Arquivo da categoria: Línguas minoritárias

DODA e o orgulho surdo

DODA é uma sigla que não é comum no país e no mundo. Porém, acreditamos que vocês já tenham lido ou ouvido falar sobre CODA; inclusive, no Tesouro Linguístico, há um texto dedicado a explicar sobre o que é ser CODA. Embora os termos sejam parecidos, há uma diferença entre CODA e DODA que iremos esclarecer neste texto. Vamos ver?

O que é CODA?

O termo, originário do inglês, é uma abreviação para Child of Deaf Adults. Em português, a expressão é traduzida como “Filho de Pais Surdos”. Ele se refere às pessoas ouvintes que têm pai ou mãe surdos, ou até mesmo ambos.

O que é DODA?

DODA também é um termo originário do inglês, é uma abreviação para Deaf Child of Deaf Adults. Em português, a expressão é traduzida como “Filho Surdo de Pais Surdos”. Ele se refere às pessoas surdas que têm pai ou mãe surdos, ou ambos. Portanto, os filhos surdos de pais surdos são chamados de DODA, embora, na maioria das vezes, sejam chamados simplesmente de “Deaf families” (“família surda”).

Quantas famílias DODA existem no mundo

As famílias surdas são uma minoria: aproximadamente 5 a 10% dos filhos surdos nascem de pais surdos, enquanto os restantes 90-95% de todos os filhos surdos nascem de pais ouvintes. Ao contrário dos filhos surdos de famílias ouvintes, os DODAs crescem em lares onde a língua de sinais, como a Libras, é a principal forma de comunicação e possuem cultura surda, já que tanto os pais quanto os filhos são surdos.

Orgulho surdo?

Muitas vezes, as famílias surdas recebem o diagnóstico de surdez dos seus filhos e, quando os médicos confirmam que seus filhos são surdos, as famílias comemoram e até fazem festa porque os filhos são surdos como os pais! Isso é um tipo de orgulho surdo (Deaf Pride). Também existe a frase “Viva a família surda”. Tem uma imagem muito reconhecida no mundo: quando o médico diagnostica que seu filho é surdo, os pais surdos comemoram! Claro que os ouvintes podem ficar chocados, porém, para as famílias surdas, isso é motivo de muito orgulho

Fonte: https://deaf-art.org/profiles/matt-daigle/

Mostramos nossa experiência ao receber o diagnóstico da nossa primeira filha, Fiorella, em 2015, e da segunda filha, Florence, em 2019.

Fonte: O diário da Fiorella

 

 

 

 

Fonte: O diário da Fiorella

 

 

 

 

 

 

 

Nós, famílias surdas, sabemos que os DODAs têm mais acesso à língua, como a Libras, e à cultura surda, pois têm uma integração ainda mais forte com a cultura surda. Isso ocorre porque a língua e a cultura nascem na família, que já valoriza a língua de sinais e a Cultura Surda como base da família surda. Por isso, filhos surdos crescem em um ambiente linguístico totalmente acessível desde cedo, o que facilita o desenvolvimento pleno da língua de sinais e de sua identidade dentro da comunidade surda. Já para os filhos surdos de famílias ouvintes, às vezes, acontece de não adquirirem uma língua desde bebês, além de as famílias ouvintes não terem a cultura surda.

Autora: Francielle Cantarelli Martins. Professora de Libras da Universidade Federal de Pelotas.

A importância do resgate das formas de escrita ancestrais da África

Você sabia que a África possui formas de escritas ancestrais? Atualmente, os avanços nos estudos em linguística histórica e comparada sobre a língua faraônica (língua egípcia) e outras línguas africanas (kandianas) têm revelado dados muito interessantes. 

Pesquisadores como Cheikh Anta Diop e Jean-Claude Mboli têm estudado a conexão entre a língua dos faraós e as outras línguas africanas e descobriram que essas línguas pertencem a uma mesma família. Esses estudos incentivam o resgate das formas antigas de escrita que surgiram na África, ajudando a revelar as raízes da sua história.

Fonte: http://www.freepik.com

De volta às origens

A África, ou Kanda (termo que significa “cidade, reino, país”, nas línguas bantu), foi o berço das línguas africanas e de suas formas de escrita. É importante recuperar essas escritas antigas para re-escrever e compreender as línguas africanas modernas e, assim, combater a ideia de que a África só possui tradição oral. Na verdade, tanto a fala quanto a escrita são partes fundamentais da cultura africana. Os países colonizadores não trouxeram a escrita para o continente africano; ao contrário, foi a África que contribuiu com a civilização mundial. 

