Cadê o palco que tinha aqui?

 

Apesar da falta de espaços, a companhia Você Sabe Quem prova que há público e artistas para o teatro     Foto: Divulgação

 

 

Por Cassiane Ribeiro Fonseca

      Pelotas é palco de cultura e diversidade. E isso se explica pelo crescente público que frequenta os diferentes espaços de manifestações artísticas, de rua ou não, sejam eles musicais, gastronômicos, literários ou teatrais. A Você Sabe Quem CIA de Teatro sente de perto esse progresso no interesse da população pelotense. Assim como vários outros grupos independentes, também percebe a falta de espaço público adequado para apresentações.

A Você Sabe Quem CIA de Teatro começou os trabalhos em 2013, quando alguns participantes receberam um convite da Universidade Federal de Pelotas, para participar da primeira mostra “Cai o Pano”, na época realizada no Instituto Federal Sul Rio-Grandense (IFSUL), com diferentes atividades artísticas. Com muita vontade, decidem fundar o grupo. Com a peça “A Lição”, fortaleceram-se e nunca mais pararam de fazer teatro.

Em meados da década de 70, o conceito de teatro independente se fortificou em oposição aos mecanismos impostos pelo mercado. Essa prática teatral, tem como base fugir dos padrões de massa  com uma busca pela originalidade. E, com diferentes formas e linguagens teatrais, a Você Sabe Quem cia de Teatro tem como objetivo ser um agente cultural transformador.

A ideia do grupo é universalizar o acesso às artes cênicas. Deve ser para todos a possibilidade de fazer, experimentar, participar, ver e sentir o teatro. O nome Você Sabe Quem surgiu pensando nessa ideia de que qualquer um pode fazer teatro, inclusive “você sabe quem”. “Qualquer pessoa pode experimentar dessa prática teatral. Justamente por sermos oriundos do curso de licenciatura em teatro, pensamos muito nessa formação pedagógica, artística, cultural, cidadã e humana que se consegue transmitir com o teatro”, explica Diego Carvalho, um dos nove integrantes da companhia.

Sendo independente, o grupo se mantém com recursos financeiros próprios, oficinas de teatro e seleções públicas em editais de fomento à arte. Além disso, também mantém parceria com a Bibliotheca Pública Pelotense, que cede espaço para apresentações. “A gente se mantém e busca se manter com os próprios recursos do grupo, seja com as peças de teatro ou as oficinas, justamente para continuar esse trabalho de fazer teatro em uma cidade que, infelizmente, ainda não tem espaço público adequado para isso”, relata Diego.

E é a falta de espaço público adequado para apresentações, a maior dificuldade que muitos grupos de teatro independente da cidade encontram no caminho. “Nós não temos espaço em Pelotas. Espaço para teatro mesmo, só temos o Guarany, cujo preço de aluguel é absurdo. Não tem como qualquer companhia teatral independente da cidade alugar, tanto que o teatro só apresenta peças de atores globais ou shows. O outro é o Sete de Abril, que está fechado há anos, desde que estou aqui nunca vi ele aberto”, relata Aline Cotrin, que veio de São Paulo para estudar em Pelotas e é uma das atrizes da Você Sabe Quem.

A cidade de Pelotas tem como um dos principais símbolos e patrimônios culturais, o Theatro Sete de Abril, fundado em 1833, um dos mais antigos do País e um dos primeiros a serem construídos no Rio Grande do Sul. Com o passar dos anos, tornou-se espaço público e incentivador de todo tipo de manifestação artística e cultural do município. Contudo, fechou suas portas em março de 2010 porque corria o risco de desabar.

Desde então, se mantém fechado para reformas. Em 2013, foi dado início às obras de restauração da cobertura e parte interna, com data para ser reaberto no final de 2017. Mas até agora, a conclusão não tem data prevista. O Sete de Abril é um espaço cultural público e municipal, um bem dos moradores pelotenses que está sendo esquecido por todos. “Uma cidade, onde havia muitos festivais de teatro e companhias, hoje em dia, não tem um local adequado. Temos que lutar para ter espaço onde apresentar, que disponibilizem condições mínimas de iluminação e de som”, lamenta Aline.

Se de um lado falta espaço adequado para apresentações, de outro, o público da Você Sabe Quem Cia de Teatro cresce e tenta reverter esse cenário. Em 2016, o grupo teve a peça de comédia melodramática “Dona Frida”, aprovada com o apoio do Procultura. Foi realizado uma temporada na Bibliotheca Pública Pelotense com oito apresentações lotadas. Este ano, apresentaram junto ao Sete ao Entardecer, com público de 200 pessoas. Tanto o Procultura, como o Sete ao Entardecer, são projetos realizados pela Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas (Secult).

Neste ano, a companhia também organizou a primeira mostra de teatro independente em Pelotas, realizado em um final de semana com três apresentações por noite, sendo prestigiado por uma média de 300 pessoas na plateia. “Se ouve falar que em Pelotas não tem público, que as pessoas não vão assistir teatro. Elas vão sim, estamos aqui como prova. Os grupos estão aqui para mostrar isso, existem muitos trabalhos bacanas na cidade e o público vai prestigiar”, conta Talles Echeverry, mais um integrante da companhia.

