Arquivo mensais:abril 2020

Diversidade linguística na Netflix

A Netflix, plataforma de streaming mais utilizada no Brasil, possui um catálogo de produções em diversas línguas. Às vezes, esses filmes ficam escondidos na plataforma. Por isso, fizemos uma lista com sugestões de filmes em outras línguas além do português e inglês. Produções audiovisuais são ótimas formas de conhecer outras línguas e outras culturas. Acessando um filme sugerido, é possível conhecer outros semelhantes. Os filmes são somente algumas sugestões e podem não estar mais disponíveis no futuro, devido às frequentes atualizações do catálogo da plataforma.

Árabe
Antes da explosão (Egito)
Barakah com Barakah (Arábia Saudita)
Tempestade de areia (Israel)

Alemão
Ele está de volta
3 turcos e um bebê

Bengali
Abby Sen

Coreano
O barbeiro do presidente
Tempo de caça

Chinês
Família a gente não escolhe (chinês cantonês)
Pérolas no mar (chinês mandarim)

Espanhol
Un padre no tan padre (México)
Roma (México)
Toc Toc (Espanha)
A noite de 12 anos (Uruguai)
A história oficial (Argentina)

Francês
Eu não sou um homem fácil
Sementes Podres
Bem-vindo a Marly Gomont

Georgiano
My happy family

Hebraico
Maktub

Híndi
Dhanak
Como estrelas na terra

Holandês
Layla M.

Iídiche
Menashe

Islandês
Inspire, expire

Japonês
Assunto de família

Khmer
First they killed my father

Marata
Killa

Nianja (língua do Malawi), junto com inglês
O menino que descobriu o vento

Mixteca (língua do México), junto com espanhol
Roma

Sueco
Jag älskar dig

Tâmil
Nila

Turco
Milagre na Cela 7
Confusão em família
Dügün Dernek

Urdu
Dukhtar

Wolof
Atlantique

Cartilhas informativas sobre Covid-19 para indígenas noroeste amazônico

A equipe do Instituto Socioambiental (ISA) organizou uma série de cartilhas informativas sobre o Covid-19 (Coronavírus). Colaboraram com o projeto, Dulce Morais, especialista em Saúde Coletiva, os tradutores indígenas André Fernando (Baniwa), Elizângela da Silva e Edson Gomes Baré (Nheengatu), Justino Sarmento Rezende (Tukano) e Roberto Carlos Sanches (Dâw). Além deles, participaram das adaptações Américo Socot Hupd’äh, Bruno Marques, Karolin Obert e Patience Epps.

O material faz uma retextualização e adaptação lingüística, cultural e intermedial de 4 línguas dos povos indígenas do Rio Negro, tendo em base todas as informações prestadas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a respeito da prevenção e tratamento do novo Covid-19. A partir dos conteúdos destas cartilhas, a Rede Wayuri elaborou podcasts educativos com objetivo de compartilhar todas as informações através dos aplicativos WhatsApp e ShareiT e da plataforma SoundCloud às comunidades indígenas do Rio Negro.  Além desses canais de comunicação, o material também será disponibilizado nas redes radiofônicas das comunidades indígenas a fim de expor o agravamento da pandemia no Brasil e na região amazônica.

Além de a versão digital, a cartilha impressa será distribuída nas aldeias do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Negro. A este respeito, o enfermeiro e responsável pelo DSEI ARN, senhor Sediel Ambrosio faz o seguinte comentário: “As cartilhas chegam em um momento excelente. Exatamente quando nossas 25 equipes multidisciplinares de saúde vão entrar em campo para trabalhar a prevenção ao Covid-19. Educação e saúde caminham juntas e a conscientização sobre essa nova doença é feita de forma adaptada ao contexto cultural. Isso é fundamental para o trabalho dar certo”.

 

REFERÊNCIAS:

FUNDAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DO RIO NEGRO. Rede Wayuri.

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. No Alto Rio Negro, cartilha em idiomas indígenas orienta combate à Covid-19. 2020. Publicação elaborada por Juliana Radler.

