Como os benefícios da UFPel ajudam estudantes baixa renda a concluírem sua graduação

Dois alunos contam como os auxílios da UFPel colaboram para que eles consigam cursar o ensino superior morando longe de casa

Universidade Federal de Pelotas. Imagem: Reprodução/RBSTV

Por Vitória de Góes


Com a aproximação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), muitos estudantes brasileiros se preocupam em apresentar um bom desempenho na prova que pode garantir vaga em universidades públicas e bolsas integrais ou parciais em universidades privadas do país.

Apesar da preparação para as provas e da ansiedade até o mês do resultado, essas são apenas as primeiras preocupações. Pois além de conseguir a vaga na tão sonhada instituição de ensino, também há a dúvida de onde morar e de como se manter financeiramente em uma nova cidade.

Assim como várias outras universidades, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) oferece diversos programas de bolsa-auxílio para estudantes baixa renda. Dentre os serviços com maior destaque estão a Casa do Estudante Universitário (CEU), onde pouco mais de trezentos alunos residem, e o Restaurante Universitário, que contempla toda a comunidade acadêmica e recebe cerca de 3500 pessoas por dia, para almoço e janta.

Rosane Brandão, Coordenadora de Políticas Estudantis da UFPel, conta que o trabalho realizado para selecionar os moradores da CEU é detalhado. É importante avaliar questões econômicas, familiares, psicológicas e vários outros fatores, pois devido à grande demanda é impossível abrigar a todos. Além disso, é feito um estudo de personalidade, para evitar encaixar no mesmo apartamento moradores com personalidades muito diferentes que possam gerar algum atrito ou atrapalhar os alunos em sua trajetória estudantil.

Ítalo Rocha, estudante de Processos Gerenciais, veio de Recife (PE) há dois anos para realizar sua graduação. Agora, faltando pouco para sua formatura, o universitário comenta sobre a importância dos programas oferecidos pela Universidade para que ele tivesse condições de estar do outro lado do país estudando.

“Na época, o prazo para chegar aqui me preocupou, fui informado na terça-feira que na quinta eu teria uma entrevista presencial. Eu não tinha nada, nem conhecia nada aqui”. E continua: “eu não sabia da quantidade de benefícios que a UFPel oferecia, mas tinha conhecimento de que era mais do que em Recife”.

Já Larissa Bruno, estudante de Jornalismo, chegou em março deste ano para dar início ao curso. Vinda de São João da Boa Vista (SP) para Pelotas, sua principal preocupação era ter onde morar. “Eu já sabia que não teria condições de morar em uma cidade que não possuísse uma Casa do Estudante. Quando me inscrevi no Sisu, isso foi uma das coisas que me fizeram escolher a UFPel”, conta.

Os dois concordam que os benefícios são essenciais para viver tão longe de casa. Poder morar em um ambiente confortável, mesmo que dividido com pessoas ainda desconhecidas, ter opções para fazer as refeições do dia, usar transporte gratuito para os campi da instituição, entre outros auxílios que dão condições para que estudantes de baixa renda possam estudar. Eles ressaltam, ainda, a importância de desenvolver empatia e aprender a lidar com pessoas de diferentes lugares e costumes.

 

Contingenciamento de gastos gera preocupações

Porém, com o contingenciamento de gastos nas instituições públicas, anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) no fim de abril, veio a angústia dos estudantes que dependem dos auxílios prestados pela universidade. Logo de início, a primeira dúvida de muitos alunos foi se haveria como continuar estudando.

Ao ser questionado sobre a importância dos auxílios e o que aconteceria com a comunidade acadêmica caso houvessem cortes, Ítalo é incisivo: “Sendo bem cru, não tendo esses benefícios, a universidade pública seria apenas para ricos. Isso também não garante que o pobre vá se formar, mas dá uma condição melhor para que possa acontecer”.

Larissa crê que, caso ocorra um corte nesses programas, a maioria dos estudantes teria que voltar para casa e o município de Pelotas teria muito a perder. “A cidade em si perderia muito porque a gente vê uma agregação de valores, culturas e pensamentos. Se você tira isso, perde essa abundância de diversidade e também de estudos realizados aqui”, opina.

Muitos estudantes ainda sentem medo quanto ao futuro da UFPel e, consequentemente, de seus estudos. Isso acontece porque, para muitos jovens, a educação pública de qualidade é a única chance de mudar sua história e de sua família, além de contribuir para a redução da desigualdade social.

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