Eventos de rua são opção de lazer em Pelotas

O Sofá na Rua volta a acontecer no dia 27 de agosto em Pelotas

Larissa Teixeira Medeiros

     Pelotas é uma cidade extremamente rica em cultura. Não deixa faltar lugar para nenhum público. Seguindo essa linha, a comunidade pelotense ganhou, há não tanto tempo, mais uma opção para entretenimento e diversão: os eventos de rua.

Organizados por bares, pubs e outras organizações, esses eventos atraem principalmente jovens universitários. É o caso da Lísie Gonçalves, de 21 anos, estudante de Zootecnia na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ela frequenta esse tipo de evento e observa outras perspectivas. “Eu gosto desses eventos, sempre junto meus amigos pra irmos. Tem espaço pra todo mundo, não fica apertado e nem abafado. É bem diferente de qualquer outro lugar”, comenta.

Com apresentações de bandas, geralmente locais, exposições artísticas e artesanais, espaço para piquenique, tendas de lojas com moda jovial, tatuadores, venda de comida feita em casa, promoções de bebidas e outras inúmeras atrações (que variam de acordo com a organização), os eventos têm chamado a atenção de um número maior de pessoas, e embora o público seja, de maneira geral, composto de jovens universitários, os ambientes são adequados para todas as idades, inclusive crianças.

O horário dos eventos costuma ser extenso, começando no início da tarde e terminando no fim da noite, tornando-se acessível à maioria dos interessados. Eles acontecem, em geral, aos fins de semana. “O horário fica bom porque começa cedo, e aí facilita por ser bem mais seguro”, comenta Lísie.

São sempre gratuitos e sem limite de público, ocorrendo na frente do estabelecimento que organizou ou em praças. Assim, Pelotas amplia suas opções de lazer, além de movimentar e iluminar suas ruas aos sábados e  domingos. Um dos mais conhecidos é o Sofá na Rua, que volta a acontecer no dia 27 de agosto, na rua Conde de Porto Alegre, no bairro Porto, em Pelotas, das 14h às 22h.

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Entrevista: comediante rio-grandino fala sobre influências e planos

       Léo Oliveira em show de humor no New Pub                        Foto: Estúdio Deyver Dias/New Pub

 

Calvin Cousin

     Relacionamentos e termos que não devem ser utilizados em um texto jornalístico: estes são alguns dos aspectos que Léo Oliveira, comediante de stand up rio-grandino, utiliza em seu repertório de piadas. Após participar de eventos como o Rindo Afu – maior festival de comédia do Estado –, o Porto Verão Alegre e da 39ª Feira de Artesanato, Comércio, Indústria e Serviços do Rio Grande (Fearg), Léo foi contatado pelo Arte do Sul para que falasse sobre sua carreira e suas inspirações.

Arte no Sul – Poderias falar um pouco das tuas influências? Ao ver tuas redes sociais, nota-se que compartilhas postagens de vários comediantes de renome internacional.

Léo Oliveira – Eu conheci o stand up em 2007 através de um vídeo do Rafinha Bastos. Desde então, ele se tornou o comediante nacional que mais gosto e me identifico. Gosto das piadas que ele escreve e principalmente o modo como ele as entrega para a plateia. Nesta mesma esteira, por causa do Rafinha Bastos, eu descobri o Bill Hicks, um comediante americano que faleceu de câncer nos anos 1990. Ele era bastante polêmico para a sua época e tinha um texto que se você assistir hoje ainda está muito atual. A forma como ele enxergava a vida e conseguia por isto no palco fez eu também o considerar um espelho. Sou muito fã dele. Outro comediante que admiro muito é o Andy Kauffman, ele possuía uma comédia única que misturava o real com a fantasia, a vida particular dele com a vida de comediante. Ele tinha um poder de persuasão no palco e ideias geniais que até hoje podem não ser compreendidas. Para citar um exemplo, em seus shows a plateia queria que ele imitasse um personagem famoso que ele fazia em uma sitcom, mas ele preferia ler um livro sério em vez de fazer a graça esperada. Ainda pra citar alguns comediantes que sou fã, tem o Jerry Seinfeld, o Ricky Gervais, Sacha Baron Cohen, Louis C. K. e o Anthony Jeselnik.

AS – De onde surgiu a ideia de fazer stand up?

