Filme “A História Verdadeira” fala sobre dilemas dos jornalistas

História aborda de questões éticas e pontos psicológicos que afetam os profissionais da imprensa      

Por Antonio Berndt     

 

 

O filme “A História Verdadeira” (“True Story”) aborda temas instigantes. A procura pela veracidade, a ética na profissão jornalística e a maneira como indivíduos carismáticos conseguem distorcer histórias são assuntos significativos e pertinentes. O filme traz reflexões sobre os temas complexos da manipulação, a busca pela verdade, a ética jornalística e a natureza ambígua do comportamento humano. Inspirada em acontecimentos reais, a história utiliza a tensa relação entre o jornalista Michael Finkel (Jonah Hill) e o criminoso Christian Longo (James Franco) para explorar as questões que repercutem nos dilemas morais e psicológicos.

Coincidindo com o título do filme, a busca é pela verdade e questionar essa “verdade” em um mundo, muitas vezes, distorcido por interesses pessoais. Michael Finkel, um jornalista desgraçado por manipular informações em suas reportagens, encontra uma chance de redenção profissional com a história de Christian Longo, um criminoso acusado de assassinar sua família. Neste caso, a verdade é menos um ideal do que uma ferramenta de sobrevivência – seja para reconstruir uma carreira ou escapar à penalidade criminal.

 

 Há constante tensão na conversa entre o jornalista Michael Finkel (Jonah Hill) e o criminoso Christian Longo (James Franco)        Fotos: Divulgação

 

O filme enfatiza que a verdade não é uma entidade objetiva, mas uma construção frágil, moldada pelas pessoas que a contam. Christian Longo manipula Finkel, fornecendo trechos de sua história para manter o controle da narrativa, enquanto Finkel busca um novo começo e ignora sinais óbvios de engano. Esta relação constitui um espelho para o mundo contemporâneo, em que as narrativas dominam a percepção pública, muitas vezes em detrimento dos fatos.  A questão central está na simplicidade com que a verdade pode ser distorcida em função de interesses pessoais. Isso não apenas evidencia uma fraqueza do ser humano, mas também ressalta os riscos inerentes às dinâmicas de poder, em especial na imprensa, em que as narrativas são tratadas como produtos à venda.

Outro ponto que é abordado de forma clara é a ética jornalística. Finkel, que anteriormente sacrificou a integridade em prol de uma boa história, encontra-se agora numa posição delicada. Ele escolheu trabalhar com Longo mais pela chance de obter um furo de reportagem do que por um compromisso real com a verdade. Esta relação levanta questões preocupantes sobre o papel dos jornalistas: até que ponto a busca pela relevância compromete a ética?

E é nisso que entra a questão, que é muito destacada, que é o impacto social da mídia sensacionalista, que muitas vezes prefere o espetáculo à verdade. Longo percebe isso e manipula não só Finkel, mas também quem assiste ao filme, transformando-se em uma figura complexa que oscila entre vítima e vilão.

A dinâmica entre Finkel e Longo é o cerne do filme, quase como um duelo psicológico. Embora Michael acredite que contar a “história verdadeira” de Longo possa ser a sua oportunidade de redenção pública, ele vê-se cada vez mais manipulado por um assassino que explora a vulnerabilidade do jornalista em seu próprio benefício. O desejo de Michael de reconstruir a sua imagem cega-o para a verdadeira natureza de Longo, revelando como a busca pela redenção pode ser explorada e distorcida. A redenção em “True Story” é questionada em vários níveis.

 

O acusado de assassinato Longo tenta convencer o jornalista e os espectadores do filme quanto à sua versão dos fatos

 

É uma obra que provoca o público a ponderar sobre dilemas éticos e morais, especialmente no que tange ao poder das narrativas e à vulnerabilidade da verdade. A interação simbiótica entre Michael Finkel e Christian Longo serve como uma metáfora perturbadora para um mundo em que a manipulação e a busca por espetáculo frequentemente eclipsam a essência das coisas, sua forma de abordar os temas é rica e provocativa.

Veja o trailer oficial: 

Ficha técnica

Gênero: Drama/Suspense

Direção: Rupert Goold

Roteiro: David Kajganich, Rupert Goold

Elenco: Jonah Hill, James Franco, Felicity Jones, Maria Dizzia, Ethan Suplee, Gretchen Mol, Betty Gilpin, Seth Barrish, Robert Stanton, Michael Countryman

Produção: Dede Gardner, Anthony Katagas e Jeremy Kleiner

Fotografia: Masanobu Takayanagi

Trilha Sonora: Marco Beltrami

Duração: 110 min.

Ano: 2015

País: Estados Unidos

Classificação: 16 anos

Onde assistir: Pela assinatura das plataformas de streaming Disney e Prime VIdeo

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Música de orquestra para todos

Projeto de extensão  Estudos em Performance e Práticas Musicais Coletivas visa diminuir a distância entre o erudito e o popular           

Arthur dos Reis Rezer e Vitória Scheffer          

A acessibilidade da música característica da cultura erudita – músicas de câmara, sinfonias, quartetos, concertos, etc. – é uma problemática que acompanha as nossas sociedades desde a época medieval. A elitização de certas manifestações artísticas e a marginalização de outras representa uma barreira extrema entre diferentes status sociais. Assim, a atitude de indivíduos e instituições pode propor maior acesso às artes “cultas”, diminuindo essa distância. Um exemplo disso são os projetos de extensão desenvolvidos pelo Curso de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que visam aproximar a cultura musical erudita da comunidade local, fortalecendo o diálogo entre a universidade e a população.

 

                   Ensaio de “Pressentimento”, composição de Henrique Guerreiro com base no poema de Rutnea Guerreiro               Foto: Youtube Camerata UFPel

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O projeto de extensão  Estudos em Performance e Práticas Musicais Coletivas na UFPel  foi fundado pelo professor Tiago Sabino Ribas, com o objetivo de promover a performance e a contemplação de músicas tocadas por instrumentos eruditos, de pouco acesso a grande parte da sociedade. Foram muito executadas músicas barrocas, como obras dos compositores Bach e Vivaldi, frequentemente tocados em formações de “Música de Câmara”. Este termo tem origem no italiano “musica da camera”, que significa “música de quarto”. Refere-se ao ambiente privado em que essas composições eram originalmente executadas, como salões ou aposentos de nobres e aristocratas, cuja regência, ou seja, um maestro, é dispensável e pouco comum. Hoje em dia, a música de câmara continua mais presente em apresentações de grupos menores de instrumentistas.

A partir da saída do professor Ribas da UFPel, o projeto estava sem um responsável e maestro para continuar com as atividades. No entanto, os alunos do curso continuaram demonstrando interesse na participação como músicos integrantes, e se propuseram a criação de um novo grupo. A Camerata UFPel, com aval da professora Luciana Elisa Lozada Tenório do curso de Música, e organização da aluna do curso Música Licenciatura, Bruna Silva Monteiro, é um grupo musical com 13 integrantes no momento.  Está iniciando suas atividades musicais voltadas para a região de Pelotas.

A proposta visa justamente estudos, ensaios e exibições relacionados à música de câmara, por isso o nome Camerata. Com violinos, violas, violoncelos e um contrabaixo acústico, o grupo musical, embora recente, já está verdadeiramente pronto para apresentações no cenário cultural de Pelotas.

