O que você precisa saber sobre Pachinko

Publicado em 2017, o bestseller “Pachinko” de Min Jin Lee, ganha adaptação no streaming Apple TV.

Por Rafaela Stark/ Em Pauta

O grande sucesso literário “Pachinko” chega às telas dia 25 de março pela plataforma de streaming Apple TV. O livro conta a história de uma família coreana durante quatro gerações, atravessando o período da colonização japonesa na Coréia, que perdura entre os anos de 1910 e 1945.

Sobre o livro

O coração da trama é Sunja, uma jovem de família humilde que cai nos encantos de Koh Hansu, um homem rico, bem apessoado e mais velho. Com apenas 16 anos, a protagonista engravida do comerciante e ao revelar para o mesmo sua condição, descobre que ele é casado e possui duas filhas no Japão. Apesar de Hansu garantir a Sunja que irá sustentá-la e prover tudo que ela precisar, a moça se recusa a viver como sua amante, acabando assim com seu relacionamento.

Logo após o fim do romance, a moça conhece Baek Isak, um jovem pastor de saúde frágil que passa por um período de doença na pensão de sua família. O moço, compadecido com a situação de Sunja – grávida e sem perspectiva de futuro – além de extremamente grato pelos cuidados recebidos de mãe e filha, decide pedi-la em casamento e assumir seu filho. Juntos partem para o Japão, onde buscam por uma vida melhor, entretanto não será uma missão fácil, já que precisarão superar problemas como racismo, estereótipos e xenofobia.

O livro é dividido em três partes, nas quais são retratadas diferentes gerações da família Baek. A primeira se passa entre os anos de 1910 e 1932, perpassando o casamento de Hoonie e Yangjin no pacato vilarejo de Yeongdo, pertencente a cidade de Busan no sul da Coreia, até o nascimento de Sunja e também de sua gravidez aos 16 anos. Na segunda fase, a trama se transfere para Osaka, Japão, onde a vida da família não se mostra fácil, uma vez que os coreanos são mal vistos pela sociedade japonesa, não conseguindo empregos formais e outros benefícios de cidadão, como o direito à voto por exemplo.

A volta de Hansu é outro ponto importante dessa fase, o mesmo encontra Sunja por meio de seus contatos na máfia e passa a vê-la com frequência, oferecendo ajuda financeira para sua família que está passando por uma crise devido à Segunda Guerra Mundial. Também é possível ver o crescimento dos filhos Noa e Mozasu, que agora já são homens adultos procurando seus lugares no mundo. O primeiro filho de Sunja, Noa, dedica-se aos estudos bancados pelo pai biológico que o mesmo desconhece, enquanto Mozasu vai trabalhar com máquinas de fliperamas, conhecidas como pachinkos.

A terceira e última fase adquire um tom mais reflexivo e triste, em razão de Sunja já estar mais velha, com netos e recém ter perdido um filho. Nela pode-se ver o jovem Solomon, realizando o sonho de seus pais Mozasu e Yumi de morar nos Estados Unidos, assim como a diferença entre a vida que ele leva e a que sua família levou, cheia de dificuldades e preconceito. Por se tratar dos anos de 1970 e 1980, já é menor o racismo e a xenofobia dos japoneses para com os coreanos, do mesmo modo que torna-se mais fácil ascender socialmente no país sendo um imigrante. Pachinko finaliza com uma Sunja idosa, refletindo sobre sua vida e suas escolhas, arrependimentos e acertos.

O livro passa uma mensagem de força, tanto dos personagens quanto das relações deles, o amor que floresce dentro de uma família dado os percalços da vida e da situação que estão envolvidos. Mesmo que a obra esteja retratando o século passado, Pachinko permanece atual quando se trata do preconceito, tema esse abordado de diversas maneiras pela autora. A gravidez na adolescência continua sendo tabu na sociedade patriarcal que ainda permanece igual, assim como o ato de culpar o indivíduo mais jovem pelo envolvimento com outro mais velho, ignorando completamente que pessoas mais experientes exercem poder sobre aquelas que não o possuem.

A xenofobia, evidenciada durante toda a trajetória da família no Japão, segue como um dos maiores empecilhos para imigrantes ao redor do mundo. Não importa a situação, o preconceito se manifesta desde atos banais do dia a dia, como ir a um estabelecimento comercial e ser seguido pelos seguranças, até episódios de extrema violência, exemplificado pelo brutal assassinato do congolês Moïse Kabagambe em janeiro deste ano no Rio de Janeiro. A história contada por Min Jin Lee poderia ser a de uma jovem palestina fugindo da guerra contra Israel, ou de uma menina na Somália desesperada para salvar sua família dos terroristas. Há diversas Sunjas ao redor do mundo, que assim como a protagonista, procuram não só por uma vida mais tranquila e segura, mas também por respeito, direitos básicos e a oportunidade de viverem com dignidade.

Com elenco de peso, a série traz a ganhadora do Oscar Youn Yuh-jung como Sunja, já em idade avançada, enquanto sua versão jovem será vivida pela estreante Kim Minha. A estrela dos k-dramas, Lee Minho será Koh Hansu, coreano que vive no Japão e faz parte da máfia Yakuza. Quem também marca presença na atração é o ator Jin Ha, conhecido por sua carreira na Broadway, na qual estrelou o sucesso Hamilton. A série é uma superprodução de tom épico, aclamada por veículos como a revista Vulture, também conquistou avaliações positivas em sites de crítica especializada, como o Rotten Tomatoes, no qual recebeu 100% de aprovação.

Pachinko estreia em 25 de março, na plataforma de streaming por assinatura, Apple TV, o livro pode ser comprado no site da Amazon. O trailer está disponível no Youtube.

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