Estratégias de reprodução social e territorial da agricultura familiar: O patrimônio alimentar na escala do local
Período de Realização: Maio de 2009 a agosto de 2009
O segmento da agricultura familiar caracteriza-se por apresentar uma grande diversidade de combinações, tanto no que se refere à disponibilidade quanto ao uso e distribuição dos recursos – terra, trabalho e capital – no interior das unidades produtivas. Pode-se dizer que, mesmo com a difusão do processo de modernização da agricultura, persiste um patrimônio cultural camponês, identificável por meio dos conhecimentos sobre a gestão dos agroecossistemas e da sociabilidade camponesa. A questão cultural valoriza o conhecimento empírico acumulado ao longo de anos de processo de vivência camponesa. E, este saber camponês apresenta-se como necessário e culturalmente valorizado na medida em que a sociabilidade camponesa torna-se, também, agente de transformação dos padrões de produção/consumo na escala do local. Ainda, o patrimônio cultural alimentar está relacionado aos processos políticos, participativos e democráticos, que incluem os produtores rurais nos processos decisórios e de gestão nas atividades desempenhadas por eles, assim como, na organização de redes sociais e de representações dos diversos segmentos da população rural. Ou seja, na configuração de estratégias capazes de assegurar o resgate da auto-estima e o pleno exercício da cidadania, por meio da valorização do saber fazer, transformando os agricultores em sujeitos ativos nos rumos do processo de mudança no desenvolvimento local e regional. O projeto tem como objetivos: Compreender, com base em leituras selecionadas sobre a temática, a base teórico conceitual que permeia os estudos sobre agricultura familiar, sustentabilidade e território; Identificar no contexto da agricultura familiar as tradições culinárias caracterizáveis como patrimônio alimentar. Identificar, a partir da observação das práticas alimentares dos distintos grupos e de sua articulação aos modos de vida, elementos que apontam para uma cultura camponesa comum ou para a delimitação de fronteiras e distinções, não apenas entre os diferentes grupos, mas também em relação à cidade. Identificar nas classificações referentes à alimentação as valorações operadas, particularmente aquelas que remetem às percepções do rural e do urbano e às tensões entre o saber tradicional/leigo e o saber científico/moderno, que orientam diferentes concepções de qualidade dos alimentos produzidos, consumidos e/ou comercializados. Estabelecer comparações entre as diferentes organizações das unidades produtivas familiares, mediante análise empírica de elementos diferenciadores presentes na agricultura; Identificar as alternativas de desenvolvimento para a agricultura familiar, baseadas nos princípios da sustentabilidade econômica, social e ecológica; Analisar os princípios teóricos e metodológicos que norteiam os estudos sobre o desenvolvimento territorial; Oferecer aos alunos participantes atividades extracurriculares, solicitadas para complementação da sua formação acadêmica.