A força da fala e da escrita

Compreender como os faraós escreviam sua língua com a escrita que inventaram (os hieróglifos) possibilita aplicar esses conhecimentos às línguas africanas modernas. Essa compreensão inclui a da fonologia dos glifos (sons dos símbolos) e dos símbolos propriamente ditos. Podemos, por meio de um exercício comparativo, hieroglifizar os idiomas modernos, criando uma escrita que reflete melhor a cultura e identidade africanas. Vejamos abaixo alguns exemplos de como os hieróglifos podem ser usados para representar palavras e ideias nas línguas africanas modernas.

𓃀 /b/ *[bo] = pé, perna (língua egípcia)

𓃀𓉐 /b/ [bɑ] = lugar (língua sango)

𓃀 /b/, 𓇋𓃀 /j-b/ [ɛ-bɔ] = pé, sola do pé (língua bekwel)

𓃀 /b/, 𓇋𓃀 /j-b/ [e-bo] = sola do pé (língua nzime)

Podemos ver como a palavra “pé” e suas extensões semânticas (perna, sola do pé, lugar, isto é, espaço pisado) se escreve com o glifo (imagem) do (que representa a letra b), e pode conter afixos (prefixos ou sufixos) conforme a língua. Para ser mais específico, como na palavra “lugar” na língua sango, outro símbolo é acrescentado no final (à direita), isto é, um símbolo para “casas” ou “espaços” (chamado determinativo), para enfatizar que se trata de um lugar.

Como alerta o escritor queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, o processo de hieroglifização das línguas africanas modernas é um exercício que os linguistas do continente devem começar a fazer para a promoção e consolidação de sistemas de escritas originários. Isso não só fortalece a identidade linguística e cultural dos povos africanos, mas também combate os preconceitos históricos que marginalizaram suas línguas.  

Confira a arte hieroglífica (ou hieroglifizada) na língua bekwel. Ela mostra um pouco a aplicação do processo (e projeto) de hieroglifização das línguas africanas modernas que promovo.

Referências
BILOLO, Mubabinge. Vers un dictionnaire cikam-copte-lubaː Bantuïté du vocabulaire égyptien-copte dans les essais de Homburger et d’Obenga. Munich, Freising, Kinshasa: African University Studies, 2011.
DIOP. C. A. The African origin of civilization: myth or reality. New York: L. Hill, 1974.
DIOP, C. A. Parenté génétique de l’égyptien pharaonique et des langues négro-africaines. Dakar-Abidjan: IFAN/NEA, 1977.
IMHOTEP, Asar. Towards a Comparative Dictionary of Cikam and Modern African Languages. Houston, TX: Madu-Ndela Press, 2020.
MBOLI, Jean-Claude. Origines des langues africaines: essai d’application de la méthode comparative aux langues africaines anciennes et modernes. Paris: L’Harmattan, 2010.
MBOLI, Jean-Claude. Épopée bantu: des Grands Lacs à la Méditerranée. [s.l.]: ESIBLA, 2024.
OBENGA, T. Origine commune de l’égyptien ancien, du copte et des langues négro-africaines: introduction à la linguistique historique africaine. Paris: L’Harmattan, 1993.
SY, Jacques H. (ed.). L’Afrique, berceau de l’écriture et ses manuscrits en péril: des origines de l’écriture aux manuscrits anciens (Égypte pharaonique, Sahara, Sénégal, Ghana, Niger). v.1. Paris: L’Harmattan, 2014.
THIONG’O, Ngũgĩ wa. Decolonising the mind: the politics of language in African literature. London: J. Currey; Portsmouth, N.H. : Heinemann, 1986.

Autor: Peresch Aubham Edouhou
Falante das línguas bekwel e ikota, possui graduação em Letras – Português e Inglês pela Universidade Federal de Pelotas (2019), mestrado em Letras (Estudos da linguagem) pela Universidade Federal do Rio Grande (2022). Atualmente é doutorando em Letras (Literatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Quais os direitos das pessoas surdas usuárias da Libras no ensino superior?

Muitas pessoas surdas têm receio de fazer uma graduação por pensar que será difícil, pois usam a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Não se pode prometer tranquilidade durante os estudos universitários, mas conhecer melhor os seus direitos como falante de uma língua minoritária pode ajudar bastante. Línguas minoritárias são línguas faladas por um grupo específico, menor que a população em geral, mas que tem influência na construção da identidade e da cultura dessas pessoas. Direitos linguísticos são construídos através de Políticas Linguísticas, o que, resumidamente, são decisões tomadas acerca do uso das línguas.

O uso da Libras como língua de comunicação e pela qual se aprende algo novo no ambiente acadêmico é um direito linguístico da Comunidade Surda brasileira, alcançado graças às leis vigentes. A primeira foi a Lei de Acessibilidade, que diz que as pessoas surdas também devem ter acesso à comunicação. Com a Lei de Libras, em 2002, isso deve ser realizado através da Libras, se elas assim desejarem, com professores e outras pessoas envolvidas na aprendizagem.