Com ensaios semanais no prédio do Centro de Artes da UFPel, a Camerata envolve desde músicas originais a artistas desconhecidos até os tradicionais da música de câmara. Com três publicações na sua página do YouTube, o projeto ainda busca alcançar novas barreiras e propagar a cultura musical em novos ambientes.

 

A Camerata UFPel na sua reprodução da música “Mourão”, de César Guerra-Peixe    Foto: Youtube Camerata UFPel

 

Com a proposta de expandir suas atividades, a Camerata UFPel projeta um futuro promissor, com iniciativas que integram outras artes e buscam parcerias dentro da própria Universidade. O desejo de unir grupos como o coral, o conjunto de choro e o grupo Iluminuro, do Bacharelado em Música, reflete a importância do trabalho colaborativo na formação musical e na ampliação do repertório cultural em Pelotas

Além de fomentar a música em conjunto, a experiência proporciona um ambiente de crescimento coletivo e superação, incentivando os músicos a enfrentarem o desafio de tocar em grupo e a compartilharem suas práticas com a comunidade. Em um cenário em que a acessibilidade à música erudita ainda enfrenta barreiras, projetos como a Camerata UFPel se destacam como um elo fundamental entre a universidade e a sociedade, garantindo que a cultura musical alcance novos públicos e inspire novas gerações de artistas e ouvintes.

Com o apoio contínuo de alunos, professores e colaboradores, a Camerata pretende não apenas crescer regionalmente, mas se consolidar como um espaço essencial para a prática e valorização da música de câmara.

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“Aves do Sul”: a beleza das aves em registros fotográficos

Projeto criado em 2013 vem tendo continuidade com os encontros de birdwatching, que reúnem admiradores da vida silvestre   

Por João Miguel Rico Donini   

A fotografia é algo fascinante, com ela podemos registrar tantos momentos, sejam bons ou ruins, é uma arte atemporal. Foi através dela que Raphael Kurz Clasen de Oliveira, de 34 anos, conseguiu mostrar o seu trabalho ao mundo. Raphael era um estudante de Biologia, que trabalhava na Associação Rural de Pelotas, onde acompanhava de perto muitos animais. E, nesse tempo, apaixonou-se pelos pássaros, encantando-se com as cores e a diversidade de espécies que via no seu trabalho.

Por conta disso, comprou uma câmera, com o intuito de fotografar as aves e já pensando em como fazer as pessoas de Pelotas conhecerem a biodiversidade que está presente na região. Criou o projeto “Aves do Sul”, em 2013, um meio para tornar conhecidos os seus registros fotográficos. “Eu fiquei fascinado pelas aves, eu queria compartilhar esses registros para fazer mais pessoas conhecerem esse mundo”, recorda Raphael. Até este momento, ele não tinha nenhuma relação com a fotografia, mas foi através dela que encontrou uma forma de expressar o seu sentimento.

 

Raphael Kurz é o criador do projeto “Aves do Sul”

 

A paixão pelas aves já existia, já havia os registros fotográficos, mas em 2019 Kurz deu um passo maior. Transformou o “Aves do Sul” em um projeto de birdwatching, reunindo assim diversos amantes da vida dos pássaros para expedições no bioma Pampa, que, no Brasil, é exclusivo do Rio Grande do Sul. Para quem não sabe, o birdwatching, na sua tradução livre, significa observação de aves.

 

O tucano-de-bico-verde é uma das belas espécies observadas na região       Fotos: Raphael Kurz

 

A vida selvagem é sempre um mistério, por isso, para fotografar nesses locais é preciso tomar cuidado. “Se for para uma área aberta, tem que cuidar muito a questão do sol, proteger-se, a questão de cobras também, a natureza é um ser vivo. Em todos os momentos. temos que estar ligados, seja para não cair, para não tropeçar, não cair na água, como já aconteceu com alguns clientes, ao afundarem na lama, os cuidados são os mesmos que se for fazer uma trilha”, alerta Kurz.

 

Um maguari flagrado no momento em que captura uma cobra 

 

Tendo a fotografia como um instrumento de trabalho e de expressão estética, Raphael virou referência no assunto em todo o País. Os seus registros apresentam, com muita beleza, diferentes espécies de aves, diversas informações sobre as mesmas e, até mesmo, vários locais que não são tão conhecidos, por serem de difícil acesso.

 

O sanhaço-papa-laranja colore a paisagem com a sua presença

 

Raphael é um grande artista e conseguiu concluir com seu objetivo lá de 2013, que era mostrar a sua paixão para o mundo e fazer com que mais pessoas conheçam as aves e sua beleza. Hoje ele é um dos maiores nomes do birdwatching, cultura que vem crescendo muito nos últimos anos, e também da fotografia de aves, que apesar de serem coisas diferentes, caminham muito bem juntas. Fazendo uma analogia ainda ao mundo animal, o birdwatching e a fotografia são como os personagens do desenho animado de Disney “Timão e Pumba”. Funcionam separados, mas juntos são garantia de sucesso. Todos os registros de Raphael estão presentes na sua página no Instagram,  no seu site e no Wiki Aves, que é o maior portal sobre aves do Brasil.

 

O momento fascinante do voo  da marreca-colhereira foi eternizado pelas lentes de Raphael Kurz

 

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Espetáculos do curso de Dança da UFPel reforçam função social da arte

Montagens ‘’O ritmo do cotidiano’’ e ‘’Coisas que eu queria te dizer’’  tratam da expressividade de pequenos gestos do dia a dia e da comunicação nas relações familiares       

Por Clarisse Ribeiro        

  

Espetáculos dirigidos por Mariana Martins e Francine Sampaio buscam proporcionar novas experiências tanto ao elenco como ao público            Foto: Larissa Borges

 

Nos últimos meses, especialmente em outubro, os palcos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foram marcados pelas montagens dos espetáculos de dança ‘’O ritmo do cotidiano’’ e ‘’Coisas que eu queria te dizer’’, dirigidos pelas alunas do curso de Dança Mariana Martins e Francine Sampaio. Combinando arte, poesia e emoção, essas realizações proporcionam aos alunos da UFPel e aos espectadores uma experiência única. Além de socializar com o público, os estudantes têm a oportunidade de se tornarem diretores de suas próprias obras, aprimorando suas habilidades em diferentes contextos de trabalho.

 

Coreografias remetem aos nossos hábitos corporais da vida diária               Foto: Gabriele Winkel

Com a dança atuante como meio de expressão, as montagens se tornam uma forma de refletir a sua função na sociedade. A proposta de ‘’O ritmo do cotidiano’’, de acordo com a diretora Mariana Martins, procurou aproximar os espectadores da arte da dança por meio do reconhecimento dos movimentos do dia a dia. Ela recorda que a escolha do tema da montagem surgiu a partir das experiências que teve em estágios durante o curso, com atividades voltadas para dança a partir de movimentos que podem ser observados nas rotinas diárias. “Dessa forma, pretendeu-se oportunizar reflexões acerca de que todo corpo é capaz de dançar’’, explica Mariana.

Ao trabalhar com movimentos rotineiros e com um elenco formado majoritariamente por pessoas iniciantes na dança, a diretora procurou oportunizar uma vivência diferente e inovadora ‘’Ter essa experiência foi muito importante para mim, principalmente por enxergar nos corpos em cena a potencialidade no dançar de cada uma e conseguir proporcionar que as próprias intérpretes-criadoras se reconhecessem como pessoas que dançam’’, diz.