A procura por arte cresce. Na Bibliotheca Pública, no Mercado Central, na Praça Coronel Pedro Osório ou seja lá onde o palco for, a dedicação dos atores é a mesma. Esse lugares são públicos, qualquer um pode se sentir à vontade para participar. Só não se pode esquecer que, por mais bonitas que sejam as edificações, não possuem a estrutura que os artistas, assim como o público, merecem.

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John Mayer: em busca de tudo

Músico norte-americano lança álbum com inéditas depois de quatro anos e marca seu retorno à cena musical 

Jessé Krüger

     O álbum The Search for Everything, lançado em 14 de abril de 2017, marcou o retorno do músico John Mayer depois de quatro anos sem produzir inéditas. São 12 faixas nas quais o guitarrista, cantor e compositor viaja por suas diferentes vertentes musicais, fazendo um aparato de todos seus seis álbuns de estúdio anteriores. Rock acústico, folk, country, blues… Tem um pouco de tudo no novo trabalho e todas as faixas foram compostas pelo próprio cantor.

Capa do álbum em lançamento

Produzido por John Mayer e pelo baterista Steve Jordan (John Mayer Trio, Saturday Night Live Band), o disco já inicia com um de seus singles de maior sucesso. Still Feel Like Your Man abre o álbum com um ritmo dançante e empolgante, contando com um riff de guitarra marcante durante a introdução e o verso. Embora o ritmo anime, a letra por trás indica um John Mayer que ainda não conseguiu superar seu antigo relacionamento, dizendo que ainda se sente ligado à sua paixão anterior e que ainda guarda seu xampoo no chuveiro. Sem namorar desde seu término com a também cantora Katy Perry, Mayer parece direcionar os versos desta e das subsequentes canções à sua antiga amada.

Na sequência, Emoji of a Wave traz um Mayer mais compenetrado e acústico. Saem as guitarras e entram os violões. Embora o título seja um pouco irônico, a faixa é um dos destaques do álbum, mostrando conexão perfeita entre as partes instrumental, vocal e letrista. Helpless, música com a qual Mayer abriu seu show em Porto Alegre no dia 24 de novembro, chega na sequência com mais um riff de guitarra marcante. É também de se destacar um belo solo ao fim da canção.

Love on the Weekend, primeiro single comercial do álbum, lançado ainda em 2016, faz sua aparição em The Search for Everything. Canção padrão comercial da indústria da música pop, a faixa não é um dos grandes destaques musicais da gravação, porém cumpre seu papel de vendas e divulgação.

As três próximas faixas são In the Blood, Changing e Theme from The Search for Everything. In the Blood está entre as composições mais pessoais do músico estadunidense ao longo de seus mais de 15 anos de carreira. Contando seus medos e sua história familiar, não demorou muito para que o compositor conseguisse relacionar sua caminhada com a de seus fãs. Changing é destaque por um solo de guitarra que entra rasgando na metade da canção, algo totalmente inesperado para a vibe da música, mas que se encaixa perfeitamente ao desenrolar dos versos e do refrão. A última das três canções é um instrumental belíssimo que serve para interligar e direcionar o disco para suas cinco últimas faixas.

Moving On and Getting Over é outra música que facilmente pode ser linkada aos sentimentos de Mayer por Katy Perry. Assim como Still Feel Like Your Man, o ritmo empolgante esconde um pouco as duras palavras e a realidade um pouco triste do guitarrista. Never on the Day You Leave não fica para trás no quesito tristeza, mas a grande diferença é a presença de um piano conduzindo grande parte da música.

Rosie e Roll it on Home chegam e acabam com a tristeza das letras. Rosie se destaca pela história de um casal e suas desventuras, além de mais um riff de guitarra interessante composto e executado por John Mayer. Em Roll it on Home, retornam as nuances de country pelas quais o músico norte-americano passou durante seus dois últimos trabalhos.

You’re Gonna Live Forever in Me encerra o álbum, novamente com pianos comandando o andamento geral da música. A faixa provavelmente acabará se tornando uma das favoritas dos fãs do músico.

No geral, The Search for Everything não decepciona. Tratado por Mayer como seu álbum “mais verdadeiro e sem medo de expor o que sentia”, o compilado de 12 faixas teve boa produção comercial, alcançando mais de 130 mil vendas na plataforma Itunes no dia do seu lançamento, debutando na segunda colocação geral. Mas o que o torna mais qualificado é uma característica que cada vez mais vem se tornando única na indústria musical. Todas as 12 faixas foram compostas por John Mayer. Letras, melodias, tudo, absolutamente tudo parte do músico.

