Banda Misto Quente cativa público com tributo aos Mamonas Assassinas

Show aconteceu quarta-feira no bar Johnnnie Jack e trouxe lembranças bem-humoradas       

Por Yan Freitas e Yasser Hassan        

 

A banda Misto Quente divertiu o público recordando dos sucessos do grupo paulista

 

O palco do bar Johnnie Jack, em Pelotas, foi tomado por palhaçadas, nostalgia e música de qualidade na noite desta quarta-feira, dia 30 de agosto. Em uma performance de tributo ao grupo Mamonas Assassinas, a banda Misto Quente surpreendeu a todos com um show irreverente, bem-humorado e quase beirando o absurdo, feito justamente para demonstrar a fidelidade ao show original da banda que fez história no Brasil.

A energia contagiante do vocalista Moisa foi acompanhada por arranjos perfeitos da banda, com Matheus Bastos na guitarra, Giuliano Cardoso no teclado, Mateus Dilelio na bateria e Junior Barboza no baixo. Além disso, a segunda voz de Giuliano que, por vezes, formava uma dupla com Moisa, funcionava perfeitamente. Ainda mais na performance da música “Vira-Vira”, na qual o tecladista imitava com perfeição a voz estridente de “Maria”, enquanto o vocalista fazia a voz grave de Manoel, em uma fantasia típica de português.

 

Grupo se fantasia com os mesmos figurinos dos Mamonas Assassinas

 

Aos fãs de carteirinha, a apresentação foi um prato cheio, mas o grupo não parava por aí. Com covers de outros artistas, partindo de Chitãozinho e Xororó até Michael Jackson, a banda apresentou um repertório extenso e diversificado, que nunca perdia aquela pitada de humor.

Entre sentimentos de alegria e saudades que a banda Misto Quente aflorou no público do Johnnie Jack, o principal, sem dúvidas, foi a nostalgia. Tanto para aqueles que buscavam reviver a sensação de ver os Mamonas Assassinas, como para aqueles que já nasceram sem essa chance.

“Eu escuto Mamonas desde que me conheço por gente. A primeira música que eu ouvi na vida foi do Mamonas, eu os via nos programas de TV quando já tinham morrido”, disse Kauê Duarte, fã de carteirinha da banda, que nasceu no mesmo ano do acidente fatal com o grupo.

 

O vocalista Moisa teve a ideia de fazer um tributo aos Mamonas

 

A ideia da Banda Misto Quente, de trazer de volta Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Sérgio e Samuel Reoli, partiu de uma iniciativa do vocalista Moisa em seus tempos de faculdade. “Ele era fã desde moleque, até que encontrou na faculdade de Música um doido que topou montar um tributo com ele”, disse o tecladista Giuliano Cardoso.

 

Show é voltado tanto para quem curtiu como para quem ainda não era nascido na época dos Mamonas

 

Acima de tudo, a aproximação da banda com o público provém de um mesmo sentimento, a saudade. Ao incorporar os queridos “Mamonas”, o grupo transpõe a sensação de se sentir vivo, e mostra que a morte nunca será capaz de apagar a história.

 

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“Rolê Daora”, o novo evento da Prefeitura de Pelotas

Primeira edição trouxe atrações musicais e faz parte do Programa de Convivência Urbana      

Por Aline Souza e Brenda Leal       

    Prefeita quer  mobilizar as pessoas e conscientizar para uma melhor convivência urbana       Foto: Rodrigo Chagas

 

No dia 21 de agosto, a Prefeitura de Pelotas anunciou a criação de um novo evento de lazer para o público da cidade. Atrelado à aprovação da Lei do Silêncio, sancionada pela prefeita Paula Mascarenhas no dia 18 de agosto, que determina normas gerais de preservação e garantia ao sossego público, foi lançado o “Rolê Daora”. Sua primeira edição ocorreu no dia 23, com a intenção de dar continuidade em diversas partes do município.

“Nós vamos constituir, organizar e lançar o Programa de Convivência Urbana, porque é mais do que simplesmente coibir a perturbação do sossego público. Trata-se de mobilizar as pessoas, sensibilizá-las e conscientizá-las para uma convivência urbana mais saudável”, disse a prefeita, em matéria publicada no site oficial da Prefeitura.

O novo evento visa propiciar atrações de entretenimento aos jovens em um horário que não perturbe os moradores da cidade. A primeira edição ocorreu no dia 23, trazendo atrações musicais como o pocket show de Henry Oppelt, que ocorreu na esquina da rua Dom Pedro II e Gonçalves Chaves.

Henry é um artista local, de 33 anos, que atua com shows e produção de eventos na cidade há mais de 20 anos. O seu endereço no Instagram  conta com mais de 12 mil seguidores e ele é sucesso não só em Pelotas, mas também nas cidades vizinhas.

 

Entre as atrações musicais da primeira edição esteve o pocket show de Henry Oppelt      Foto: Rodrigo Chagas

 

“Pelotas é uma cidade que se orgulha da nossa vida noturna e da cultura de movimentação de pessoas vindas de todos os lugares do país. Obviamente, essas pessoas costumam se encontrar na noite em busca de diversão e festa e isso é muito bacana. Mas, tem local e hora para tudo, e a ideia é que a gente possa unir a diversão ao respeito, pois a cidade precisa ser um lugar para todos, tanto àqueles que gostam de festa e quanto aos que gostam de descanso. Com flexibilizações, criamos uma cidade inclusiva, mais alegre, segura, equilibrada e saudável”, destacou a prefeita Paula.

O local do evento no dia 23 é simbólico: é onde se concentram os principais e mais frequentados bares da cidade, no entorno da Universidade Católica de Pelotas. Nesta parte, os jovens costumam ocupar as ruas, principalmente nas quartas-feiras, um dos motivos para a Lei do Sossego ter começado a ser discutida pela Câmara de Vereadores.

No Instagram Oficial da Prefeitura, foi publicado que a rua Gonçalves Chaves trata-se só da primeira região contemplada com o “Rolê”, dando a ideia de que o projeto pode se expandir para outros locais e seguir acontecendo periodicamente.

