Incêndio destruiu célebre Teatro 28 de Setembro

Espaço foi uma referência cultural gaúcha até 1917 em Bagé   Foto: http://memoriasdopampa.blogspot.com.br/

 

Mariana Lealdino

     O Theatro Guarany, na cidade de Pelotas, mantém sua reputação no interior do estado do Rio Grande do Sul e atrai os mais diversos shows e espetáculos para os apreciadores de qualidade artística. O Guarany se destaca em imponência, e nos detalhes arquitetônicos, e está presente nos roteiros turísticos que contam um pouquinho da história de uma Pelotas de outrora. O que poucos sabem, é que a aproximadamente 200 quilômetros de distância, Bagé já teve um dos teatros mais bonitos e importantes do Estado. O Teatro 28 de setembro estava em quarto lugar da região, em tamanho e acomodações, e chamava a atenção no quesito beleza, e em sua arquitetura luxuosa interna. Sua história está registrada no livro “Inventário cultural de Bagé: um passeio pela história”, de Elizabeth Fagundes (Praça Matriz de Bagé. 2005).

A criação da Sociedade “28 de setembro”, mantedora do teatro do mesmo nome, foi iniciativa do Clube Abolicionista, militantes do Partido Liberal, no período do Segundo Reinado. O nome do teatro foi uma homenagem à data que promulgou a Lei do Ventre Livre em 1871. O surgimento desta lei reacendeu, no Rio Grande do Sul, a campanha abolicionista. O teatro foi construído para servir de instrumentos aos ideais desse movimento humanitário que integrava o Partido Liberal.

Bagé já ostentava o título de cidade e não possuía um teatro amplo, só pequenos teatros adaptados. O projeto, segundo pesquisas, foi de José Obino. A execução da obra ficou a cargo de Paulo Gusiles, tendo como sócio João Moll. As pinturas do interior foram feitas por Ricardo Giovanini, italiano natural de Parma, que chegou em Bagé, em 1885, como cenógrafo da Companhia Lírica Italiana. Logo resolveu fixar residência na cidade. Giovanini também era pintor e ministrava aulas. No início do século, transferiu-se para Rio Grande.

Uma sociedade anônima criada em 1881, presidida pelo advogado pecuarista, José Francisco de Freitas, dirigia o teatro.

Conforme um artigo publicado no jornal Correio do Sul, de 12 de julho de 1992, escrito por Francisco Taborda, o cinema em Bagé teve sua estreia no Teatro 28 de Setembro, logo depois que as primeiras exibições ocorreram na França. A primeira sessão cinematográfica foi em Paris, no Grand Café, em 28 de dezembro de 1896, quando os irmãos Louis e August Lumière exibiram um documentário de 17 metros denominado “Saída dos Operários da Fábrica”.  Dois anos depois, em 1898, antes mesmo de Pelotas e de Rio Grande, que eram os pontos de entrada da Europa, Bagé assistiu a espetáculos do “cinematógrafo” dos irmãos Lumière.

No início de 1898, O Teatro recebia em seu palco a Companhia de Variedades do Teatro Lucinda do Rio de Janeiro. Na programação do dia 9 de janeiro de 1898, um domingo, figurou como integrando à segunda parte do programa da noite, a apresentação dos seis quadros do cinematógrafo. O jornal da época, O Commercio, publicou: “É a maravilha do século “!

No dia 16 de novembro de 1912, o médico Nicanor Peña, maragato, morreu, aos 53 anos de idade dentro do teatro. Conta-se que ele se sentiu mal, e teria dito: “Levantem-me, quero morrer de pé”.

Em 1916, o teatro chegou a receber a presença de Olavo Bilac, o cronista e poeta brasileiro do período literário parnasiano, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. 

Infelizmente, contudo, durante uma sessão cinematográfica, um incêndio destruiu o teatro.  A cidade inteira foi chocada com a notícia que em 10 de junho de 1917, às 22h30min, iniciou-se um fogaréu que afetaria gerações dos amantes das artes. As pessoas que assistiam ao filme, juntamente com os funcionários, saíram sem ferimentos. Mas o prédio logo foi consumido em chamas.

Segundo os jornais da época, o operador do cinema causou o incêndio ao ter aproximado um foco de luz elétrica de um rolo de fita, afastando-se da máquina sem tentar apagar o fogo rompido. Bagé não tinha corpo de bombeiros na época.

Até hoje, lamentavelmente, não houve recursos para se construir outro teatro local, que é uma demanda exigida por muitos artistas da cidade. Anos após, o terreno foi permutado e nele construído o Banco do Brasil.