 

Autora: Digmar Jiménez
Licenciada em Letras, Espanhol (Universidade Católica Andrés Bello), Mestrado em Estudos Hispânicos e Latino-Americanos (Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3) e Doutorado em Estudos da Tradução (Universidade Federal de Santa Catarina).

O espanhol andino na cidade de La Paz, Bolívia

A língua espanhola é muito rica, pois é falada em muitos países. Segundo o Ethnologue, é a quarta língua mais falada no mundo, considerando o número total de falantes.

Em La Paz, Bolívia, expressões como “Nunca no me ha escuchado” ou “Sabe jugar futbol los domingos” podem chamar a atenção de um falante nativo de espanhol de outro lugar ou de um aprendiz da língua pela sua estranheza ou peculiaridade. Essas construções sintáticas são próprias de um dialeto do espanhol: o espanhol andino ou espanhol motoso, predominante nas regiões que compõem a Cordilheira dos Andes (ROSA, 2012). Esse dialeto nasce da influência que exerce o aimará e o quechua (em menor medida) na produção oral e escrita do espanhol. Neste curto texto, são apresentadas algumas características deste dialeto, tendo como foco o espanhol falado na cidade de Chuquiago Marka, ou La Paz, como é comumente conhecida.

Algumas das particularidades são mantidas desde a época do Vice-Reino do Peru (século XVI). Prova disso são os registros escritos que se tem de três ilustres personalidades da época: Guamán Poma, Santa Cruz Pachacuti y Tito Yupanqui (MENDOZA, 2012). De textos deles foram retirados alguns exemplos que cabem apresentar pela sua vigência:

– Uso de artigos definidos com nomes próprios: al San Francesco;
– Sequência pronominal me lo com valor de cortesia: me lo diesse mano;
– Uso da preposição en com verbos de movimento: lo lleve en casa de los pentores.

Nos textos de Aguilar, Huet e Pérez (2014), Mendoza (2012), Rivanedeira (2014, 2016a, 2016b) e Rosa (2012), encontramos outras propriedades deste dialeto que a qualquer paceño, habitante de La Paz, serão familiares, pela sua abundância num contexto informal de fala:

– Uso particular de posposições: Dámelo nomás pues pero.
– Dupla negativa: Nunca no me ha escuchado.
– Alteração da ordem da frase, uso de duplo possessivo e uso da preposição en mais locativo: De mi mamá en su tienda estoy yendo.
– Uso da preposição de ao invés de por: Ha llovido, de eso se ha mojado.
– Uso do verbo saber com sentido de hábito: Sabe jugar fútbol los domingos.

Esperamos que este breve resumo das características do espanhol andino tenha sido de utilidade ao leitor, expandindo seu conhecimento sobre Bolívia e sua cultura.

Fonte: Max Glaser (Google Earth).

 

REFERÊNCIAS:

AGUILAR, M. J.; HUET, M.; PÉREZ, S. Diccionario ejemplificado e ilustrado de bolivianismos, DEIB. In: XVII CONGRESO INTERNACIONAL ASOCIACION DE LINGUISTICA Y FILOLOGIA DE AMERICA LATINA (ALFAL), João Pessoa, 2014, p. 2209-2219.

MENDOZA, J. Antecedentes lingüísticos para una fisonomía del castellano de Bolivia. Discurso de ingreso a la ABL, Centro Cultural de España, 2012.

RIVADENEIRA, R. Bolivianismos en el dicionário de la lengua espanola. 23. ed. La Paz – Bolivia: Plural, 2014.

RIVADENEIRA, R. El castellano hablado en La Paz. Khana, La Paz – Bolivia, p. 1 – 4, 2016.

RIVADENEIRA, R. Registros lingüísticos. Academia boliviana de la lengua, La Paz – Bolivia, 2016.

ROSA, J. M. Diatelogia do español. Natal – Brasil: IFRN Editora, 2012.

 

Autora: Camila Alejandra Loayza Villena
Graduada em Letras – Português e Espanhol pela Universidade Federal de Pelotas (2019). Atualmente é aluna especial do mestrado em Letras na linha de pesquisa Aquisição, variação e ensino.