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UFPel sedia Mostra Itinerante de Filmes Etnográficos Prêmio Pierre Verger

Produções de curta e longa-metragem podem ser vistas no Cine UFPel ou nos canais do Youtube do Leppais e do Labome       

Por Larissa Schneid Bueno   

 

 

Até esta quinta-feira (31 de agosto), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estará sediando a Mostra Itinerante de Filmes Etnográficos Prêmio Pierre Verger (edição 2022), com organização do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem (Leppais), em parceria com o Laboratório das Memórias e das Práticas Cotidianas (Labome).

Os filmes etnográficos representam olhares sobre o mundo e têm como definição clássica a documentação fílmica das ações humanas, para que as atitudes das pessoas e suas características culturais sejam ali representadas e interpretadas.

As obras podem ser acompanhadas gratuitamente a partir das 14h por todos os públicos no Cine UFPel, localizado na Rua Lobo da Costa, 477, em Pelotas/RS, ou pelos canais do Youtube do Leppais e do Labome por meio de uma transmissão online.

A mostra, trazida pela professora de Antropologia da UFPel e organizadora da itinerância, Claudia Turra Magni, começou no dia 3 de agosto e, ao todo, conta com quatro sessões compostas por filmes de curta e longa-metragem. Entre os destaques, estão as obras “Auto de Resistência” (2018), “Nossas mãos sagradas” (2021), “Alagbedé” (2021), além do “Canto de Família” (2020), “Carlos Caps Drag Dance” (2022) e “Cybershota” (2022), que ainda serão exibidas.

Para o professor de Cinema da UFPel e coordenador do Cine UFPel, Roberto Cotta, é fundamental que existam iniciativas que tragam à comunidade filmes etnográficos inéditos ou poucos exibidos na cidade, proporcionando uma diversidade de experiências culturais ao público que, muitas vezes, vê o seu reflexo nas telas através desses filmes.

“Através do contato com as obras, o espectador pode refletir a respeito da realidade mostrada, bem como criar relações com suas próprias experiências. Além disso, o debate virtual promovido após as sessões permite um diálogo estreito com os cineastas que realizaram os filmes”, pontuou.

 

Prêmio faz homenagem a  Pierre Verger, que eternizou a cultura baiana em suas fotos Foto: Mário Cravo Neto/UFBA

 

Prêmio Pierre Verger

O prêmio surgiu em 1996, no ano da morte do fotógrafo, etnólogo, antropólogo, escritor e pesquisador francês, Pierre Fatumbi Verger, nascido em 1902. Pierre viajou por cinco continentes realizando um trabalho fotográfico baseado no cotidiano e nas culturas populares, até chegar a Salvador (BA), onde viveu grande parte de sua história.

“Lá, ele construiu uma história significativa, não apenas de pesquisa em antropologia, mas também de envolvimento com as comunidades de religiões de matriz africana. Na Bahia, existe a Fundação Pierre Verger Galeria, localizada no Centro de Salvador, cidade em que o artista morou por muitos anos. A fundação possui uma coleção com mais de 60 mil fotografias de Pierre Verger e também organiza mostras e eventos”, disse Claudia.

No campo das pesquisas antropológicas na América Latina, o Prêmio Pierre Verger, promovido pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA), é um dos principais festivais competitivos de obras fílmicas, fotográficas e gráficas, que acontece a cada dois anos durante a Reunião Brasileira de Antropologia.

“Por ocasião da primeira edição do concurso de filmes etnográficos, que ocorreu em 1996, justamente em Salvador, Bahia, durante a reunião de antropologia, foi decidido nomear esse concurso em homenagem a Pierre Verger. A partir de 2012, começou-se a possibilitar que essas obras premiadas circulassem, itinerando por outras regiões do país, tanto no âmbito acadêmico quanto em centros culturais, galerias e, desde a última edição, também em outros países além do Brasil”, conta Turra.

A mostra também possibilita a formação dos estudantes e estimula a realização de trabalhos finais, na articulação entre ensino, pesquisa e extensão, sendo uma vitrine da produção antropológica brasileira em termos de filmes, fotografias, desenhos e outras formas de imagens.

“O concurso não apenas retrata o que está sendo feito de mais novo e recente no âmbito acadêmico, mas também estimula a produção dentro das universidades e dialoga com a produção fora desse ambiente. Por exemplo, neste ano, temos obras produzidas por cineastas indígenas em colaboração com pesquisadores da antropologia”, destaca a professora.

Em todas as edições do concurso, existe uma comissão organizadora composta por especialistas do campo, além de uma comissão julgadora que convoca cineastas, fotógrafos, e outras pessoas ligadas à área da antropologia. O resultado dessa produção expressa todo o interesse da antropologia em termos de diversidade cultural através de obras que percorrem diferentes culturas e comunidades identitárias dentro e fora do Brasil.

Impacto Cultural

Ao falar sobre o impacto cultural que a mostra causa nos alunos e professores da UFPel, e na comunidade, a antropóloga destaca o quão importante é que a universidade seja mais plural, estando aberta a novas perspectivas e indo além do que já demonstra.

“Ela deve dialogar com outros saberes tradicionais e outras formas de compreender o mundo. Por isso, é importante que os filmes não sejam apenas veículos de divulgação do conhecimento, mas também que incorporem processos de conhecimento das diversas culturas. Acredito que isso é o que temos visto por meio de produções apresentadas nessa mostra. Acho que ela contribui para a compreensão da diversidade cultural, não apenas da sociedade brasileira, que é extremamente rica, mas também para harmonizar diferentes perspectivas de mundo”, enfatizou.

Entre os alunos que participam do processo de exibição dos filmes está o estudante de Cinema e Audiovisual da UFPel e editor de vídeos, Maycol Paixão Bastos, que através da sua atuação como bolsista no projeto de extensão do Cine UFPel teve essa oportunidade.

Maycol relata que o processo está sendo proveitoso e inovador, visto que a mostra acontece no espaço físico da universidade e no espaço virtual, agregando “resistência para o patrimônio cultural de nosso país”. Na sua perspectiva, esse tipo de ação faz com que a comunidade dê mais atenção às obras selecionadas, ampliando o destaque das obras independentes nacionais.

Além disso, ele abordou a defasagem do cinema brasileiro em relação à distribuição e exibição de filmes, que, muitas vezes, não são assistidos e, por consequência, não são comentados nem percebidos pelo público.