Léo Oliveira – Eu desde pequeno gostei de humor. Eu não lia gibis, lia livros de piadas. Sempre gostei de imitações e foi dessa forma que entrei no rádio em 2007, quando tinha 15 anos. Logo em seguida fiz teatro, participei de cursos e companhias de Rio Grande. Fiz programas de humor em canais de televisão locais. Mas o stand up seguia ali como um desejo, uma vontade. Meu primeiro show foi em 2008 no Teatro Municipal de Rio Grande. Foi bem ruim, tive duas risadas o show inteiro (dez minutos). Aí fui estudar mais, conheci comediantes do Estado e de fora pelo Orkut. Fiz um número em um bar somente em 2012, e foi quando dei um salto. Aí parei, voltei no fim de 2013, abri o show do Murilo Couto – “The Noite” – em Pelotas e, em 2014, tive minha primeira noite de Comédia em Rio Grande. Foi a primeira da zona Sul do Estado, os shows eram na Casa de Artes Mundo Moinho. Aí, nos anos seguintes, fiz shows em Porto Alegre e Caxias, vindo a conhecer o resto dos comediantes. Em 2016 produzi cerca de 10 shows no New Pub, todos com casa cheia e recebendo os melhores comediantes do Estado. Em 2017 fiz participação nos principais festivais de comédia do Rio Grande do Sul.

AS – Tu costumas seguir um roteiro fixo nos teus números ou tem muito improviso? Como te preparas?

Léo Oliveira – Eu monto no meu caderninho a ordem que vou contar meu set. Eu comecei a usar palavras-chave que vão me guiar. Por exemplo: Relacionamento. Aí coloco as piadas sobre este tema, usando também uma palavra-chave, ou seja, um tema principal e subtemas. Eu sou um comediante que usa do improviso, principalmente em shows em bar, onde existem pessoas conversando e, às vezes, não prestam atenção, atrapalham quem quer ver o show. Mas o improviso faz parte da minha persona no palco, até porque na época do teatro eu participei de um grupo de improviso. Em cada show eu tento usar as minhas melhores piadas e sempre ir encaixando alguma nova, deixando assim o texto todo costurado com as piadas e, assim, ir contando uma sucessão de fatos que aconteceram ou não na minha vida.

AS – Poderia dar um exemplo?

Léo Oliveira – Minha namorada fala que eu sou um príncipe. Quando eu ouvi a primeira vez fiquei pensando: coitado do cavalo (risos).

AS – E quais são teus planos para o futuro? Dar continuidade aos projetos que já participastes?

Léo Oliveira – Eu já participei de shows em Pelotas, Jaguarão, Caxias do Sul e Porto Alegre. Ano passado fiz muitos shows fora. Esse ano já fiz muita coisa fora de Rio Grande. O ano de 2017 tem sido muito especial, participei pela primeira vez do Porto Verão Alegre, fiz a abertura do show do Cris Pereira e participei do Rindo Afu. Além disso, participei de um festival em Caxias e outro em Sapiranga. Voltei no mês de junho a Porto Alegre para participar de mais uma edição do Rindo Afu. Aqui em Rio Grande apareceu o convite da direção da Fearg para participar da feira e realizar uma noite de Comédia. A resposta foi bastante positiva e o público foi muito bom. Estou ainda acertando detalhes para ter mais Stand Up Comedy em Rio Grande. Sobre futuro, eu tenho vontade de ir me apresentar em São Paulo, passar uma semana por lá realizando shows, até para ver como é. São Paulo hoje é o grande centro da comédia stand up no País. Em resumo, ainda tem muita coisa que eu quero e vou fazer.

AS – Muito obrigado, Léo!

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Crítica de série: The Crown – A realidade por trás da coroa

 

Produção relata conversas semanais de Elizabeth II com primeiro-ministro                                                                                       Foto: Divulgação/Netflix

Júlia Raupp Sassi

     Iniciando o ano com tudo, a série “The Crown” desbancou “Game Of Thrones” e levou para casa prêmios como o Globo de Ouro de Melhor Série Dramática e Melhor Atriz em Série Dramática. Com um orçamento de aproximadamente US$ 130 milhões para sua primeira temporada, a produção da Netflix é a série de TV mais cara da história. 

Como enredo principal, a série conta a história da rainha da Inglaterra, Elizabeth II, desde seu casamento com Philip. Ao longo de dez episódios, a criação de Peter Morgan revive os primeiros anos de reinado da monarca, desde a morte de seu pai, o Rei George VI. A atriz Claire Foy interpreta Elizabeth durante toda a temporada. Completam o elenco os atores John Lithgow (Winston Churchill) e Matt Smith (Príncipe Philip).