Na Lei 14.191, documento mais atual sobre a educação de surdos, pode se ler que a universidade precisa dispor de ensino bilíngue, de assistência estudantil e, ainda, estimular a pesquisa e o desenvolvimento de programas especiais. Para além da sala de aula, espera-se que a universidade adeque-se às normativas legais, como à obrigatoriedade de tradução completa de editais e outros documentos oficiais em Libras (Lei 13.146).

Essas são algumas das ações que se alinham a uma Política Linguística buscando dar maior visibilidade para a Libras e apoiar o ensino das pessoas surdas nos diferentes níveis, incluindo o Ensino Superior. Mesmo assim, elas não tornam a faculdade mais fácil. As pesquisadoras Ana Paula Santana e Aline Darde trazem algumas considerações sobre o acesso e a permanência dos universitários surdos, são elas: as barreiras em relação à Língua Portuguesa e a falta de ferramentas e estratégias visuais para o ensino.

A instituição precisa estar atenta às atualizações na legislação, mas sabe-se que muitas regras somente são colocadas em prática e obedecidas quando são reivindicadas pelas pessoas envolvidas. Então, fica a dica!

Referências
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Brasília: Presidência da República, 2005.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência (Estatuto da pessoa com deficiência). Brasília: Presidência da República, 2015.
BRASIL. Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2000.
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2002.  
BRASIL. Lei nº 14.191, de 03 de agosto de 2021. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a modalidade de educação bilíngue de surdos. Brasília: Presidência da República, 2021.
DARDE, Aline Olin Goulart, SANTANA, Ana Paula de Oliveira. Letramento de Surdos Universitários no Brasil: o Bilinguismo em Questão. Revista Ibero-americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 2, p. 761-782, abr./jun. 2021. 

Autora: Joseane Maciel Viana, graduada em Licenciatura em Letras – Português e Inglês, com Mestrado em Letras, pela Universidade Federal de Pelotas. Atualmente, é aluna do Doutorado em Aquisição, Variação e Ensino, na mesma universidade.

Você já ouviu falar do talian?

A imigração italiana no Brasil teve início em 1875 e estendeu-se por volta de 1920. Os primeiros imigrantes concentraram-se, principalmente, no sul do país. Eles trouxeram costumes, crenças e, é claro, línguas que usaram para se comunicarem na nova terra. Assim, surge uma língua que hoje chamamos talian. Vamos conhecer um pouco mais sobre ela? 

A imigração teve diferentes motivos, mas a história começa em meados do século XIX, quando a Itália acabara de ser unificada. Os artesãos não conseguiam competir com as mercadorias manufaturadas da recente Revolução Industrial, as sucessivas crises agrícolas e o excesso de mão de obra causaram um cenário desfavorável à população italiana. Por outro lado, a região mais ao sul do Brasil ainda era pouco povoada e, devido à proximidade com a Argentina e o Uruguai, era de interesse do governo brasileiro que essas terras fossem ocupadas para garantir a posse da área do território nacional. 

Fonte: Guzzo (2022)

Entre os imigrantes incentivados pelo governo brasileiro, estavam os italianos, principalmente aqueles do norte da Itália. Desses imigrantes, estima-se que 95% eram provenientes do Trivêneto (região formada pelo Vêneto, Trentino Alto Ágide, Friuli-Venezzia Giulia). A distribuição de terras no Brasil aos imigrantes não respeitou as suas diferentes origens geográficas. Nos primeiros anos da imigração italiana ao sul do Brasil, nos encontros comunitários, os imigrantes utilizaram uma mescla de seus dialetos,  formando uma língua de base comum de nome dialeto vêneto ou talian. 

Fonte: Rodrigues (2015)

Esses imigrantes trouxeram, portanto, as suas formas de falar. Dessa forma, o talian é uma língua minoritária de imigração, formada a partir da fusão de língua e dialetos italianos, trazidos para o Brasil pelos primeiros imigrantes. É usado por comunidades italianas, bem como por seus descendentes sobretudo no nordeste do Rio Grande do Sul, no Paraná, em Santa Catarina, no Mato Grosso e no Espírito Santo. Também pode ser denominado como vêneto rio-grandense ou vêneto brasileiro.

Atualmente, o talian é língua cooficial em 18 municípios nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A lista completa está disponível no site do IPOL

Referências
BRASIL. Certidão Talian. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Brasília, DF: Ministério da Cultura, 2014.
GUZZO, N. B. Brazilian Veneto (Talian). Journal of the International Phonetic Association– Illustrations of the IPA. Available online on FirstView, 2022. 
MASSOLINI, P. J. De koiné/dialeto véneto a léngoa talian. In: DAL CASTEL, J. J.; LOREGIAN-PENKAL, L.; TONUS, J. W. (orgs.) Talian par cei e grandi: gramàtica e stòria. Pinto Bandeira: Araucária / Serafina Corrêa: Assodita, Prefeitura de Serafina Corrêa, 2021.
MIAZZO, G. Afinal, o que é “talian”? Revista Italiano UERJ, v. 2, n. 1. UERJ, Rio de Janeiro. p. 33 – 45, 2011.
RODRIGUES, S. L. Mi parlo talian: uma análise sociolinguística do bilinguismo português-dialeto italiano no município de Santa Teresa, Espírito Santo. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2015.