Além disso, pessoas de outros cursos também participam das montagens. Para Anita Manzke, parte do elenco e aluna do primeiro semestre de Teatro, o espetáculo encoraja as pessoas que, por algum motivo, acreditam que não podem dançar: ‘’Quando a gente mostra que, sim, todos nós dançamos na nossa rotina, que tudo à nossa volta pode virar dança, abre-se um espaço para as pessoas se sentirem confortáveis e enxergarem que, sim, todos nós podemos estar nesse contexto de dança’’, comenta Anita.

O espetáculo buscou aproximar o público da arte e, dessa maneira, reafirmar o papel social da dança nos detalhes, proporcionando um novo olhar e, para Gabriele, uma das espectadoras, o espetáculo oferece uma nova perspectiva: ‘’Obtive uma nova percepção sobre a dança. Consegui notar que ela está no nosso dia a dia, em nossa rotina e em pequenas coisas,’ conta.

 

Público é motivado sobre relações familiares e comunicação desde a chegada na sala de apresentação  Foto: Larissa Hönke

 

Por outro lado, ‘’Coisas que eu queria te dizer’’ aproxima seu público de uma perspectiva sobre a contemporaneidade com sensibilidade e uma reflexão sobre a comunicação. Para Francine, diretora do espetáculo, a forma moderna de se comunicar pode ser restrita e insuficiente: ‘’O meu objetivo é fazer com que as pessoas, os espectadores e o público reflitam sobre a escassez da comunicação entre as pessoas hoje em dia por conta das tecnologias que acabam criando uma bolha. E aí a gente deixa de falar para as pessoas o que a gente sente, o que a gente percebe, o que a gente vê, o que a gente não vê’’, explica Francine.

Ao explorar as cartas como meio de comunicação, a diretora revisitou sua infância e sua dinâmica familiar em momentos difíceis A escolha do tema está relacionado aos problemas de comunicação entre os familiares. Ela e sua mãe começaram a trocar cartas na tentativa de melhorar esse ponto. “Então, as minhas partes artísticas da faculdade sempre foram em relação à minha família, à minha vida, uma coisa mais pessoal.’’, conta.

 

Participam das montagens também estudantes de outros cursos além da faculdade de Dança      Foto: Larissa Borges

 

Além disso, para aumentar a interação com seu público, Francine, em parceria com sua orientadora Josiane Corrêa, solicitou uma senha para a entrada do público nas salas de apresentação dos espetáculos.  Para assistir, como forma de ingresso, foi necessário escrever uma carta com coisas que nunca foram compartilhadas com alguém. ‘’Como o espetáculo fala sobre cartas, e eu tenho as cartas presentes na minha montagem, nós decidimos fazer de um outro formato, que não seja o óbvio’’, explica.

A montagem explora os sentimentos e a comunicação de todas as maneiras, inclusive em suas músicas e narrações, sendo uma oportunidade de entendermos a sociedade e seu comportamento ‘’Então, a Francine explorou a escrita de cartas, instigando o elenco a narrar memórias afetivas, criou coreografias que buscam ‘falar com o corpo’, selecionou músicas que comunicam mensagens importantes na visão dela, entre outras possibilidades’’, destaca a orientadora Josiane. ‘’Considero interessante refletir sobre o trabalho dela, pois experimentar diferentes modos de se comunicar faz com que mais pessoas possam receber e recriar as informações disponibilizadas’’, diz.

Assim, cada montagem exerce o seu devido papel de expressividade, alcançando o objetivo de impactar e conscientizar o público, tanto em relação ao cotidiano quanto à comunicação. Até o momento, as próximas montagens e apresentações dos semestres seguintes do Curso de Dança da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) ainda não têm data para acontecer, mas são muito aguardadas, tendo em vista estas realizações!

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Natal Serra do Sul 2024 em Canguçu

De sábado a terça-feira a programação traz várias atrações  e concurso de decoração

Por Lylian Santos 

      

Luzes, cultura e união marcam o início das celebrações do Natal Serra em Canguçu         Foto: Hérick Lüdtkw

 

O Natal Serra do Sul 2024 acontece entre os dias 20 e 23 de dezembro em Canguçu. A programação inclui apresentações culturais, shows musicais e a tradicional chegada do Papai Noel, que acontecerá diariamente às 19h, na Praça Dr. Francisco Carlos dos Santos.

Na sexta-feira (20), a abertura oficial será marcada pelas apresentações do GDF Bauernkreis, da cantora Marina Hassan e da banda Virou Maniah. No sábado (21), o público poderá conferir o recital do Home Studio (Espaço Musical) e o show de Cristiano Vieira e Banda.

O domingo (22) traz como destaques os Guerreiros de Cristo, o cantor Thiago Fonseca e a dupla Bruninho e Omar. Já na segunda-feira (23), último dia do evento, as atrações incluem as alunas de canto de Marina Hassan, o Grupo de Canto Alegrai da Igreja Bom Pastor, Charles Busker & Lets Ollem e a banda Jukebox.

 

A cidade celebra o Natal com várias atrações musicais para moradores e visitantes     Foto: Prefeitura de Canguçu

 

2º Concurso Natal Serra do Sul Iluminado

Além da programação artística, a Prefeitura de Canguçu, por meio da Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura (SMEEC), lançou o 2º Concurso Natal Serra do Sul Iluminado. O objetivo é resgatar o espírito natalino e valorizar a cultura local, incentivando a comunidade a criar decorações que reforcem valores como fraternidade, justiça e solidariedade.

As decorações inscritas serão avaliadas com base em critérios como Espírito Natalino, Criatividade, Iluminação e Identidade Visual. O resultado será anunciado no dia 23 de dezembro, durante o encerramento da programação na Praça Dr. Jaime de Faria. Os vencedores receberão prêmios e terão suas criações divulgadas nas redes sociais oficiais da Prefeitura.

 

               Praça receberá o Papai Noel todas as noites às 19h               Foto: Giales Raí

 

Celebração natalina para toda a família


Com entrada gratuita, o Natal Serra do Sul 2024 promete reunir famílias em um ambiente festivo e encantador, com decoração especial e uma programação variada. A celebração busca garantir que a magia do Natal alcance todos os moradores e visitantes de Canguçu.

Confira a publicação da programação na página da prefeitura Municipal de Canguçu no Instagram.

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“Nossos Sonhos” através de coreografias e música

Academia Corpo & Dança apresenta espetáculo no Theatro Guarany na próxima terça-feira   

Por Paulo Pereira da Silva     

 

No ano passado, a mesma escola apresentou o espetáculo “Vozes” também no Theatro Guarany        Fotos: Divulgação

 

A Academia Corpo & Dança levará para o palco do Theatro Guarany, em Pelotas, o espetáculo ”Nossos Sonhos”, com a intenção de mostrar ao público, através da dança, nossos anseios mais profundos, numa noite que promete uma viagem ao mundo lúdico. A apresentação será na próxima terça-feira, dia 17 de dezembro, às 21h.

“Na infância muitos sonham com fadas, em ser super-heróis, também com monstros aterrorizantes, à medida que vamos crescendo nossos sonhos se transformam em desejos; como uma carreira profissional, aquela viagem incrível, muitos sonham com bens materiais.

Os sonhos podem refletir os nossos medos, nossos desejos mais ocultos, podem nos revelar verdades e nos dar força para seguir em busca de um ideal.