“As discussões geradas sobre os filmes geram reconhecimento sobre as subjetividades envolvidas e, por conseguinte, fortalecem sua existência e memória. A mostra significa uma grande oportunidade para que esses filmes venham a ser recebidos pela comunidade e possam ser mais esmiuçados pelos debates promovidos em seguida das exibições. Cada um deles tem suas peculiaridades, mas há de se perceber que são olhares cuidadosos que se lançam sobre diferentes nuances da humanidade. Para mim, eles significam memória, afeto, política e existência”, finalizou.

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Destaques da 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado

Realizada entre os dias 11 e 19 de agosto, a edição deste ano contou com a tradicional premiação e homenagens a vários artistas, incluindo a atriz Léa Garcia, falecida no dia 15, às vésperas de ser homenageada    

Por Felipe Boettge e Jaime Lucas Mattos         

                “Mussum, O Filmis”, de Silvio Guindane recebe prêmio de Melhor Longa-metragem brasileiro no dia 19 de agosto           Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto

 

Em sua 51ª edição, o Festival de Cinema de Gramado, realizado ao longo de nove dias, é uma vitrine de divulgação para diversos filmes, de diferentes formatos e lugares do Brasil. Na edição deste ano, muitos filmes e profissionais foram celebrados na grande festa do cinema.

Os longa-metragens brasileiros

A premiação do festival, realizada no último dia do evento, destacou o êxito do filme “Mussum: O Filmis”, que foi o maior premiado da noite, levando seis Kikitos. O longa-metragem é uma biografia de um dos maiores nomes da comédia brasileira, Mussum (1941-1994), que fez parte do quarteto Os Trapalhões. A repercussão positiva sobre o filme após a exibição exclusiva no festival chama a atenção para a produção, que entrará para o circuito de exibições nos cinemas apenas no dia 2 de novembro.

A cinebiografia dirigida por Sérgio Guindane levou seis Kikitos nas seguintes categorias: melhor filme; melhor ator, para Aílton Graça; melhor trilha musical, para Max de Castro; melhor atriz coadjuvante, para Neusa Borges; melhor ator coadjuvante; para Yuri Marçal; e o prêmio do júri popular; além de uma menção honrosa a Martín Macías Trujillo, por seu trabalho desenvolvido na caracterização.

                            Aílton Graça vence Kikito de Melhor Ator e Vera Holtz conquista prêmio de Melhor Atriz, por “Tia Virgínia”             Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto

 

Outro destaque dentre os longas-metragens foi para “Tia Virgínia”. O filme narra a história de uma mulher de 70 anos que vive sozinha e é convencida pelas irmãs a se mudar para cuidar dos pais. A trama se passa em um único dia e acompanha a preparação de Virgínia para receber as irmãs no Natal. “Tia Virgínia” levou cinco Kikitos nas categorias de: melhor atriz, para Vera Holtz; melhor roteiro, para Fábio Meira; melhor direção de arte, para Ana Mara Abreu; melhor desenho de som, para Rubem Valdés; e o prêmio do júri da crítica; além de uma menção honrosa a Vera Valdez.

O outro destaque da noite foi “Mais Pesado é o Céu”, que levou quatro Kikitos nas categorias de: melhor direção e melhor fotografia, ambas pelo trabalho de Petrus Cariry; melhor montagem, para Firmino Holanda e Petrus Cariry; e um prêmio especial do júri para Ana Luiza Rios. O filme, que será lançado em 2024, tem Matheus Nachtergaele e Ana Luiza Rios como protagonistas. Os personagens atravessam paisagens marcantes do território cearense em busca de fazer as pazes com o passado e de construir um novo futuro.

Os longas-metragens “O Barulho da Noite”, de Eva Pereira, “Angela”, de Hugo Prata, e “Uma Família Feliz”, de José Eduardo Belmonte, não receberam nenhum prêmio.

 

Zeca Brito recebe o prêmio de Melhor Longa-metragem Gaúcho      Foto: Divulgação/Edison Vara/Pressphoto

 

Os longa-metragens gaúchos

Dentre os longas gaúchos, os destaques vão para “Hamlet”, dirigido por Zeca Brito, e “O Acidente”, dirigido por Bruno Carboni. Com uma metáfora à tragédia de William Shakespeare, o primeiro conta a história do Jovem Hamlet (Fredericco Restori), que, em meio ao caos político no Brasil de 2016, tem de enfrentar seus maiores fantasmas, sua transformação em adulto e seu lugar na sociedade, em meio aos protestos dos estudantes e de movimentos sociais. O filme recebeu cinco Kikitos, nas categorias de: melhor filme; melhor direção, para Zeca Brito; melhor ator, para Fredericco Restori; melhor fotografia, para Bruno Polidoro, Joba Migliorin, Lívia Pasqual e Zeca Brito; e melhor montagem, para Jardel Machado Hermes.

“O Acidente”, que chegou aos cinemas em 24 de agosto, narra a história de duas famílias que criam um laço inesperado após um atropelamento. A história se inicia após a ciclista Joana ser vítima de um atropelamento e decidir não denunciar, temendo que isso estragasse os planos que tem com sua namorada, Cecília. No entanto, quando um vídeo da situação se torna viral, ela é forçada a prestar queixa na polícia e sua vida se entrelaça com a da motorista e sua família. O filme recebeu três Kikitos nas categorias de: melhor atriz, para Carol Martins; melhor roteiro, para Marcelo Ilha Bordin e Bruno Carboni; e melhor direção de arte, para Richard Tavares.

Outros longas gaúchos premiados foram “Céu Aberto”, em duas categorias, e “Sobreviventes do Pampa”, em uma categoria.

Outros destaques da premiação

Vale mencionar como destaques o documentário “Anhangabaú”, de Lufe Bollini, que levou um prêmio de melhor filme documental, e o curta “Mãri-Hi – A árvore do Sonho”, que ganhou prêmios em duas categorias de curtas-metragens, e foi dirigido por Morzaniel Ɨramari, considerado como o primeiro cineasta Yanomami.

Para a lista completa de vencedores da premiação ao longo dos anos, desde 1973, acesse o site do festival.

 

                              Laura Cardoso, Alice Braga, Ingrid Guimarães e Lucy Barreto foram homenageadas no festival                                       Foto: Divulgação/Dilson Silva/AgNews

Homenagens

Além da entrega de diversos Kikitos a diferentes filmes gaúchos e brasileiros, o festival também foi palco de homenagens a grandes nomes do cinema nacional.

O Troféu Oscarito, que é a mais antiga homenagem entregue pelo festival e leva o nome de um dos principais nomes do cinema brasileiro, estava planejado para ser entregue a duas grandes artistas brasileiras, Laura Cardoso e Léa Garcia.