Autora: Ariela Fátima Comiotto: É doutoranda do Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina. Mestra em Linguística pela mesma universidade. Formada em Letras pela UFRGS. Estuda o code-switching em bilíngues português-talian.

Koroniago – Você conhece essa língua?

Koroniago significa, em tradução para o português, “língua da colônia”. Essa língua é falada em comunidades brasileiras de origem japonesa e representa o valor identitário e cultural de seus falantes. O Brasil é um país que possui em suas raízes e sua composição uma pluralidade de línguas. Entre as línguas que compõem a nossa diversidade estão as línguas indígenas, as línguas de origem africana e as línguas de imigrantes.

Kasato-Maru – Primeiro Navio de Imigrantes Japoneses, 1908. Fonte: Shozo Motoyama, 2011

No início do século XX, é marcada a chegada de imigrantes japoneses de diferentes regiões do Japão, que se estabeleceram em comunidades rurais do país para trabalhos agrícolas. Com o passar do tempo, a língua japonesa difundida em território brasileiro entra em contato com a língua portuguesa recebendo influências e transformando-se em uma língua com características próprias e locais, formando a koroniago.

Início da Escola Primária e Fundadores do Bairro Aliança 2, 1933 – Mirandópolis – SP
Fonte: Prefeitura Municipal de Mirandópolis, 2012

O pesquisador Shuhei Hosokawa (2008) relata em um dos seus trabalhos a presença da identidade e da cultura local no vocabulário da língua. Por meio da palavra “enshâda”, uma ferramenta de trabalho agrícola, pode-se exemplificar a formação da palavra “enshâdashugi”, que significava a “ideologia de considerar a agricultura como base da sociedade e nela encontrar o maior significado da vida”.

Moradores do Bairro Aliança 2, 1935
Fonte: Prefeitura Municipal de Mirandópolis, 2012

Podemos encontrar na língua também manifestações relacionadas à cultura brasileira em palavras como “shuhasuko” (churrasco), “masandoamoru” (maçã do amor), “Mashadodeashisu” (Machado de Assis) e “onsa” (onça), vocábulos apresentados em um estudo do pesquisador Marcionilo Neto (2020), como pode ser visto na seguinte figura.

Traços de nipobrasilianidade nos livros didáticos de língua japonesa
Fonte: Marcionilo Euro Carlos Neto, 2020

Em uma entrevista realizada pelo pesquisador Junko Ota (2008), alguns informantes demonstram marcas de afetividade e identidade em relação à língua em falas como: “é uma língua familiar e calorosa” e “koroniago é a língua comum dos nikkeis (descendentes de japoneses)”. O pesquisador Marcionilo Neto (2022), enfatiza que a koroniago marca e reforça a identidade de seus falantes, além de demonstrar as particularidades multiétnicas dos nipobrasileiros.

Bon-odori – Evento do Bairro Segunda Aliança, 1967 – Mirandópolis – SP
Fonte: Prefeitura Municipal de Mirandópolis, 2012

Por isso, é de extrema importância a valorização da língua koroniago como um patrimônio linguístico, histórico e cultural da nossa sociedade. Assim, podem ser desenvolvidas ações de manutenção da língua, que evitem o seu desaparecimento, proporcionem o acesso às próximas gerações e promovam o reconhecimento e a desestigmatização da língua.

Referências
CARLOS NETO, Marcionilo Euro. Koroniago: coiné nipobrasileira e patrimônio linguístico-cultural resultante do contato de línguas no contexto imigratório do Brasil. Pranja: revista de culturas orientais, [S.L.], v. 3, n. 5, p. 232-256, 2022.
CARLOS NETO, Marcionilo Euro. Koroniago: manifestação etno-linguístico cultural de uma coiné “nipobrasileira”. 2020. 258 f. Tese (Doutorado) – Curso de Estudos da Linguagem, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.
FERRAZ, Aderlande Pereira. O panorama linguístico brasileiro: a coexistência de línguas minoritárias com o português. Filologia e Linguística Portuguesa, [S.L.], n. 9, p. 43 – 73, 2007.
HOSOKAWA, Shuhei. A importância histórico-cultural dos imigrantes Nikkeis no Brasil. Estudos Japoneses, [S.L], n. 28, p. 11-24, 2008.
MOTOYAMA, Shozo. Kasato-Maru. Estudos Avançados, [S.L.], v. 25, n. 72, p. 323-326, ago. 2011.
OTA, Junko. As línguas faladas nas comunidades rurais nipo- brasileiras do estado de São Paulo e a percepção das três gerações sobre a ‘mistura de línguas’. Estudos Japoneses, [S.L.], n. 28, 137-148, 2008.
Prefeitura Municipal de Mirandópolis. Segunda Aliança. 2012. 

