Com este número, História em Revista completa seus 15 anos de existência. Se fosse uma mulher, diríamos “quinze primaveras” e, pelas normas dos tempos antigos, ela estaria apta a participar da vida em sociedade e a escolher/escolherem seu par para toda a vida. Se fosse um homem, aos 15 anos, estaria estudando ou se iniciando nas artes da profissão para a qual sua família/necessidade o destinara. De todas as formas, 15 anos é um marco, mesmo hoje em dia, em que as antigas regras não mais nos governam, o que, por sua vez, é um imenso progresso.
Mas nosso tema aqui é uma revista, uma revista cientifica sobre a história e seu fazer, uma revista que foi fruto do esforço conjunto de vários professores e pesquisadores, ao longo de todo esse tempo e que, embora renovada continuamente em sua comissão e seu conselho editorial e, inclusive, em seu estilo gráfico, guarda ainda as marcas de uma produção artesanal, reiterada a cada número. Foi somente graças a persistência de sua equipe que ela conseguiu, ano após ano, trazer a luz um novo número e fazê-lo circular entre o meio acadêmico, para que o objetivo maior de sua criação fosse cumprido: discutir as novas produções na área de ciências humanas, especialmente aquelas feitas nas latitudes mais ao sul do nosso país. Este marco reflete também o apoio que recebemos da comunidade científica, historiadores principalmente, que atenderam ao nosso convite e enviaram seus textos, frutos de árduo trabalho, teórico e prático, para que ela pudesse refletir em suas páginas, um pouco da composição extremamente variada dos estudos em nossa área.
E como para acentuar essa composição variada, neste número trazemos artigos bem diferenciados em relação a seus temas, embora alguns compartilhem uma preocupação fundamental com a memória e outros busquem analisar propostas/políticas de estado. Assim, Cathy Oullette, apresenta, com base em processos judiciais, um estudo sobre a moral sexual dos positivistas especialmente em relação à mulher no contexto da república gaúcha. Dois artigos remetem ao Estado e suas demandas: Joana Darc dos Santos analisa as formas possíveis da participação popular em Diadema, em anos recentes e José Antonio Fernandes nos remete a política do estado português em relação a suas (ex) colônias africanas no século XX.
Com relação à construção da memória, suas implicações e caminhos temos a discussão de Maria Angélica Zubaran sobre as comemorações negras do 13 de maio em Porto Alegre, entendido como uma forma pedagógica de atuação na/da comunidade negra. A tentativa de construção da memória nacional uruguaia, a partir da comemoração das datas pátrias, é tema de Juarez Rodrigues Fuão, com base em dois periódicos do século XIX, El Siglo e La Nación. Contudo, há outros tipos de memória, e as memórias da infância podem ser dolorosas em casos como o analisado por Denise Bussoletti, que nos traz um ensaio sobre as crianças dos guetos de Terezin, na Segunda Guerra. Afortunadamente, uma infância mais feliz, é o objeto do trabalho de Carla Gastaud e Beatriz Zechlinski, que versa sobre uma experiência concreta de educação patrimonial no Museu da Baronesa, em Pelotas, realizada recentemente.
Por fim, em Instrumentos de Trabalho, Caiuá Al-Alam e Marcelo Correa nos brindam com alguma luz sobre quem eram os indivíduos escravizados presos na cadeia de Pelotas, a partir dos poucos dados existentes sobre o assunto.
Boa leitura!
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