Aos 95 anos, a atriz Laura Cardoso recebeu homenagem no palco do Palácio dos Festivais, ao lado de outras homenageadas da noite. A atriz Léa Garcia, que também estava programada para receber o Troféu Oscarito, faleceu, aos 90 anos, dias antes da cerimônia. A atriz estava em Gramado para acompanhar o festival e ser homenageada no último dia. Devido ao falecimento da atriz, o troféu foi entregue ao filho, Marcelo Garcia.

 

O filho de Léa Garcia recebe a homenagem em nome da atriz          Foto: Divulgação/AgNews

Léa tinha uma extensa e célebre carreira no cinema, na televisão e no teatro, tendo ganhado, ao longo de sua jornada, quatro Kikitos no Festival de Gramado, além de prêmios em outros festivais, incluindo o prestigiado Festival de Cinema de Cannes. Um dos seus últimos trabalhos foi na série “Arcanjo Renegado”, do serviço de streaming Globoplay.

Outras homenageadas da noite foram a produtora Lucy Barreto – com o Troféu Eduardo Abelin – e as atrizes Ingrid Guimarães – com o Troféu Cidade de Gramado – e Alice Braga – com o Troféu Kikito de Cristal.

 

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Rio Grande celebra a Semana do Patrimônio 2023 com diferentes atividades culturais

O evento aconteceu de 15 a 20 de agosto e contou com conferências, mostras, oficinas e visitas guiadas em pontos históricos da cidade       

Por Marianna Bertoldi e Victória Silva        

 

Palestras e exposições resgataram a história do município      Foto: Richard Furtado/Prefeitura do Rio Grande

            

Valorizar o patrimônio histórico e cultural e fomentar o turismo são os princípios que guiaram a programação da Semana do Patrimônio no município do Rio Grande, na zona sul do Estado. O evento, que teve início em 15 de agosto e estendeu-se até o dia 20, contou com palestras, exposições, oficinas e visitas guiadas em pontos representativos da história da cidade, como é o caso do prédio da antiga Alfândega e o do Mercado Público Municipal, localizados no coração do Centro Histórico. 

São 286 anos de história, refletidos nos patrimônios materiais e imateriais do município. Neste ano, o evento adotou o tema “Rio Grande — Das Águas ao Cais de Pedra”, em referência à descoberta de um cais de pedra com mais de 150 anos em meio aos trabalhos de restauro da Rua Riachuelo, no Porto Histórico. O tema também se refere ao título de Capital Nacional das Águas, concedido a Rio Grande em junho deste ano.

Uma iniciativa da Prefeitura do Rio Grande, com o apoio da Receita Federal e o patrocínio da empresa pública Portos RS, a Semana do Patrimônio uniu conhecimento e lazer em uma experiência única de reconhecimento à herança cultural da cidade. O evento veio ao encontro das políticas existentes para locais históricos, as mesmas políticas que viabilizaram a realização da Noite do Centro Histórico em maio.

Artesanato local

A produção artesanal local também recebeu reconhecimento durante o período. Os expositores tiveram a oportunidade de exibir suas habilidades e criações artísticas na antiga Alfândega. É o caso da artesã Marta de Carli, que atua no ramo do trabalho manual há mais de 25 anos.

 

 Marta de Carli trouxe souvenirs do Rio Grande na Semana do Patrimônio   Foto: Maria Clara Goulart/Prefeitura do Rio Grande

Marta relata que iniciou a produção de artigos de lembrança da cidade litorânea em resposta à procura dos turistas que veraneavam no Balneário Cassino. Ela retrata locais emblemáticos como a Catedral de São Pedro, os Molhes da Barra e a Estação Ecológica do Taim.

Para a artesã, a Semana do Patrimônio tem um papel essencial na promoção da cultura local, dando visibilidade ao legado histórico do município. “Eu acho importantíssima, porque é uma forma de pertencimento, de preservar a nossa história e o patrimônio humano dos nossos antepassados”.

 

Katia e Roberta Mello exibiram suas criações durante o evento       Foto: Richard Furtado/Prefeitura do Rio Grande

 

Idealizadoras do Estúdio Tal, a ilustradora Katia Mello e sua filha Roberta, que é designer, realizaram um trabalho de ilustração com caneta de nanquim e pintura digital voltado aos pontos históricos do Rio Grande, incluindo um mapa do Centro Histórico.

Elas reconhecem que o povo rio-grandino está mais sensível para o tema da cultura. “Como estão surgindo essas propostas que a Prefeitura está promovendo, as pessoas estão aproveitando”, disse Katia.

Fábrica Rheingantz

A Fábrica Rheingantz, ou como é conhecida, a Antiga Rheingantz, foi um dos patrimônios centrais do evento.

 

Fachada do prédio da antiga fábrica Rheingantz localizada junto à Vila Operária          Foto: Marianna Bertoldi

Lá, os visitantes puderam conhecer o museu que expõe peças de roupas fabricadas na fábrica que tinha grande prestígio pela qualidade dos casacos, tapetes e outros artigos feitos em lã. Para entender ainda mais sobre a história, atrizes encenaram situações do cotidiano relatadas por antigas trabalhadoras da fábrica.

 

Peças em exposição no museu da Antiga Rheingantz durante a Semana do Patrimônio 2023    Foto: Marianna Bertoldi

 

A Rheingantz foi uma fábrica têxtil, a primeira empresa do Rio Grande do Sul, estabelecida em Rio Grande no ano de 1873. Grande parte dos funcionários eram mulheres, que trabalhavam com o tear e teciam a lã para a confecção de roupas, tapetes e tecidos.

De acordo com o Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (LEHMT), “em 1879, a empresa do imigrante alemão Carlos Guilherme Rheingantz já contava com 900 operárias(os) e 100 costureiras que trabalhavam em suas residências. Em 1907, estava entre as 100 maiores indústrias do Brasil com 1.008 trabalhadoras(es)”.

Depois de mais de 100 anos, as atividades da fábrica foram encerradas nos anos 1990 devido à má administração financeira. Hoje em dia, o prédio tombado é considerado patrimônio cultural da cidade. Na Semana do Patrimônio 2023, também foram realizadas visitas guiadas em que os visitantes puderam conhecer as instalações do prédio, os maquinários e suas repartições.