Autor: Thomas de Julio, graduado em Licenciatura em Letras – Português e Alemão pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mestrando em Letras na linha de Aquisição, Variação e Ensino na mesma universidade.

Você sabe o que são direitos linguísticos?

Já parou para pensar sobre como a pluralidade de línguas ao redor do mundo contribui para a riqueza cultural da sociedade? Os direitos linguísticos, ainda pouco difundidos fora do meio acadêmico, desempenham um papel crucial na promoção da diversidade cultural e na garantia de que todos tenham a oportunidade de se expressar na sua própria língua. Mas, afinal, o que são “direitos linguísticos”?

O tema dos direitos linguísticos, no sentido atualmente compreendido, começa a surgir após o término da Segunda Guerra Mundial com a publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O segundo artigo da Declaração deixa claro que todo ser humano deve poder desfrutar de seus direitos e liberdades sem qualquer distinção, como de raça, cor, sexo, língua etc. No entanto, de acordo com Ricardo Nascimento Abreu (2020), professor e pesquisador da Universidade Federal de Sergipe, é no movimento dos “novos direitos” no final do século XX e início do século XXI, como os direitos das mulheres, das crianças, dos idosos etc., que os direitos linguísticos ganham destaque.

Para Abreu, pode-se dividir os direitos linguísticos em dois tipos: o direito das línguas e o direito dos grupos linguísticos. Em relação ao primeiro, entende-se como normas e ações que buscam reconhecer, promover e preservar línguas, em especial aquelas consideradas “minoritárias”. Podemos mencionar, por exemplo, o Decreto nº 7387/2010, que regulamenta o Inventário Nacional da Diversidade, iniciativa que busca reconhecer diversas línguas nacionais e promover políticas públicas para essas línguas. Já sobre o segundo, entende-se como normas e ações que buscam garantir o direito de todo indivíduo se expressar nas suas próprias línguas. Podemos mencionar, como exemplo, o Projeto de Lei nº 5182/2020, que objetiva, caso seja aprovado, a atribuição de tradutores e intérpretes comunitários em todas as esferas do serviço público, como em hospitais e tribunais, para garantir a indivíduos que não falam português o direito de se expressarem na sua própria língua e, assim, o acesso aos serviços por intermédio desses profissionais.

A discussão sobre os direitos linguísticos é bastante recente, mas também muito ampla. Você já tinha ouvido falar sobre esses direitos? Comente aqui embaixo outros exemplos!

Referências
ABREU, Ricardo Nascimento. Contribuições para uma delimitação dos Direitos Linguísticos no Brasil. In: Seminário Ibero-americano de Diversidade Linguística, 1., 2014, Foz do Iguaçu. Anais […]. Foz do Iguaçu: IPHAN, 2014. p. 108-117.
ABREU, Ricardo Nascimento. Direito Linguístico: olhares sobre as suas fontes. A Cor Das Letras, v. 21, n. 1, p. 172-184, 2020.
BRASIL. Decreto nº 7.387, de 09 de dezembro de 2010. Institui o Inventário Nacional da Diversidade Linguística e dá outras providências.
BRASIL. Projeto de Lei nº 5182, de 2020. Institui-se como política pública a obrigatoriedade de alocação de tradutores e de intérpretes comunitários em todas as instituições públicas federais, estaduais e municipais, de forma permanente ou através da formação de núcleos especializados de tradução e de interpretação comunitária especialmente organizados para atender às demandas específicas de cada área. Brasília: Senado Federal, 2020.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. 

Autor: Gabriel Plácido Campos, graduado em Bacharelado em Letras Tradução – Inglês-Português pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Qual é a importância da decisão familiar para a manutenção de línguas minoritárias?

Primeiramente, é preciso esclarecer o que é uma política linguística. De maneira geral, as políticas linguísticas lidam com as línguas e o que acontece com elas na sociedade. É por meio dessas políticas que são escolhidos os idiomas que devem ser ensinados na escola, por exemplo. As políticas linguísticas sobre o uso da(s) língua(s) podem ser decididas no âmbito mundial, nacional, estadual, municipal e, até mesmo, familiar. Mas como assim familiar?

Segundo o professor e pesquisador Cléo Altenhofen, uma política linguística familiar engloba as decisões tomadas sobre as línguas que serão utilizadas dentro de casa pela família, isto é, quando os pais, falantes de uma determinada língua, decidem ensinar ou não aos seus filhos essa língua. Você deve estar se perguntando: o que é língua minoritária? A língua minoritária é falada por grupos que não são tão prestigiados social, cultural ou politicamente e, é diferente da língua oficial da sociedade. No entanto, esta língua deve ser ensinada em casa, pois tem a função de preservar não só a continuidade da língua como a cultura e a identidade da família.

