Foi, sem dúvida alguma, o mais belo e bem sucedido dos eventos da ANPUH-RS! Como bem podes imaginar, faço parte da ANPUH, nacional e regional, desde muitos anos, e tenho acompanhado a evolução de nossa entidade através dos seus eventos. Mas este de Pelotas superou as expectativas, seja pelo comparecimento em massa de historiadores de todo estado, seja pela qualidade e densidade dos trabalhos apresentados – aproveito para dizer que a escolha do tema geral, “História e Memória”, foi muito oportuna – seja pela organização impecável. Creio mesmo poder dizer que esta não é apenas a minha opinião, mas também a de muitos colegas, da UFRGS e de outras universidades, com quem troquei impressões, tal como alunos de pós-graduação e estudantes de graduação que lá estiveram. Meus amigos Luís Carlos Soares, presidente da ANPUH nacional, e Ângela Castro Gomes, da FGV/CPDOC, me afirmaram ter ficado impressionados com a realização cuidadosa e a qualidade do evento, assim como com o número de participantes e o nível dos trabalhos apresentados.
(Profa. Dra. Sandra Jatahy Pesavento)
O Encontro Estadual de História, organizado pela ANPUH/RS, em julho de 2004, foi um evento fundamental para o debate e divulgação da pesquisa histórica desenvolvida no Rio Grande do Sul. Ainda em termos gerais, destacaria como relevante, a interação entre os pesquisadores, alunos de graduação e de pós-graduação, que participaram ativamente do encontro. Além disso, também foi uma oportunidade para se conhecer a produção intelectual impressa disponível, que estava na feira de livros no saguão do ICH/UFPEL. Especificamente, na minha área de atuação, teoria da história e historiografia, destaco não apenas o grande número de interessados nas mesas e painéis, mas, principalmente, a elevada qualidade de algumas apresentações. (…) Ressalte-se, por fim, a excelente organização do encontro.
(Prof. Dr. Temístocles Américo Cézar)
O VII Encontro Estadual de História, promovido pela ANPUH/RS e pelo Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas (ICH/UFPEL), organizou-se em torno dos temas que lhe conferiram seu título: História, Memória e Testemunho. Foi realizado em Pelotas, entre os dias 19 e 23 de Julho de 2004, nas dependências do Instituto de Ciências Humanas da UFPEL e no Auditório Jandir Zanotelli da Universidade Católica de Pelotas. Os trechos acima compõem a avaliação feita sobre o evento por reconhecidos historiadores rio-grandenses, ilustrando o impacto positivo que sua organização obteve na comunidade científica especializada em História de nosso estado. Vários foram os motivos que levaram a estas avaliações positivas, encontrando-se alguns deles expostos nesta apresentação aos Anais do VII Encontro Estadual de História, tendo como objetivo possibilitar ao leitor uma imagem do que este evento representou para a ANPUH/RS, para a UFPEL e para a comunidade de historiadores gaúchos.
O formato de distribuição das atividades acadêmicas possibilitou ao mesmo tempo: a) a realização de conferências e painéis referentes às temáticas centrais, com ênfase à memória e patrimônio, bem como aos 40 anos do Golpe de 64; b) a apresentação dos estudos desenvolvidos no âmbito dos GTs, por meio das mesas-redondas; c) o contato com várias linhas de pesquisa desenvolvida por historiadores gaúchos, atuantes no ensino superior, nos programas de pós-graduação, bem como em instituições de memória; d) o estímulo à iniciação científica, por meio da apresentação de banners.
Do mesmo modo, o planejamento das atividades permitiu o desenvolvimento de forma organizada de atividades associativas da ANPUH, como a reunião do Fórum Estadual de Coordenadores de Cursos de História, a Assembléia Geral de Sócios – com realização inclusive da eleição da nova diretoria – e as reuniões do Grupos de Trabalhos (GTs), ocasião em que se criaram novos GTs.
O evento contou com grande representatividade acadêmica, com participação de um significativo número de instituições, sobretudo gaúchas, mas também de outros estados, com destaque à Santa Catarina, assim como de instituições ibéricas.
A temática central do evento, História e Memória, estimulou a participação de instituições dedicadas à gestão de memória, fato pouco comum nos encontros anteriores, revelando o sucesso deste em aproximar os historiadores das questões relativas ao patrimônio.
