A pequena Norma, grande Marilyn

A vida e a morte da maior estrela do cinema, Marilyn Monroe, volta aos holofotes em 2022 em um novo documentário com novas informações sobre a estrela diretamente daqueles que foram próximos à ela em seus 36 anos de vida.

Por Sarah Cremonini

Marilyn Monroe/ Foto: George Barris

 

A Norma Jeane

Nascida Norma Jeane Mortenson, em 1 de Junho de 1926, a menina de Los Angeles teve uma infância e adolescência conturbadas. Filha de uma mãe solo e de um pai que nunca conheceu, desde cedo a pequena Norma viveu em um lar instável devido aos surtos derivados dos distúrbios mentais que sua mãe, Gladys Baker, sofria. Durante muito tempo, Gladys deixou a sua filha aos cuidados de outras famílias para poder comparecer ao trabalho, depois, quando ela finalmente conseguiu comprar uma casa – as duas foram morar juntas até o dia em que ela precisou ser internada em um asilo psicológico, em 1933.

Após os ocorridos, Norma foi morar em um orfanato e por lá ela passou por mais lares adotivos temporários, onde Norma Jeane, entre os 8 ou 9 anos, sofreu o seu primeiro abuso sexual. Aos 12 anos, Norma foi morar com uma amiga de sua mãe e a sua família, até se casar pela primeira vez aos 16 anos com James Dougherty, um soldado americano que aceitou casar-se com ela e prometeu dar-lhe uma boa vida.

 

A Transição 

Quando passou a ser a Sra Dougherty, Norma vivia uma vida normal, ainda com o sonho crescente de ser uma estrela em mente. Porém, com a chegada da Segunda Guerra Mundial e com o marido envolvido com o seu trabalho no exército, ela passou a trabalhar em uma fábrica, onde ela foi descoberta pelo fotógrafo David Conover, que viu um grande potencial da jovem em frente às câmeras. Na época, não demorou muito para que as fotos chamassem a atenção de agências de modelos e prontamente ela assinou o seu primeiro contrato profissional na área, saiu da fábrica e começou a sua carreira de modelo, estampando inúmeras revistas da década de 1940.

Após já ter se estabelecido na carreira de modelo e feito a sua transformação marcante – tingir o cabelo de loiro – , o soldado James Dougherty voltou para casa e não gostou nenhum pouco da nova versão de sua esposa e de sua carreira e então, Norma decidiu que era hora de se divorciar.

Com o primeiro divorcio nas mãos, Norma Jeane continuou o seu trabalho na agência, que agora planejava lançá-la nos cinemas e em 1946 conseguiu o seu primeiro contrato com um estúdio de cinema, a 20th Century Fox.

Norma Jeane X Marilyn Monroe

A Marilyn 

Desde criança, Norma sempre teve uma grande admiração pelo cinema. Ela, a mãe e a tia iam todos os dias ao cinema no centro de Los Angeles e passavam a tarde toda assistindo aos filmes em cartaz e sonhando acordada de um dia estar no lugar de seus ídolos. Agora, com um contrato recém assinado com um dos maiores estúdios de produção de Hollywood, ela já não era mais Norma Jeane. Ela era uma nova pessoa: Marilyn Monroe.

Mas não foi fácil chegar ao topo. Usando um nome artístico junto ao sobrenome de solteira de sua mãe, Marilyn Monroe começou com pequenos papéis em alguns filmes, mas nenhum a levou aos holofotes da fama. Ela foi despedida da 20th Century Fox e passou a viver de pequenos trabalhos, onde mal recebia dinheiro suficiente para manter-se no dia a dia, até conhecer Joseph Schenck, um produtor de cinema que a abrigou e arranjou um contrato com a Columbia Studios, onde ela fez sua primeira performance musical no filme “Ladies Of The Chorus”, de 1948, mas mais uma vez ela foi dispensada e voltou a ser modelo. No ano seguinte, as coisas mudaram completamente para Marilyn: ela conheceu o grande agente da Era de Ouro, Johnny Hyde, que a incentivou a estudar ainda mais sobre atuação. 

Aprimorando-se cada vez mais em seu trabalho como atriz, o início dos anos 50 foi altamente promissor para a loira: ela conseguiu um novo contrato e fez participações maiores em alguns filmes – como “A Malvada” (1950) – que pouco tempo depois renderam o seu primeiro grande papel no thriller psicológico “Almas Desesperadas”, em 1952, interpretando uma jovem com tendências suicidas que após ser liberada de uma clínica psiquiátrica começa a trabalhar como babá de uma menina em um hotel de luxo e se apaixona por um dos hóspedes. Nesse mesmo ano, ela conheceu o seu segundo futuro marido, o ex-jogador de beisebol, Joe DiMaggio.