Muito bem amarrada à realidade, a série “The Crown” já foi agraciada pela verdadeira rainha, que assistiu aos episódios e se impressionou com a semelhança. Digna de premiação, a atriz Claire Foy, de 33 anos, parece-se de fato com a rainha. Por seus traços e seus gestos tão sutis, o olhar firme e ao mesmo tempo confuso durante o início de seu reinado. Ao mesmo tempo em que precisa ser uma rainha, Elizabeth é uma filha que recentemente perdeu o pai e a avó, e Claire sabe mesclar os sentimentos sem que pareçam improváveis.

A primeira série do streaming produzida no Reino Unido relata as conversas semanais de Elizabeth II com o primeiro-ministro Churchill, a recomposição do Reino Unido após a Segunda Guerra Mundial e o drama da princesa Margarida, irmã da rainha. Com uma personalidade extremamente diferente da irmã, Margarida é apaixonada por um homem casado e que trabalhava para seu pai. A rainha ainda se vê na posição de precisar liderar como tal e resolver dilemas familiares.

Além de todos os outros atributos da série, o que espanta é a familiarização dos atores com seus respectivos personagens. De acordo com o produtor, a segunda temporada será focada no Príncipe Philip, por sua complexidade. A temporada iniciará exatamente onde a primeira começou: entre os anos de 1956 a 1964. A previsão de estreia é novembro de 2017.

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“Na linha dos pés”: um documentário revelador

Filme ajuda a compreender a visão de mundo de uma criança com autismo

Diogo Funari Di Lucia

     O autismo é um transtorno de desenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social. Geralmente aparece nos três primeiros anos de vida, quando se nota nas crianças dificuldades em brincar de faz de conta, interagir e se comunicar. Com o crescimento, os sintomas mais comuns são a dificuldade em iniciar ou manter uma conversa e complicações na resposta a informações sensoriais.

O distúrbio, apesar de ser pouco comentado, é mais comum do que se imagina. Pensando nisso, alunos do curso de Cinema da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estão desenvolvendo o documentário “Na Linha dos pés” com o intuito de expandir o conhecimento sobre a patologia.

Documentário feito em Florianópolis acompanha dia a dia da vida de Heitor

“Na linha dos pés” é um documentário observacional sobre um menino com autismo chamado Heitor. Tenta mostrar a experiência dele com o ambiente através dos sentidos, e suas relações afetivas com pessoas próximas, em especial a sua mãe.

De acordo com Arthur Feltraco, um dos editores do documentário, a equipe teve a oportunidade de conhecer detalhadamente como funciona a visão de mundo de uma criança com essas dificuldades. Uma experiência completamente diferente de tudo que já haviam visto, resultando nesse filme ao passar para a tela as descobertas de mundo feitas de maneira única pelo menino.

O filme produzido por Lívia Arouche e Graziele Cardozo não pretende ser didático, adotando um ritmo calmo e um olhar sensível. Deve sobrepor as suas linhas àquelas trazidas pelos espectadores na apreciação do resultado nas telas.

O documentário foi gravado em Florianópolis no período de duas semanas e feito para ser entregue pelos alunos como trabalho prático de conclusão de curso, na faculdade de Cinema e Audiovisual da UFPel.

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“4:44” e a nova fase de Jay-Z

 

 

É o projeto mais intimista, pessoal e artesanal lançado por Jay-Z até agora      Foto: http://variety.com

Laura Marques

     Um Jay-Z que talvez não agradará qualquer fã de rap. Shawn Corey Carter,  lançou “4:44” no dia 30 de junho deste ano e com ele revelou a face mais humana do gangsta rap de antigamente. É o décimo terceiro álbum da carreira do rapper, projeto que dá seguimento à “Magna Carta – Holy Grail”, de 2013. Neste ponto da carreira, Hov, como também é conhecido, já é considerado uma lenda. Nascido em 4 de dezembro de 1969,  Jay aparenta estar tendo o melhor momento de sua vida – lembra pouco a figura intocável de outros álbuns.

A impressão é de que Jay fez “4:44” para ser honesto consigo mesmo e com seus fãs. É facilmente o projeto mais intimista, pessoal e artesanal lançado por ele até agora – de forma que a gravação dá ares de crua, inacabada – em um bom sentido. É como se o rapper estivesse fazendo freestyle por todos os 36 minutos e 11 segundos de música, de modo a contar uma história, passar uma mensagem.

