Feminilidade, amadurecimento e família – Resenha de Red: crescer é uma fera

Red: Crescer é uma fera é um filme infantil, mas que ressoa com todas as faixas etárias, afinal, crescer é algo que todos temos que fazer.

Por Letícia Vieira

Pôster de Red: Crescer é uma fera/ Foto: Divulgação 

Lançado diretamente na plataforma Disney+ em 2022, Red: Crescer é uma fera (em inglês Turning Red) é o primeiro filme da Pixar a ser dirigido por uma mulher, Domee Shi, e conta a história de Meilin Lee, uma jovem de 13 anos que tem que lidar com os dilemas de se tornar adolescente e continuar atendendo as expectativas alheias, além de esconder o poder que as mulheres de sua família possuem de se transformarem em pandas vermelhos gigantes quando sentem fortes emoções.  

Apesar da premissa incomum, o filme utiliza a cultura chinesa e a metáfora do panda vermelho gigante para tratar de assuntos complexos e delicados como a passagem da infância para adolescência, ansiedade, a primeira menstruação e trauma transgeracional. Com uma estética absurdamente fofa e colorida, a animação também é um dos primeiros longas a fazer homenagem aos anos 2000 (finalmente! A estética dos anos 80 já está cansando).

Amadurecer não é algo que apenas crianças fazem, grande parte da trama é sobre Ming Lee (mãe de Mei) aprendendo a lidar com sua síndrome do ninho vazia e a realidade de quem sua filha realmente quer ser./ Foto: divulgação Disney

Billie Elish é a mente criativa por trás das músicas da a banda favorita de Mei, 4*Town, importante elemento da trama e que relembra os tempos de ‘N Sync e autotune pesado, ícones dos anos 2000./ Foto: divulgação Disney

Red: Crescer é uma fera segue a nova filosofia da Pixar de tratar de assuntos mais voltados para o psicológico dos personagens, como Encanto (2021) e Soul (2020), sendo assim altamente recomendado para ser assistido em família e iniciar conversas importantes.

O elemento que mais me surpreendeu durante o filme é o retrato de feminilidade que a diretora faz, principalmente no grupo de amigas de Mei: Miriam, Priya e Abby. As personagens realmente se comportam como eu me lembro de me comportar nessa fase: riem, gritam, tem libido, se proclamam fãs de bandas e livros ruins, são agressivas, expressivas e realmente adoram suas amigas. 

Pode parecer estranho, mas como uma criança dos anos 2000, a maioria das referências midiáticas que absorvi sobre ser uma adolescente são mais voltadas para como mulheres são superficiais e brigam entre si (olá, Diário de uma Princesa e Meninas Malvadas!) do que como realmente agimos em habitat natural. 

Esbanjando personalidade, todos os personagens do filmes emanam vida e tornam o filme mais prazeroso./ Foto: divulgação Disney

A recepção do público ao filme foi mista, muitos sentiram que o roteiro trata de temas que não são próprios para crianças (como o assunto menstruação) ou que o público alvo não entenderia a mensagem do filme por ela ser mais complexa. Em minha opinião, a visão de Domee Shi sobre adolescência é revigorante e estou curiosa para ver como essa nova leva de filmes da Pixar irá impactar as novas gerações que podem ver seus conflitos mentais e comportamentos retratados com mais compaixão e verossimilhança nas telas.  

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