Já se vão mais de 15 anos de carreira, sete álbuns de estúdio e dois ao vivo, e, mesmo assim, Mayer ainda consegue inovar e se renovar a cada trabalho, fator fundamental para que ainda permaneça na indústria pop musical. Já na casa dos 40 anos, o cantor e compositor ainda demonstra que tem muita lenha para queimar. Prova disso foram seus cinco shows realizados no mês de outubro no Brasil. Ainda lotando estádios e arenas, John Mayer coloca mais um trabalho para conta, perpetuando ainda mais seu nome, sua carreira e seu legado na cena musical contemporânea.

Cantor e compositor mostrou sua garra no palco  em cinco shows realizados no mês de outubro no Brasil

Confira a ficha técnica completa de The Search for Everything:

Músicos:

  • John Mayer – vocais, guitarras, produção
  • Steve Jordan – bateria, percussão, produção executiva
  • Pino Palladino – contrabaixo
  • Larry Goldings – pianos e teclados
  • Al Jardine – vocais em Emoji of a Wave
  • Matt Jardine – vocais em Emoji of a Wave
  • Aaron Sterling – bateria em Roll It on Home e percussão em Still Feel Like Your Man e Roll It on Home
  • James Fauntleroy – teclados em Still Feel Like Your Man
  • Sheryl Crow – vocais em In the Blood
  • Tiffany Palmer – vocais em Helpless
  • Chad Franscoviak – produção
  • Chris Galland – mixagem
  • Manny Marroquin – mixagem
  • Greg Calbi – masterização

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Alunos da UFPel são premiados no 5° CineSerra

  

 Carine Reis

     Durante o maior evento astronômico do século, o astrônomo Howard Phillips (Thairone Dorneles) acorda desorientado em seu apartamento. Howard tem sua concepção de realidade colocada em jogo após receber um misterioso bilhete. Guiado pela incerteza, ele acaba se deparando com situações que o farão duvidar de sua sanidade.

Com este enredo, o filme dos alunos do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi escolhido pelo voto popular, no certame estadual, como o melhor filme de ficção no 5º Festival do Audiovisual da Serra Gaúcha – CineSerra. Concorreu com equipes já conhecidas do meio cinematográfico da região e já premiados no Festival de Gramado, que é um dos maiores do Rio Grande do Sul.

“Ficamos muito felizes com o resultado final. É bom e estimulante, já no primeiro semestre de curso, um reconhecimento por um trabalho que todos se dedicaram muito durante vários dias”, comentou o diretor e roteirista, Leonardo da Rosa. Ele ressalta a importância da universidade ter um filme em um festival deste porte, sendo sinônimo de reconhecimento para o curso e para Pelotas.

A criação do filme surgiu a partir de uma disciplina ofertada no primeiro semestre da graduação, que seria a produção de um curta de até um minuto. “Acabamos por escolher um roteiro que daria mais que o tempo sugerido. Assumimos a responsabilidade já pensando em um desafio maior”, comentou.

Pensado em uma concepção diferente do resultado final, adaptações durante a produção foram necessárias devido às limitações técnicas. Um exemplo foi a adesão em preto e branco com elementos expressionistas. Para Almeida, as limitações e mudanças contribuíram para uma melhoria do filme como um todo, principalmente na parte de fotografia e direção de arte.

Conforme o produtor Yan Oliveira, a equipe de gravação foi composta por dez membros e um ator. Outras pessoas auxiliaram com transporte e empréstimo de objetos para a composição das cenas e os professores orientaram a pós-produção. “Apesar de ser a primeira equipe de set com quem trabalhei tenho certeza que foi uma das melhores pessoas com quem vou trabalhar durante a minha carreira”, afirmou.

Ainda, a equipe criou a Saturno Filmes, produtora que recebe nome em homenagem ao filme, ideia salientada por Leonardo como positiva, pois desde cedo irão empreender e se organizar como profissionais.

Segundo Yan, o mercado de audiovisual não busca somente produções de filmes e curtas, mas também de publicidade, o que traz dificuldades para a área. A ideia, segundo ele, é que a produtora responda ao nicho publicitário e, com isso, financie os próprios filmes.

Motivados para continuarem os projetos, a equipe já está preparando três curtas metragem neste semestre, que estão em fase de pré-produção, sendo elas: “Lapso”, dirigido por Arthur Amaral. “O Princípe”, dirigido por André Berzagui e “Um Lugar ao Sul”, dirigido por Gianluca Cozza.

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Narcos: profundidade psicológica fascina

 

Wagner Moura protagoniza série sobre narcotráfico que está na terceira temporada                  Foto: Divulgação

Gustavo Pereira

      Partindo do pressuposto de que só quem aprovou a primeira temporada de Narcos assistiu ou assistirá a segunda, é fácil afirmar que a continuação da série tende a causar ainda mais fascínio. A produção não foge do seu padrão em nenhum momento, apesar de apresentar mudanças em aspectos mais detalhistas – principalmente na profundidade dada a cada personagem.

