No místico mundo da Luna

No último domingo (13), estreou pela plataforma de streaming da HBO Max, O Mundo da Luna, série que adapta o best-seller homônimo da escritora brasileira, Carina Rissi.

Por Daniela Alves

Produzida pela HBO e estrelada por Marina Moschen, ‘No Mundo da Luna’ é uma série inteiramente nacional, e marca número 01 no ranking de mais assistidos no Brasil dentro de sua plataforma de streaming originária, HBO Max, deixando House Of the Dragon, renomada prequel de Game Of Thrones e Don’t Worry Darling, protagonizada pelo astro Harry Styles, em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

O enredo da série gira em torno de ninguém mais, ninguém menos que Luna Lovari, descendente dos ciganos Lovari. A personagem interpretada por Moschen tem 21 anos e é uma jornalista ambiciosa na busca de um emprego que pague seu aluguel e lhe dê a chance de produzir matérias jornalísticas de verdade, todavia, tudo o que Luna consegue é um trabalho na sessão de entretenimento de uma revista que aspira ao “jornalismo online.” Sua função? Utilizar das raízes ciganas que sempre rejeitou, para produzir horóscopos e previsões, o pequeno detalhe nisso tudo, é o fato de que ela não faz ideia de como ler cartas, ou qualquer outra coisa, e por isso, acaba roubando da avó um certo baralho milenar muito suspeito… As emoções – e frustrações, vividas pela protagonista e pelos demais personagens, entretanto, não param por aí, e como qualquer jovem de 21 anos, Luna possui outras necessidades, embora caiba a ela encaixá-las como tais em sua vida.

Seguindo a linha de adaptações literárias para o mundo do audiovisual, No Mundo da Luna peca nos mesmos quesitos que qualquer outra adaptação, pois, mesmo que se espere, não é como seu material de origem. Além de outras alterações no enredo que funcionam melhor para uma série que retrata o cenário de um livro datado de 2015, sendo lançada no ano de 2022.

No Mundo da Luna, possui um elenco comprometido com seus personagens e papéis exercidos, trazendo para dentro das telas, uma química extraordinária entre os atores – sejam eles pares românticos ou apenas amigos. Contando também com diálogos fluidos e atuais no que se diz respeito a causas sociais e vivências pessoais.

Com seu lançamento ocorrido no dia treze de novembro, ironicamente, a série trouxe à tona discussões bastante pertinentes para um domingo de Enem, cujo tema de redação era justamente sobre os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil. Aqui, podemos dizer que a pesquisa de Rissi, a autora, foi a fundo no desenvolvimento de seus personagens, uma vez que a família de ciganos Lovari, da qual Luna descende, realmente existe. Eles são um dos principais subgrupos de ciganos a terem migrado para o Brasil, sendo ainda, praticantes de um dialeto romani fortemente influenciado pelo húngaro.

Podemos definir a cultura cigana como um tópico sensível ao ser abordado, uma vez que ainda há preconceito acerca dele, naturalizado desde muito por aqueles que desconhecem sobre o assunto e seguem a pregar uma mesma linha de intolerância que havia a sessenta anos atrás. Na cidade de Pelotas, por exemplo, temos um claro retrato disso quando comentamos sobre a famosa lenda da Princesa Cigana, que teria, em seus últimos momentos de vida, amaldiçoado a cidade de Pelotas. A história que se conta é a de que essa mulher estava doente durante a estadia de seu povo na cidade, mas os médicos se recusaram a atendê-los por se tratarem, justamente, de ciganos. Eventualmente a cigana, cujo nome era Terena, acabou falecendo e sendo enterrada – após uma longa cerimônia – no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, onde seu túmulo jaz até os dias atuais, ainda recebendo visitas, oferendas e claro, pedidos. 

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