Nossos sonhos podem ser ainda maiores do que conseguimos imaginar, podemos todos sonhar ou sonharmos juntos, por um mundo mais justo, com mais paz, igualdade, respeito, sonhar com mais amor.

Nunca deixe de sonhar, mais importante que correr atrás de um sonho é nunca desistir dele.”

Esta mensagem vem oportunamente nesse período de encerramento do ano, com o objetivo de resgatar nossas promessas e esperanças, avaliar nossos percursos e corrigir nossos equívocos. Valida nossos acertos sem deixar de acreditar que podemos superar cada dia mais. É o mesmo sentimento que move os bailarinos que sobem ao palco para se apresentar ao público com suas coreografias. Eles passaram por uma jornada de treinos, exercícios e dezenas de repetições para a sua autossuperação e em busca dos seus sonhos.

 

Uma das coreografias do espetáculo “Vozes” que contemplou sucessos das músicas populares em 2023

 

Depois da apresentação de “Vozes” no ano passado, este novo espetáculo terá 20 coreografias, com a participação de 73 bailarinos. O objetivo principal do evento é comemorar o encerramento das atividades de aprendizado das técnicas e evolução dos discentes da Academia Corpo & Dança do ano de 2024 com a apresentação à comunidade pelotense. Haverá apresentações dos grupos infantil e juvenil, bem como adulto e veteranos. O público muito aguardado são especialmente os pais, familiares e amigos. Mas todos que apreciam a arte da dança e seu universo artístico podem vivenciar uma noite em que a diversidade será contemplada.

 

O espetáculo do ano passado foi apresentado no 20° Dança Bagé

 

A Academia Corpo & Dança foi fundada em abril de 2010 por Caren Jensen e Horácio Martins, desde o início com o propósito de difundir a arte da dança. Em sua trajetória, tem participado de eventos e competições regionais com centenas de premiações e vem tendo sua qualidade técnica reconhecida. Pensando em sua responsabilidade social, a Academia oferta bolsas de estudo sempre que identifica novos talentos em busca de espaço.

O espetáculo “Nossos Sonhos” apresentará coreografias inéditas de Baby Class, Jazz Infantil e Juvenil, Dança Contemporânea, Ritmos, Dança de Rua, Dança de Salão ( Samba no Pé, Samba de Gafieira, Bachata, Bolero, Soltinho e Forró). A cenografia e figurinos foram cuidadosamente desenvolvidos pelos diretores da academia para essa noite no maior palco da cidade. Os ingressos são vendidos antecipados a 45,00, na Academia Corpo & Dança (rua Gonçalves Chaves, 2852) e pelo telefone 61-99264-3499.

 

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A opressão do povo em “Fúria Primitiva”

Filme de ação que se passa na Índia retrata a violência das milícias      

Por Enrique Carvalho 

     

Dev Patel protagoniza a produção que estreou  neste ano nos cinemas             Foto: Divulgação

 

Dev Patel dirigiu, produziu e estrelou o filme “Fúria Primitiva” (“Monkey Man”/2024). Foi por ele definido como “a coisa mais exigente que já fiz na minha vida”. Os desafios foram diversos. A começar pelas limitações de gravar em meio à pandemia de Covid 19, o que fez o elenco e equipe de filmagem serem isolados em um hotel na Indonésia. Houve também problemas de ordem técnica: “falando em câmeras, a maior parte do nosso equipamento quebrou e não podíamos voar com coisas novas” disse Patel.  “Literalmente filmamos coisas no meu celular, nos tornamos profissionais”, complementa.

O filme conta a história de um rapaz sem nome. Na infância, o menino viu sua vila sendo destruída e sua mãe assassinada pela milícia na Índia. Carregado de ódio pelo sistema e pelo homicida de sua mãe, o rapaz toma a decisão de vingá-la. O que ele não espera é tornar-se o símbolo de um movimento de libertação popular, que o coloca em uma posição que representa algo mais do que ele mesmo. O enredo é aparentemente simples, mas as nuances e detalhes ao longo da trama aprofundam seus significados.

Denominar esse filme como o “John Wick Indiano”, em um imaginário poluído pelas obras estadunidenses, seria desmerecer a obra, que é muito mais rica em crítica do que o filme de Keanu Reeves. O ecossistema de “Monkey Man”, diferente de filmes de ação contemporâneos, apropria-se da realidade para basear as motivações do personagem principal. Os demais têm seu mérito em desenvolver uma mitologia própria, com seus conflitos que, mesmo bem desenvolvidos, são artificiais. Neste caso, a história reflete conflitos sociais reais, que inclusive, pode ter uma parcela da população brasileira representada.

O filme também é ótimo para quem não está interessado em questões políticas e não tem maior interesse na parte social da narrativa. Encontra-se aqui um longa de ação bem estruturado, com a fórmula do personagem vingativo que precisa passar por um processo de autodescobrimento e, assim, poder alcançar seu objetivo e depois estar sujeito as consequências disso.  Há muita brutalidade, com sangue e violência em abundância, mas a produção brinca com alguns dos tropos clássicos dos filmes de ação, como o protagonista dirigir um carro esporte ou as fugas absurdas. Os personagens cumprem seu papel na trama e têm o suficiente para simpatizarmos com eles. Mas estão aqui mais como ferramentas para mover o diálogo que a trama propõe, tanto que o protagonista é um homem sem nome. Essa escolha de narrativa não atrapalha a história e seu aproveitamento.

O que não dá para ignorar nessa obra, no entanto, é seu ecossistema. Como já citado: enquanto outros filmes desenvolvem sua mitologia com tropos previsíveis, mas que não são objetivamente ruins, aqui, Dev Patel decide refletir, dentro do possível, a realidade das camadas mais marginais da sociedade. Uma Índia crua é apresentada. Conhecemos o submundo, mesmo que um tanto fantasioso, dos guetos indianos. Existe aqui a denúncia das práticas mais violentas do Estado. Aqui o vilão não é um empresário rico com mercenários particulares. O vilão, aqui, é uma liderança religiosa que comanda uma milícia estatal que massacra camponeses em busca de sua terra. Caso que, mesmo tendo alguns fatores distintos ao do filme, acontece no Brasil de forma corriqueira. Mas todos são livres para pensar ou não que as lideranças religiosas cativantes, seduzindo seus fiéis para apoiar um candidato que representa os interesses das elites, associado à milícia, para fazer seu trabalho sujo, é apenas ficção.

No mais, o filme diverte bastante com seu ritmo acertado e narrativa comum, mas bem-feita. É curioso que essa produção, com tantos pontos bons, tenha circulado pouco nas programações das salas de exibição brasileiras.

Ficha Técnica

Duração: 2h 00min

Gênero: Ação, Suspense

Direção: Dev Patel | Roteiro Dev Patel, Paul Angunawela

Elenco: Dev Patel, Sikandar Kher, Sharlto Copley

Título original:  Monkey Man

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Peça “Além da visibilidade” traz debate sobre acessibilidade nas instituições de ensino

Elenco é composto quase inteiramente por alunos com deficiência e neurodivergentes do IFSUL de Pelotas         

Por Luís Esteves Garcez         

Na tarde de quarta-feira, dia 27 de novembro, estive no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) de Pelotas, para assistir a primeira apresentação da peça “Além da Visibilidade”, realizada por alunos e funcionários do estabelecimento. Abordando os assuntos de acessibilidade em instituições de ensino e capacitismo institucional, os atores, todos com alguma deficiência ou neurodivergência (com exceção da diretora da peça, que também atuou), retrataram o primeiro dia de aula de uma turma com diversos alunos com necessidades especiais no IFSul.