Produzido por Dominic Maker, James Blake, Jay-Z e No I.D., a obra é totalmente diferente dos trabalhos que o rapper já lançou – não há hits de balada nem agressividade. Para se ter uma ideia, Hov foge totalmente de tendências produzidas por artistas do cenário de hip-hop atual como Migos e Future, por exemplo.

O álbum “4:44” é simples, direto, esquelético – muitas das faixas parecem ter sido resultado de outras recortadas – criando 13 músicas que mais lembram uma colagem sonora de feats, samples e versos. A estrutura das faixas é tão simples quanto – nem chega a quatro minutos de duração a grande maioria. 

A escolha por um som mais pé no chão fica clara nos samples, quando extrai um trecho de uma gravação e usa para a construção de uma nova música, e nos feats. Nina Simone, Stevie Wonder e The Fugees são alguns dos artistas que foram sampleados no álbum, sonoridade que se completa perfeitamente bem com os feats de Frank Ocean, Beyoncé e Damien Marley.

Jay-Z chama o ouvinte para dentro do álbum, de maneira que fica impossível não prestar atenção no que ele está falando. Temas que envolvem sua vida, como o luxo, sucesso financeiro, a paternidade, cultura negra, o rap e, talvez, o assunto mais polêmico, a infidelidade, são gritantes.

Em “4:44”, faixa número 5, Jay-Z pede desculpas abertamente a Beyoncé pela traição e demais erros que cometeu durante o relacionamento. Em entrevista à iHeart Radio, ele afirmou que o título da faixa é uma referência ao horário em que a escreveu. “Acordei literalmente às 4h44. É o título do álbum porque é uma música poderosa e acredito que é uma das melhores que já escrevi”.

Trecho:

“Eu vi a inocência deixar seus olhos

[…]

Peço desculpas a todas as mulheres

brinquei com suas emoções porque eu estava sem emoção

Peço desculpas porque no seu melhor você é amor

[…]

[Verso 3: Jay-Z]

E se meus filhos soubessem, eu nem sei o que faria

Se o olhar deles para mim não é mais o mesmo

eu provavelmente morreria com toda a vergonha

‘Você fez o quê com quem?’

Pra que um ménage à trois quando você tem uma alma gêmea?

[…]

Meu coração se parte esperando o dia que terei de explicar meus erros”

Em outra faixa de maior sucesso, “The Story of O.J” fala como na América do Norte não importa se você é rico ou pobre – se você é negro, ainda tem de lidar com o racismo diariamente.

“[Nina Simone]

A pele é, pele é

Pele preta, minha pele é negra

[Jay-Z]

Negro claro, negro escuro, falso negro, negro real

negro rico, negro pobre, negro da casa, negro do campo

Ainda negro, ainda negro

[…]

O.J disse: ‘Eu não sou preto, sou O.J’,

Ok!

Negro da casa, não tira comigo

Eu sou um preto do campo com talheres brilhantes

Quartos banhados a ouro onde os mordomos estão

Eu toco as esquinas onde os malandros estão

[…]

Negro claro, negro escuro, falso negro, negro real

negro rico, negro pobre, negro da casa, negro do campo

Ainda negro, ainda negro

Negro claro, negro escuro, falso negro, negro real

negro rico, negro pobre, negro da casa, negro do campo

Ainda negro, ainda negro”

Destaque para o clipe de “The Story of O.J”, vídeo que traz referências da escravidão e do sofrimento vivido pelo negro através de uma estética cartoon.

Faixas como “Bam”, colaboração com Damien Marley, traz a leveza do reggae pro álbum – assim como “Smile”, faixa de sonoridade gospel que relata a relação de Jay-Z com sua mãe.

“Caught Their Eyes”, a quarta faixa do álbum traz o feat de Frank Ocean e sample Nina Simone é outro ponto alto do álbum, sendo “Marcy Me” o momento mais pessoal de todo o projeto, em que o rapper fala de sua juventude, envolvimento com drogas e passado no Brooklyn.

