Pomerano: uma língua brasileira

A língua pomerana teve origem na Pomerânia, uma região que se localizava entre os atuais territórios da Alemanha e da Polônia. Segundo Manske (2015, p. 17), devido a sua localização estratégica, com saída para o Mar Báltico, a Pomerânia foi alvo de inúmeras disputas territoriais. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a maior parte do território da Pomerânia foi anexada à Polônia, e a língua pomerana passou a ser considerada como uma língua moribunda na Europa. Por isso, muitas famílias deixaram de falar o pomerano e de ensinar aos seus filhos, fato que contribuiu para a sua quase extinção na Europa.

No século XIX, motivados por guerras, fome, pestes, crises no campo e desemprego, pomeranos migraram para o Brasil e outros países. Atualmente, os descendentes de pomeranos se distribuem pelos seguintes estados brasileiros: Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e Minas Gerais. Estima-se que há, em todo o Brasil, cerca de 300 mil pomeranos (TRESSMANN, 1998). Você já imaginou se sentir em outro país mesmo estando no Brasil? Em algumas cidades do Brasil, como na região da nossa universidade, o pomerano é falado por boa parte dos habitantes.

A língua pomerana possui o status de língua alóctone (não dialeto!), isto é, língua não originária do Brasil. No entanto, hoje, há uma forte corrente para a língua pomerana ganhar status de língua brasileira, autóctone, porque praticamente não é mais falada na Europa. Segundo Rodrigues (2008), o pomerano sempre foi uma língua oral, não tinha regras de escrita (língua ágrafa). Com o intuito de normatizar a escrita do pomerano, Tressmann (2006) desenvolveu o Dicionário Enciclopédico Pomerano (2006), que possui 16.000 verbetes e 560 páginas. A língua pomerana apresenta particularidades distintas do português e do alemão, tais como a escrita, fala, pronúncia, estrutura das palavras e possui vários cognatos e semelhanças com o inglês e o alemão-padrão (por exemplo, Bauk, book e Buch ou Sonn, sun e Sonne, respectivamente).

Fonte: Hammes (2014, p. 209)

 

REFERÊNCIAS:

HAMMES, E. L. A imigração alemã para São Lourenço do Sul – Da formação da sua Colônia aos primeiros anos após seu Sesquicentenário. São Leopoldo: Studio Zeus, 2014.

MANSKE, C. M. R. Pomeranos no Espírito Santo: história de fé, educação e identidade. Vila Velha, ES: Gráfica e Editora GSA, 2015.

RODRIGUES, A. F. A narrativa de Thomas Davatz: relato de memória e documento histórico, sentimentos e ressentimentos na História (1850-1888). 2008. 116 f. Monografia (Graduação em História) – Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, 2008.

TRESSMANN, I. Bilingüismo no Brasil: O caso da Comunidade Pomerana de Laranja da Terra. Associação de Estudos da Linguagem (ASSEL-Rio). Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Rio de Janeiro,1998.

TRESSMANN, I. Dicionário Enciclopédico Pomerano-Português. Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, 2006.

 

Autora: Daniele Ebel
Falante de pomerano e graduanda do curso de Licenciatura em Letras Português e Alemão na Universidade Federal de Pelotas.

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