Tendo chegado ao local mais ou menos uma hora antes da peça começar, pude assistir o último ensaio, quando observei uma situação ironicamente metalinguística. Na metade da peça, os atores encenam o primeiro contato deles com o alarme do IFSul. Na peça, o som do alarme é retratado pelo grito de uma das atrizes. Esse grito causa uma crise de pânico na sua colega deficiente visual, com sensibilidade auditiva, e ela precisa ser acalmada pelos colegas.

Durante o ensaio que assisti, esse alarme tocou três vezes, em menos de meia hora, e por mais que o grito de Rafaela Oleiro tenha sido estridente durante sua atuação na peça, voz humana alguma poderia atingir a intensidade assustadora do alarme do IFSul. Além de alto, é exageradamente longo. Nesses três momentos que o alarme soou, eu pude ver como ele realmente afeta aqueles atores com deficiência “fora do palco”, e assistir a overdose sensorial que ele causou em alguns daqueles alunos fez com que a cena que representou isso na peça tivesse uma carga emocional a mais para mim.

Além do problema do alarme, a falta de piso tátil em todo o campus também é criticada na peça, em uma cena que demonstra a dificuldade que um cego enfrenta quando aquele piso que ele está usando para se guiar simplesmente acaba. Imagine que você está caminhando e, em certo ponto do trajeto, o chão termina e dá lugar para um abismo infinito. Suponho que o sentimento seja parecido. A postura de professores sem devido treinamento e empatia para lidar com alunos especiais também é representada, e esse talvez seja o pior dos problemas, e o mais difícil de solucionar. Um alarme pode ser trocado em um dia, pisos especiais podem ser instalados em questão de semanas, mas treinar todo um corpo docente para não só interagir. como ensinar pessoas com diversas deficiências, é uma tarefa árdua que não depende só da direção, mas também do profissional.

 

O elenco de “Além da Visibilidade”: Patrícia Montone, Bruno José Garcia, Tânia Madeira, Luiza Belea, Luís Pedro Gonçalves Luiza Vitória Barbosa e Rafaela Oleiro           Foto: Luísa Bohn

 

A diretora de “Além da Visibilidade”, Patrícia Montone, além de dirigir e atuar na peça, também é psicopedagoga e faz assistência no IFSul para alunos com deficiência auditiva e visual. Ela entrou para o time do IFSul há apenas cinco meses, mas trabalhou durante 13 anos com crianças com deficiência. Após a peça, me encontrei com Patrícia, ela me contou que, nesses cinco meses lá dentro, apesar do IFSul de Pelotas ter uma demanda grande para inclusão e acessibilidade e fazer o possível para atender as necessidades especiais dos alunos, escutou de muitos alunos com necessidades especiais um relato de invisibilidade social. Os cegos e os surdos se sentem evitados pelos colegas e ignorados por alguns professores.

Com as histórias de discriminação e exclusão que ouviu, Patrícia decidiu organizar uma peça para mostrar o que os estudantes com deficiência do IFSUL passam lá dentro, em que todas as cenas foram relatos pessoais que aconteceram com os atores. Com o objetivo de questionar se a inclusão é realmente vivida pelos que precisam dela ou se ela é apenas uma teoria no nosso dia a dia. A peça, nas palavras da diretora, foi feita para que aqueles estudantes pudessem expressar o descontentamento que eles sentem com essa realidade, com a possibilidade de tocar no coração dos alunos e professores na audiência.

Patrícia montou o elenco convidando alunos que ela acreditou que pudessem retratar com emoção para o público essas experiências das pessoas com deficiência e neurodivergências. Com o trabalho de dirigir cinco alunos com diferentes deficiências (surdez, cegueira, TDAH e baixa visão) em mãos, teve receio que pudesse ser uma tarefa muito difícil, mas comenta que foi uma experiência muito fácil e que todos pegaram o roteiro muito rápido. Talvez porque todos aqueles atores não estavam “atuando” por completo, mas sim sendo eles mesmos, retratando a própria vida. A peça não tem data certa para ser encenada novamente, mas Patrícia me contou que pretende se sentar com a direção de outras instituições para a possibilidade de “Além da Visibilidade” acontecer novamente, em outras escolas e faculdades pelotenses.

 

Professora Patrícia Montone decidiu organizar peça para mostrar dificuldades enfrentadas por estudantes com deficiência    Foto: Luísa Bohn

 

Outro objetivo que a “Além da Visibilidade” teve foi homenagear a tradutora e intérprete de LIBRAS e coordenadora do Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), Tânia Madeira, com quem também tive a oportunidade de conversar. Ela me contou que achou muito importante a apresentação para aqueles alunos, para que eles fiquem mais próximos de aceitarem sua própria deficiência, pois ela acredita que se não conseguimos nos aceitar, não conseguimos nos relacionar bem com os outros e nem com o ambiente onde estamos.

Perguntei para Tânia quais os maiores desafios que ela enfrentou nesses quatro anos em que dirige o NAPNE. Ela não precisou pensar muito para me responder que é a falta de profissionais qualificados para atender esse público. O IFSul tem, hoje, 157 alunos apresentando alguma necessidade específica, mas apenas três psicopedagogos. Um número que ela considera ser insuficiente para dar conta dessa demanda da instituição.

Também citei em nossa conversa o problema do alarme, que havia ficado em minha mente após a apresentação. Tânia respondeu que ela está tentando resolver essa questão desde que ela entrou para o NAPNE, quatro anos atrás. Ela comentou que, por reclamação de professores e de alguns alunos, não podem simplesmente não ter um alarme, pois ele é importante para muitos se organizarem, o que é compreensível. O plano atual do NAPNE é se livrar do único alarme e distribuir pelas salas e corredores diversos alarmes menos abrasivos, de menos intensidade, mas ainda não há data para essa mudança, pois é algo que depende de uma verba que a instituição não pode disponibilizar nesse momento.

Também conversamos sobre o piso tátil, e Tânia comentou que eles priorizaram a instalação dele em áreas onde alunos cegos têm aula e também nas áreas de acesso comum. Mas, pela instituição ser muito grande, atualmente é impossível colocá-lo em todos os corredores dos três andares, também por falta de verba. Ela também cita o que ela considera ser uma falha enorme de engenharia, que no segundo piso há uma entrada com acessibilidade para a biblioteca, onde não há piso tátil. Apesar desses problemas, Tânia admira a direção geral do IFSUL pelo acolhimento que ela provém ao NAPNE e pela facilidade de comunicação que os dois núcleos têm, e entende que muitos problemas não podem ser resolvidos só na base do “querer”.