Faixas:

  1. Kill Jay Z
  2. The Story of O.J.
  3. Smile (Ft. Gloria Carter)
  4. Caught Their Eyes (Ft. Frank Ocean)
  5. 4:44
  6. Family Feud (Ft. Beyoncé)
  7. Bam (Ft. Damian Marley)
  8. Moonlight
  9. Marcy Me
  10. Legacy
  11. Adnis
  12. Blue’s Freestyle/We Family (Ft. Blue Ivy Carter)
  13. MaNyfaCedGod (Ft. James Blake)

Confira alguns dos samples utilizados no álbum:

  1. The Story Of O.J

Usa sample de Nina Simone – “Four Women”

  1. Smile

Usa sample de Stevie Wonder – “Love’s in need of love today”

  1. Caught Their Eyes

Usa música de Nina Simone – “Baltimore”

  1. 4:44

Usa a música Hannah Williams – “Late Nights & Heartbreak”

  1. Family Feud

Usa música de The Clark Sisters – “Ha Ya”

  1. Bam

Usa Sister Nancy – “Bam Bam”

  1. Moonlight

Usa música de The Fugees – “Fu-Gee-La”

  1. Marcy Me

Usa Quarteto 1111 – “Todo Mundo e Ninguém”

No geral, “4:44” é muito mais um álbum para escutar nos fones ou em casa, em um momento de reflexão em que todos os detalhes possam ser notados. Jay-Z se mostra não só como um artista extremamente bem sucedido, mas também como um ser humano que possui problemas vividos por qualquer cidadão.

Não é qualquer fã de rap que vai apreciar a obra. O álbum “4:44” é para o fã hardcore de Jay-Z – e também para quem quer conhecer Shawn Carter.

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Dona Dinnah, o lado B da noite

Mariana Lealdino

     Inverno. Pelotas. Quando o sol se põe na cidade mais doce do Rio Grande do Sul, a vida noturna é convidativa. Happy Hour, balada, a noite pelotense, apesar de fria, não intimida os amantes de uma boa música.  

Ao entrar no pequeno “pub”, a primeira provocação é puramente gastronômica. Logo na entrada, o cheirinho de bolinho de bacalhau invade minhas narinas, provocando o sentido mais primitivo do ser humano: fome. Mas, logo em seguida, minha atenção se volta para as paredes, repletas de pequenos quadros, que vão de Beatles a Djavan. Das mais simples às mais refinadas bebidas, e uma coleção de embalagens de cerveja que faria qualquer colecionador passar “nervoso” de inveja. Pedi uma bebida, e, para minha surpresa, o quentão docinho veio servido em pequenas xicaras de porcelana, o que era no mínimo curioso, mas me ganhou pela criatividade.

Foco! Apesar de todas as distrações, eu tinha um objetivo para estar ali. Minha missão era entrevistar a banda Dona Dinnah.  Já acompanhava o trabalho deles há algum tempo (sempre cercada de companhias, algumas sóbrias e outras nem tanto) e para ser sincera, um pouco nervosa de passar de “mais uma da plateia que canta parelho com o vocalista” para “profissional séria com um objetivo a ser cumprido na noite”. Vai que eles me reconhecessem como uma de suas fãs e não topassem a entrevista?

E em parte meus receios se confirmaram quando o vocalista Eduardo Freda logo me identificou, porém, assim que expliquei o que estava fazendo ali, na hora ele topou a entrevista. Ufa! Me levando de encontro com o resto da banda, todos me receberam com a maior boa vontade e com sorriso no rosto.

Dez anos na estrada

O vocalista Eduardo Freda é um dos integrantes
Foto: Site Outro Sul – Coletivo de Produção Cultural

A Dona Dinnah nasceu há dez anos, começou com a proposta de fazer covers, hoje toca os diversos clássicos da música brasileira. A banda, que é composta por Alexandre Black, Rogers Lemes, Eduardo Freda, Fernando Silva, e Douglas Ribeiro, está em sua segunda formação.

Em um papo descontraído, eles contam que existe um movimento intenso no cenário musical em Pelotas. Ainda que as bandas underground na cidade tenham um acesso mais difícil às grandes casas noturnas, eles já conquistaram um espaço, e conseguiram atingir a um grande público em diferentes ambientes, inclusive em festas particulares.

Para uma banda que não toca o que “predomina” não só na noite pelotense, mas no cenário nacional, dez anos de história é um tempo considerável.  Quando pergunto qual o diferencial da banda, é o baterista Alexandre Black que responde rapidamente: “Ah, é a nossa energia. As releituras e o repertório, mas acima de tudo, a energia. Quando estamos no palco, a gente se diverte no trabalho. E o público sente isso”.