Ao todo, estiveram representadas em apresentação de trabalhos científicos e na organização do encontro 58 instituições, 47 instituições de ensino superior, 1 instituição de ensino fundamental e médio, 10 instituições de gestão de memória. De modo geral o sucesso do evento foi resultado de uma forte interação entre um conjunto expressivo de universidade que atuaram na sua organização e apoio: UPFEL, PUCRS, UFRGS, UNISINOS, FAPA, FEEVALE, UNIJUI, UCPEL. Há que se destacar que, para um evento que se propôs discutir História e Memória, foi muito importante a legitimidade institucional garantida pela participação do Presidente Nacional da Associação Nacional de História, historiador Luís Carlos Soares, e da Superintendente Regional da 12ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, arquiteta Ana Meira.
Instituições representadas (58):
Instituições de ensino (48):
CAMP
CD-AIB/PRP
Centro Universitário Lajeado
Colégio Notre Dame
CPDOC – Fundação Getúlio Vargas
FACATT
Faculdade Assis Gurgacz
Faculdade Garapuava
Faculdade Palasatena
FAPA
FCVEST
FEVALE
Fiocruz
Fundação Gonçalves Dias – Gov. do Estado do R. G. do Sul
Fundação Perseo Abramo
FURG
IEPG – São Leopoldo
PUCRS
UCS
UDESC
UEPG
UERGS
UFF
UFPEL
UFPR
UFRGS
UFRJ
UFSCAR
UFSM
ULBRA
UMSM
UnB
UNESC
Unicamp
UNIFRA
UNIJUI
UNILASALLE
UNIOESTE
UNISC
UNISINOS
UNIVATES
Universidade de Coimbra
Universidade do Contestado
UNIVILLE
UPF
UPO / Sevilha
USP
Instituições públicas e privadas responsáveis por gestão de memória (10):
Arquivo Moysés Vellinho
Axt Consultoria Histórica
IPHAN – 12ª Superintendência
Memorial do Ministério Público do Rio Grande do Sul
Memorial do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul
Museu da Baronesa – Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas
Museu Hipólito José da Costa
Museu Joaquim José Felizardo – Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre
Núcleo de Cultura de Venâncio Aires
SMEE –RS
Como expressão da grande receptividade que o evento encontrou na comunidade acadêmica, salta aos olhos o número de trabalhos científicos apresentados:
Conferências: 1
Painéis temáticos: 2
Número total de palestras nos painéis: 6 (incluindo 2 debatedores)
Mesas-redondas: 7
Número total de palestras em mesas-redondas: 21
Sessões de comunicações coordenadas: 68
Número total de comunicações: 226
Número total de mini-cursos: 4
Número total de pôsters de iniciação científica: 67
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Total de congressistas com apresentação de trabalho científico:
apresentações orais: 254 (conferência, painéis, mesas-redondas e comunicações)
apresentações visuais: 67 (pôsters)
Apesar da ocorrência de várias atividades paralelas (com apresentação concomitante de 12 sessões de comunicações), conseguiu-se garantir grande participação de público a todas atividades, graças ao expressivo número de inscritos no encontro como ouvintes (326). A inscrição de um grande número de ouvintes concretizou alguns dos objetivos do encontro: atualização de professores da rede de ensino; grande participação de estudantes de cursos de graduação de História do estado; intensa participação dos estudantes de graduação e pós-graduação em História da UFPEL e universidades vizinhas (UCPEL e FURG).
A participação no encontro superou em mais de 40% as expectativas iniciais. Esperava-se um público de 300 pessoas apresentando trabalhos e outras 200 como ouvintes, num total de 500 inscritos. Alcançamos um total de 387 inscrições como ouvintes (326 ouvintes gerais e 61 ouvintes de mini-cursos) e 327 participações com apresentação de trabalho (226 comunicações, 6 painelistas, 1 conferencista, 21 palestrantes em mesas-redondas, 6 ministrantes de mini-cursos, 67 participantes nas apresentações de pôsters de iniciação científica), num total de 714 participações inscritas.
Deste modo, o sucesso do evento foi possibilitado pelo equilíbrio entre o grande número de congressistas com apresentação de trabalhos e congressistas ouvintes. Por via de regra, aqueles eventos que possuem um número maior de palestrantes e comunicadores que ouvintes tendem a apresentar problemas de público em várias comunicações e palestras. Assim, a contrapartida para os 254 congressistas palestrantes foram 326 congressistas ouvintes.