Se a história é baseada em fatos reais e leva toques de dramaticidade clássicos do cinema, o espectador de Narcos sabe que o protagonista Pablo Escobar morre ao fim da cruzada organizada por todas as forças rivais. Mesmo assim, os episódios são conduzidos de tal forma que dão a entender que o maior traficante de drogas do mundo à época não seria encontrado jamais. Em certas cenas, Pablo mostra seu lado mais afetivo, visto que passa muito tempo longe da família e, quando a encontra, demonstra seu amor em momentos de compaixão com os filhos e a esposa.

É essa pitada de ‘’humanização’’ colocada no papel do vilão que ajuda a tensionar ainda mais a produção. Entre um e outro atentado que mata centenas ou milhares de pessoas, Escobar tem explicitada sua forte preocupação com os elos familiares. O colombiano passou grande parte da segunda temporada ‘’de galho em galho’’, de esconderijo em esconderijo fugindo das equipes de busca que desejavam incessantemente matá-lo. Durante o transcorrer da série, a rivalidade é cada vez mais acirrada e mostra que não poderia chegar a um fim sem a definição.

Apesar de tratar de diferentes temas pessoais dos personagens, a obra nunca perde o seu foco: a já citada busca pelo traficante por parte dos inimigos. Os inimigos, por sinal, vão aumentando a cada episódio. Se na temporada de abertura eram basicamente as autoridades colombianas e o DEA (Departamento Antidrogas dos Estados Unidos), conforme a segunda temporada foi se desenrolando, o número de combatentes de Pablo cresceu exponencialmente. Entram no grupo guerrilheiros, bandidos, outros traficantes (Cartel de Cali), outros países (além dos EUA) e inclusive familiares de vítimas suas que lutam por justiça ou vingança.

Dentro de todo esse cenário, se destacam dois personagens, integrantes do DEA. Enquanto o agente Murphy perde importância e passa a ter menor impacto nas ações da organização antidrogas americana, seu companheiro Javier Peña, sempre envolvido com mulheres de programa, não desiste nunca da caçada. Na reta final, porém, Murphy volta à ativa e inclusive é um dos protagonistas do assassinato de Escobar – que, na série, busca ser praticamente igual ao realmente acontecido em dezembro de 1993.

Quem também tem seu peso elevado é Gilberto Rodríguez Orejuela, líder do Cartel de Cali. A direção de Narcos, já pensando na terceira temporada, tratou de dar mais relevância a este traficante em uma clara intenção de chamar o público à terceira temporada – que passa a mostrar os homens de Cali como alvos das autoridades competentes.

Se o roteiro conta com poucas imperfeições, tecnicamente a série é de primeiro escalão. Cada cena de ação, cada tiroteio e cada assassinato é perfeitamente encenado, usando os artifícios tecnológicos disponíveis para fazer de Narcos um sucesso. Aliando realidade, dramaturgia, ação, romance e um pouco de comédia, a direção da obra mostra que é possível agradar o público mesmo que o evento final seja de conhecimento absoluto.

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“Novembro Negro” fortalece combate ao racismo

 

Uma das atividades em Rio Grande no início do mês foi a Quitanda Cutlural                 Foto: Facebook

     Marina Fagundes

     Aconteceu dia 10 de novembro a abertura oficial das atividades do “Novembro Negro”, em Rio Grande, no Salão Nobre da Prefeitura Municipal. Foi realizada a mostra de trabalhos de rio-grandinos negros, fortalecendo o combate ao racismo. Em promoção do Executivo Municipal, entre as atividades deste ano, houve a feira de artesanatos, oficinas de turbantes, shows musicais, sobre o uso de plantas medicinais e rodas de conversa. Como foco dos debates, foram trabalhados três eixos: políticas públicas, a caminho da igualdade racial; combate ao racismo, visibilidades às lutas de raça, gênero e classe; e relatos de experiências, promovendo a consciência negra na comunidade escolar.

Além disso, também fizeram parte da programação a apresentação de trabalhos produzidos por alunos da Rede Municipal e Ensino e o lançamento do livro “Perspectivas Femininas Afro-Brasileiras”. A primeira atividade alusiva ao “Novembro Negro”, aconteceu dia 10 de novembro, com a realização da Quitanda Cultural, uma tradicional feira de artesanato e economia solidária realizada nos dois primeiros sábados de cada mês, na Praça Xavier Ferreira. Desta vez, a feira teve a participação do Projeto Africana Boneca Rana.

São apoiadores deste “Novembro Negro” a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), o PROEXC/NEAB, a 18ª Coordenadoria Regional de Educação, IFRS, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Social e Cultural da Comunidade Negra do Rio Grande (CONDESCOM), Quitanda Cultural, ONG Águas Do Sul (Projeto Boneca Africana Rana), Anhanguera e a Associação Rio-Grandina de Umbanda e Terreiros de Matriz Africana (ARUTEMA).

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Documentário faz reflexão necessária

 

Larissa Patines

 

     “Sente-se numa almofada bem dura com as mãos colocadas uma sobre a outra. As costas bem retas. Em silêncio. Rigorosamente imóvel. E fique aberto ao que se passa… é o presente. E você verá que esse presente permanece presente. E viverá assim alguns minutos de eternidade. o presente nunca falha. O presente sempre está lá inteiro. Só você pode se apropriar do seu tempo. E se apropriar do seu tempo é viver o presente.”

