DODA é uma sigla que não é comum no país e no mundo. Porém, acreditamos que vocês já tenham lido ou ouvido falar sobre CODA; inclusive, no Tesouro Linguístico, há um texto dedicado a explicar sobre o que é ser CODA. Embora os termos sejam parecidos, há uma diferença entre CODA e DODA que iremos esclarecer neste texto. Vamos ver?
O que é CODA?
O termo, originário do inglês, é uma abreviação para Child of Deaf Adults. Em português, a expressão é traduzida como “Filho de Pais Surdos”. Ele se refere às pessoas ouvintes que têm pai ou mãe surdos, ou até mesmo ambos.
O que é DODA?
DODA também é um termo originário do inglês, é uma abreviação para Deaf Child of Deaf Adults. Em português, a expressão é traduzida como “Filho Surdo de Pais Surdos”. Ele se refere às pessoas surdas que têm pai ou mãe surdos, ou ambos. Portanto, os filhos surdos de pais surdos são chamados de DODA, embora, na maioria das vezes, sejam chamados simplesmente de “Deaf families” (“família surda”).
Quantas famílias DODA existem no mundo
As famílias surdas são uma minoria: aproximadamente 5 a 10% dos filhos surdos nascem de pais surdos, enquanto os restantes 90-95% de todos os filhos surdos nascem de pais ouvintes. Ao contrário dos filhos surdos de famílias ouvintes, os DODAs crescem em lares onde a língua de sinais, como a Libras, é a principal forma de comunicação e possuem cultura surda, já que tanto os pais quanto os filhos são surdos.
Orgulho surdo?
Muitas vezes, as famílias surdas recebem o diagnóstico de surdez dos seus filhos e, quando os médicos confirmam que seus filhos são surdos, as famílias comemoram e até fazem festa porque os filhos são surdos como os pais! Isso é um tipo de orgulho surdo (Deaf Pride). Também existe a frase “Viva a família surda”. Tem uma imagem muito reconhecida no mundo: quando o médico diagnostica que seu filho é surdo, os pais surdos comemoram! Claro que os ouvintes podem ficar chocados, porém, para as famílias surdas, isso é motivo de muito orgulho
Mostramos nossa experiência ao receber o diagnóstico da nossa primeira filha, Fiorella, em 2015, e da segunda filha, Florence, em 2019.
Nós, famílias surdas, sabemos que os DODAs têm mais acesso à língua, como a Libras, e à cultura surda, pois têm uma integração ainda mais forte com a cultura surda. Isso ocorre porque a língua e a cultura nascem na família, que já valoriza a língua de sinais e a Cultura Surda como base da família surda. Por isso, filhos surdos crescem em um ambiente linguístico totalmente acessível desde cedo, o que facilita o desenvolvimento pleno da língua de sinais e de sua identidade dentro da comunidade surda. Já para os filhos surdos de famílias ouvintes, às vezes, acontece de não adquirirem uma língua desde bebês, além de as famílias ouvintes não terem a cultura surda.
Autora: Francielle Cantarelli Martins. Professora de Libras da Universidade Federal de Pelotas.