A atemporalidade de Chico Buarque

O samba intrínseco à longa carreira do cantor carioca

Ensaio fotográfico de Chico Buarque e Mônica Salmaso para a turnê “Que Tal um Samba”. – Foto: Leo Aversa

Yasmin Arroyo / Em Pauta

Em setembro de 2022, Chico Buarque deu início a uma turnê nacional chamada “Que Tal Um Samba?”, acompanhado da cantora paulista Mônica Salmaso. O samba que constitui a MPB do cantor e engrandece sua carreira há mais de cinco décadas está, também, presente na essência desse atual projeto.

No começo da década de 1960, Chico ingressou no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e passou a participar de movimentos estudantis. Nesse mesmo ano, um estudante despretensioso se propôs ao musical Balanço do Orfeu e foi aclamado ao cantar “Tem Mais Samba”. Esse marco é considerado, pelo próprio Chico, o ponto de partida para sua carreira.

Com composições atemporais, pode-se entender o presente com produções que jamais serão obsoletas. A professora Maria Angélica Martins, de Batatais (SP), afirma que o contato com as obras de Chico Buarque é imprescindível àqueles que desejam o melhor da língua portuguesa em paralelo à história e ao sublime. 

“Estou certa da atemporalidade do genial Chico Buarque. Primeiramente, pelo trabalho e valorização da língua portuguesa com os recursos expressivos, as ambiguidades e o respeito às variações sociolinguísticas. Ainda, a importância histórica e política sempre serviram de paradigma para compreender o presente. Finalmente, a atemporalidade da poesia, da sensibilidade e do que nos faz humanos”  diz a professora. 

Chico canta o Brasil de ontem e hoje. Além dele estreitar a sociedade precursora de senso crítico, também dá sentido ao presente com o eco de obras do passado. Exemplo disso foi a recente polarização política enfrentada pelos brasileiros em que sua canção “Apesar de Você”, foi relembrada e fortemente perpetuada aos que se opuseram ao governo Bolsonaro.

Registro de celular da jovem fã Clara Barros, no show da última sexta-feira. Foto: Clara Barros

Sua atemporalidade abrange a diversidade de público. É uma arte para todo tempo e todas as gerações. A fã Clara Barros, de 13 anos, presenciou um show da temporada paulista da turnê do cantor na última sexta-feira “A forma que Chico enxergava o Brasil e via necessidade latente de se comunicar através da música é brilhante. Minha experiência de ter assistido o show do Chico no dia 07/04/2023, foi algo inesquecível. É uma honra eu ter tido o privilégio de vivenciar esse show histórico. A única música de protesto que estava na seleção do show foi “João e Maria”, sendo o último bis da noite. Entretanto, é completamente compreensível, eu imagino que deve ser extremamente difícil para ele cantar músicas compostas em um período que marcou negativamente a história do nosso país” diz a estudante.

 

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