Essa é uma das falas do documentário de Adriana Dutra, “Quanto tempo o tempo tem?”. O longa-metragem disponível pela Netflix traz depoimentos de cientistas, filósofos, sociólogos, jornalistas e diversos especialistas em um assunto que permeia a existência humana: o tempo. Questionando a efemeridade do tempo, sua construção social e o quanto disso afeta a existência humana, o documentário de 76 minutos é uma troca de ideias bem desenvolvida que propõe reflexões pertinentes a sociedade neste momento histórico.

O documentário chegou até meu conhecimento através da indicação de uma amiga e num primeiro momento me trouxe uma grande frustação em torno do sistema de marcação temporal do qual utilizamos. Vivemos em um sistema de um ano, dividido em 12 meses, com dias de 24 horas e diversas divisões de tempo que não condizem com os sistemas biológicos da natureza. Refleti sobre as informações apresentadas no longa por semanas, tentei explicar alguns dos conceitos para amigos e percebi como temos, num geral, dificuldades de nos afastarmos das convenções sociais entendidas no mundo. Vivemos há muito tempo assim para questionarmos coisas tão básicas como o funcionamento do relógio.

O debate sobre o tempo passado, o presente e as incertezas do futuro são tratadas com embasamento teórico e científico. As descobertas humanas até aqui e a revolução tecnológica são apresentadas como influenciadoras diretas na sensação do tempo, já que mesmo com marcações cronológicas, ele segue sendo complexo e relativo. O filme traz de forma didática a relação temporal com as descobertas do ser humano e seus anseios frente a finitude da vida. A expectativa de vida de um humano versus o sistema no qual ele está inserido.

A ironia do documentário é que, com 76 minutos, um tempo “relativamente pequeno”, ele passa uma considerada porção de informações acerca deste conceito com o propósito de fazer refletir justamente sobre o quanto de tempo o tempo realmente tem. Para mim, essas informações trouxeram impacto significante para pôr fim a ansiedade da era conectada e entender melhor o motivo de não encaixar minhas necessidades biológicas na rotina apressada e desenfreada que muitas vezes a sociedade moderna nos impõe. Repensei a forma de viver as coisas em meu próprio tempo. E, como o próprio longa cita, é desperdício de tempo passar frente a uma experiência e não mudarmos em nada, nem refletirmos sobre isso. Portanto, recomendo a reflexão e a mudança temporal para nos apropriarmos do nosso próprio tempo e vivermos, de fato, o presente sem perder tempo.

Trailer oficial do filme

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Bruno Lavermo: amor e autenticidade na arte

Bruno Lavermo durante live paint em São Paulo                                      Foto: Reprodução/Facebook

Rayane Lacerda

     Sensibilidade e um olhar maduro sobre o mundo são características importantes para consagrar um artista, principalmente quando o seu objeto de inspiração é o dia a dia caótico da cidade. Bruno Lavermo, artista pelotense, encontra beleza na simplicidade e busca sentidos profundos para o seu trabalho com ilustrações, desenhos e grafites. Com uma trajetória admirável, ele conta como conheceu as diversas formas de arte e como foi o início da carreira.

Bruno teve o seu primeiro contato com a arte por meio de desenhos que fazia quando ainda era criança. Ele explica que, inicialmente, não gostava dos resultados que alcançava, mas que sua mãe sempre admirou e incentivou o seu perfil artístico. Quando completou 12 anos de idade, passou a desenhar com uma frequência maior, preenchendo um pequeno portfólio composto por ideias projetadas no papel. Mais tarde, entre 15 e 16 anos, utilizava o tempo de aula na escola para aprimorar o seu traço, passando a reconhecer o seu próprio talento.

O contato com a arte do grafite

Dono de um trabalho que sempre ganhou destaque pelas ruas de Pelotas, ele vê o desenho como um ponto comum com o grafite e explica que o seu primeiro contato com essa prática surgiu por influência de Bero Moraes, artista e amigo próximo. Bruno conta que sempre percebeu uma estrela pintada pelos muros, mas, mesmo sendo amigo de Bero, não sabia que era ele o autor. “Eu pegava ônibus de manhã para o colégio com o Bero todos os dias, mas não sabia que ele fazia aquela estrela. Eu até já tinha desenhado ela nos meus cadernos. Quando descobri que era dele, foi um bom incentivo, passei a me interessar mais [pelo grafite] e a querer ir para a rua”, descreve.

Quando questionado sobre como acontece a escolha de muros para pintar, ele esclarece que sempre busca lugares que esteticamente combinem e encaixem com o seu formato de desenho: “Eu prefiro algum muro que tenha uma estética legal em que o meu trampo vai se encaixar com tudo que tem na volta. Mas, às vezes, só quero fazer um desenho e vou em qualquer muro ‘livre’ em que eu possa simplesmente criar”.