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A resistência cultural do teatro

 

Peça’A Armadilha de Medusa’ do grupo Elefants Companhia de Teatro de Florianópolis (2016)                     Foto: Divulgação

Julia Wasieleski

     É preciso entender a importância do teatro na sociedade como forma de cultura e meio de comunicação. Com origem na Grécia Antiga, o teatro teve como primeiro espetáculo uma homenagem ao Deus Dionísio, registrado na literatura. O teatro é cultura e pode carregar uma infinidade de características dos mais diversos lugares do mundo. É possível fazer uma peça sobre romances dos anos 70 nos palcos atuais, ou uma peça francesa em palcos brasileiros. Levando em conta que a comunicação é quando duas consciências trocam informações, o teatro é um meio de comunicação, pois faz a troca de informações entre os personagens e a plateia por meio da atuação e dos símbolos.

A cultura passou por grandes mudanças com a globalização e as novas tecnologias. A mistura de culturas causou um grande impacto em diversos lugares do mundo. O acesso a informação ficou mais fácil. Saber o que é cultura e diferenciar uma da outra ficou mais difícil. Se antes era possível separar cultura erudita e popular, agora a cultura de massa ganhou espaço e o desmembramento de cada uma se tornou uma tarefa complicada. É perceptível que com o meio digital, o teatro foi perdendo espaço. Apesar disso, muitos artistas promovem peças e criam companhias com o objetivo de disseminar e preservar o teatro.

O teatro foi muito afetado com o surgimento das telenovelas. Passou a ser mais interessante ficar no conforto do sofá se divertindo com as histórias passadas na televisão. Os palcos se tornaram ultrapassados, menos interessantes. As pessoas passaram a se importar mais com o imediatismo, com as sensações que as novas tecnologias trazem. Deixaram de lado os teatros, museus, concertos e exposições.

A resistência do teatro como forma de disseminação de cultura pode ser visto nas companhias de teatro independentes, que tem o objetivo de passar para as pessoas todo o cunho cultural que o teatro carrega. O teatro é único, não se iguala às novas tecnologias, cada atuação, mesmo quando repetida, nunca vai ser idêntica. O teatro surpreende por ser, de geração em geração, uma forma de comunicar, informar e contar histórias. É capaz de misturar culturas sem perder a essência. É a originalidade da cultura no caos tecnológico.

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Anime: do Japão para o mundo

 

A partir de 1967 foram produzidos os primeiros desenhos animados criado por japoneses         Foto: Google

Sara Carulina Silva da Rosa

Que a cultura japonesa está em quase, se não em todos os lugares do mundo, não se tem dúvida. Que comidas, roupas, acessórios e principalmente tecnologias oriundas do Japão estão incorporadas na cultura mundial, devido à globalização, não há o que questionar. Mas ainda há uma produção japonesa que, recentemente, tem chegado ao Brasil: o anime.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os japoneses entraram em contato frequente com a cultura ocidental, principalmente com os Estados Unidos. A passagem da produção dos quadrinhos para os desenhos animados nos EUA chamou a atenção dos japoneses e, em 1967, foram produzidos os primeiros desenhos animados criado por japoneses. O primeiro anime de sucesso foi “Hakujaden” (“A Lenda da Serpente Branca”).

O anime é tradicionalmente desenhado a mão. Porém, com o desenvolvimento dos recursos tecnológicos de animação, principalmente a partir da década de 1990, muitos animes passaram a ser produzidos em computadores e a cada dia ganham mais fãs. Eles possuem características marcantes, como os olhos dos personagens, que são muito grandes e muito definidos, além dos enquadramentos diferentes dos desenhos animados ocidentais e também o uso de cores fortes. Outra característica marcante é a presença de personagens andrógenos e homossexuais.  As temáticas são variadas, podem ser abordados desde romance, passando por drama e ficção cientifica, e chegando em terror. Além de todas as características já citadas, tem também a expressão marcante de sentimentos, como uma gota de água que aparece do lado do rosto do personagem, representando o seu constrangimento; dentes e chifres aparecendo repentinamente nos personagens, representando raiva ou maldade; a diminuição súbita do personagem, representando a vergonha; nervos estilizados na testa de um personagem, também representando raiva. Outro elemento que é notório é a voz do personagem. Elas são selecionadas de acordo com a personalidade dos personagens, tendo vozes muito poderosas, infantis, estridentes, harmoniosas ou cavernosas.

