Prêmio divulga fotos em milhares de imagens postais

Cotidiano: Guilherme Porto de Souza venceu concurso do Centro de Artes

     Luís Otávio Languer Schebek

     Uma competição de fotografia promovida pelo Centro de Artes da UFPel elegeu novos cartões postais para Pelotas. O concurso “Pelotas em uma imagem” teve como objetivo valorizar, através da fotografia, o potencial estético da cidade de Pelotas. A proposta do concurso era oportunizar o reconhecimento de talentos locais, fomentando a fotografia enquanto expressão artística. O concurso mostrou diferentes visões sobre a cidade, trazendo imagens que retratavam o cotidiano e a paisagem local. As inscrições abriram em julho e as fotografias vencedoras foram anunciadas no dia 9 agosto no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo. O projeto foi organizado por quatro estudantes da UFPel e teve o apoio de dois fotógrafos profissionais para a seleção das fotos recebidas, Felipe Campal e Nauro Júnior. Serão distribuídos 6.000 cartões postais com as fotos dos três primeiros colocados, 3.000 do primeiro lugar (Guilherme Porto de Souza), 2.000 do segundo (Leandro Lopes) e 1.000 fotos do terceiro classificado (William Gómez).

William Gómez fotografou mais próximo à natureza e ficou em terceiro lugar

O concurso estimulou a criatividade dos participantes com a liberdade de escolha do tema, já que cada fotógrafo tem uma percepção diferente da cidade de Pelotas. A Comissão Organizadora propôs que os participantes registrassem símbolos do município ou uma composição de elementos que, de alguma forma, representasse a cidade, enaltecendo o olhar individual de cada participante.

Leandro Lopes ganhou segundo lugar com sua visão única de escultura 

O projeto contou com a inscrição de várias fotografias, que foram avaliadas pelos pelos jurados. As três vencedoras foram transformadas em 6.000 cartões postais e distribuídas gratuitamente em diversos pontos da cidade.

Guilherme Porto, vencedor do concurso, conta que considera o concurso uma ótima forma de dar destaque aos talentos locais. “Eu fiquei sabendo do concurso um pouco antes das inscrições fecharem. Peguei minha câmera e fui pra rua. Queria encontrar algo que realmente marcasse a cidade, quando entrei na praça e vi aquela cena, não pensei duas vezes, fiz o clique e já comecei a torcer.”

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Crítica: “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”

Tom Holland interpreta herói na versão que neste ano nos cinemas                     (Foto: Sony Pictures/Divulgação)

Julia Mello dos Santos

     Um Homem-Aranha que quer participar dos Vingadores. Essa é a premissa inicial do longa “Homem-Aranha: De Volta Ao Lar”, que estreou em julho nos cinemas brasileiros. O personagem já havia aparecido nesta versão, interpretada por Tom Holland, em “Capitão América: Guerra Civil”, de 2016. A Sony Pictures juntou-se com a Marvel Studios para lançar a terceira versão do herói em pouco mais de dez anos.

No filme, dirigido por Jon Watts, temos um Peter Parker de 15 anos, em seu segundo ano de Ensino Médio. Não é mostrada a origem de seus poderes, nem a morte do seu tio Ben, fatos já bem conhecidos dos fãs do personagem e mostrados nas duas versões anteriores do herói que tiveram seus filmes recentemente. Escolha acertada dos roteiristas, para evitar uma saturação de cenas. Ao invés disso, as duas horas e 13 minutos de filme dedicam-se a explorar um Peter lidando com o colégio ao mesmo tempo que espera receber uma nova missão, após os eventos de Guerra Civil. Temos Robert Downey Jr. mais uma vez ótimo no papel de Tony Stark, o “Homem de Ferro”, que age como um mentor de Peter, tendo confeccionado seu traje, todo equipado com a mais alta tecnologia, o que rende várias cenas de forte apelo cômico. Ainda, Jon Favreau como Happy Hogan, responsável pela segurança das Indústrias Stark, e o elo entre Peter e Tony, enquanto o adolescente espera uma nova missão.

Algumas das melhores cenas são entre Peter e seu amigo Ned, vivido por Jacob Batalon. Nerd assumido, com várias referências à cultura pop, Ned fica maravilhado com o seu amigo e todo o mundo do qual ele faz parte escondido (para todos, Peter fala que está fazendo um “Estágio Stark”). As cenas adolescentes trazem leveza ao filme, que alterna com longas cenas de ação e até algumas de leve suspense. Entre jogo olímpicos de matemática, festas, interesses amorosos (Liz Allan, interpretada por Laura Harrier), e tentar esconder da Tia May (Marisa Tomei) sua vida dupla, Peter aventura-se pela vizinhança para provar ser digno do título de Homem Aranha, e ajudar o máximo de pessoas possível. Numa dessas aventuras, descobre a gangue liderada por Adrian Toomes, o Abutre (personagem de Michael Keaton), que rouba destroços e artefatos deixados para trás nas lutas dos Vingadores e aterroriza a cidade.

