Code-switching é um termo em inglês utilizado para se referir à alternância linguística, ou seja, a troca de um idioma para outro em uma interação. Se você usa mais de uma língua no seu dia a dia, provavelmente, já fez isso, porque é uma prática comum para quem é bilíngue.
Conforme discutido pela professora Isabella Mozzillo, o code-switching mostra a flexibilidade do nosso cérebro. Todas as informações sobre as palavras de uma língua são armazenadas no léxico mental, ou seja, uma base de dados dentro da nossa memória. Como essa informação está sempre disponível para nós, ao alternar de um idioma para outro, mobilizamos o nosso conhecimento sobre a língua que desejamos usar naquela situação. Ao fazer isso, a nossa mente precisa ignorar o que sabemos sobre a língua que não está sendo usada. Logo, só alternamos entre idiomas porque temos essa capacidade de controlar qual língua usar em cada momento.
As pesquisadoras Louise Dabène e Danièle Moore explicam que o code-switching pode acontecer em momentos diferentes. Ao interagir com alguém, eu posso: alternar de um idioma para o outro em uma mesma frase, trocando uma única palavra ou uma sequência de palavras, como em 1, na figura abaixo; trocar o idioma entre uma frase e outra, como em 2; e/ou dizer várias frases em um idioma e, após um tempo, mudar para outro, como em 3.
Essas mudanças não são aleatórias, pois dependem do interlocutor, do contexto social e da intenção comunicativa. Um falante de português e inglês, por exemplo, só fará essa troca com alguém que conheça as mesmas línguas. Então, se essa pessoa interagir com um falante de português e espanhol, a interação será apenas em português, já que eles não compartilham o outro idioma que conhecem.
Além disso, é importante saber que o code-switching, além de ser uma estratégia para auxiliar a comunicação, pode ser motivado por diferentes razões: a falta de um vocabulário específico, a necessidade de expressar uma emoção ou de marcar uma identidade, a vontade de mudar de assunto etc. Logo, podemos alternar entre idiomas tanto para comunicar uma ideia quanto para expressar a nossa identidade. Para exemplificar isso, pode-se observar situações que ocorreram nas Olimpíadas de Paris (2024). Durante os jogos, alguns brasileiros criaram cartazes comparando comidas tradicionais do Brasil e dos países rivais. Comidas típicas brasileiras foram escritas em português e o restante da frase em inglês. Essa foi uma forma de usar o code-switching para marcar a identidade brasileira e, ao mesmo tempo, provocar o time rival.


Portanto, podemos alternar entre línguas quando apenas um idioma não é o suficiente para comunicar tudo o que queremos dizer.
Referências
DABÈNE, Loiuse; MOORE, Danièle. Bilingual speech of migrant people. In: MILROY, Lesley; MUYSKEN, Peter. (org). One speaker, two languages: cross-disciplinary perspectives on code-switching. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. p. 17-44.MOZZILLO, Isabella. O code-switching: fenômeno inerente ao falante. Papia, v. 19, p. 185-200, 2009.
Autora: Aline Mackedanz dos Santos. Graduada em Licenciatura em Letras – Português e Inglês pela Universidade Federal de Pelotas. Atualmente, é mestranda na linha de Aquisição, Variação e Ensino na mesma universidade.