No Brasil, os animes são exibidos há mais de 40 anos, e séries como “Don Drácula”, “Piratas do Espaço”, “Menino Biônico” e “Sawamu” colecionam fãs.  Mas o maior fenômeno foi “Cavaleiros do Zodíaco”, que, sozinho, gerou em 1994 o “boom” dos desenhos japoneses que ecoa até os dias atuais. A série virou referência, foi reprisada muitas vezes e rendeu muito merchandising.

Além do grande crescimento dos animes nos últimos anos no Brasil, outra atividade que tem ganhado mais adeptos todos os dias é o cosplay. Trata-se do ato de vestir-se igual a um personagem e realizar encenações de seus atos e falas característicos. A ideia surgiu nos Estados Unidos, no final dos anos 70. O Brasil se destaca em competições de cosplay, como a World Cosplay Summit.

Renata Faria adentrou no mundo dos animes há 15 anos. Conheceu os desenhos na infância por assistir canais como Cartoon Network, que transmitiam animes. Ao gostar dos desenhos, começou a alugá-los em fita VHS nas locadoras e também receber de presentes dos amigos e da família, por saberem do seu gosto por fantasia animada. Aprendeu a ler muito cedo e, em decorrência disso, criou encanto pelo gênero fantástico e pelo mundo dos animes. Segundo Renata, “ele possui grande variedade de histórias com personagens cativantes e enredos bem escritos, fugindo da fórmula pré-pronta que se encontra nas produções dos filmes e livros atuais”. Seu gosto pelos animes acontece pela diversidade das histórias em todos os sentidos, tanto nas narrativas como nas animações. De acordo com a fã dos animes, “quanto mais a história fugir do clichê, mais ela a mantém presa e esperando pelo próximo episódio”.

Encantada pelos animes, Renata Faria é uma adepta do cosplay                Foto: Arquivo Pessoal

 Suas temáticas favoritas são fantasia, com bastante ação e aventura. Além de acompanhar os animes, Renata também faz cosplay desde 2014. Seu encanto é por poder interpretar por alguns instantes um personagem que gosta, sendo desafiada a tornar-se o mais próximo possível do personagem, em todas as formas. No entanto, ela confessa que não é nada fácil ser cosplay, as dificuldades vão desde juntar o dinheiro para montar a fantasia, criar um método para fazer a roupa tal qual o personagem, inclusive com acessórios. Para ela é uma prática bastante divertida e saudável, por que se adquire muito conhecimento sobre áreas que nunca tinha conhecido, como mecânica, tecelagem e costura. Para Renata, o cosplay envolve gostar muito do personagem e o desafio é divertido e prazeroso quando chega até o resultado final.

Como visto ao longo dessa reportagem, os animes são muito mais do que simples desenhos originados no Japão, têm histórias fortes e características peculiares. Veja nos links abaixo os cinco animes mais famosos mundialmente, considerando popularidade, qualidade e originalidade. Conheça um pouco mais dessa produção que vem ganhando o mundo:

Dragon Ball Original 1986

Naruto Shippuden

Pokémon

Death Note

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Amigos, espero muito me dar bem no trabalho que estou fazendo em cima desse artigo.
Mas essa Renata Faria é um exemplo de pessoa no mundo dos animes.

Lucas

Bom…,eu achei bem útil essas informações, por que assim eu sei mais sobre animes, eu vejo animes faz cinco anos, mas…as vezes queria entender mais sobre…,e agradeço por passar essas informações, agora eu compreendo melhor, não 100%, mas…fazer o quê, não dá para entender as coisas 100% , mesmo assim…,obrigada, tchau.

Roseane Souza Santos

Aaah, literalmente foi bem útil para mim. Agora eu sei por onde posso fazer meu trabalho de arte com assunto que eu amooo…

Luiza

Esse site possui várias informações, e estou muito grato, sou fã de animes há mais de três anos e, agora, estou fazendo um trabalho escolar sobre o mesmo, estas informações me ajudarão muito. Obrigado à autora!

Lucas Daniel

Foi muito bom ler esse POST com informações sobre as animações do meu país de ascendência. Eu já sabia bastante sobre os animes, mas isso me ajudou mais. Arigatooo

Koharu

 

Crítica: O provável futuro de The Handmaid’s Tale

Carolina Ávila

 

A atriz Elisabeth Moss foi homenageada com o Grammy 2017 de melhor atriz         Foto/Divulgação

 

     A série The Handmaid’s Tale é ambientada em um tempo não especificado, mas é em um futuro possivelmente próximo. Baseada em um romance de Margaret Atwood, “O Conto da Aia”, escrito em 1985 – e mesmo assim, atual – mostra que dependendo de quem detém o poder, qualquer coisa pode acontecer.