Consegui trocar algumas palavras com uma das atrizes da peça, Rafaela Oleiro, estudante de Licenciatura em Computação que hoje cursa o quinto semestre e espera se formar em um ano e meio. Rafaela foi diagnosticada com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em 2020, mas vive com ele desde a infância. Ela tem uma longa história dentro do IFSul de Pelotas, já que cursou parte de seu ensino médio no curso de Eletrotécnica da instituição, entretanto, ela comenta que, na época, as coisas lá eram muito diferentes. Em 2016, quando botou os pés lá pela primeira vez, não existia na escola nenhuma psicopedagoga que pudesse perceber o problema que a adolescente sequer sabia que tinha. Ela comentou também que eram raros os professores que tentavam compreender as diferenças dos alunos, e os que faziam, faziam por conta própria, já que não havia estímulo da direção para tal. Enquanto isso, a maioria dos professores não tinha noção do que fazer com alguém diferente em sala de aula. A atriz me contou que, atualmente, no início de todo semestre letivo, todos os professores de seu curso fazem uma reunião com os psicopedagogos do IFSUL para conversar sobre os alunos especiais, e que a experiência dela lá dentro hoje em dia é muito melhor do que era na época do ensino médio.

“Tenho muito orgulho do lugar onde eu estudo, dá para ver quanto ele evoluiu em pouco tempo. Tenho orgulho do curso que eu faço, porque as pessoas lá são interessadas em inserir os alunos. O professor Álvaro Freitas de Lógica de Programação, por exemplo, repensou toda a cadeira dele para que ela se adequasse a um aluno cego e ele pudesse aprender aquilo com a mesma facilidade dos outros. ” Citou ela, alegre. Também afirmou para mim que Tânia Madeira mereceu aquela homenagem, porque ela está por trás de todas essas mudanças positivas que aconteceram nesses últimos anos, e que, nas palavras de Rafaela, ela é a “manda-chuva” que está por trás de todas essas pessoas com necessidades especiais, e é ela que vai para a luta por eles.

 

“Eu senti que a peça foi especial, gostei de poder ser eu mesma e poder me expressar da maneira que eu sou. Me senti vista por meu problema ter sido mostrado lá. Me senti representada, por mim mesma, mas me senti.” – Rafaela Oleiro

 

O Brasil possui um sistema estudantil que hoje se esforça para ser aberto a todos, indiferente das necessidades especiais dos estudantes. Nosso sistema de cotas em vestibulares equilibra as chances dos cidadãos, garantindo que todos tenham oportunidades muito mais parecidas do que seriam sem esse sistema. O problema é essa facilidade da introdução ao aluno deficiente à instituição de ensino raramente vem junto de um acompanhamento especial a esse aluno durante sua jornada no mundo acadêmico. Não adianta diminuir a barreira de entrada se a barreira de permanência não for alterada, moldada de forma que esse aluno não sinta que todo dia de aula seja uma batalha impossível. Esse sistema, a longo prazo, não é eficiente, ele só mascara o problema, fazendo parecer que a educação brasileira é acessível a todos, quando na verdade, apenas 5% das pessoas com deficiência no Brasil terminaram o ensino superior.

Dados coletados pela Pesquisa Nacional de Saúde de 2021, realizada pelo IBGE, constam que temos pelo menos 17,3 milhões de pessoas com alguma deficiência no País. O sistema de cotas foi um grande passo à frente para prover oportunidades para essas pessoas, mas não é suficiente, especialmente quando nos referimos a alunos que não conseguem enxergar ou escutar, ou que possuem alguma dificuldade cognitiva ou motora. “Além da Visibilidade” crítica de forma leve e bem-humorada a falta de sentido em colocar esses estudantes nas instituições e larga-los lá dentro sem qualquer medida de acompanhamento que torne acessível para que eles, além de entrar, consigam sair de lá com um diploma na mão.

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“Ainda Estou Aqui”: às sombras de um golpe, ainda estamos aqui

Filme brasileiro conquistou as bilheterias nacionais e relembra das marcas de um passado não tão distante quanto gostaríamos     

Por Maria Eduarda Lopes      

 

Era 20 de janeiro de 1971, um feriado ensolarado no Rio de Janeiro, mas também o auge da Ditadura Militar no Brasil. Na casa de sua família no Leblon, o ex-deputado federal cassado pelo AI-1, Rubens Beyrodt Paiva, foi levado para prestar depoimentos no Quartel da 3ª Zona Aérea, após seis agentes armados com metralhadoras invadirem a sua residência. Nas próximas 24 horas, Rubens seria torturado até a morte nas localidades do DOI-Codi, enquanto seus filhos e esposa permaneciam detidos, incomunicáveis e angustiados, aguardando pela sua eterna volta. Rubens nunca mais seria visto por eles ou por mais ninguém.

Sua esposa, Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva, mais conhecida como Eunice Paiva, passaria o resto da vida lutando por justiça, e se tornaria um símbolo da luta pelos direitos das vítimas da ditadura, formando-se uma ilustre advogada da causa indígena e dos direitos humanos. Essa é a história real em que o filme “Ainda Estou Aqui” se propõe a contar, baseada na obra literária homônima de mesmo título, escrita pelo caçula da família, Marcelo Rubens Paiva.

 

     A partir da obra do filho Marcelo Rubens Paiva o  filme reconstitui o drama vivido pela família de Eunice e Rubens Paiva         Foto: Reprodução/Memorial da Democracia

 

Lançado em 7 de novembro, data que também marca o aniversário de Eunice, o novo longa-metragem do cineasta Walter Salles tem levado milhares de brasileiros para as salas de cinema. Bateu o recorde de maior bilheteria nacional pós-pandemia durante suas quatro semanas de exibição, com mais de dois milhões de espectadores. Contando com um elenco consagrado e uma direção cinematográfica de renome, “Ainda Estou Aqui” nos retrata de maneira sensível uma trama infelizmente muito próxima da nossa realidade.

Walter Salles não é novato no que se propõe a fazer. Um dos cineastas mais bem sucedidos do mundo, com títulos como “Terra Estrangeira” e “Central do Brasil”, ele se reencontra com Fernanda Torres e Fernanda Montenegro para emplacar mais uma obra digna de premiações, sendo cotada pela crítica como representante brasileira no Oscar 2025.

Em “Ainda Estou Aqui”, Fernanda Torres dá vida de forma esplêndida à personagem de Eunice Paiva, uma mulher da classe média-alta carioca, dona de casa, mãe de cinco filhos e, até então, completamente alheia aos assuntos políticos do marido. Interpretado pelo brilhante Selton Mello, Rubens Paiva, além de ser abertamente contra o regime ditatorial, também repassava cartas de pessoas perseguidas e exiladas aos seus familiares e amigos.

Até o fatídico dia em que Eunice vê as garras afiadas e impiedosas da ditadura perfurar dores perpétuas em si e em seus filhos. Após os agentes levarem seu marido, não demora muito para ela também ser levada, juntamente com sua filha Eliana (interpretada por Luiza Kosovski), de 15 anos na época, para serem interrogadas nas dependências do DOI-Codi. Eliana é solta um dia depois. Eunice permanece presa por 12 dias.

Com o marido desaparecido, sob uma farsa arquitetada pelos militares de que ele havia conseguido escapar e fugir do país, Eunice se encontra na posição de provedora e assume o protagonismo, começando a tomar atitudes. Há o choque de que nem sua classe socioeconômica a protege do regime, o choque por ter que passar a criar sozinha seus filhos. Enfrenta dificuldades econômicas, ao mesmo tempo em que é obrigada a encarar o peso imensurável de um luto estranho à consciência humana, o luto incerto do desaparecimento.

 

Fernanda Torres interpreta protagonista que lida com desaparecimento do marido em meio à ditadura militar Foto: Divulgação

 

O filme começa exigindo um pouco de paciência do espectador, pois nos insere na rotina da família antes do acontecido, nas brincadeiras das crianças, nos dias passados na praia, nas festas em que recebiam amigos em sua casa, nos diálogos banais do dia a dia. Coexistem o cotidiano inocente e o prenúncio da dor, uma imagem e semelhança da fragilidade humana. Todos esses contrastes constroem uma atmosfera densa e angustiante até o momento em que essa utopia é destruída.

