Em abril de 2025, foram iniciadas negociações para a celebração de um novo acordo nuclear entre os Estados Unidos e o Irã. Nessa conjuntura, o presidente norte-americano, Donald Trump, buscava interromper a produção nuclear iraniana e impedir o uso e manipulação de urânio, mesmo para fins civis.
Na ocasião, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, manifestou publicamente sua insatisfação, declarando, após reuniões no Salão Oval, que não havia sido previamente informado sobre tais negociações. Desde então, as tensões entre os três países escalaram consideravelmente, e, no presente momento, os Estados Unidos e o Irã iriam ingressar na sexta rodada de negociações.
O governo norte-americano posicionou-se de forma incisiva diante das dificuldades em alcançar um consenso entre ambos os países, declarando que, em caso de fracasso do acordo, consideraria o uso da força militar para assegurar seus interesses estratégicos. Em resposta, o ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasirzadeh, proferiu a seguinte declaração: “Algumas autoridades do outro lado ameaçam entrar em conflito se as negociações não derem frutos. Se um conflito acontecer… todas as bases americanas estão ao nosso alcance e as atacaremos com ousadia nos países anfitriões.” (CNN, 2025)
Esse cenário reflete uma dinâmica marcada por posturas agressivas e pela priorização de interesses nacionais, frequentemente conflitantes. Os Estados Unidos argumentam que a continuidade da produção de urânio pelo Irã representa uma ameaça, na medida em que poderia ser convertida para o desenvolvimento de uma arma nuclear. Por sua vez, o Irã sustenta que seu programa nuclear possui caráter exclusivamente civil e, adicionalmente, se recusa a abrir mão de seu arsenal de mísseis balísticos, cuja redução é uma das principais exigências norte-americanas.
Simultaneamente, as tensões entre Irã e Israel se intensificaram, chegando ao ápice no dia 12 de junho de 2025, quando as Forças de Defesa de Israel, sob ordens do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, realizaram ataques aéreos contra instalações nucleares e militares em território iraniano. A ofensiva resultou na morte de oficiais militares de alta patente e de cientistas nucleares iranianos. A justificativa apresentada por Israel foi a necessidade de prejudicar as instalações nucleares iranianas para neutralizar uma “suposta” ameaça representada pelo avanço desse programa, que ameaçaria a existência de Israel com a construção de uma arma nuclear. No entanto, até o momento, o governo israelense não apresentou evidências concretas que comprovem que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares.
Em reação imediata, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, declarou que “O regime sionista [Israel] não sairá ileso às consequências do seu crime. A nação iraniana tem de ter a garantia de que a nossa resposta não será mediana” (Al Jazeera, 2025).
Na sequência, o Irã lançou uma série de mísseis balísticos contra o território israelense, tendo como alvos instalações militares e aéreas, além de atingir cidades como Tel Aviv e Jerusalém. Tal ofensiva visou cumprir a retaliação prometida em resposta aos ataques israelenses.
Diante desses eventos, as negociações em curso entre Estados Unidos e Irã enfrentam um cenário de extrema instabilidade. A confirmação, por parte do primeiro-ministro israelense, de que Washington foi previamente informado sobre os ataques, somada às declarações do presidente norte-americano em apoio à defesa de Israel, agravam ainda mais as incertezas quanto à viabilidade de um acordo nuclear.
Portanto, o impasse geopolítico envolvendo Estados Unidos, Irã e Israel tem contribuído para o aumento das tensões no Oriente Médio, favorecendo a intensificação de armamentos militares, a iminência de novos conflitos e a possível alteração do equilíbrio de poder regional.
Referências:
“Irã ameaça atacar bases dos EUA caso acordo nuclear falhe e haja conflito” – CNN Brasil, 11 de jun. 2025. Acesso em:
<https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/ira-ameaca-atacar-bases-dos-eua-caso-acordo-nuclear-falhe-e-haja-conflito/> Acesso em: 11 de jun. 2025.
“Israel carries out strikes targeting Iran’s nuclear, military sites” – Aljazeera, 13 de jun. 2025. Acesso em:
<https://www.aljazeera.com/news/2025/6/13/sounds-of-explosions-heard-in-irans-capital-tehran> Acesso em: 16 de jun. 2025.
“Israel may have just pushed Iran across the nuclear line” – Aljazeera, 13 de jun. 2025. Acesso em:
<https://www.aljazeera.com/opinions/2025/6/13/israel-may-have-just-pushed-iran-across-the-nuclear-line> Acesso em: 16 de jun. 2025
“Possível conflito Israel x Irã ganha força com ameaças crescentes e movimentação militar” – A Referência, 11 de jun. 2025. Acesso em:
<https://areferencia.com/oriente-medio/possivel-conflito-israel-x-ira-ganha-forca-com-ameacas-crescentes-e-movimentacao-militar/> Acesso em: 11 de jun. 2025.
* Maria Eduarda Motta é pesquisadora no LabGRIMA.