The Handmaid’s Tale é uma série do serviço de streaming Hulu, mas também está disponível no iTunes e a estreia no Brasil será no início do ano de 2018 pela Paramount Channel. A trama foi a grande vencedora do Emmy 2017– a maior premiação de programa de televisão do horário nobre dos EUA – e além de levar o prêmio de melhor série, também conquistou o troféu de direção e o de roteiro. Ainda levaram a estatueta Elisabeth Moss (protagonista), como melhor atriz, e Ann Dowd, como melhor atriz coadjuvante. Assim, o Hulu se tornou o primeiro serviço de streaming de vídeos a ganhar um Emmy de melhor série.

O que é The Handmaid’s Tale

A série acontece num lugar chamado Gilead, onde um dia existiu os Estados Unidos. No “passado” um fenômeno surgiu: a taxa da natalidade caiu consideravelmente e poucas crianças conseguiam sobreviver após o nascimento. Baseada em uma nova religião fundamentalista cristã, as pessoas passaram a viver em uma teocracia totalitária. A sociedade foi dividida em castas e as mulheres em quatro grupos: “Esposas”, as mulheres dos comandantes; “Martas” as mulheres que não possuem maridos e agora trabalham nas casas dos comandantes; “Tias” que ensinam e comandam as Aias; e, finalmente, as “Aias”, mulheres que não possuem maridos e ficam sem nenhum direito, mas têm uma vantagem: só elas são férteis.

A trama se passa aos olhos da aia Offred (Elisabeth Moss) que antes da mudança se chamava June e trabalhava em uma editora. Era casada, tinha uma filha, só que era a segunda esposa e, na teocracia, só era admitido casar uma vez. Offred encontra forças na motivação para encontrar sua filha, o que a ajuda a passar por situações absurdas nesse novo mundo. Situações estas, como ser serva da família de um comandante, onde é obrigada a servir a patroa e a fazer a “cerimônia”, na qual é obrigada a ter relações sexuais com o “homem da casa”, ou seja, um estupro mascarado de “objetivos religiosos”.

Entre momentos de aflição, angústia e mistério, a atriz Elisabeth Moss faz com que os sentimentos sejam percebidos através do seu olhar, mostrando o medo de se ver privada, de uma hora para outra, dos direitos fundamentais que consideramos adquiridos. Ser separada da família, ser usada como um “gado” somente para reprodução, não poder questionar, ler, pensar. O seu olhar grita por socorro, mas também transmite determinação, inteligência, coragem, vontade de mudar – mesmo que com cautela. Outras histórias também são mostradas e, até um certo ponto, uma corrente de esperança é sentida.

Questões femininas, de poder e política perpassam a trama fictícia                 Foto/Divulgação

Embora seja uma história de horror, é feminista, política e reivindicativa, pois não se compreende como se chegou naquela situação e muito menos como sair. A série é uma ótima reflexão do que o poder e o extremismo podem fazer, no qual um discurso bem elaborado e fundamentado pode ser usado como forma de manipulação das massas. Todos devem, não só assistir a essa incrível trama, como também refletir e pensar no agora e que o futuro próximo da série pode vir a se tornar o nosso.

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Vitor Ramil lança disco “Campos Neutrais”

Músico fala de sonho e realidade ao tratar de encontros culturais na região

Douglas Dutra

O último álbum de inéditas de Vitor Ramil foi “SatolepSambatown”, de 2007. Em 2010, lançou “Délibáb”, com versões musicadas de poemas de Jorge Luís Borges e João da Cunha Vargas, e, em 2013, revisou sua obra no disco duplo e songbookFoi no Mês Que Vem”.

Agora, Vitor Ramil volta com o disco “Campos Neutrais”, com 15 canções inéditas. Com mais de uma hora de duração. Vitor compensa os dez anos sem músicas inéditas e nos brinda com seu lirismo.

Segundo o próprio Ramil, o título Campos Neutrais é inspirado na zona neutra que atravessava o Rio Grande do Sul no século XVIII, separando as partes espanholas e portuguesas e gerando uma área de mescla cultural e humana.

É mimetizando essa mescla que Vitor Ramil faz seu álbum. Gravado em Porto Alegre, “Campos Neutrais” junta talentos do norte e do sul do Brasil e da Argentina.

Vitor nos brinda com sua poesia em novo disco       Foto: Marcelo Gonçalves

Além das composições autorais, o disco conta com parcerias de Chico César, Zeca Baleiro, Joãozinho Gomes e GutchaRamil, sobrinha de Vitor. O álbum também conta versões de Bob Dylan, António Botto e Xöel Lopes, e poema de Angélica Freitas musicado pelo Vitor.