Angústia seria a palavra ideal para descrever o sentimento despertado pela obra, que graças à composição de diversos aspectos técnicos, consegue transmitir uma sensação de aflição e agonia em todas as cenas. Talvez tenha sido exatamente isso que Eunice Paiva tenha sentido durante toda sua vida. Mesmo 25 anos depois, após receber o atestado de óbito do marido, quando ela finalmente pode reconhecer e viver o seu luto, o buraco deixado nunca seria preenchido. “O não reconhecimento da morte de Rubens foi a forma de tortura mais violenta a que eles poderiam submeter nossa família”, disse Eunice.

Somos colocados como participantes, muito além de espectadores. A direção de arte, desde os figurinos até os cenários, e principalmente a direção de fotografia sabem como nos integrar com aquela realidade. São usados planos abertos, por vezes filmados com uma Super 8, dando um tom intimista para os momentos em família, com tons alegres e vibrantes, que vão perdendo o brilho após a prisão de Rubens, transicionando para o uso de planos mais fechados, com tons mais escuros.

É como se pudéssemos sentir tudo o que Eunice sentia, e isso se deve à atuação fascinante de Fernanda Torres, que é capaz de dar uma dimensão emocional à sua personagem através da pura essência de suas dores, cravando uma introspecção profunda na narrativa. Não apenas ela, como todo o elenco, obtém sucesso em expressar as diferentes camadas psicológicas de seus personagens. Selton Mello dá um toque muito pessoal a Rubens Paiva, representando um pai brincalhão, divertido e afetuoso. Essas cenas, contudo, são um presságio do luto que viria a seguir.

Outro aspecto da obra é que ela decide não seguir um caminho melodramático. Opta-se por um retrato histórico utilizando uma linguagem muito poderosa, a do silêncio. Em “Ainda Estou Aqui”, os silêncios carregam significados. A atriz Fernanda Montenegro interpreta Eunice em seus anos finais de vida, acometida pela doença do Alzheimer. Sem dizer uma única palavra, ela vem deixando salas inteiras dos cinemas completamente silenciosas.

 

       Momentos com forte emoção  ficam  a cargo de Fernanda Montenegro também no papel de Eunice Paiva Foto: Divulgação

 

Em contrapartida, a trilha sonora é muito significativa. A música é usada como um instrumento de protesto, e serve para comunicar as questões emocionais dos personagens, chegando a se integrar junto ao roteiro. A trilha faz um recorte da época retratada, os anos 70 no Brasil, e conta com nomes ilustres da MPB e Tropicália, como Caetano Veloso, Juca Chaves, Mutantes, Gal Costa e Roberto Carlos. No lugar de canção emblemática do longa, está  “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo”, composta por Erasmo Carlos, um clássico da sua parceria com Roberto:

Eu cheguei de muito longe

E a viagem foi tão longa

E na minha caminhada

Obstáculos na estrada, mas enfim aqui estou

Mas estou envergonhado

Com as coisas que eu vi

Mas não vou ficar calado

No conforto acomodado como tantos por aí

É preciso dar um jeito, meu amigo

 

Esses detalhes sutis, como o diálogo entre a trilha sonora e o roteiro, enriquecem a narrativa. Outros detalhes se destacam, como as notícias que eram transmitidas pelo rádio ou pela televisão sempre serem cortadas ou interrompidas, representando a falta de informações sobre o paradeiro de Rubens, como uma resposta que nunca chegava. Ou as manchas de sangue no chão da sala de interrogatório em que Eunice é levada no DOI-Codi, os gritos desesperados dos torturados que podiam ser escutados da cela, ou as aparições de prisioneiros nos planos de fundo quando Eunice estava encapuzada.

E, apesar da trama não ter escolha senão esbarrar numa temática tão grotesca e bruta, que é a tortura estendida em seus diversos aspectos físicos e psicológicos, o filme não precisa chocar com cenas gráficas e explícitas para garantir que o público receba a mensagem.

Ficar subentendido já é suficiente, e simboliza a falácia de que “a tortura na ditadura nunca existiu”. Ela sempre esteve presente, mesmo debaixo dos panos, por trás das farsas arquitetadas pelos militares ou por trás da mídia que a encobria. Ela só estava longe da realidade da maioria da população. A tortura era uma realidade muito mais próxima para aqueles que, por motivos descabidos e absurdos, eram considerados uma “ameaça” para o País. Crianças e adolescentes, estudantes ou não, mulheres, gestantes ou não, mães e pais de família como Rubens Paiva. A ditadura e seus algozes não distinguiam vítimas, e não havia nenhuma garantia de que não seríamos os próximos a ser alguém que “um dia simplesmente sumiu, e nunca mais foi visto”.

 

Selton Mello deu um toque muito pessoal a Rubens Paiva, representando um pai brincalhão e afetuoso Foto: Divulgação

 

“Ainda Estou Aqui” vai além do retrato documental de Eunice Paiva. O longa nos mostra as intimidades de sua dor, e consequentemente, as cicatrizes abertas de uma nação inteira. Ela nos obriga a confrontar um dos períodos mais sombrios do nosso país, relembrar tempos que não estão tão distantes de hoje, como se o Brasil tivesse dificuldades em preservar e revisitar sua memória nacional. A arte não existe para ser confortável. Ela deve nos fazer refletir e levantar questionamentos.

No filme, a todo momento paira no ar uma sensação de estranhamento, uma impressão de que os personagens estão sendo observados, um receio de que um “bicho-papão” salte da tela. Esse bicho-papão no mundo real podem ser ideias, discursos e posicionamentos, que são legitimados por nós ao darmos espaço para que esse monstro cresça se alimentando da nossa alienação.

O cenário político atual do Brasil é um caso à parte, mas nunca estamos tão longe do golpe quanto gostaríamos. Ao nos depararmos com grandes esquemas articulados por militares de alta patente e políticos de extrema direita, orquestrando assassinatos de presidentes e tomadas de poder através de documentos detalhados com planos de ação, “Ainda Estou Aqui” se faz muito necessário. Ainda estamos aqui, combatendo esse mesmo mal.

E ao contrário de alguns críticos afirmarem que o sucesso da obra é um ufanismo exagerado ou apenas badalação da mídia, ou que o viés ideológico e as críticas políticas são o seu maior alicerce, é positivo que a mídia esteja exaltando a produção. É positivo que estejam falando sobre a ditadura, sobre o golpe que ocorreu no nosso país e sobre as suas vítimas. Como um longa-metragem que retrata a história de pessoas tão afetadas por um regime ditatorial não teria a crítica política como maior alicerce? Existe alguma crítica diferente da negativa à Ditadura Militar Brasileira? Desconsiderando aqueles que de alguma forma foram beneficiados por ela, ou aqueles que estavam dentro das salas do DOI-Codi com o dedo no gatilho.

Mesmo que o filme saia de cartaz muito em breve, as reflexões levantadas por ele devem ser perpetuadas. A frase “um povo que não relembra sua história está fadado a repeti-la” pode ser clichê, mas continua se provando verdadeira.