 

Máquina de tear utilizada para tecer tapetes: confecção podia levar mais de seis meses     Foto: Marianna Bertoldi

 

Resultados do evento

Sobre a edição deste ano, a primeira-dama e secretária de Desenvolvimento, Inovação e Turismo do Rio Grande, Lu Compiani, comentou que a missão do evento foi cumprida, fazendo com que a comunidade conheça mais sobre a história da cidade.

 

                             Palestra com primeira-dama e secretária de Desenvolvimento, Inovação e Turismo, Lu Compiani                                        Foto: Richard Furtado/Prefeitura do Rio Grande

“A ideia foi trazer para a comunidade um evento aberto para que conhecessem um pouco mais sobre o patrimônio da cidade do Rio Grande. Então, todo o contexto do evento foi para que isso acontecesse”, compartilhou Lu Compiani.

A secretária ainda explicou que aconteceram eventos paralelos, com oficinas para as crianças das escolas municipais, em que elas puderam conhecer um pouco mais sobre arqueologia e o que significa “patrimônio”. Para ela, sem conhecer sua história, não há como construir um futuro. “Nós acreditamos que um povo que não conhece a sua história, o seu passado, não consegue construir o seu futuro”, ressalta.

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Unindo arte e esporte, o evento Ruas de Lazer acontece neste domingo

Evento ao ar livre promove a saúde com atividades  para todas as idades em Pelotas e próxima edição será no bairro Navegantes       

Por Brenda Leal e Aline Souza      

 

 

Projetado em 2019, o evento Ruas de Lazer só teve sua primeira edição em abril de 2022. O evento ao ar livre tem por objetivo promover a saúde e o lazer à população pelotense com atividades para todas as idades. Inicialmente, em 2022, o evento foi estabelecido na rua Juscelino Kubitschek. Porém, ao longo das edições, surgiu a necessidade de abranger um público maior e, por isso, o evento se tornou itinerante  tendo realizações em diversos bairros. “A gente já teve atrações com público estimado, de acordo com fiscais de trânsito, de cerca de até quatro mil pessoas, até encontros que tiveram menor adesão do público,” diz Inácio Crochemore, um dos idealizadores do projeto. Neste domingo, dia 27 de agosto, acontece , na rua Lázaro Zamenhof 10, entre Artur Souza Costa e Salvador Balrreira, no bairro Navegantes, das 13h às 18h.

O projeto é uma iniciativa desenvolvida entre a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Prefeitura de Pelotas. Crochemore contou que a ideia do Ruas de Lazer surgiu através de uma conversa no programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFPel. A ideia teve o apoio da Prefeitura, que colocou à disposição algumas secretarias municipais.

Ao mesmo tempo que o evento incentiva o esporte, através de atividades como a Taça das Favelas, que aconteceu na última edição, o Ruas de Lazer também tem por objetivo divulgar e incentivar a cultura na cidade de Pelotas. Todas as edições contam com shows, apresentações artísticas, feira de artesanato local, feira de alimentação, projetos da UFPel e projetos da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), disponíveis para toda a população pelotense. Uma característica do Projeto Ruas de Lazer é o incentivo à cultura local, buscando trazer sempre atrações originárias do bairro onde acontece o evento.

A edição deste domingo contará com diversas atrações. Um diferencial dessa edição, que ocorre no bairro Navegantes, é o grupo de capoeira Povo Que Ginga Jarrão e a Oficina Skate na Quebrada e ambas as atrações são de grupos originários do bairro. Além disso, a edição conta com uma diversidade de artistas musicais para animar o público durante todo o dia. Acompanhe as atividades do projeto pela página do Instagram do evento.

CONFIRA AS ATRAÇÕES MUSICAIS DO PRÓXIMO DOMINGO, DIA 27:

Povo que Ginga Jarrão

DJ Vagner Borges

Khronos MC

Banda Swing Entre Nós

Oficina Projeto Skate na Quebrada

Serginho MC

 

 

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Cine Repulsa apresenta “A Hora do Pesadelo”

Clube  de filmes de horror faz sessão nesta sexta-feira, dia 25 de agosto, às 16h30min

O Cine Repulsa, projeto idealizado por estudantes de cinema da UFPel que foi inaugurado em julho, irá realizar sua terceira sessão nesta sexta-feira (dia 25 de junho). Desta vez, a escolha do filme foi feita através de uma enquete no perfil oficial do Instagram, em que os seguidores puderam optar entre os títulos “Uma Noite Alucinante” (1987) e “A Hora do Pesadelo” (1984). O grande vencedor foi “A Hora do Pesadelo”, do diretor Wes Craven. O clássico “Pânico” (1996) também já está confirmado no cineclube para uma exibição no dia 22 de setembro. Após as sessões, acontecerão ainda sorteios de pôsteres dos filmes. O Repulsa acontece no Cine UFPel localizado na Rua Álvaro Chaves, esquina com a Rua Lôbo da Costa, no Centro de Pelotas.

 

Sessão de “A Hora do Pesadelo” será dia 25 de agosto, às  16:30

 

O filme estadunidense “A Hora do Pesadelo” deu início a uma franquia após o seu lançamento. Em sua estreia no cinema, traz no elenco Heather Langenkamp (Nancy Thompson), John Saxon (tenente a polícia local Donald Thompson e pai de Nancy), Ronee Blakley (Marge Thompson, mãe amorosa e alcoólatra de Nancy), Robert Englund (Freddy Krueger) e Johnny Depp (Glen Lantz, namorado de Nancy).

A história se passa na cidade fictícia de Springwood, Ohio, e o enredo gira em torno de um grupo de jovens que são aterrorizados em seus pesadelos pelo fantasma de Freddy Krueger, um psicopata assassino de crianças. O filme foi recebido com elogios e teve um impacto significativo sobre o gênero horror, gerando uma franquia que consiste em uma linha de sequências e uma série de televisão, além de várias outras obras de imitação. Um remake do mesmo nome foi lançado em 2010. Críticos afirmam que a ideia principal do filme é a luta para definir a distinção entre sonho e realidade, que se manifesta pela vida e os sonhos dos adolescentes. Destacam a capacidade do filme de transgredir “as fronteiras entre o imaginário e o real”, e brincar com as percepções do público.