“Campos Neutrais” tem participações de violonista Carlos Moscardini e do guitarrista gaúcho Felipe Zancanaro. A percussão fica por conta de Santiago Vazquez e os metais foram arranjados por Vagner Cunha e executados pelo Quinteto Porto Alegre, da OSPA.

Campos Neutrais pode ser ouvido no Spotify e no Youtube.

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Gilberto Gil: maestria e simplicidade em um só artista

 

Cantor e compositor encantou os fãs no Theatro Guarany, em Pelotas

Rayane Lacerda

     Sábado, dia 21 de outubro, Pelotas recebeu um dos maiores músicos brasileiros no palco do Theatro Guarany. Gilberto Gil encantou o público com a sua simplicidade, energia e com o seu talento para dar vida à música. O show fascinou a plateia do teatro lotado. Os fãs aplaudiram o artista ao final de cada interpretação.

Em uma exibição de voz e violão, ele demonstrou a vivacidade que ainda carrega aos 75 anos de idade, apresentando uma bela escolha de músicas e trocando diversas conversas e interações com o público. A professora Gabriela Nogueira, 46, conta que prestigiou a coletânea escolhida: “Em relação ao repertório eu gostei bastante. A maioria das músicas a gente conhece, canta junto, acompanha. São músicas de sucesso. Claro, uma e outra – não sei se são novas – eu não conhecia a letra, mas também é uma forma de divulgar o trabalho”.

Contar as histórias que deram origem às obras musicais é uma característica da própria Música Popular Brasileira (MPB) e que faz parte das apresentações de Gilberto Gil. A cada composição com uma origem interessante ou com a presença de outras figuras brasileiras – como Gal Costa, Maria Bethânia e João Donato –, ele compartilhava com o público e contava o contexto de cada canção. Entre as músicas tocadas, pode-se citar: A paz, Andar com fé, Esperando na janela, Toda menina baiana, Não chores mais (No woman, no cry) e Preciso aprender a só ser. Além disso, canções como Drão e Esotérico, pedidas no início do show, nas manifestações do público, também compuseram a seleção. Para mais, ao cantar A novidade, Gilberto foi capaz de despertar o senso crítico da plateia, que iniciou um intenso coral de vozes que pediam “Fora, Temer!”.

Com um público diversificado, entre crianças, jovens e adultos, a presença de grandes fãs contribuiu para um auditório que demonstrou felicidade ao presenciar o trabalho de Gil. “Eu acompanho a trajetória do Gilberto Gil já faz algum tempo. Eu gosto de Música Popular Brasileira e de todos dessa geração – Gil, Caetano, Bethânia, Gal Costa, Chico Buarque. São cantores que marcaram uma época e se identificam com a minha geração. Então, acompanho o trabalho dele desde que eu me conheço por gente”, conta Gabriela Nogueira.

Sobre o show como um todo, Gabriela afirma que superou as suas expectativas: “Me surpreendeu positivamente. Eu imaginava ter outras pessoas, outros músicos acompanhando o Gilberto Gil. Foi um show de voz e violão com uma excelente qualidade. Nunca tinha visto ele ao vivo e achei um cara tranquilo, simples e cativante. Ele envolve o público”.

Após finalizar o espetáculo, Gil some da vista do público em direção aos bastidores em meio a fortes aplausos, gritos, palavras de agradecimento e – como já se esperava – pedidos de “mais um”. Com o público todo em pé, na expectativa de mais uma canção, Gil volta e reaparece nas luzes do teatro, cantando não somente “mais um”, mas “mais dois”. Ele encerra a sua apresentação com Refavela e Palco, agora com os fãs mais próximos e satisfeitos com a mágica do artista brasileiro que honra a sua nacionalidade.

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Definitely Maybe: disco do Oasis completa 23 anos

Arthur Grohs

     Agosto de 1994, 31, último dia do mês. Na ocasião, as temperaturas oscilavam entre 17 e 10 graus Celsius, na conhecida cidade de Manchester. Os olhares ingleses eram voltados ao Manchester United, de sir Alex Ferguson, que ganhara a Premier League da temporada 1993/94 e chegaria, durante a temporada seguinte, em segundo lugar. Porém não era apenas o futebol que faria os europeus, latinos ou outros povos observarem a cidade.

Pausa. A fita é rebobinada. Os movimentos retornam bruscamente, as tintas deslizam de volta às canetas e, desta maneira, o ano passa a ser 1992. Quando um sujeito chamado Noel, depois de abandonar os estudos, se torna técnico de bateria de uma banda conhecida na região, o Inspiral Carpets. Após um período compondo o staff da banda, à casa ele torna e, com sua volta, a surpresa. Seu irmão mais novo – o qual, até o momento, nunca havia se interessado por música desta maneira – era vocalista de um conjunto.