O filme destaca-se pela escolha de elenco. Tom Holland é um excelente Peter, mostrando bem o dilema de um adolescente diante das novas situações que surgem em sua vida, as responsabilidades de herói e lidar com a sua própria vida no meio de tudo isso. Ainda, um grande ponto positivo é a diversidade presente no elenco. Numa Hollywood ainda muito criticada por apresentar filmes com elenco somente branco, o longa é feliz em contar com atores de diversas etnias. O saldo geral do filme é excelente, valendo cada minuto!

Outras versões recentes

O amigo da vizinhança foi interpretado na trilogia do diretor Sam Raimi por Tobey Maguire, em: “Homem-Aranha” (2002), “Homem-Aranha 2” (2004) e “Homem-Aranha 3” (2007). Andrew Garfield deu vida ao super-herói em “O Espetacular Homem-Aranha” (2012) e “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro” (2014), os dois dirigidos por Marc Webb.

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Maloca Casa dissemina cultura no Cassino

 

O teatro de Quintal é o espaço físico da Casa onde acontecem apresentações de música, teatro e dança                                                                                                                                                Foto: Divulgação

 

Ricardo Leite

     Em 2004, o então ministro da Cultura do governo Lula, Gilberto Gil, propôs um conceito novo de dispersão e produção de cultura, os Pontos de Cultura. A proposta, no entanto, foi incompreendida por grande parte da sociedade. Mais ainda, alguns chegaram a tratar com zombaria a ideia do ministro.

Em 2016, um grupo do Cassino, balneário de Rio Grande, pensou em unir mídias sociais, a ideia do ponto de cultura e conceitos como economia solidária. Um dos criadores do projeto, Angelina Oliveira, explica que a proposta é de criação de um irradiador de produção cultural para o sul do Rio Grande do Sul. O objetivo é “repensar a forma de se relacionar com a produção da cultura”. Ao elucidar como funciona a Maloca Casa Colaborativa e sua nova estrutura da produção cultural, Angelina destaca: “Para nós é bem importante poder falar sobre o projeto para poder descentralizar as informações”.

Tudo começou em julho de 2016 em Porto Alegre, quando no Fórum Internacional de Software Livre foi divulgado o conceito de casa colaborativa. Um local com o objetivo de realizar projetos conjuntos de artistas de diversas manifestações culturais, facilitar a produção, tanto cedendo um espaço físico quanto um local de interação, e também um ponto de encontro diretamente com a sociedade civil.

Para Angelina a importância dos pontos de cultura e de espaços como a Maloca é de facilitador para os trabalhos de artistas locais e criar alternativas, pensadas coletivamente, de economia criativa para a produção cultural.

Organização horizontal e empoderamento

A utilização das mídias sociais também é um processo presente, e uma das bases da Maloca, tendo como um dos quatro organizadores do projeto Daniel Ilha, um desenvolvedor de software que colabora com a área de mídias sociais da Casa. O grupo divulga seus eventos no Facebook, principalmente. Os outros colaboradores são Melissa Velasques (atriz) e Gabriel Martins (tatuador).

A ideia central, indicada nas conversas e também na apresentação que o grupo faz em sua presença digital, é a de organização horizontal e empoderamento da produção cultural, ou seja, tornar a produção da cultura uma lógica da própria sociedade civil, e dos artistas de diversas vertentes. A busca é de realização conjunta de diversos projetos, facilitando a divulgação, espaço físico, financiamento e participação colaborativa.

Une diversos conceitos novos e uma moderna ideia de participação direta da sociedade nos processos de produção. Essas ações já vêm sendo realizadas em outros países e no Brasil, com especial menção a Porto Alegre, onde uma rede de pontos de cultura é reconhecidamente importante, como lembra Angelina.

A Maloca Casa Colaborativa busca organizar em um local a produção cultural do Cassino e da região sul do estado. Servindo como local de organização entre artistas, mas também de espaço no qual exposições, oficinas, brechó e debates podem ser realizados.

Eventos

Projetos contínuos da Maloca incluem a Biblioteca Regina Aquino, formada por livros e periódicos vindos de doações, o acervo de discos de vinil que podem ser ouvidos na sala da Casa e um espaço de resgate da memória cultural de Rio Grande.

Além de outros eventos permanentes, dos sazonais e daqueles pensados junto aos artistas da região. É possível conferir os eventos organizados pela Maloca Casa Colaborativa em seu site  e no  Facebook.

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“Assinado, Amor!”