 

 “Pânico” será apresentado no dia 22 de setembro, às 14h

 

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Tais Carolina: Uma Nova Voz Brilha

Cantora é um dos artistas que fazem apresentações às sextas-feiras no projeto “Música na Praça” do Shopping Pelotas      

Por Gabriel Belfagger     

No cenário das noites de sexta-feira, fechando a semana, o Shopping Pelotas se transforma em um refúgio para a música local, dando lugar ao evento “Música na Praça”, das 19h às 21h, na sua Praça de Alimentação. O projeto abraça músicos da cidade e preenche as noites de início de fim de semana com melodia e energia. Este evento já se tornou uma tradição querida pelos moradores locais, oferecendo um palco para artistas das mais variadas expressões sonoras. E, entre esses artistas, uma história brilha especialmente: a de Tais Carolina, uma cantora amadora rio-grandina que fez sua estreia notável em Pelotas neste evento.

Desde o seu lançamento em 27 de janeiro, o “Música na Praça” se consolidou como um farol cultural para a região. Com shows de cantores, bandas e grupos de diversos estilos musicais, não só anima a clientela do shopping, mas também reafirma o compromisso do Shopping Pelotas com a promoção da cultura e entretenimento gratuitos. “O projeto de levar música para a Praça de Alimentação combina duas propostas que fazem parte da missão do Shopping Pelotas: valorizar os artistas da região e promover lazer, entretenimento e cultura de forma gratuita”, afirma a assessoria de imprensa.

 

Tais Carolina estreou em Pelotas no projeto “Música na Praça”     Foto: Divulgação 

A jornada de Tais Carolina até o palco do “Música na Praça” é repleta de paixão pela música. Ela compartilhou como sua relação com a música começou desde muito cedo: “Eu canto desde os três anos de idade, dessa forma, a música sempre esteve presente na minha vida. Cantava na igreja durante minha adolescência, mas foi em julho de 2021 que passei a desenvolver essa atividade de forma profissional”. Tais também compartilhou um momento-chave em sua trajetória, lembrando quando teve a oportunidade de se apresentar profissionalmente no Teatro Municipal do Rio Grande. Esse marco a inspirou a continuar buscando oportunidades e desenvolver sua carreira como cantora.

Sua estreia no “Música na Praça” marcou uma virada em sua carreira. “Estar neste evento foi muito especial e marcou a primeira vez que cantei profissionalmente na cidade pelotense”, disse Tais. A atmosfera calorosa do público na Praça de Alimentação, cantando junto e aplaudindo, tornou o momento ainda mais especial. Essa experiência não apenas fortaleceu sua confiança, mas também destacou a importância desses projetos para os artistas locais.

Quando questionada sobre como essas apresentações ajudam em seu desenvolvimento profissional, Tais compartilhou insights valiosos sobre os desafios que enfrenta: “Cada apresentação é de extrema importância para o desenvolvimento profissional, é como se a carreira fosse uma escada e cada experiência, um degrau.” Ela enfatiza a complexidade de se apresentar em um ambiente como uma praça de alimentação, onde o público está envolvido em outras atividades. No entanto, essa situação também é um estímulo para o crescimento, pois desafia Tais a conquistar a atenção e criar conexões através de sua música.

Tais Carolina personifica a essência do evento “Música na Praça” no Shopping Pelotas: a celebração da música local e a oportunidade de artistas como ela brilharem em meio a multidões diversas. Sua história é uma prova de que esses eventos não apenas oferecem entretenimento, mas também abrem portas para os artistas emergentes da região, ajudando a fortalecer a cena musical local e a inspirar novos talentos a seguir seus sonhos musicais. O “Música na Praça” não é apenas um evento; é uma plataforma que cultiva histórias de sucesso como a dela.

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Adorei a matéria escrita pelo grande repórter Gabriel Belfagger, meus parabéns à artista, desejo todo sucesso na carreira!

Nathanael

 

Conheça a história do Festival de Cinema de Gramado

Com uma trajetória de cinco décadas, evento se firmou como uma parada obrigatória do circuito de produções do audiovisual nacional        

Por Felipe Boettge e Jaime Lucas Mattos 

        

Entrada do Palácio dos Festivais, onde é realizado o festival    Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto/Divulgação

 

A 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado foi realizada de 11 a 19 de agosto, sendo a principal premiação do cinema gaúcho e nacional. O grande vencedor deste ano foi o longa “Mussum, O Filmis”.

São cinco décadas desde a sua primeira edição, realizada em 1973. O evento nasceu como uma parceria entre a Prefeitura de Gramado, a Companhia Jornalística Caldas Júnior, a Embrafilme, a Fundação Nacional de Arte e as secretarias de Turismo e Educação e Cultura do Estado. Em sua primeira edição, esta realização foi oficializada pelo Instituto Nacional de Cinema (INC), tendo uma duração de quatro dias, durante o mês de janeiro.

Foi dessa forma que o evento, que se tornaria o mais prestigiado e ininterrupto festival de cinema, tomou forma. Entretanto, durante suas primeiras edições, as discussões a seu respeito  estavam envoltas em sensacionalismo e fofocas, algo que só foi transformado com o passar das edições. E o festival tornou-se um centro de debates sobre a cultura, a produção audiovisual gaúcha, brasileira e posteriormente ibero-americana.

Apesar das polêmicas e desvios do intuito principal, a celebração do primeiro ano premiou “Toda Nudez Será Castigada” (1972), de Arnaldo Jabor, como a primeira grande produção vencedora do prêmio de melhor filme.

Com a chegada dos anos 1980, o festival se concretizou como um encontro de cineastas, estrelas e pensadores do cenário audiovisual brasileiro e da América Latina. O evento, no entanto, sofreu com o processo político de desestruturação da indústria cinematográfica brasileira, especialmente durante o mandato de Fernando Collor, no inicio dos anos 1990, quando ocorreu o fim de Embrafilme.

Em agosto de 1992, o ano da internacionalização e inclusão do cinema ibero-americano no evento, a produção colombiana “Técnicas de Duelo” (1988), de Sergio Cabrera, ganhou o prêmio de melhor filme. Na mesma edição, Pedro Almodóvar, célebre cineasta espanhol, também foi premiado por sua direção em “Tacones Lejanos” (1991). A partir desse momento, as produções internacionais ganharam espaço dentro do festival e expandiram o escopo de pensamento dentro do festival.

