Carga tributária e inflação em alta no País da Copa

Por Yasmin Vierheller Benedetti

A carga tributária do Brasil é a segunda maior da América Latina segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), perdendo apenas para a Argentina. No país da Copa os impostos e tributos pagos chegam a 36,3% do PIB, enquanto na Argentina a 37,3% e no Uruguai, terceira no ranking, 26,3%.

Segundo o Ministério do Turismo, em entrevista ao site G1, a Copa deve movimentar R$ 6,7 bilhões no país, mobilizando também cerca de 200 mil trabalhadores temporários. Contudo, o comércio terá uma perda de 200 bilhões, caso o Brasil chegue a final da Copa, de acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro. De acordo com o presidente, Aldo Gonçalves, com o fechamento das lojas em dias de jogos da Copa do Brasil, a perda das vendas se torna grande.

O prefeito Eduardo Paes, decretou feriado na cidade em dias de jogos do Brasil a partir do meio-dia, mas fica a critério de cada lojista. Eles estão fechando os estabelecimentos uma ou duas horas antes. Nos shoppings, as lojas estão fechando em média 30 minutos antes da partida da seleção brasileira, e reabrem depois, assim como os supermercados. O faturamento médio diário é R$ 370 milhões, e se o Brasil chegar a final, a perda será de R$ 1,9 bilhão”, explicou ao site Terra.

Nem as festividades juninas serão poupadas. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o peso dos impostos pode chegar a 60% sobre os produtos.

         A restrição de oferta em alguns setores e a deficiência estrutural do Brasil estão em evidência, sendo um agravante para turbinar a inflação no período da Copa. O empresário tende a maximizar seus lucros neste período, o chamado “efeito Copa”. Um movimento considerado normal no mercado. O problema consiste em quando não há concorrência para que ocorra a baixa dos preços. Entretanto após a Copa a tendência é que os preços se estabilizem.

Charge: http://goo.gl/uMYhXE

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Esclarecendo

            A cobrança de impostos é na prática a coleta de dinheiro para pagamentos das contas da União. Um modo de medição desta coleta é por meio do PIB, a soma das riquezas produzidas pelo país no período de um ano. A relação entre o PIB e os impostos pagos gera a chamada carga tributária. No Brasil a carga é de 36,3% do PIB, ou seja, os cofres públicos recebem um valor equivalente a mais de um terço do que o país produz. Recurso que deveria retornar para a população em serviços públicos, por muitas vezes pagos pelos próprios brasileiros, como no caso da saúde.

            A inflação é o aumento dos preços de um produto em um determinado país ou região. Num processo inflacionário o poder de compra da moeda cai, diminuindo, por exemplo, o poder de compra. Sem a correção inflacionária por meio de investimentos quem mais perde são os trabalhadores de classe baixa. Como causas desta inflação temos a emissão exagerada e descontrolada de dinheiro pela União, uma demanda de produtos maior que a oferta e o aumento nos custos de produção. No Brasil os principais índices que medem a inflação são: IGP ou Índice Geral de Preços, IPC ou Índice de Preços ao Consumidor, INPC ou Índice Nacional de Preços ao Consumidor e IPCA ou Índice de Preços ao Consumidor Amplo.

Carga tributária (% do PIB)

Argentina – 37,3%
Brasil – 36,3%
Uruguai – 26,3%
Bolívia – 26,0%
Costa Rica – 21,0%
Chile – 20,8%
Equador – 20,2%
México – 19,6%
Colômbia – 19,6%
Nicarágua – 19,5%
Panamá – 18,5%
Peru – 18,1%
Paraguai – 17,6%
Honduras – 17,5%
El Salvador – 15,7%
Venezuela – 13,7%
República Dominicana- 13,5%
Guatemala- 12,3%
América Latina – 20,7%
OCDE – 34,6%

Desabafo, reflexão do artigo de Thaís Herédia, denominado “Quem precisa de reformas?”

Em outubro de 2007 o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo. Na época o país se encontrava significativamente equilibrado. A inflação estava abaixo de 4,5% ao ano, PIB de 5%, consideravelmente bom, devido a este ser um período no qual a crise financeira viria a atingir a Europa, e principalmente aos Estados Unidos. Mesmo após sete anos para o país se preparar, e não digo com estádios, mas com suas reformas constitucionais e estruturais, o Brasil ainda assim nem conseguiu dar conta do mais simples.  Uma copa “maquiada”! Afinal, quem precisa de reformas?

As reformas estruturais trariam ao Brasil o poder da competitividade e reduziriam as questões de custo no País. Assim como os estádios precisam de reformas, o país também grita por uma. Com estas mudanças haveriam investimentos econômicos, e por ventura, uma economia mais equilibrada e capaz de crescer sem distorções.

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