Rumo ao Confronto? As Implicações dos Mísseis Taurus nas Relações Rússia-Alemanha por Lisa Marie B. Bastos

Na última segunda-feira (26), o chanceler alemão Friedrich Merz anunciou que Berlim não restringiria mais a gama de armas fornecidas para Kiev, mencionando um possível envio de mísseis Taurus para a Ucrânia.

Eleito em 6 de maio, o Merz interrompeu com a recusa de Olaf Scholz (chanceler anterior) em prover esses mísseis para o governo ucraniano, ainda que a Alemanha fosse o segundo maior fornecedor de ajuda militar ao governo ucraniano. 

Nesse contexto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, atestou em um pronunciamento que declarações que concernem o fornecimento de armas de longo alcance, como é o caso dos mísseis sueco-alemães que podem atingir até 500 quilômetros em uma altura de 50 metros, apenas servem como combustível para o prosseguimento do conflito na Ucrânia. A Rússia, ainda disposta a analisar minuciosamente os detalhes da suspensão do banimento de armas para Kiev por parte do governo alemão, já considera Berlim como um participante direto no conflito. “Ambos estão inflamando tensões e apoiando a guerra. A Alemanha está agora diretamente envolvida nesta guerra.”, citou o ministro de relações exteriores russo Lavrov. 

 Ainda, de acordo com especialistas, um ataque ucraniano a Moscou utilizando mísseis Taurus de fabricação alemã, não deixaria outra escolha ao governo russo a não ser uma possível retaliação. Tal análise se exemplifica através da declaração da porta-voz do ministério de relações exteriores da Rússia, Maria Zakharova, que afirmou que o país consideraria um ataque como uma adesão da Alemanha às hostilidades de Kiev. Além disso, de acordo com a historiadora sérvia Nebojsa Malic, a Rússia ainda pode utilizar seu novo sistema de mísseis de médio alcance, o Oreshnik, para alertar o ocidente.

Com a escalada de tensões entre Rússia e Alemanha, o mundo poderia estar encarando a ameaça de uma nova guerra mundial, levando em consideração uma possível resposta russa direta ao território alemão por meio do princípio de autodefesa estipulado na Carta da ONU. Berlim, que já esteve envolvida nas duas grandes guerras, estaria se colocando na posição de ser responsável pelo início de um terceiro conflito global ao permitir que a Ucrânia dispare os mísseis Taurus operados por efetivos das Forças Armadas da Alemanha. Não obstante, a escalada de uma guerra mais profunda arruinaria a carreira política de Merz, fator que pode ser determinante para que o chanceler suspenda suas intenções de fornecer os mísseis a Kiev. 

Referências 

Aliados autorizam Ucrânia a usar mísseis de longo alcance, diz Alemanha; Kremlin chama decisão de ‘perigosa’. (2025, 26 de maio). G1 Notícias. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/ucrania-russia/noticia/2025/05/26/ue-retira-restricoes-alcance-misseis-ucrania-russia-chama-decisao-perigosa.ghtml

Merz doesn’t rule out Taurus supplies to Ukraine. (2025, 28 de maio). TASS Russian News Agency. Disponível em: https://tass.com/world/1965181

Berlin to partner with Ukraine on long-range weapons production – chancellor. (2025, 28 de maio). TASS Russian News Agency. Disponível em: https://tass.com/world/1964831 

Merz’s latest remarks fuel continued war – Kremlin. (2025, 28 de maio). TASS Russian News Agency. Disponível em: https://tass.com/politics/1964873 

Germany directly engages in war with Russia – Lavrov. (2025, 28 de maio). TASS Russian News Agency. Disponível em: https://tass.com/politics/1965079 

If They Strike With Taurus – Russia’s Next Target Will Be German Military Facility: Expert. Sputnik News. (2025, 28 de maio). Disponível em: https://sputniknews.in/20250528/if-they-strike-with-taurus–russias-next-target-will-be-german-military-facility-expert-9202994.html 

Moscou não terá outras opções a não ser bombardear Berlim, diz editora-chefe do grupo midiático Rossiya Segodnya. (2025, 28 de maio). Sputnik News. Disponível em: https://noticiabrasil.net.br/20250528/moscou-nao-tera-outras-opcoes-a-nao-ser-bombardear-berlim-diz-editora-chefe-do-grupo-midiatico-39803979.html 

Lisa Marie B. Bastos é pesquisadora no LabGRIMA.

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