 

Troféu Kikito 45º Festival de Cinema de Gramado em 2017         Foto : Diego Vara /Agência Pressphoto/Divulgação

 

E de todas as estrelas que já passaram por Gramado, uma em especial está sempre em destaque e marca presença em todas as edições desde sua primeira participação. O troféu principal da noite, o Kikito, começou como símbolo de boas-vindas da cidade de Gramado. Baseado no deus do bom humor e das energias positivas, foi idealizado por Elisabeth Rosenfeld e criado pelo artesão Orival da Silva Marques durante os anos 1960, posicionando a estátua em uma das entradas do município. Escolhido como estatueta do Festival de Cinema de Gramado desde a sua primeira edição, já foi inteiramente de madeira e posteriormente, passou a ser feito em bronze.

Observando todos esses pontos sobre o Festival de Gramado, nota-se que, em um contexto social que não valoriza o cinema nacional, termos um evento dessa dimensão é uma dádiva. A existência do festival joga luz ao cinema nacional, mergulhando nas diferenças e nas diversidades culturais que o nosso país pode apresentar.

Nestas 51 edições, o evento apresentou um grande repertório de filmes que foram destaque no festival e que também se destacaram no circuito tradicional de exibições em cinemas pelo País. Dentre eles, o festival deu holofotes a “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1977) e “Aquarius” (2016).

 

                         Abertura oficial da edição de 2023, com discurso liderado pela Ministra da Cultura, Margareth Menezes                      Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto/Divulgação

Com uma gama enorme de filmes exibidos ao longo de cinco décadas, observa-se que o festival acompanha a história do cinema brasileiro, como evidencia, em entrevista ao próprio festival, o diretor paulistano Fernando Meirelles: “Se olharmos para a história do Festival, podemos saber como foi o nosso Brasil e o nosso cinema”.

Fato é que o Festival de Gramado, por ser realizado no Rio Grande do Sul, dá holofotes não só ao cinema nacional, mas ao cinema gaúcho. Os filmes do nosso estado ganham destaque no circuito de exibições, expondo produções independentes que comumente não circulam em salas de cinema tradicionais.

A existência do festival é importante também para a valorização dos cursos de cinema no Estado, dando atenção a filmes produzidos por alunos de diferentes universidades do Rio Grande do Sul, incluindo a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que todos os anos está presente com filmes de seus estudantes.

Premiados de 2023

 

          Filme vencedor pode ser visto nos cinemas a partir do dia 2 de novembro             Foto: Divulgação

 

O longa “Mussum, O Filmis”, que narra a trajetória de vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, que integrou o programa de TV “Os Trapalhões”, foi o grande vencedor deste ano. Dirigido por Silvio Guindane, recebeu seis Kikitos: de melhor filme, melhor ator para Ailton Graça, melhor atriz coadjuvante para Neusa Borges, melhor ator coadjuvante para Yuri Marçal, melhor trilha musical, e melhor filme pelo júri popular.  A produção entrará em cartaz em 2 de novembro nos cinemas.

O festival também premiou os filmes “Tia Virgínia”, de Fábio Meira (melhor atriz, para Vera Holtz; melhor roteiro, Fábio Meira; melhor direção de arte, Ana Mara Abreu; melhor desenho de som, Rubem Valdés, e prêmio júri da crítica) e “Mais Pesado é o Ceú”, de Petrus Cariry (melhor direção; melhor fotografia, Petrus Cariry; melhor montagem, Firmino Holanda e Petrus Cariry, e prêmio especial júri, Ana Luiza Rios).

O documentário Anhangabaú, do diretor Lufe Bollini, recebeu o prêmio de melhor filme longa-metragem documental. 

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Veiiga e a cena artística independente da região sul

Jovem pelotense conta como começou nos ramos da música e artes visuais, além das suas aspirações       

Por Rafaela Stark e Sarah Oliveira      

 

João Veiga tem apenas 21 anos e já trabalha com arte há sete           Foto: Acervo pessoal

 

A cena artística pelotense cresce cada dia mais. Personalidades como a drag queen Myah Michele e a cantora Julie Schiavon vêm ganhando destaque por seus trabalhos. Em abril, o Festival Cabobu voltou após duas décadas de hiato e movimentou a cidade com muita música. Os artistas enfrentam longas jornadas até se tornarem grandes nomes na cidade, caminho o qual Veiiga já está trilhando com sua música ambiental, produção e design para trabalhos sonoros.

Natural de Pelotas e com recém completados 21 anos, Veiiga – nome artístico que João Veiga assina – se reconhece como artista desde criança, quando passava boa parte de seu tempo desenhando. Para ele, a arte era “meio (que uma) correnteza, uma coisa leva a outra e não tinha como não seguir”. E foi a partir de 2016 que passou a levar a sério a sua vocação no ramo. Depois de se encontrar nos desenhos, Veiiga descobriu uma nova veia artística: a música.

A ideia de começar uma carreira musical surgiu junto com a vontade de produzir um álbum de covers, por não ter muita confiança em seu talento para compor. Mas ao chegar no estúdio de gravações de um amigo, o mesmo lhe explicou que o tempo e trabalho gasto na produção de um cover era maior do que se ele investisse todo o seu foco em algo autoral. E, mesmo com receio, ele fez. “Eu comecei […] não era bem assim que eu imaginava, mas depois que eu entrei no pique, fui querendo aprender mais, a produzir e fazer outras coisas parecidas, e entrei já de cabeça,” lembra João.

Da criação à distribuição, a saga de um artista que enfrenta a produção musical

Quando o assunto é o processo de criação das faixas, Veiiga expõe que tudo é um processo natural e “de boa”, como ele mesmo diz. Tudo começa com ideias aleatórias que surgem durante o dia, a qualquer momento.

“Depende muito, há músicas que vou levar mais a sério, que irei trabalhar mais e colocar mais sentimento e esforço nela. Tenho uma ideia, por exemplo, de uma letra, então eu anoto. Normalmente eu pego um dia na semana para focar nela, utilizo algum instrumental pré-pronto que eu tenha guardado e vou juntando com outras ideias, pensamentos que vêm na hora. O sistema de rimas é assim, é muito do que vem na hora. É meio que tudo junto: uma ideia do dia a dia, uma ideia que se tem na hora do banho [risos]. É um processo bem de boa. Geralmente eu não escrevo uma letra inteira, vou juntando trechos que imaginei e formo a composição. Colocando o sentimento para fora, sabe?”

