A internacionalização tem, sim, relação com viagens, mas ela vai muito além disso. Trago aqui algumas ações de internacionalização em casa, conceito criado por Jos Beelen e Elspeth Jones em 2015, que são importantes para o processo.
A primeira delas é a tradução de websites. O site de uma universidade, muitas vezes, é a sua vitrine para estrangeiros. Quando ele tem a opção de ao menos uma língua estrangeira, ele capta estrangeiros que podem não saber português. Conhecendo algum projeto de pesquisa, a pessoa pode solicitar mobilidade para cá, ou até ingressar regularmente, principalmente se já souber um pouco de português.
Falando em estrangeiros, eles podem chegar com pouco conhecimento de português, mas precisam cumprir as mesmas tarefas de um estudante brasileiro, ou seja, escrever e apresentar trabalhos e fazer provas em português. É com auxílio dos cursos de português para estrangeiros – outra ação de internacionalização – eles cumprem essas demandas e, além disso, se integram à comunidade local.
E mais: a tradução de textos. Um artigo em português tem um certo impacto, enquanto o mesmo artigo em uma língua estrangeira, principalmente (mas não só!) em inglês, pode ter um impacto maior, chegando a públicos que não falam português. Essa é uma ação disponível em muitas universidades – além de pessoas que buscam a tradução por conta própria.
Finalmente, temos a possibilidade de aulas DE e EM língua estrangeira. Essas são duas ações próximas, mas diferentes. Em uma aula DE língua estrangeira, a pessoa se prepara para ler, escrever, e talvez viajar e se comunicar em outra língua. Uma aula EM outra língua exige que tanto o professor quanto os alunos tenham boas habilidades em determinado idioma, para que o conteúdo normal seja passado e avaliado naquela língua. Isso é uma ação que pode ajudar ainda mais alunos estrangeiros que chegam na instituição e querem participar ativamente das aulas.
Então, essas foram algumas das ações de internacionalização em casa focadas em políticas linguísticas que não necessariamente têm a ver com mobilidade, mas que sim, impactam profundamente o contexto acadêmico para todos os alunos e servidores – e agregados – da instituição. Então, na próxima vez que falarem que internacionalização é só viajar, responda que: NÃO!
Referência
BEELEN, Jos.; JONES, Elspeth. Redefining Internationalization at Home. In: CURAJ, Adrian. et al. (Org.) The European Higher Education Area: between critical reflections and future policies. Cham: Springer, 2015. p. 59-72.
Autora: Marília Lima Martins – doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com mestrado e licenciatura em Letras e bacharelado em Relações Internacionais pela mesma instituição. É professora de inglês e professora de português como língua adicional.