 E para esta humilde repórter isso ficava claro a cada minuto de conversa. Enquanto falávamos, as pessoas começavam a se aproximar, já dando a impressão de que o ambiente talvez pudesse não ser grande o suficiente. “Nós temos amigos no cenário musical, que já nos presentearam com a composição de músicas em homenagem à Dona Dinnah, por que a banda traz uma música mais alternativa na noite, que faz as pessoas dançarem e se divertirem”.   

A banda também já foi citada na música da banda FreaK Brotherz, “Da Dom Pedro a Joaquim”. Outro grupo underground pelotense, que é referência na região.

Quando pergunto sobre as dificuldades nesse mercado musical, eles respondem que como trabalham com um som que, apesar de fazerem a alegria da galera, tem um repertório mais “lado b”, isso acaba limitando o acesso às casas noturnas. “Apesar de tocarmos clássicos, artistas renomados da história da música brasileira, ainda é difícil entrar nos espaços. Nós tocamos Tim Maia, Jorge Benjor, e ainda assim não conseguimos atingir certos locais, o que revela um empobrecimento da cultura musical, não só em Pelotas, mas no Brasil. E isso afeta toda banda que queira trabalhar com o lado B. Nós “nadamos contra a maré”, estamos tocando há dez anos, nós vamos continuar fazendo música, até onde der. Pelotas ainda favorece muito por ter uma cena alternativa muito forte e que procura viver outros estilos. E nós temos um público muito fiel e diverso. Tocamos em aniversários, formaturas, nossa faixa etária é muito variada, mas ainda predomina um público mais adulto, uma galera que não só quer ‘balançar’, nosso público é uma galera que quer ‘balançar’ pensando. “

Para finalizar, pergunto dos planos para a banda, e para minha surpresa, dizem que estão trabalhando em sons autorais e também videoclipes. Encerrei minha entrevista querendo falar mais, porem o horário não permitia, eles já iriam começar a tocar, me despeço já guardando papel e caneta com a sensação de dever cumprido e na certeza que mais uma vez, lá estaria eu, na plateia.

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Concurso Nacional Novos Poetas 2017

     Estão abertas as inscrições para o Concurso Nacional Novos Poetas – Prêmio CNNP 2017. Podem participar do concurso todos os brasileiros natos ou naturalizados, maiores de 16 anos.

Cada candidato pode inscrever-se com até dois poemas de sua autoria, com texto em língua portuguesa. O tema é livre, assim como o gênero lírico escolhido. Serão 250 poemas classificados.

A classificação dos poemas resultará no livro, Prêmio CNNP 2017: Antologia Poética. Estimulando a nova poesia em sua forma e conteúdo, o certame promove a liberdade de criação. As inscrições são gratuitas até o dia 5 de de setembro pelo site. A realização é da Vivara Editora Nacional, com apoio cultural da Revista Universidade.

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O feminino na aquarela e tatuagem de Bruna Britto

Bruna Britto realizou sua mostra individual “Des manchar” em 2014

Mariana Florencio

     Uma jovem artista natural de Pelotas que vive e trabalha como pintora e tatuadora. Bruna Britto, graduada no curso de Artes Visuais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), compreende-se como artista desde a infância. Seu mundo sempre foi coberto por cores, criatividade e celebração da vida, assim como suas artes em aquarela e suas tatuagens inspiradoras.

A arte sempre esteve em volta do cotidiano da artista, mas foi na faculdade que Bruna descobriu sua paixão pela pintura e desenhos em aquarela. Esse tipo de arte é expressiva, cheia de cor e vida, e é exatamente isso que a obra de Bruna transmite. Já a tatuagem é uma forma mais desvalorizada de arte, mas cujo reconhecimento vem crescendo muito nos últimos tempos. Quando questionada sobre isso, Bruna diz que mudou muito desde que começou. Hoje direciona o seu trabalho para um público que já consegue ver a tatuagem como outra forma de arte, tanto pela expressão artística, quanto pela valorização da arte do tatuador. Sobre ser tatuadora, Bruna diz que foi a tatuagem que a escolheu. Desde seu primeiro trabalho, não conseguiu mais parar, apaixonando-se por essa forma de arte.

A artista então divide seu tempo entre a pintura e a tatuagem. Suas artes são inspiradas no mundo feminino, trazendo toda suavidade e leveza desse universo. Bruna transmite em seu trabalho as experiências da própria vida e das mulheres que a cercam. “Sempre fiz minha arte de forma sincera, e sempre expressei o que sinto, uso a arte como uma forma de ‘botar para fora’ o que está dentro de mim”, comenta.