Então, o que podemos fazer para preservar uma língua minoritária? A resposta mais simples é: fazendo a criança falar e responder nessa língua. Muitos profissionais da educação aconselham, de forma equivocada, que os pais abandonem a língua minoritária para facilitar a integração da criança na escola. Essas falsas ideias podem interferir no comportamento dos pais, que, mesmo querendo manter o desenvolvimento da língua, desconhecem de que forma fazer. Aqui vão duas dicas para auxiliar nesta importante tarefa de transmitir a língua minoritária para as crianças:

– Crie oportunidades para que a criança fale e ouça nos dois (ou mais) idiomas em diferentes situações e com bastante frequência.

– Fale com todos os seus filhos seguindo o mesmo padrão. A língua está muito relacionada com emoções, então é importante que todos os filhos sejam tratados de forma igual, sem que nenhum fique de fora da comunicação.

De acordo com a professora e pesquisadora Isabella Mozzillo, é importante que a criança esteja exposta às duas línguas, ou seja, a criança tem que ter oportunidades de contato, em casa, com a sua língua minoritária, já que a língua usada pela sociedade (no nosso caso, o português) está presente no seu cotidiano a partir do momento que entra na escola.

Referências
ALTENHOFEN, Cléo Vilson. Política lingüística, mitos e concepções lingüísticas em áreas bilíngües de imigrantes (alemães) no Sul do Brasil. Revista internacional de lingüística iberoamericana, v. 3, n. 1, 2004.
CALVET, Louis-Jean. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola, 2007.
LIRA, Camila. O português como língua de herança em Munique: ofertas, práticas e desafios. Fólio-Revista de Letras, v. 10, n. 1, 2018.
MOZZILLO, Isabella. Algumas considerações sobre o bilinguismo infantil. Veredas, v. 19, n. 1, 2015.

Autora: Julia Diogo, graduada em Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Atualmente, é mestranda em Letras, na linha de Aquisição, Variação e Ensino, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

No Brasil, não se fala só português!

Você já ouviu alguém dizer que é um milagre vivermos em um país tão grande e, mesmo assim, todos falarmos a mesma língua? Essa noção fortalece o mito de que o Brasil é um país monolíngue, onde só uma língua – a portuguesa – é falada. 

Em nosso país, temos uma vasta diversidade linguística. Segundo o professor e pesquisador Cléo Altenhofen (2013), existem cerca de 270 línguas faladas no território brasileiro: 219 línguas indígenas e 51 de imigração, como o pomerano, o italiano, o japonês, entre outras. Portanto, podemos afirmar que vivemos em um país plurilíngue – isto é, um lugar no qual várias línguas e culturas estão em contato. 

Fonte: Arquivo pessoal de Bruno Oliveira

Ao longo da história, essa diversidade nem sempre foi reconhecida e legitimada tanto pelas instituições governamentais quanto pela população em geral. Além disso, de acordo com a professora e pesquisadora Isabella Mozzillo (2008), a ideia de que o português é a única língua do Brasil faz com que as outras línguas sofram repressão. Sendo assim, precisamos refletir sobre a importância de reconhecer e valorizar todas as línguas, a fim de minimizar os danos sociais e culturais sofridos por essas comunidades linguísticas. 

É a partir da mudança de nossas atitudes que poderemos pensar em formas adequadas de reconhecer e promover a pluralidade linguística e cultural dos brasileiros. Não basta somente falarmos sobre as palavras de origens indígenas em um dia específico (por exemplo, no dia 19 de abril); também não é suficiente a valorização das culturas de imigrantes e suas respectivas línguas exclusivamente em festivais de tradições. Torna-se necessário levar, frequentemente, essas pautas para as escolas, universidades, assembleias e mídias digitais. 

Entretanto, não devemos apenas “dar voz” para as diversas comunidades de fala; o principal é “dar ouvidos” e incentivar o plurilinguismo para que o nosso país seja um espaço que entenda a sua história e suas riquezas linguística e cultural. Para os pesquisadores Angela Baalbaki e Thiago Andrade (2016), é importante a criação de políticas para legalizar e legitimar línguas de grupos minoritários, para que suas histórias também façam parte do que pensamos enquanto “Brasil”. 

Por fim, após a leitura, lhe pergunto: é só português?