Já sobre a preparação para o lançamento dos seus trabalhos, João explica que é algo técnico para ele, de praxe. Ele gosta de fazer as artes que servirão de capa para as canções. “Nem sempre desenho, utilizo a técnica da colagem também. Para mim, uma música tem que ter uma arte.”

 

Criação do single ‘Narusawa’, de 2023        Imagem: Veiiga

 

Esse mesmo processo quando feito com outras pessoas pode sofrer algumas alterações e alguns – pequenos – ruídos de comunicação. Por trabalhar como produtor com artistas da região e de diversas partes do Brasil, é normal haver divergências, já que nem sempre as duas partes estão no mesmo contexto. Apesar disso, tudo é passível de resolução, e a colaboração musical prevalece. Também é por meio dessas parcerias que novos contatos são feitos e outras acontecem. Quando perguntado sobre como conheceu artistas espalhados pelo país, João conta que tudo começou através de uma pessoa: “Minha amiga Luana me apresentou para outra, a Mari, e ela já tinha outros contatos e em menos de dois anos, já conheci muita gente. Fui expandindo meu círculo assim. Participei de alguns coletivos artísticos que já se desmembraram, e, aos poucos, fui encontrando os meus.”.

A arte inspira e ajuda a criar

João conta que se inspira em muitos artistas do meio para produzir suas obras. Em nível internacional, o conjunto Shed Theory chama atenção: “É um pessoal que faz uma música bem misturada, alternativa, até ambiental, eu diria”. Ele relata que, pelo grupo ter muitos membros, eles trazem ideias diferentes, que funcionam unidas. “Alguns curtem mais rima e outros mais canto, então acho que traz uma perspectiva bem distinta, autêntica, o que me inspira bastante”, diz Veiiga.

Além da Shed, seus próprios amigos o influenciam: “A banda Bliss Compound tem um estilo que me atrai muito, já trabalho com eles e vejo neles muita autenticidade, gosto de atuar com gente que me inspira.”

Ao falar das artes visuais, a jovem artista Xeylao vem à sua mente. João justifica que a maneira como ela trabalha o azul em suas produções foi o que lhe cativou. A artista utiliza diversos materiais para produzir, pintando em tecidos e até azulejos. A questão dos tons de azul é explorada por Veiiga, que se identifica com a cor, dizendo que ela traz conforto. Provavelmente, por esta razão, ele adora tanto o trabalho de Xeylao.

Voltando aos amigos, o designer e produtor Ultrasensíveis também é fonte de inspiração para ele. O músico destaca a arte do amigo como original, clássica e bela.

 

O azul: uma das cores dominantes no trabalho do artista   Imagem:Veiiga

 

Na ponta do lápis e do mouse

Em sua música, João também insere os seus designs, mais especificamente nas capas de seus singles. Quando a produção da música acaba, ele se volta para a arte de seus singles e, neste momento, ele também experimenta um pouco mais da sua liberdade poética como artista.

Mesmo gostando de fazer os seus designs do zero, tanto à mão quanto digitalmente, Veiiga utiliza do seu universo e gênero musical underground para criar ilustrações mais alternativas. Elas oscilam entre os seus desenhos e as colagens de imagens com aplicações de efeitos e filtros, para também dar o seu toque pessoal de originalidade. Um exemplo disso é uma de suas capas em que ele fez referência a uma sequência de um filme. “Esses tempos, eu cheguei a desenhar uma cena de um filme e desenhei só as linhas e coloquei ela em cima de uma outra arte, só para referenciar o filme. E quem ver (a arte) e já viu o filme vai reconhecer e saber que tem alguma coisa (do longa) aqui.”

Outro momento em que os seus dois mundos se encontram é quando colabora com outros artistas. Além da mixagem – momento que designa como “quando a mágica acontece” -, sua outra parte favorita é poder criar a parte visual das capas dos singles. Quando fala de trabalhar com os seus dois ramos artísticos, João diz que, por ser de um gênero mais variável – o underground – e de fácil transição entre outros estilos musicais, existe uma maior afinidade em utilizar instrumentos diferentes e outros elementos de diversos outros gêneros para criar o seu próprio, sem deixar de pertencer ao seu estilo alternativo. Para ele, a arte se cria a partir da música, com os sentimentos que ela traz.  

Nem tudo são flores

Por mais que João ame o que faz e encontre prazer nele, ainda há partes desanimadoras. Ao ser questionado sobre os maiores desafios para o ramo, o artista fala de invisibilidade. “São poucos os espaços que abraçam esses artistas. Aqui temos uma cena forte de DJ e Rap/HipHop, mais clássico e tradicional, mas para por aí”, diz.

Veiiga também menciona que alguns amigos pelotenses até têm um certo reconhecimento virtualmente, mas não chegam a ir para festas, eventos culturais e outros lugares físicos. Há algumas tentativas de ampliar a cena, eventos pontuais e pequenos tentam trazer mais artistas para se apresentarem em “pocket shows”, que duram cerca de 30 minutos. Mas a falta de espaços é o principal fator a complicar a ascensão dos talentos.

“Somos artistas autoproduzidos, fazemos tudo por nós mesmos, mas eu gostaria de ter essa porta aberta, esse espaço para divulgar o trabalho e expandir o repertório junto ao público”, declara João.

O que o futuro guarda

 

Para João, se reinventar é essencial enquanto artista  Foto: Acervo Pessoal

 

Ainda que esteja no âmbito artístico há consideráveis anos, João está só começando. Como todo bom artista, ele permanece em cena a partir da reinvenção, sempre buscando se aprimorar em suas raízes e encontrar novos floresceres. “Acho que preciso estar sempre me reinventando, procurando novos estilos. Meu estilo atual, o ambiental, está aos poucos se sobressaindo na cena, mas acredito que o tempo vai fazer virar moda e depois vai embora, então a reinvenção é algo vital.”, alega.

Trabalhando em seu primeiro EP com previsão de lançamento ainda este ano, Veiiga é a personificação de um artista completo e totalmente dedicado à sua arte em todos os seus sentidos e formas. O projeto já conta com duas faixas e um interlúdio, mas elas não serão as únicas. “Eu quero fazer mais umas duas ou três canções e lançar esse projeto, que é maior. Normalmente eu só lanço singles, mas agora quero investir em algo mais trabalhado. Talvez saia mês que vem, mas não prometo nada [risos].”

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