A construção da memória de Eunice Paiva deve ir além da viúva da ditadura. As citações à sua pessoa estão sempre atreladas ao seu marido. Eunice se colocou além da tragédia pessoal e lutou pela verdade, pela dignidade humana e pelos direitos civis. Advogou contra a violência e expropriação indevida de terras indígenas. Ela arriscou a sua vida, mesmo correndo risco sob o regime, pois não enxergava uma alternativa a não ser questionar e contestar as leis vigentes que ainda amparam torturadores e seus crimes.

Em entrevista para o Cine Ninja, Fernanda Torres destaca: “Na dramaturgia, há diferença entre um melodrama e uma tragédia. O que eles vivem é uma tragédia. Na tragédia, não dá pra ficar num canto, chateado, triste, choroso. A tragédia obriga você ou a se matar, ou a seguir. E ela não tinha nem como ter autopiedade, do melodrama, e nem como sumir, porque ela tinha cinco filhos. Precisávamos ser fiéis a ela”.

Mesmo acometida pelo Alzheimer, Eunice não permitia ser diminuída por conta da doença, segundo relata seu filho: “Jamais sentiria pena de si mesma. Nem queria que sentíssemos pena dela. Jamais pediu ajuda.  Recentemente, uma nova fala cheia de significados entrou no seu repertório, especialmente quando um turbilhão de emoções a ataca, como rever uma filha que mora na Europa ou segurar no colo o meu filho, o que mostra uma felicidade e um alerta, caso alguém não tenha reparado: Eu ainda estou aqui. Ainda estou aqui” (de Ainda Estou Aqui, livro de Marcelo Rubens Paiva que inspirou o filme).

 

Eunice se colocou além da tragédia pessoal e lutou pela verdade, pela dignidade humana e pelos direitos civis    Foto: Arquivo Pessoal

 

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“II Recital de Piano para Amigas e Amigos” com Virgínia Mello Alves

Além do seu compositor preferido Ludovico Einaudi, repertório da apresentação nesta sexta, dia 6 de dezembro, traz composições clássicas, músicas populares e trilhas sonoras       

Por Paulo Pereira da Silva     

  

Virgínia Alves concilia suas atividades acadêmicas de Física e Astronomia com a arte musical

 

Do retorno à prática de pianista durante o longo período de isolamento, na pandemia, despertou a musicalidade adormecida desde a infância e adolescência da professora de Física Virgínia Mello Alves, interrompida pela atividade profissional e maternidade. Assim, do Departamento de Física e Matemática da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ela compartilhou seus momentos em vídeos e lives constantemente com amigos da universidade, familiares e colegas que a vida lhe presenteou. A arte musical integrou-se às atividades extra-curriculares da docente, que preza pela interação entre diversas formas de conhecimento.

Com o fim da pandemia, Virgínia passou a realizar recitais. E, nesta sexta-feira, dia 6 de dezembro, a pianista apresenta o “II Recital de Piano para Amigas e Amigos”, às 19h30, no auditório do Conservatório de Música da UFPel na (Rua Félix Xavier da Cunha, 651, no Centro de Pelotas). O recital é um momento de troca, afeto e momentos de sensibilização, de uma artista da música amadora que toca, sabe tocar e ama o que toca.  O evento é aberto, livre para todo o público, com entrada franca.

 

 

Na apresentação deste ano, o repertório refaz as composições clássicas já consagradas pelo público, “Le Lac de Come” de C. Galos, “Sonata ao Luar” de Beethoven, “Ierè Gymnopedie” de Erik Satie e “2me Nocturne” de Frédéric Chopin. Traz também as reconhecidas músicas populares “A Thousand Years”, de Valerie Nater, “Sing of Guy”, de Elton John, “Bohemian Rapsody”, de Fred Mercury, e a trilha sonora “Somewhere in Time”, de John Barry.

Virgínia reserva um bloco para execução de uma seleção de músicas do seu autor preferido, o compositor Ludovico Einaudi, com as obras: “Berlin Dong”, “Dietro Casa”, “Primavera Nightbook”,  “High Heels”, “Love is a Mystery”, “Nuvole Bianche”, e “I Giorni”. É um brinde à diversidade com títulos clássicos e populares.

 

Este será  o segundo recital de Virgínia no Conservatório de Música da UFPel após a pandemia


 

Dos momentos de troca nas apresentações musicais online com o reconhecimento e estímulo dos ouvintes, Virgínia resgatou sua habilidade instrumental, aprimorou-se e evoluiu para sua primeira apresentação solo presencial, realizada em 30 de novembro de 2023 no Conservatório de Música da UFPel, com apoio da Reitoria da UFPel, do Centro de Artes e também do Theatro Sete de Abril.

É professora e pesquisadora, estando às vésperas de apresentar seu memorial acadêmico para se tornar titular. Começou pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), como professora temporária. Em seguida, foi efetiva no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFSul), até ingressar na UFPel em 1995. Foi pioneira nas palestras para divulgação científica do Instituto de Física e Matemática (IFM) da UFPel.

Praticou piano quando criança no Instituto Musical Americano de Porto Alegre, com a professora Erica Rosado Gobbato. Também estudou teoria musical na Escolinha da OSPA na juventude e no Coral da UFRGS até ingressar na universidade. Depois de longo período afastada da música, voltou a praticar regularmente quando o piano teve o seu espaço em uma casa maior.

Durante sua carreira na instituição, contribuiu na formação de professores de graduação, na extensão e pesquisa acadêmica, e recentemente na pós-graduação, com o mestrado profissional, voltado a professores no ensino de Física, na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Paralelo à docência, esteve ativa na administração como coordenadora de curso, com o desafio de formatar as diretrizes curriculares e homologar no MEC o reconhecimento do curso de Física.

Através do seu trabalho na parte de ciências, entre as coordenadorias e a Pró-Reitoria de Graduação, fez o treinamento em toda a região de Pelotas para a implantação da reformulação dos novos parâmetros nacionais da educação básica. Foi convidada para o cargo de diretora de ensino da Pró- Reitoria de Graduação em 2005, atuando no programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), quando o número de 6 mil estudantes saltou para mais de 20 mil na UFPel.

Entre as suas atividades de extensão e ensino de Física, destaca-se a divulgação da Astronomia e o projeto do planetário físico. Os equipamentos foram adquiridos em 2009 e aguarda-se a construção do prédio para a sua instalação. Sendo a única professora com habilitação no ensino de Física e única astrônoma, tem-se voltado a trabalhos interdisciplinares com a Museologia, artes e demais áreas da ciência.

Em 2016, através do Fórum de Práticas Interdisciplinares da Faculdade de Física, participou do recital “Timbrar Bach Sonatas & Partitas”, de flauta e piano, com Raul Costa e Lucia Cervini, unindo-se à participação especial de Paulo Krebs com as projeções astronômicas das galáxias e do sistema solar. Essa iniciativa ressalta a relevância das interconexões entre as áreas de Música e Astronomia.

 

O projeto “Timbrar Bach Sonatas & Partitas” buscou as internexões entre a arte da Música e a ciência da Astronomia

 

Virgínia propõe um espaço dentro da Universidade para que a comunidade acadêmica possa mostrar outros conhecimentos e habilidades não vinculados formalmente, com relação às artes, esportes, política e linguagens, entre outros, como política consistente de trocar experiências. Neste “II Recital de Piano para Amigas e Amigos” tem o apoio do Conservatório de Música com a disponibilidade do espaço.

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