Como mostrado no documentário “Oasis: Supersonic”, com direção de Matt Whitecross, Noel ingressa na banda do irmão e traz um talento ainda não revelado, o dom da composição. A partir de então, o jovem começa a escrever canções que recheavam o setlist do grupo que de Rain passara a se chamar Oasis. Assim, aos poucos, os integrantes foram conquistando admiradores do cenário musical da cidade, como apontou Johnny Marr (ex-guitarrista da banda The Smiths) em entrevista ao programa Behindthe Music, do canal de televisão Vh1. E, aos poucos, desbravando Reino Unido afora.

Liam e Noel Gallagher, Paul “Bonehead” Arthurs, Paul “Guigsy” McGuigan e Tony McCarrol. Cinco que se tornaram um, sob o nome de Oasis. Esta união, cerca de um ano depois de seu início, alcançou um contrato com um selo popular da época, a Creation Records, de Alan McGee, arquitetando, assim, um promissor futuro.

Com isso, voltamos à data inicial: 31 de agosto de 1994. Pôsteres e cartazes já estavam espalhados pelas terras da antiga Grã-Bretanha muitas semanas antes, gerando ainda mais expectativa para o determinado dia. Depois dos singles Supersonic, Shakermaker e Live Forever, com lançamentos distribuídos ao longo do ano, era o momento do Definitely Maybe emergir no cenário musical.

Em termos globais, a indústria fonográfica lucrava às custas do sucesso do grunge, de grupos como o Nirvana, e o hard rock, das bandas glam do cenário de Los Angeles, como Guns N’ Roses. Com o fim dos conjuntos citados anteriormente (os quais eram sucessos comerciais), o álbum Definitely Maybe teve uma estrada livre para vender 15 milhões de cópias ao redor do globo terrestre.

Impulsionado por canções que se tornariam – com a popularidade da banda – clássicas, o primeiro trabalho do Oasis possui aspectos os quais atraem os públicos adolescente e adulto. Amor, diversão, drogas, sonhos e questionamentos existenciais, esses são alguns dos temas tratados nas linhas líricas das composições de Noel, nesta obra de estreia.

Na época, seu lançamento foi de álbum inicial de artistas do Reino Unido mais rapidamente vendido em sua primeira semana da história, 86 mil cópias foram vendidas neste período. O recorde foi do grupo de Manchester até 2006, quando foi superado pela banda Arctic Monkeys.

A essência e os motivos das músicas

Noel Gallagher se notabilizou por se tornar o principal compositor da banda, ele escreveu todas as músicas dos três primeiros discos da banda, junto aos lados-B’s. Quando questionado sobre as inspirações das músicas, ele declarou que são sobre os “bons tempos”, sua juventude, e as pessoas as quais ouvem suas músicas poderiam dar um novo sentido às canções.

Essa é uma das várias declarações que o músico concedeu a veículos de imprensa nos últimos 25 anos. A faixa de abertura do disco, por exemplo, “Rock’n’Roll Star”, segundo Noel, é uma de suas grandes músicas porque traduz a mente de um jovem. E ele acredita que o Definitely Maybe é o cerne do que é o Oasis, por ser o disco que tornou o conjunto de Manchester famoso e “por ser o exemplo puro de suas habilidades de composição”.

O legado do álbum para os músicos

Em entrevista à GloboNews, o compositor acredita que mesmo com o fim da banda, a história continua. “Eu continuo tocando as músicas, as pessoas continuam ouvindo. Eu viajo o mundo tocando, e vejo adolescentes cantando e chorando, eles não eram nem nascidos na época do Definitely Maybe! Então, a história não acabou”.

Mais do que isso, Gallagher acredita que o disco é um grande trabalho devido ao momento que o cenário da música inglesa naquela época. Definitivamente talvez (ou não) o álbum se tornara atemporal não só pela representatividade e fama que a banda ganhou a partir dele, ou pelas canções, mas pela importância a qual ela galgou naquele instante no país em que viviam.

Gostando ou desgostando do disco, ele tem um espaço importante na história da música, e é eternizado pela memória de quem o ouve, pelos acordes de quem o toca e pelo significado intrínseco em cada faixa presente nele.