Transformando o olhar sobre a cidade

Desenho reflete rotina da rua Gonçalves Chaves, em Pelotas      Foto: Reprodução/Instagram

 

O grafite também foi muito importante para o amadurecimento e a transformação do seu olhar sobre a cidade. Bruno foi capaz de acessar outros pontos e formas de perceber o mundo, tendo contato com diversas pessoas e realidades. Para ele, não é algo superficial, pois passou a observar nas tags, papeis colados e texturas de muros algo mais profundo. “Indo para a rua passei a estar do outro lado da sociedade e, de certa forma, me tornando parte de um time de minorias que é visto com preconceito”, relata. Ele também acrescenta o contato direto com as diversas reações de quem encontra: “Além, ainda, do contato com as pessoas na rua, cara a cara com as diversas realidades, como mendigos que param para conversar, pessoas dizendo que irão chamar a polícia, senhoras dizendo que o desenho vai alegrar o local, etc.”.

Reconhecimento e processo criativo

Depois de experimentar o grafite, ele passou a buscar formas de sustento próprio, e foi então que iniciou o trabalho com design. Mesmo se considerando um freelancer ao longo da sua carreira de artista, hoje ele se percebe como um ilustrador autoral. Bruno começou em Pelotas, mas já passou por Florianópolis e, atualmente, trabalha em Porto Alegre. “Morei em Florianópolis por quatro anos e foi o período em que eu mais consegui viver de arte, trabalhando comercialmente e também espalhando elas por conta própria pela rua”, conta. Nessa fase da vida, ele construiu um reconhecido trabalho na área artística e teve importantes marcas como clientes, entre elas: Drop Dead Skateboards, Santa Cruz, Lay back beer, Hi adventure, Planet Hemp, Guaraná Antarctica e Noize.

Ao ser perguntado sobre o seu processo criativo, ele explica que é distinto entre trabalhos autorais e clientes específicos, dependendo muito do projeto que surge: “Quando o projeto é para algum cliente, tem que estudar conceito, público alvo, palavras chaves e fazer uma ligação de tudo para começar a criar. Quando é algo autoral flui mais naturalmente, a partir de reflexões que tenho – seja sobre coisas simples ou complexas –, mas é pensar sobre a vida, pegar uma caneta e jogar as ideias”. Além do processo criativo, algumas inspirações também são necessárias para embasar o trabalho de um artista. Para Bruno Lavermo, a rua, o cotidiano, o skate e as formas de expressões autênticas chamam a sua atenção: “Gosto de coisas verdadeiras, feitas com amor. Gosto quando o que a pessoa faz – seja na arte, no skate ou na dança – é uma expressão de personalidade própria. Isso se chama estilo”.

A expressividade dos desenhos observa o cotidiano com muito humor

 

E é assim que ele trata o seu trabalho e percebe a vida: com amor e autenticidade. Com as ilustrações atuais, ele é dono de uma arte expressiva e verdadeira. “Meu trabalho é realmente uma extensão da minha personalidade, tanto na ideia quanto no traço. O que faço se tornou mais meu e mais verdadeiro quando aceitei o meu jeito de ser. Aceitei meus erros e parei de tentar ser e fazer as coisas perfeitas. Acredito que o erro faz parte de mim e eu gosto dele. É ele que diferencia”, orgulha-se.

 

Para conhecer mais o trabalho de Bruno Lavermo:

Behance

Instagram

 

 

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Atividade interativa divulga Centro Histórico

Animação valoriza história de Pelotas e  teve participação de pesquisadores e jovens de escola municipal Foto: www.pelotasconvention.com.br

Bibiana de Moraes Dias

     Neste mês, Pelotas recebeu um material inovador que agregará no ensino da história da cidade de uma forma inovadora e cativante. A estudante do curso de Cinema de Animação da UFPel, Isabela Maria, junto à professora de pedagogia Lilian Lorenzato, e demais estudantes do grupo PET-GAPE, produziu uma animação que apresenta os pontos históricos da cidade.

A produção da animação se deu através do projeto “Conhecendo Pelotas”, no qual os alunos da Escola Municipal Machado de Assis visitaram os pontos históricos da cidade e produziram textos a partir de suas vivências, gerando assim um material compatível e na linguagem ideal para o ensino para crianças e para todos aqueles que desejam conhecer mais da nossa cidade.

O projeto foi produzido desde o ano passado e, agora, já pronto, pode ser acessado no Youtube. O vídeo disponibilizado recentemente tem cerca de oito minutos e conta a história dos casarões e outros pontos de maneira divertida.

A estudante Isabela Maria, realizadora do projeto, citou a importância dele na troca de saberes entre educandos e educadores, já que o mesmo foi elaborado pela experiência dos próprios alunos. “Acredito que esse trabalho tenha contribuído, dentre outras coisas, na forma de se abordar assuntos importantes, como por exemplo, o papel do Centro Histórico para os habitantes locais”, comentou. As imagens apresentadas ao longo do vídeo e o personagem que interage com quem assiste proporcionam um tom leve e ao mesmo tempo informativo.

