Já passou horas focado estudando vocabulário e gramática, mas na hora da prova ou de usar a língua parece que tudo desapareceu? Essa frustração é comum para quem está aprendendo uma língua. O que muitos não sabem é que a maneira como você organiza seus estudos pode fazer toda a diferença. Em vez de fazer uma “maratona” de revisão, que tal explorar estratégias que ajudam a transformar a aprendizagem mais leve, duradoura e divertida?

Segundo os pesquisadores Michael Ullman e Jarrett Lovelett, nosso cérebro funciona melhor quando recebe informações em doses distribuídas ao longo do tempo. Quando tentamos aprender tudo de uma vez, sobrecarregamos a nossa mente, o que dificulta a retenção do conteúdo. Por isso, ao intercalar as revisões, o conteúdo se fixa de maneira mais eficiente. Como fazer isso? Estude hoje em aula ou em casa e, em seguida, faça revisões em intervalos. Essa prática de revisar em intervalos espaçados, conhecida como repetição espaçada, não apenas reforça o que foi aprendido, mas também ajuda a fixar as informações de forma mais duradoura, pois seu cérebro retém melhor o que considera importante e precisa ser lembrado.
Agora, a segunda estratégia: a prática de recuperação. Essa técnica envolve testar a si mesmo. Em vez de apenas reler suas anotações, desafie-se a recordar o que estudou sem olhar para o material. Esse esforço adicional não só reforça a retenção do conteúdo, mas também oferece uma oportunidade valiosa para avaliar seu progresso. Identificar áreas que precisam de melhoria é fundamental para direcionar seu estudo e aumentar a eficácia da aprendizagem. Para aplicar essa técnica, feche o livro ou o aplicativo e tente escrever ou falar para si mesmo ou para alguém sobre o que aprendeu. Outra estratégia é pedir para uma inteligência artificial (ou outra ferramenta, como Quizlet ou Anki) gerar um teste com gabarito, baseando-se em textos ou em slides. Quanto mais você se desafia, mais fácil será lembrar depois.
Por fim, o truque mais poderoso: recuperação espaçada. Essa técnica combina as duas anteriores — intervalos entre revisões e testes constantes. Após estudar, dê um tempo antes de revisar e, ao revisar, teste-se antes de consultar o material. Isso não só garante que você retenha a informação por muito mais tempo, mas também evita a necessidade de revisões intensivas para adquirir conhecimento.

Para otimizar sua aprendizagem, utilize diferentes materiais, como flashcards (cartões de estudo), quizzes (questionários – use e abuse da inteligência artificial) e perguntas práticas de revisão. Esses recursos tornam o processo mais dinâmico e ajudam a solidificar seu conhecimento.

Essas estratégias funcionam porque se baseiam no funcionamento da memória, que é a base para a aprendizagem. Quanto mais tempo você dá ao cérebro para processar informações e mais se desafia a lembrar, mais fortes ficam as conexões neurais, consolidando o conhecimento a longo prazo.

Sempre que você for estudar, lembre-se: a chave não está em estudar mais, mas sim em estudar melhor!
Referência
ULLMAN, Michael T.; LOVELETT, Jarett T. Implications of the declarative/procedural model for improving second language learning: The role of memory enhancement techniques. Second Language Research, v. 34, n. 1, p. 39-65, 2016.
Autor: Thomas de Julio, graduado em Licenciatura em Letras – Português e Alemão pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mestre em Letras na linha de Aquisição, Variação e Ensino pela mesma universidade.