No que respeita a participação de estudantes de graduação, é importante destacar a integração acadêmica proporcionada, na medida em que estudantes de várias universidades do estado puderam interagir, durante a semana, gerando importante oportunidade de trocas de experiências acadêmicas. Algumas universidades possibilitaram a participação de seus estudantes viabilizando sua mobilidade e/ou hospedagem.
Para os estudantes de graduação do Curso de História da UFPEL, o evento trouxe um enorme retorno, constituindo oportunidade única em sua formação acadêmica, na medida em que tiveram contato com muitos dos mais destacados historiadores regionais da atualidade e puderam observar um amplo panorama da diversidade de campos abrangidos pela pesquisa histórica atualmente.
Para os estudantes, foi fundamental o espaço para apresentação de trabalhos de iniciação científica, realizado na exposição de pôsteres, oportunidade em que puderam defender seus projetos perante uma banca qualificada, escolhida entre os historiadores participantes do encontro. Do mesmo modo, tomaram conhecimento de pesquisas feitas em outras universidades.
Além disso, um grande número de estudantes do Curso de História da UFPEL envolveu-se em diferentes fases da organização do evento, ensejando importante experiência em promoção de encontro científico.
Quanto à participação dos professores da rede de ensino, sua expressividade foi possibilitada pela articulação realizada com a Secretaria Municipal de Educação e com a 5ª Coordenadoria Regional de Ensino. A primeira subvencionou as inscrições dos professores da área de História e Geografia; a segunda, fez ampla divulgação nas escolas regionais sob sua administração. O resultado foi a participação de dezenas de professores do ensino fundamental e médio, muitos deles ex-alunos do nosso curso de História, os quais retornam às salas de aula revitalizados pelo contato com inúmeros historiadores e várias linhas de pesquisa histórica.
A grande variedade de temáticas abordadas possibilitaram estabelecer um amplo panorama da produção científica atual em História, bem como sobre os distintos projetos institucionais de gestão de memória. O CD distribuídos aos participantes documenta o amplo universo dos conteúdos das palestras e comunicações.
O registro da programação científica das palestras e mesas-redondas está registrado por meio da publicação destes Anais do V Encontro Estadual de História, aqui publicados em suplemento especial da publicação História em Revista, do Núcleo de Documentação Histórica da UFPEL.
No âmago deste dinamismo temático, oportunizou-se o fortalecimento de novas áreas de atuação da história, com destaque ao campo de interdisciplinaridade traçado entre a História e a Arqueologia. Neste encontro, observou-se a grande participação de arqueólogos e estudantes de arqueologia, que se traduziu na apresentação de 4 sessões de comunicações coordenadas, em um mini-curso e em uma exposição organizada em parceria pelos laboratórios de arqueologia da UFPEL e da UFSM.
A exposição de arqueologia histórica teve como objetivo apresentar à comunidade de historiadores os resultados das pesquisas em Arqueologia histórica da UFPEL e UFSM, em dois contextos distintos: urbano (Pelotas) e rural (estância do Jarau/Quarai). Foi concebida por estagiários de ambos laboratórios, supervisionados por seus coordenadores, Fábio Vergara Cerqueira e Saul Eduardo Seiguer Milder, ao longo de alguns meses, quando foram feitas visitas aos dois laboratórios para escolher as peças e planejar conceitualmente a exposição, que agrupou as peças de forma temática, conforme diferentes esferas da vida cotidiana.
A organização local do evento, com forte participação do estudantes de graduação e pós-graduação da UFPEL, proporcionou atividades paralelas de caráter cultural e lúdico: mostra paralela de trabalhos de pós-graduação da zona sul, jantar (churrasco) de confraternização, festa, passeios ao patrimônio cultural pelotense (roteiro urbano e roteiro rural), teatro (“O resgate de Heitor”) e dança afro (Grupo Odara).
As apresentações de teatro e dança ocorreram no Theatro Sete de Abril (1833), propiciando ao público de fora da cidade contato com um dos maiores patrimônios culturais de nosso estado e um dos teatros mais antigos em funcionamento da América Latina. A apresentação da interpretação do Resgate de Heitor foi a primeira performance de um projeto desenvolvido com os alunos do curso de História, em que a teatralização é usada como mecanismo para aprofundar a intimidade com as fontes primárias e ao mesmo tempo criar formas de levar a cultura clássica às escolas. Foi bastante oportuna a inclusão no programa da apresentação do trabalho coreográfico do grupo Odara,projeto artístico e educativo modelar na sua forma de tratar a memória e identidade cultural dos jovens e adolescentes afro-descendentes em Pelotas.