Ao ser questionada sobre a relevâcia do projeto para os estudantes e para a escola, a orientadora do trabalho, Lilian Lorenzato, disse que o vídeo foi importante visto que as escolas trabalham de maneira conteudista e padronizada, mas o projeto veio como uma alternativa de mudança. A orientadora destacou que “se pode perceber a importância do diálogo entre a universidade e a comunidade, de modo que uma auxilia a outra, promovendo uma troca de saberes e também proporcionando aos educandos uma maneira prazerosa e contextualizada de aprender”. Lilian ainda ressaltou o quanto o trabalho envolveu não só a estudante de Cinema e Audiovisual, Isabela, mas também os demais integrantes do grupo.

O trabalho, disponível para ser acessado de qualquer lugar do mundo, pode servir como material em outras escolas e também para que pessoas de outros lugares conheçam a história da cidade de Pelotas.

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Animação: “Rick and Morty” pensa a humanidade

Rick e Morty em uma de suas aventuras intergalácticas e de questionamentos existenciais (Foto: Reprodução)

Rafael Gonçalves

     “Rick and Morty” é uma animação estadunidense de comédia e ficção científica criada por Justin Roiland e Dan Harmon para o bloco de programação noturno Adult Swim. A série narra as aventuras de Rick, um cientista alcoólatra e de seu neto Morty, um adolescente que acompanha seu avô em suas jornadas através das dimensões intergalácticas. O enredo conta também com Beth, Jerry e Summer.

Beth, filha de Rick e mãe de Morty é uma cirurgiã de cavalos frustrada profissionalmente, mas que herdou a inteligência e digamos o apreço por álcool de seu pai. Jerry é o marido de Beth, um pai apaixonado, mas ao mesmo tempo extremamente inseguro e infantil. Summer é a irmã mais velha de Morty, o típico estereótipo da adolescente alienada e fútil, mas que com o tempo começa a participar das aventuras de seu avô junto com seu irmão.

Muitos já sugerem que “Rick and Morty” seja a melhor série de animação já feita, ultrapassando até mesmo shows consagrados como “Simpsons”, “Family Guy” e “South Park”.

Isso se deve pela animação mesclar muito bem a ficção científica, com suas jornadas no espaço, visitas a planetas desconhecidos e realidades paralelas com questões mais profundas, como a crise existencial de seus personagens, as questões a respeito da vida e a relação do indivíduo perante o mundo.

A animação aborda temas existencialistas e até mesmo pesados como: Qual a nossa função na Terra? Por que existimos? Qual o objetivo de tudo isso? Tudo isso, é claro, com muito humor.

Uma das cenas mais marcantes do show é quando os personagens têm acesso a um óculos que lhes permite ver como seriam suas vidas em diferentes realidades, fazendo com que Summer descubra que ela nasceu de uma gravidez indesejada e, portanto, ela se questiona do propósito de sua existência. Então, seu irmão Morty revela que, em uma de suas aventuras com seu avô, eles acabaram destruindo o mundo inteiro e consequentemente matando a si mesmos, fazendo com que eles partissem para outra realidade. Morty mostra para Summer sua cova, que ele mesmo teve que cavar para enterrar seu corpo. Foi aí que Morty disse uma das frases mais famosas de toda a série: Ninguém existe sobre algum propósito, ninguém pertence a algum lugar, todos vamos morrer.”

Morty contando a Summer sobre sua aventura com Rick     (Foto: Reprodução)

A série critica de um modo ácido toda a relação humana, seja como forma de sociedade ou até mesma a relação com Deus. No episódio Get Schwifty (temporada 2 – episódio 5), o planeta Terra é abduzido por seres de cabeça gigante que realizam um concurso de melhor número musical da galáxia. Obrigam que Rick and Morty tenham que criar um número musical para a ocasião e evitar a destruição do planeta. Enquanto os dois trabalham nisso, toda a população vê as cabeças gigantes como um novo Deus a quem eles devem total idolatria, criando uma religião extremista e descabida.

Cidadãos usam Beth e Jerry como oferenda aos deuses     (Crédito: Reprodução)

Rick and Morty faz uma crítica sobre nossa sociedade de forma genial no episódio “The Ricks Must Be Crazy” (Temporada 2 – episódio 5). Neste episódio Rick fica sem bateria em sua nave espacial e acaba nos mostrando de onde ele obtém tanta energia, tanto para a nave como para seus experimentos. Ele a obtém escravizando um universo inteiro que trabalha sem parar gerando a energia necessária para carregar sua nave e seu celular, por exemplo. O que ele não esperava é que nesse mini-universo criado por ele, outro cientista também teve a mesma ideia de escravizar outra sociedade para gerar sua energia, criando um ciclo de trabalhos forçados.

Morty então questiona Rick se isso não era escravidão, e ele então responde: “Isso se chama sociedade. Eles trabalham uns para os outros, pagam uns aos outros, compram casas, se casam e até mesmo fazem filhos para os substituir quando ficarem velhos.”                  