Suas obras encantam tanto que Bruna já participou de diversas exposições coletivas, e a honra de ter a sua própria exposição. “Des manchar” foi o nome da sua mostra individual, que ocorreu em 2014, na Mercardo Skate Shop, reunindo diversas obras em aquarela. Para ela, esse foi um dos momentos mais marcantes de sua carreira. “Foi muito gratificante e um processo de muito autoconhecimento produzir uma exposição sozinha”, diz a artista.

Atualmente, Bruna deu uma pausa na pintura para se focar na tatuagem. Ela possui seu próprio estúdio na cidade, que demanda muito trabalho para se manter. “Não é fácil ser autônoma e mulher nessa sociedade, ainda mais trabalhando com algo que ainda é muito marginalizado”, comenta. Porém, isso não é motivo para desmotivar Bruna, ela divide seu tempo entre Pelotas e Porto Alegre, onde tatua uma vez ao mês. E, em junho, ela passou um mês em Recife, onde foi convidada para trabalhar. Aos poucos, Bruna vai conquistando o mercado, mostrando cada dia mais que a tatuagem pode ser sim uma forma de arte.

Bruna ama viajar e levar seu trabalho a diversos lugares, mas ama ter seu lugar em Pelotas. Para ela, Pelotas é, culturalmente falando, um ótimo lugar, onde há uma grande movimentação e artistas bons, focados e trabalhando duro. Para quem deseja conhecer mais sobre seu trabalho pode conferir sua página no Facebook , ou passar no seu estúdio de tatuagem na Rua Voluntários da Pátria, 678.

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Clipe de Zudzilla e Zilla Sonoro: “NÃO”

Perfomance de Zudzilla e Zilla Sonoro quebra limites do som convencional      Foto: YouTube

Eduardo Uhlmann

      “Um monólogo, de duas pessoas ocupando o mesmo lugar de fala, interagindo com a persistente e desafiadora resposta negativa que o instrumental apresenta, e que reflete a posição da sociedade frente as iniciativas – reprimidas, de uma parcela da mesma, que encontra as portas do mundo fechadas pelo conservadorismo.

 Os dois MC’s tentam driblar os constantes “NÃO’s” da vida enquanto desenvolvem suas ideias num espaço que pouco as aceita.”

Este é o texto de apresentação do clipe “Não” de Zudzilla e Zilla Sonoro. E realmente, o vídeo consegue repassar essa ambientação através de seus elementos. Ele foi produzido pelo Mauricio Nerva, da Crewative Cool Stuff e tem como instrumental o beat do Theo Franklin.

Em 2015, Zudizilla foi apontado como um dos pioneiros do rap nacional, é artista plástico e designer, e o último trabalho lançado foi no final do mesmo ano, o álbum “Faça a Coisa Certa”. Ele define esse momento como uma etapa de aperfeiçoamento. “Eu estava tentando desconstruir a minha própria forma de escrever e de fazer som,” lembra.

 Zilla Sonoro, um hamburguense que começou sua jornada no rap em 2003, na cidade de Esteio, já desponta como um dos grandes nomes da cena local pelotense. Em uma entrevista, já declarou que encontrou em Zudzilla alguém que tinha ideias parecidas e que falava de maneira próxima a sua.

A princípio, inexistia a previsão de a música “Não” entrar em um álbum, muito menos ter um clipe. Ela foi fruto de uma construção entre estes dois artistas. “Eu mostrei pro Zilla a track e ele curtiu. Escreveu umas linhas e eu pirei muito. Achei maneiro porque me lembrou do minimalismo, eu gosto muito do minimalismo do rap”, descreve Zudzilla.

O vídeo da música conversa bastante com a mensagem que eles tentam passar na música. Porém, é simples e direto para não confrontar a complexidade da letra. Ele foi gravado na rua Gonçalves Chaves em Pelotas, e mostra os dois artistas escorados em um canteiro de flores, tomando cerveja, como se estivessem descontraídos trocando uma ideia.

“Não” tem elementos sonoros que remetem às formas mais básicas de fazer beat e fazer rap, sem seguir a fórmula verso-refrão-verso-refrão, desconstruindo a progressão que muitos artistas vêm tomando em suas produções. “Meu tom de pele escuro fez-me invisível e anônimo/Quase uma sombra viva no fundo do busão”, diz a letra.