Referências
ALTENHOFEN, C. V. Bases para uma política linguística das línguas minoritárias no Brasil, 2013. In: NICOLAIDES, C.; SILVA, K. A.; TILIO, R.; ROCHA, C. H. (Org.). Política e Políticas Linguísticas. Editora Pontes, 2013. p. 93-113.
ALTENHOFEN, C. V. Política lingüística, mitos e concepções lingüísticas em áreas bilíngües de imigrantes (alemães) no Sul do Brasil. Revista internacional de lingüística iberoamericana, n. 1, v. 3, p. 83-93, 2004.
BAALBAKI, A. C. F.; ANDRADE, T. S. Plurilinguismo em cena: processos de institucionalização e de legitimação de línguas indígenas. Revista de Estudos do Discurso, Imagem e Som – Policromias, v. 1, n. 1, p. 1-19, 2016.
OLIVEIRA, G, M. Brasileiro fala português: Monolinguismo e Preconceito Linguístico. In: SILVA, F. L.; MOURA, H. M. M. (orgs.). O direito à fala: a questão do preconceito linguístico. Florianópolis: Insular, 2002.
MOZZILLO, I. O mito da pureza linguística confrontado pelo conceito de code-switching. In: GT – Plurilinguismo e Contato Linguístico. Anais do CELSUL. 2008.

Autor: Bruno Oliveira, graduado em Licenciatura em Letras – Português e Inglês pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Atualmente, é aluno do mestrado em Aquisição, Variação e Ensino, na mesma universidade.

O português também é uruguaio!

Mas a língua do Uruguai não é o espanhol? Para responder essa pergunta, primeiro é importante dizer que não necessariamente um país se constitui apenas por uma língua. Por exemplo, no Brasil, embora o português seja a língua oficial, e, por isso, muitos o identifiquem como um país monolíngue, mais de 200 línguas são faladas, de acordo com os pesquisadores Tommaso Raso, Heliana Mello e Cléo Altenhofen (2011). No Uruguai, não é diferente. Nas comunidades fronteiriças do norte, o português, historicamente, também foi bastante falado. E sabe por quê?

Muitos mitos indicam que o motivo do português ser falado no norte do Uruguai é a presença de brasileiros e de seus meios de comunicação. No entanto, a história é bem mais antiga e tem início lá no século XIX, quando a República Oriental do Uruguai ainda nem tinha esse nome.

O português é falado no norte do Uruguai devido às raízes históricas da época colonial e vem sendo transmitido como língua de herança por gerações. A pesquisadora Ana Maria Carvalho (2006) explica que, no século XIX, o Brasil ocupava grande parte do território uruguaio, como mostra a imagem abaixo, e era visto como um rival na disputa de terras.

Fonte: RONA, José Pedro. El dialecto “fronterizo” del norte del Uruguay. Montevideo. Adolfo Linardi, 1965.

Para se diferenciar no processo de construção de sua nação, o Uruguai buscava eliminar o português do país. Para isso, diversas políticas monolíngues foram implementadas. Entre elas, destacamos a própria construção de Montevidéu como centro de referência hispânico e o ensino apenas de espanhol nas escolas públicas.

Diante dessa ideologia, para a estudiosa Ana Maria Carvalho (2006), o uso do português era “visto como resistência à unidade nacional e traição aos valores da pátria” e, por isso, criou-se uma predisposição em dizer que o espanhol era a língua do governo e da identidade uruguaia, ficando o português uruguaio com status de língua marginalizada.

Atualmente, como resultado das políticas monolíngues implementadas ao longo dos séculos, o português uruguaio é bem menos falado. Por outro lado, existem pesquisas e projetos que buscam resgatar o idioma e utilizá-lo como recurso para um processo de educação bilíngue.

Referências
CARVALHO, Ana Maria. Políticas lingüísticas de séculos passados nos dias de hoje: o dilema sobre a educação bilingüe no norte do Uruguai. Language Problems & Language Planning, v. 30, n. 2, p. 149–171.
RASO, Tommaso; MELLO, Heliana; ALTENHOFEN, Cléo V. Os contatos linguísticos e o Brasil: Dinâmicas pré-históricas, históricas e sociopolíticas. In: MELLO, Helina; ALTENHOFEN, Cléo V.; RASO, Tommaso. Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2011. p. 13-56.

Autora: Caroline Gonçalves Feijó-Quadrado. Licenciada em Letras e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Pampa – campus Jaguarão. Doutoranda em Letras pela Universidade Federal de Pelotas.

Lançamento da série “Viver no Brasil falando Hunsrückisch: Extras”

Três anos após o lançamento do documentário “Viver no Brasil falando Hunsrückisch”, é lançada uma minissérie documental com extras, que propõe uma visão aprofundada em alguns tópicos específicos da língua hunsriqueana.

A partir de excertos de entrevistas do Inventário do Hunsrückisch como Língua Brasileira de Imigração (IHLBrI), em um primeiro momento não selecionados para compor o documentário “Viver no Brasil falando Hunsrückisch“, foi elaborada uma série de vídeos com cenas inéditas gravadas pela equipe do projeto. A série apresenta diferentes modalidades de entrevista, como relatos pessoais, traduções da Lista de Swadesh e conversas livres.