Durante o encontro, o público teve acesso à aquisição de literatura especializada, em estandes colocados à disposição do público na área de convivência montada especialmente para o evento. Devemos destacar também a sessão de lançamento de livros de autores gaúchos, realizada no prédio do Museu das Telecomunicações.
Na ótica dos objetivos da ANPUH/RS, há que se destacar os fortes resultados em termos de interiorização, sobretudo na região Sul do Estado, área que ainda não havia sido atingida por atividades associativas deste vulto. Além disso, o encontro colaborou de forma determinante para a consolidação do Núcleo Regional da ANPUH, destacando-se neste aspecto a filiação de muitos sócios novos provenientes de várias regiões do estado.
Do ponto de vista local, o impacto do VII Encontro Regional de História precisa ser analisado sob diferentes enfoques.
O encontro trouxe grande retorno para a Universidade Federal de Pelotas. O primeiro fator a ser considerado é a divulgação do nome de nossa universidade e curso na comunidade acadêmico-científica especializada na área de História e gestão de memória. O segundo fator é o incalculável retorno para a formação acadêmica de nossos alunos, haja vista a grande dificuldade em promover a mobilidade estudantil a encontros desta envergadura. O terceiro fator que merece destaque foi a grande participação de professores e inclusive funcionários de nossa universidade, contando com pesquisadores oriundos de diferentes unidades acadêmicas: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Instituto de Letras e Artes, Instituto de Sociologia e Política, Faculdade de Educação, Curso de Turismo/Faculdade de Ciências Domésticas e Escola Superior de Educação Física.
Outro aspecto é o fato de que gerou forte integração do Instituto de Ciências Humanas com diferentes agentes da comunidade, com destaque aos seguintes órgãos públicos: Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Secretaria Municipal de Cultura, 5ª Coordenadoria Regional de Educação, Museu da Baronesa, Universidade Católica de Pelotas e Colégio Municipal Pelotense. Além da integração, o encontro propiciou a divulgação, entre a comunidade acadêmico-científica do estado, tanto do patrimônio histórico-cultural local, quanto dos vários projetos desenvolvidos em nossa cidade na área da preservação e gestão de memória, nomeadamente os projetos sob responsabilidade do Instituto de Ciências Humanas da UFPEL: Programa de Revitalização do Museu da Baronesa, Memorial do Theatro Sete de Abril, Museu das Telecomunicações, Museu Etnográfico da Vila Maciel, Museu e Arquivo da Biblioteca Pública Pelotense, Arquivo histórico-administrativo de Pelotas, Arquivo histórico da Câmara Municipal de Pelotas, Laboratório de Antropologia e Arqueologia e Núcleo de Documentação Histórica.
Vários outros fatores poderiam ser numerados, mas um deles deve ser lembrado, pois suscita a gratidão de nossa universidade aos promotores do evento: a doação de livros para o acervo de nossa universidade.
Para a cidade de Pelotas, trouxe retorno cultural e econômico importante: promoveu alta ocupação da hotelaria, em época de pouca procura, e criou grande demanda no setor de restaurantes, doces, táxis e turismo receptivo, com ênfase à visitação do patrimônio histórico-cultural da cidade.
Gostaria de finalizar esta apresentação com o comentário referente à nossa unidade acadêmica. O Instituto de Ciências Humanas da UFPEL, parceiro da ANPUH/RS na promoção do evento, apresentou qualidades, na opinião do público e da comissão organizadora, sob vários aspectos, para organização de eventos desta natureza, credenciando-se para recebimento de outros apoios e financiamentos desta ordem: sua área física pode ser adaptada para realização de atividades paralelas (foram realizadas até 12 sessões de comunicação em paralelo); seu corpo docente vem se destacando na promoção de eventos científicos e na pesquisa científica em História e Memória; seu quadro funcional apresenta qualidades técnicas e espírito de cooperação para organização e execução de eventos; os alunos apresentam grande interesse e espírito acadêmico, que repercute na colaboração voluntária para organização e na forte freqüentação às atividades acadêmico-científicas promovidas no encontro.
Por fim, gostaria de ressaltar a qualidade técnica do conselho editorial da História em Revista, que assumiu com dedicação a tarefa de viabilizar esta publicação, garantindo a divulgação de importantes colaborações científicas que ilustram os debates acadêmicos travados em Pelotas.
Pelotas, 05 de Março de 2005.
Carla Simone Rodeghero e Fábio Vergara Cerqueira
Coordenadores do VII Encontro Estadual de História
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