Essa linha sintetiza o pensamento que é costurado na música, a caracterização do sentimento de exclusão. Esse sentimento é reforçado pelo título da obra e também pelo beat repetidas vezes ecoar a palavra “Não”, enquanto os artistas tentam expor suas ideias.

Então, o som vem como uma resposta aos “nãos” impostos pela sociedade, por que qualquer tipo de exclusão sempre deve ser questionada.

Os dois rappers tentam, através das rimas, discorrer sobre ser negro em uma sociedade racista e excludente, e mostrar a dificuldade de fazer rap no Rio Grande do Sul.

“Driblar esses não’s com a rima é a nossa forma de resistência. Essa é mais uma música na luta pelo respeito”, anuncia Zilla Sonoro.

Enfim, dá play e curte ai!

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Sucesso na primeira noite de stand-up da Fearg

 

Noite de humor teve o carisma de  Gil Lisboa, Thiago Oliveira  e Léo Oliveira

Fernanda Cadaval

    

Aconteceu no dia 11 de julho a primeira noite de Stand- Up Comedy da 39ª Feira de Artesanato, Comércio, Indústria e Serviços do Rio Grande (Fearg). Durante o evento se apresentaram os comediantes Gil Lisboa de Porto Alegre e Thiago Oliveira de São Paulo e o rio-grandino Léo Oliveira que também se apresentou e comandou a noite.

A atração foi realizada no Palco Teatro da Feira e contou com boa presença do público, algo que surpreendeu o organizador do evento. “Por ser uma terça-feira à noite e em uma cidade que ainda não vive a cultura do stand-up comedy, me surpreendi com a presença desse público, eu realmente não esperava que chegaríamos a esse número”, ressalta Léo Oliveira. Segundo a organização da 39ª Fearg, estiveram presentes ao evento mais de 100 pessoas.

EM SOLO RIO-GRANDINO

Acostumado a se apresentar fora da cidade, o comediante e também radialista e repórter Léo Oliveira comenta sobre o desafio de se apresentar na cidade do Rio Grande e de poder ter feito parte da programação de um dos eventos mais tradicionais do município, como a Fearg. “Sempre fico mais nervoso ao me apresentar em Rio Grande, aqui todo mundo me conhece e a expectativa de fazer as pessoas rirem parece ser maior. Posso dizer que me sinto mais pressionado, mas também muito feliz”, considera Léo.

Sobre a responsabilidade de trazer esse estilo de comédia para a cidade, o comediante afirma que é desafiador, mesmo apesar das dificuldades encontradas, como um lugar adequado para esse tipo de apresentação, tanto a cidade como donos de estabelecimentos vêm mostrando um interesse maior por esse gênero. “Poder trazer o stand-up para Rio Grande e ver que o público vem nos últimos tempos respondendo de forma positiva é gratificante e me dá energia para segui buscando espaços para futuras apresentações”, afirma o comediante.

Os dois convidados da noite eram só alegria com o retorno do público. “Fazer uma noite de stand-up dentro de uma feira em uma cidade do interior é um desafio muito grande e ainda sair daqui com o retorno do público foi muito gratificante’, menciona Thiago Oliveira. Já o guri da comédia, como é conhecido o jovem Gil Lisboa diz ter se surpreendido com a presença e a participação do público durante o show e que sempre é muito bom voltar a Rio Grande.

DANDO RISADA

De acordo com a organização da 39ª Fearg, o evento correspondeu à expectativa e ponderou ainda a importância de trazer atrações que renovem a programação do evento. “A primeira noite do stand-up foi um sucesso, mesmo sendo um dia no começo da semana, o público veio prestigiar as apresentações. Essa foi a primeira vez que trazemos esse tipo de evento para dentro da Feira e o resultado foi maravilhoso. Além disso, precisamos trazer inovações nas atrações para que o público de todas as faixas-etárias se sinta contemplado pela programação”, afirma Ilda Veiga, presidente da Feira

Sentada na primeira fila do teatro, Kátia Patzdorf conversou com a reportagem do Arte no Sul sobre suas impressões da apresentação. “Achei o show muito bom, é importante termos momentos de descontração e alegria. Hoje vivemos focado no trabalho e nas preocupações do dia a dia, então poder sentar e assistir um show que te faça rir e relaxar é maravilhoso”, ressalta a espectadora.

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