O ano de 1953 consagrou Marilyn como a queridinha de Hollywood pelos filmes “Torrentes da Paixão”,“Os  Homens Preferem As Loiras” – famoso pelo número musical de “Diamonds Are A Girl’s Best Friend” de Marilyn cantando usando o marcante vestido rosa –  e “Como Agarrar Um Milionário”.

Já 1955 foi outro ano marcante. Dito pelo professor de História do Cinema, Gilmar Hermes, da Universidade Federal de Pelotas, como “uma das suas imagens mais conhecidas e lembradas é no filme “O Pecado Mora ao Lado” (1955), em que aparece com o vestido esvoaçante ao andar na rua e começa a se transformar em um ícone feminino”, a famosa cena do vestido branco na obra de Billy Wilder fez Marilyn se consagrar como uma verdadeira marca do cinema.

Na mesma noite, Marilyn e Joe tiveram uma grande briga, da qual ela saiu com alguns hematomas, e que resultou no segundo divórcio de Monroe. Alguns meses depois ela conheceu o escritor Arthur Miller, com quem se casou pela terceira vez em 1956.

Marilyn Monroe e seus 3 ex-maridos

Em 1959 ela fez um de seus maiores filmes, ‘Quanto Mais Quente Melhor’, que nos tempos da Guerra Fria, “[…] deu um pouco mais de leveza aos tempos difíceis” e também foi onde Marilyn “marcou a história do cinema com sua beleza e voz suave, constituiu a imagem de uma mulher moderna […]”, conta o professor. 

Mas nem tudo são flores. A partir desse ano, Marilyn passou por mais altos e baixos em sua vida. Ela estava com problemas para decorar suas falas, tinha constantes crises e ataques de panico antes das gravações, sofreu abortos espontâneos, seu casamento estava passando por uma crise e seu vício em comprimidos e álcool apenas aumentavam. Com tantos fatores de estresse, Marilyn decidiu internar-se em um hospital para se tratar, mas uma de suas piores experiências de sua vida aconteceu.

Logo que chegou ao hospital, eles a puseram em uma sala completamente acolchoada com acesso restrito, a colocaram em uma camisa de força e nos dias em que ficou internada, Marilyn era constantemente drogada e sedada. Revoltada com a situação, ela brigou com os funcionários do hospital e exigiu que lhe permitissem fazer uma ligação, caso contrário ela iria expor o tratamento desumano que o hospital tinha com seus pacientes para a mídia. Ela conseguiu falar com o seu ex-marido Joe DiMaggio, que pouco tempo depois conseguiu tirá-la do hospital e levá-la para casa.

No início da década de 1960, Marilyn divorciou-se de Miller e começou um de seus maiores mistérios: seu envolvimento com Robert e John F. Kennedy, o procurador-geral e o presidente dos Estados Unidos.

Marilyn e os irmãos Kennedy: John e Robert.

“Infelizmente, um dos aspectos que contribuiu para a sua transformação em mito foi a sua morte súbita aos 36 anos, apenas.”, diz Gilmar quando perguntado sobre a influência da atriz – que mesmo após 60 anos de seu falecimento -, ainda segue viva no imaginário de milhões de pessoas, como mostra o novo documentário sobre a estrela.

O Documentário

Documentário “O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas”/ Foto: Netflix

Dirigido por Emma Cooper , “O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas”, acompanha a investigação do jornalista Anthony Summers, que ao longo de boa parte de sua carreira dedicou-se a investigar a vida da estrela através de entrevistas com pessoas que foram próximas à ela em vida. Agora, após tantos anos, Summers mostra ao mundo o material que coletou em suas fitas cassetes e as respostas às perguntas mais emblemáticas sobre a atriz: 

Como surgiu a sua relação com os Irmãos Kennedy? 

E como realmente ocorreram as coisas no dia e na noite de sua morte?

A nova obra original da Netflix também traz mais novas informações sobre Marilyn, sua carreira e sua vida pessoal sem deixar de afirmar – como sempre – o carisma e o talento de uma das atrizes mais emblemáticas de Hollywood e da cultura pop.

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