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Prêmio divulga fotos em milhares de imagens postais

Cotidiano: Guilherme Porto de Souza venceu concurso do Centro de Artes

     Luís Otávio Languer Schebek

     Uma competição de fotografia promovida pelo Centro de Artes da UFPel elegeu novos cartões postais para Pelotas. O concurso “Pelotas em uma imagem” teve como objetivo valorizar, através da fotografia, o potencial estético da cidade de Pelotas. A proposta do concurso era oportunizar o reconhecimento de talentos locais, fomentando a fotografia enquanto expressão artística. O concurso mostrou diferentes visões sobre a cidade, trazendo imagens que retratavam o cotidiano e a paisagem local. As inscrições abriram em julho e as fotografias vencedoras foram anunciadas no dia 9 agosto no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo. O projeto foi organizado por quatro estudantes da UFPel e teve o apoio de dois fotógrafos profissionais para a seleção das fotos recebidas, Felipe Campal e Nauro Júnior. Serão distribuídos 6.000 cartões postais com as fotos dos três primeiros colocados, 3.000 do primeiro lugar (Guilherme Porto de Souza), 2.000 do segundo (Leandro Lopes) e 1.000 fotos do terceiro classificado (William Gómez).

William Gómez fotografou mais próximo à natureza e ficou em terceiro lugar

O concurso estimulou a criatividade dos participantes com a liberdade de escolha do tema, já que cada fotógrafo tem uma percepção diferente da cidade de Pelotas. A Comissão Organizadora propôs que os participantes registrassem símbolos do município ou uma composição de elementos que, de alguma forma, representasse a cidade, enaltecendo o olhar individual de cada participante.

Leandro Lopes ganhou segundo lugar com sua visão única de escultura 

O projeto contou com a inscrição de várias fotografias, que foram avaliadas pelos pelos jurados. As três vencedoras foram transformadas em 6.000 cartões postais e distribuídas gratuitamente em diversos pontos da cidade.

Guilherme Porto, vencedor do concurso, conta que considera o concurso uma ótima forma de dar destaque aos talentos locais. “Eu fiquei sabendo do concurso um pouco antes das inscrições fecharem. Peguei minha câmera e fui pra rua. Queria encontrar algo que realmente marcasse a cidade, quando entrei na praça e vi aquela cena, não pensei duas vezes, fiz o clique e já comecei a torcer.”

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Crítica: “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”

Tom Holland interpreta herói na versão que neste ano nos cinemas                     (Foto: Sony Pictures/Divulgação)

Julia Mello dos Santos

     Um Homem-Aranha que quer participar dos Vingadores. Essa é a premissa inicial do longa “Homem-Aranha: De Volta Ao Lar”, que estreou em julho nos cinemas brasileiros. O personagem já havia aparecido nesta versão, interpretada por Tom Holland, em “Capitão América: Guerra Civil”, de 2016. A Sony Pictures juntou-se com a Marvel Studios para lançar a terceira versão do herói em pouco mais de dez anos.

No filme, dirigido por Jon Watts, temos um Peter Parker de 15 anos, em seu segundo ano de Ensino Médio. Não é mostrada a origem de seus poderes, nem a morte do seu tio Ben, fatos já bem conhecidos dos fãs do personagem e mostrados nas duas versões anteriores do herói que tiveram seus filmes recentemente. Escolha acertada dos roteiristas, para evitar uma saturação de cenas. Ao invés disso, as duas horas e 13 minutos de filme dedicam-se a explorar um Peter lidando com o colégio ao mesmo tempo que espera receber uma nova missão, após os eventos de Guerra Civil. Temos Robert Downey Jr. mais uma vez ótimo no papel de Tony Stark, o “Homem de Ferro”, que age como um mentor de Peter, tendo confeccionado seu traje, todo equipado com a mais alta tecnologia, o que rende várias cenas de forte apelo cômico. Ainda, Jon Favreau como Happy Hogan, responsável pela segurança das Indústrias Stark, e o elo entre Peter e Tony, enquanto o adolescente espera uma nova missão.

Algumas das melhores cenas são entre Peter e seu amigo Ned, vivido por Jacob Batalon. Nerd assumido, com várias referências à cultura pop, Ned fica maravilhado com o seu amigo e todo o mundo do qual ele faz parte escondido (para todos, Peter fala que está fazendo um “Estágio Stark”). As cenas adolescentes trazem leveza ao filme, que alterna com longas cenas de ação e até algumas de leve suspense. Entre jogo olímpicos de matemática, festas, interesses amorosos (Liz Allan, interpretada por Laura Harrier), e tentar esconder da Tia May (Marisa Tomei) sua vida dupla, Peter aventura-se pela vizinhança para provar ser digno do título de Homem Aranha, e ajudar o máximo de pessoas possível. Numa dessas aventuras, descobre a gangue liderada por Adrian Toomes, o Abutre (personagem de Michael Keaton), que rouba destroços e artefatos deixados para trás nas lutas dos Vingadores e aterroriza a cidade.

