“O legado que o povo de terreiro traz é histórico”

Evento fez parte da programação da Feira do Livro

Por Rafaela Martins

O quanto realmente conhecemos sobre a cultura africana? Afinal, o que é a umbanda e qual a crença de quem cultua essa religião? Foi em busca de respostas para esse tipo pergunta que dezenas de pessoas se reuniram na tarde do dia 12 de Novembro, para a Roda de Conversa – A Presença da Umbanda em Pelotas.

Realizada como parte da programação da 46ª Feira do Livro de Pelotas, o evento levou à Biblioteca Pública grandes representantes da cultura negra pelotense. A roda de conversa tratou principalmente sobre o cenário da umbanda em Pelotas e sobre as religiões de matriz africana como objetos de resistência.

Entre os participantes do evento, pôde-se encontrar uma variedade de realidades e entendimentos sobre o tema, reunindo desde praticantes da umbanda até aqueles que foram até lá para conhecer a religião em seu princípio. Para mediar essa conversa foram chamados: Pai Juliano Silva, Lucas Ferreira e Luiz Augusto, praticantes da umbanda que desenvolvem trabalhos de valorização dos terreiros da cidade. A conversa ainda foi complementada por outros participantes, como Sirlei Amaro, que trouxe seus relatos sobre as primeiras manifestações da religião na cidade.

A roda de conversa trouxe debates pertinentes ao tema: Luiz Augusto expôs o Projeto Terra de Santo, desenvolvido pelo curso de Ciências Sociais da UFPel e que tem como objetivo a patrimonialização da Comunidade Beneficente Tradicional de Terreiro Caboclo Rompe Mato Ile Axé Xangô e Oxalá (CBTT), e também o mapeamento de outros os espaços de Umbanda presentes na região.

Já Juliano Silva falou sobre a instituição do Conselho Municipal dos Povos de Terreiro, que aconteceu uma semana após o evento, no dia 19 de novembro. Ele salientou a importância desse tipo de política pública, de valorização da cultura de matriz africana. “O legado que o povo de terreiro traz é histórico, mas ainda temos muita luta. Não temos reconhecimento, se eu sair na rua com minhas vestes religiosas, por exemplo, eu vou ser tratado como um ‘et’”, enfatiza.

Durante a conversa houveram até mesmo opiniões divergentes àquelas apresentadas pelos mediadores, mostrando a importância de ainda se debater pautas referentes à população negra e ao racismo que ela enfrenta. A 46ª Feira do Livro de Pelotas acabou no dia 18 de novembro, mas as discussões levantadas pela edição foram relevantes e devem continuar sendo debatidas.

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