Universos escravizados para geração de energia   (Foto: Reprodução)

A animação também é conhecida como uma metralhadora referências da cultura pop, uma piscada de olhos e algo pode passar desapercebido. Algumas das referências são sobre “Mad Max”, “Inception”, “A hora do pesadelo”, “Game of Thrones” e por aí vai.

Rick and Morty, sem dúvida, é a série do momento. Tem o poder e a sutileza de abordar temas dos mais variados e pesados aspectos, mas tudo da forma mais hilária possível.

Ainda não há previsão de estreia para a quarta temporada do Show. Dan Harmon, criador da série, afirmou que a animação terá mais episódios na temporada que está por vir, quatorze ao invés de apenas dez.

“Gosto de pensar que aprendi o suficiente com meus erros na terceira temporada, então definitivamente podemos fazer 14 capítulos agora. Uma forma saudável de fazer isso é provar – para nós mesmos, para emissora e para a produção – que os dez primeiros episódios serão tão fáceis que ganharemos capítulos adicionais,”  declarou Dan Harmon.

As duas primeiras temporadas da série estão disponíveis no Netflix. Veja alguns dos melhores episódios de “Rick and Morty” na internet:

Vazio existencial

Momentos mais absurdos

Veja mais referências de Rick and Morty aqui.

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Pelotas teve sua primeira Oktoberfest

Músicos em trajes típicos no Centro de Pelotas participam da festa germânica      Foto: Kímberlly Kappenberg

Kímberlly Kappenberg

     Gastronomia, dança, música, folclore. Pelotas festejou as tradições germânicas com sua primeira Oktoberfest, que aconteceu entre 31 de outubro e 5 de novembro. Apesar de a ascendência portuguesa predominar entre os pelotenses, alguns dos traços culturais difundidos pela Festa da Alegria – abraçada pelo Centro de Eventos da Fenadoce – podem ser encontrados no interior, como chope, cuca e bandinhas.

A assessora de imprensa do evento, Flávia Silva, destaca que a Princesa do Sul segue os passos de municípios gaúchos como Igrejinha e Santa Cruz do Sul, em que os festejos movimentam o turismo. Neste ano, em Santa Cruz do Sul, 380 mil pessoas participaram da terceira maior Oktoberfest do mundo, que teve sua 33ª edição. “Em Pelotas, mais de 20 mil pessoas se divertiram ao som de 15 bandas tradicionais alemãs, no espaço germânico – que reúne ainda cervejas especiais e o tradicional café colonial – além dos shows nacionais”, destacou Flávia. A popularidade do evento, é claro, está ligada à história, colonização e identidade, tanto que uma segunda edição da Oktoberfest de Pelotas já foi confirmada.

Show da banda Barbarella na Oktoberfest        Foto: Assessoria de Imprensa

No país, o Rio Grande do Sul foi o principal estado a receber os imigrantes alemães – cerca de cinco mil – que chegaram já em 1824. As primeiras famílias vindas para colonizar a Zona Sul se assentaram na então Colônia de São Lourenço, na Serra dos Tapes, 34 anos depois, conforme apontam estudos da Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) e a Unisinos. No século XX, outras colônias, como Arroio do Padre, abrigavam quatrocentos imigrantes e suas tradições. O trabalho de grupos familiares na agricultura e o convívio em comunidade deram origem aos símbolos hoje conhecidos, que foram repassados entre gerações como forma de perpetuar as origens e não esquecer a terra natal.

Além de boa música e comida, a colonização germânica influenciou a indústria e o comércio da Zona Sul, a exemplo de fábricas de velas, sabonetes, chapéus, cerveja e fumo. A religião também modificou os municípios, especialmente com a chegada de cultos evangélicos, como o luteranismo – que completou 500 anos no último dia 31 de outubro – e a fundação de escolas.

Esses mecanismos auxiliaram na conservação do conhecimento e costumes, que mesclados às culturas de outros povos, como indígenas, portugueses, etnias de matrizes africanas, espanhóis e italianos, foram assimilados e fazem parte da formação do povo pelotense. A realização da Oktoberfest surge como mais uma ferramenta de resgate cultural e afirmação de identidade para os descendentes, e uma nova celebração acolhida pela Capital Nacional do Doce.

Canecos de chope simbolizam festa que teve primeira edição na cidade                 Foto: Kímberlly Kappenberg

Origem da Oktoberfest

A festa de outubro faz parte desta identidade. Em Munique, na Alemanha, o rei da Baviera, Ludwig I, celebrou seu casamento com a princesa Therese da Saxônia-Hildburghusen, no outubro de 1810, dando origem ao que se tornou a Oktoberfest. Todos os moradores da cidade foram convidados para os festejos, que aconteceram em um parque batizado de Theresienwiese, em homenagem à noiva, e que ainda hoje sedia a Oktoberfest de Munique, a maior do mundo. A Festa da Alegria se espalhou pelo globo; Argentina, Estados Unidos, Hong Kong, Itália e Vietnam são alguns dos países que cultuam essa tradição, assim como o Brasil, onde os festejos começaram oficialmente em 1978, na cidade catarinense de Itapiranga.

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