O filme destaca-se pela escolha de elenco. Tom Holland é um excelente Peter, mostrando bem o dilema de um adolescente diante das novas situações que surgem em sua vida, as responsabilidades de herói e lidar com a sua própria vida no meio de tudo isso. Ainda, um grande ponto positivo é a diversidade presente no elenco. Numa Hollywood ainda muito criticada por apresentar filmes com elenco somente branco, o longa é feliz em contar com atores de diversas etnias. O saldo geral do filme é excelente, valendo cada minuto!

Outras versões recentes

O amigo da vizinhança foi interpretado na trilogia do diretor Sam Raimi por Tobey Maguire, em: “Homem-Aranha” (2002), “Homem-Aranha 2” (2004) e “Homem-Aranha 3” (2007). Andrew Garfield deu vida ao super-herói em “O Espetacular Homem-Aranha” (2012) e “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro” (2014), os dois dirigidos por Marc Webb.

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Maloca Casa dissemina cultura no Cassino

 

O teatro de Quintal é o espaço físico da Casa onde acontecem apresentações de música, teatro e dança                                                                                                                                                Foto: Divulgação

 

Ricardo Leite

     Em 2004, o então ministro da Cultura do governo Lula, Gilberto Gil, propôs um conceito novo de dispersão e produção de cultura, os Pontos de Cultura. A proposta, no entanto, foi incompreendida por grande parte da sociedade. Mais ainda, alguns chegaram a tratar com zombaria a ideia do ministro.

Em 2016, um grupo do Cassino, balneário de Rio Grande, pensou em unir mídias sociais, a ideia do ponto de cultura e conceitos como economia solidária. Um dos criadores do projeto, Angelina Oliveira, explica que a proposta é de criação de um irradiador de produção cultural para o sul do Rio Grande do Sul. O objetivo é “repensar a forma de se relacionar com a produção da cultura”. Ao elucidar como funciona a Maloca Casa Colaborativa e sua nova estrutura da produção cultural, Angelina destaca: “Para nós é bem importante poder falar sobre o projeto para poder descentralizar as informações”.

Tudo começou em julho de 2016 em Porto Alegre, quando no Fórum Internacional de Software Livre foi divulgado o conceito de casa colaborativa. Um local com o objetivo de realizar projetos conjuntos de artistas de diversas manifestações culturais, facilitar a produção, tanto cedendo um espaço físico quanto um local de interação, e também um ponto de encontro diretamente com a sociedade civil.

Para Angelina a importância dos pontos de cultura e de espaços como a Maloca é de facilitador para os trabalhos de artistas locais e criar alternativas, pensadas coletivamente, de economia criativa para a produção cultural.

Organização horizontal e empoderamento

A utilização das mídias sociais também é um processo presente, e uma das bases da Maloca, tendo como um dos quatro organizadores do projeto Daniel Ilha, um desenvolvedor de software que colabora com a área de mídias sociais da Casa. O grupo divulga seus eventos no Facebook, principalmente. Os outros colaboradores são Melissa Velasques (atriz) e Gabriel Martins (tatuador).

A ideia central, indicada nas conversas e também na apresentação que o grupo faz em sua presença digital, é a de organização horizontal e empoderamento da produção cultural, ou seja, tornar a produção da cultura uma lógica da própria sociedade civil, e dos artistas de diversas vertentes. A busca é de realização conjunta de diversos projetos, facilitando a divulgação, espaço físico, financiamento e participação colaborativa.

Une diversos conceitos novos e uma moderna ideia de participação direta da sociedade nos processos de produção. Essas ações já vêm sendo realizadas em outros países e no Brasil, com especial menção a Porto Alegre, onde uma rede de pontos de cultura é reconhecidamente importante, como lembra Angelina.

A Maloca Casa Colaborativa busca organizar em um local a produção cultural do Cassino e da região sul do estado. Servindo como local de organização entre artistas, mas também de espaço no qual exposições, oficinas, brechó e debates podem ser realizados.

Eventos

Projetos contínuos da Maloca incluem a Biblioteca Regina Aquino, formada por livros e periódicos vindos de doações, o acervo de discos de vinil que podem ser ouvidos na sala da Casa e um espaço de resgate da memória cultural de Rio Grande.

Além de outros eventos permanentes, dos sazonais e daqueles pensados junto aos artistas da região. É possível conferir os eventos organizados pela Maloca Casa Colaborativa em seu site  e no  Facebook.

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