O primeiro episódio, lançado no Canal do Projeto ALMA-H no Youtube no dia 09/01/2022, traz a entrevista na íntegra realizada com Sílvio Meincke. Em tom de relato biográfico, Sílvio fala sobre sua formação em São Leopoldo, no Instituto Pré-Teológico e, posteriormente, na Escola Superior de Teologia (EST). Sílvio comenta também a respeito de seus anos como pastor e professor da EST e nos conta como a língua alemã permeou sua vida.

Apesar de Sílvio já ter aparecido no documentário, dessa vez, temos a oportunidade de conhecer toda sua história, sem os cortes que foram feitos pela produção a fim de adaptar seu relato à narrativa construída pelos roteiristas. Tais cortes, por um lado, são necessários para criar uma corrente de discurso coerente para o espectador, mas, por outro lado, suavizam diferentes visões e opiniões sobre a língua Hunsrückisch.

O segundo episódio, que foi ao ar no domingo dia 16/01/22, trouxe a entrevista gravada com Nair e Rosemarie em Linha Brasil – Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul. Com base na Lista de Swadesh, que contempla cem vocábulos de uso cotidiano, a dinâmica dessa entrevista consistiu em os pesquisadores dizerem as palavras em português, deixando para as entrevistadas a tarefa de as traduzir para sua língua materna.

Além das interessantes respostas fornecidas pelas entrevistadas (que nem sempre concordam uma com a outra), esse episódio também traz momentos muito divertidos, quase sempre resultados de pequenas falhas na comunicação (como na pergunta sobre bom/pão) e é encerrado com uma mostra da alma artística hunsriqueana.

No terceiro episódio da série de extras, Helga Winck, Flavia Terezinha Winck e Joaci Terezinha Staudt (Lomba Grande – Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil) traduzem a Lista de Swadesh de forma bem-humorada, demonstrando seus conhecimentos acerca de diferentes variedades dialetais. As entrevistadas, com vasto repertório linguístico, abordam os hábitos linguísticos da sua região e seus próprios por meio de diversos exemplos e comentários. No que tange à legendagem dos vídeos, o code-switching entre português e Hunsrückisch, outra faceta do plurilinguismo regional, representou um desafio extra para a tradução.

Imagem do terceiro episódio

Aliás, um dos aspectos mais especiais da série (assim como no próprio documentário) é o cuidado com as legendas. Disponíveis estão quatro opções de língua: original (hunsrückisch e português), português, alemão e inglês.

Por fim, o quarto e último episódio da primeira temporada (sim, teremos no mínimo mais uma temporada da nossa minissérie!) também apresenta uma tradução da Lista de Swadesh, desta vez em Linha Schwerin/Linha Andrade de Neves – Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Os entrevistados, Albino, Martina, Naiane, Douglas, Ronaldo e Lidiane Franz, interromperam sua rotina de trabalho para gentilmente atender os entrevistadores Angélica Prediger e Gabriel Schmitt.

Imagem do quarto episódio

De maneira geral, a série oferece detalhes da comparação entre português e hunsrückisch e uma parte da variação interna do hunsrückisch pode ser depreendido pela comparação entre as entrevistas. Esperamos que futuros pesquisadores que forem utilizar a Lista de Swadesh possam se inspirar nas entrevistas do IHLBrI, também para evitar algumas confusões e imprecisões, que pela nossa inexperiência à época, nos passaram batidos.

Ficha Técnica

Direção:
Gabriel Schmitt

Legendas:
Gabriel Schmitt
Sofia Froehlich Kohl
Geronimo Loss Bergmann

Textos e traduções:
Sofia Froehlich Kohl

Revisão:
Jussara Maria Habel
Angélica Prediger
Siegwalt Lindenfelser

Entrevistadores:
Jussara Maria Habel
Angélica Prediger
Gabriel Schmitt

Coordenação: Cléo Vilson Altenhofen (PPGL/UFRGS)

Entrevistados:
Sílvio Meincke
Nair Fröhlich
Rosemarie
Helga Winck
Flavia Terezinha Winck
Joaci Terezinha Staudt
Albino Franz
Martina Franz
Naiane Franz
Douglas Franz
Ronaldo Franz
Lidiane Franz

A série é um produto do IHLBrI (Inventário do Hunsrückisch como Língua Brasileira de Imigração), coordenado por Cléo Vilson Altenhofen (ALMA-H/UFRGS) e Rosângela Morello (IPOL).

Produção: Inventário do Hunsrückisch como Língua Brasileira de Imigração, com apoio do IPHAN.

Autor: Gabriel Schmitt, graduado em Licenciatura Letras e Alemão pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é aluno do Mestrado Europeu em Lexicografia (EMLex), com pesquisa em dicionários dialetológicos e de línguas minoritárias.