Tradição doceira em Pelotas

Por Juliana Moura

Neste mês de junho, a Fenadoce e os famosos doces de Pelotas foram assuntos muito comentados na cidade.

A tradição do doce em Pelotas é portuguesa, é de lá a origem das receitas dos tradicionais doces feitos basicamente com ovos, açúcar e amêndoas. Para os açorianos, açúcar e doce eram sinônimos de festa. Nas cozinhas dos conventos surgiram os ovos moles, que deram origem a outros doces que estão presentes nos mais variados doces produzidos aqui.

Estande das doceiras de Aveiro na 22ª Fenadoce. Foto: Diário da Manhã (http://goo.gl/ywE8kp)

Estande das doceiras de Aveiro na 22ª Fenadoce. Foto: Diário da Manhã (http://goo.gl/ywE8kp)

Em Aveiro, região de origem dos ovos moles, eles podem ser encontrados em barraquinhas de madeira, decoradas ou revestidas de hóstia, imitando formas marinhas. De outras regiões de Portugal, ainda temos o pão-de-ló de Ovar, da Murtosa ou de Serradelo, os pasteis de Águeda, os beijinhos de Sever, as barquinhas do Vouga e o arroz doce de Ilhavo, entre outros. Os imigrantes portugueses que chegavam aqui traziam em suas bagagens diversas receitas da sua região de origem. Como era escassa a produção de açúcar no Rio Grande do Sul, fazia-se necessário a importação vinda dos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo.

Chegando pelo Porto do Rio Grande, a maior parte do carregamento vinha para Pelotas. Naquela época (século XIX), já havia grande produção de frutas como a laranja, o pêssego, o marmelo e a bergamota, passando as compotas a fazer parte das mesas das famílias portuguesas aqui residentes. Aos poucos, foram introduzidos os doces cristalizados, as passas e os doces em massa, feitos em tachos por pretas velhas e vendido nas ruas. Com o crescimento econômico (1870), as festas freqüentes em Pelotas ganharam o requinte dos doces típicos portugueses, como camafeus, bem-casados, fios de ovos, fatias de braga, ninhos e pastéis de Santa Clara.

Logo, este prestígio foi rompendo fronteiras e os doces levados para fora do município e do estado, para as festas mais importantes do centro do país. Essa história sobrevive graças à dedicação de algumas doceiras que se mantém fieis às receitas dos antepassados portugueses.

Doces tradicionais. Foto: http://goo.gl/c0EpuD

Doces tradicionais. Foto: http://goo.gl/c0EpuD

A Feira Nacional do Doce

A Fenadoce surgiu em 1986 e visa promover a cultura doceira em Pelotas. Foi criada pelo Poder Público junto de outras entidades e, a partir de 1995, a sua coordenação passou a ser feita pela Câmara de Dirigentes Logistas (CDL).

A feira tornou-se anual a partir de 1988 e passou a ter endereço fixo: o Centro de Eventos Fenadoce. Antes disso, cada edição era realizada em um local diferente da cidade. Atrai visitantes de todo o país e de países vizinhos, movimentando a economia da cidade e também o turismo.

Este ano, ocorreu a 22ª edição do evento, que iniciou no dia quatro e foi até o dia 22 de junho. Uma das novidades apresentadas nesta edição foram os doces em homenagem à Copa, os “amuletos da sorte”. A iniciativa foi da Câmara de Dirigentes Logistas, que lançou o desafio às doceiras.

Encontro com as origens

Uma comitiva de doceiras veio de Aveiro (Portugal), na quinta-feira, 12 de junho, para realizar um intercâmbio cultural com as doceiras de Pelotas. “É uma oportunidade única podermos proporcionar este encontro entre as nossas doceiras e as portuguesas, que tanto fazem parte da nossa história”, disse a gerente  do Centro de Eventos, Michele  de Lima.

Comentários

comments

Você pode gostar...