inventário completo de alguém. “Basta apenas buscar no site o reagente desejado e os resultados mostram os pesquisadores mais próximos que têm o que você precisa”, esclarece Freitas-Junior. Mais do que os reagentes químicos, a plataforma também permite que o pesquisador crie um inventário de seu banco de células e que, da mesma forma, doe aquelas que não utiliza mais.
Segundo o responsável pelo projeto, a intenção é trabalhar em parceria com as universidades, permitindo que os pró-reitores de pesquisa tenham acesso aos inventários. “Estamos trabalhando para organizar os estoques das universidades em um só lugar virtual, para que elas tenham uma visão geral do que possuem e assim acelerar a colaboração entre as instituições do país”.