Nataly Motta e o namorado apresentam o “Urso do abraço”             Foto: Fernanda Winck

Fernanda Winck

     Com o objetivo de espalhar amor pelo mundo e inspirar pessoas a jovem fotógrafa Nataly Motta (19) criou o projeto “Assinado, Amor”. Nascida na cidade de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, Nataly, aos 12 anos, já iniciava seus primeiros passos na fotografia e, aos 15 anos de idade, começou a fotografar casamentos. Ela conta que uma história em particular marcou sua vida e a inspirou a criar o projeto: “A primeira história de amor que eu fotografei foi muito marcante para mim, pois a noiva tinha uma estimativa de vida e o que ela falou sobre o amor comigo, antes de entrar na igreja, marcou muito e desde então eu decidi seguir fazendo esse trabalho”. Para ela, “com as fotografias a gente pode inspirar e promover alguma ação que pode ser levada para mais pessoas”.

No ano de 2017, nos meses de junho e julho, a fotógrafa expôs alguns de seus trabalhos no Centro de Cultura, na cidade de Gramado. Em um ambiente temático, criou instruções guiando o visitante para apreciar as fotografias de casais e entender um pouco de cada história. Entre os visitantes da exposição esteve Luia Steigleder (87), que mostrou o quadro em que ela e o marido foram retratados pela fotógrafa. Luia confessou que só aceitou participar da sessão de fotos por que “a fotógrafa queria falar sobre o amor, mas não sobre qualquer amor, mas sim o amor verdadeiro”. Ela acredita que seu casamento é um exemplo disso: “Foi uma batalha, mas chegamos até aqui, nós somos casados há 68 anos, eu tenho 87 anos e meu marido tem 89, só que ele está com Alzheimer”.

Fotografia de Luia e Renato, exposta no Centro Cultural de Gramado e no site de Nataly Motta

A artista expôs fotos que retrataram casais homossexuais, com diferenças raciais, com alguma deficiência ou que enfrentam algum problema de saúde, entre outros, ou seja, sempre abordando temas importantes, e, ao mesmo tempo, sensíveis quanto às mensagens que a artista queria passar ao público. Luia comentou algumas fotos: “Isso é uma coisa moderna né, no nosso tempo nem se ouvia falar, padre e freira, mulheres casando, nunca se ouvia falar”.

Nataly explica: “Fotografando histórias de amor e casamento, a gente percebeu que o amor pode vencer qualquer dificuldade, qualquer obstáculo e, às vezes, as pessoas vão tentando resolver um problema e acham que não há solução, e eu acredito que se colocar amor, de uma forma ou de outra tudo se resolve”. As fotos que estiveram na exposição também podem ser visualizadas no site da artista e no Facebook.

Ao lado da fotografia, um quadro contando um pouco da história de cada foto

No ano de 2015, foi promovida por Nataly uma ação feita com apoio de um grupo de voluntários no Parque da Redenção em Porto Alegre. Uma caixa de presente foi colocada no parque e estava escrito a frase: “Você ganhou o melhor presente do mundo”. Quem a abria ganhava um abraço dos voluntários que se disponibilizaram a participar da campanha. Segundo ela, essa “seria uma forma de demonstrar amor pra qualquer pessoa”. Confira no vídeo como tudo aconteceu.

 

Mapa contendo alguns corações cadastrados                  Foto: Site Nataly Motta

Porém, para a artista, uma ação local não era o suficiente, foi então que teve a ideia de criar uma corrente de abraços e espalhar corações pelo mundo em troca de abraços fraternos. “Nós queríamos alcançar mais pessoas, então criamos a ideia da corrente de abraços, que são vários corações que foram distribuídos e que a pessoa vai passar pra outra pessoa em troca de um abraço”. No coração, tem instruções, inclusive na língua inglesa, e um código para cadastrar o coração no site do projeto “Assinado, Amor”. A partir desse cadastro, fica sinalizado em um mapa a trajetória que o coração está percorrendo. A artista conta que os corações já viajaram para várias partes do mundo e do Brasil, como Califórnia, Caribe, Recife, São Paulo, Minas Gerais, entre outras cidades e países.

 

 

 

 

 

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Magia das páginas para a realidade

Organizadores queriam trazer a literatura para o mundo concreto das crianças de uma maneira divertida

Eduardo Uhlmann

 

     Foi durante a penúltima semana de julho, do dia 24 ao 28, que o universo mágico de Harry Potter tomou os corredores da Bibliotheca Pública Pelotense. Os pequenos dos sete até os onze anos puderam participar de uma gincana dentro do projeto A Hora do Faz de Conta.

Vale lembrar que Harry Potter é a série consagrada de sete romances de alta fantasia escrita pela autora britânica J. K. Rowling. A série narra as aventuras de um jovem chamado Harry James Potter, que descobre aos 11 anos de idade que é um bruxo ao ser convidado para estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Na história, aos 11 anos, a criança bruxa recebe uma carta de Hogwarts com um convite para estudar numa das escolas de magia e bruxaria mais reconhecidas no mundo. Quando chega ao castelo, após uma longa viagem de trem, um chapéu mágico divide os alunos em quatro casas: Grifinória, Sonserina, Lufa Lufa e Corvinal. E na gincana da Bibliotheca Pública Pelotense não foi diferente, teve chapéu seletor e casas criadas pelas próprias crianças.

Tudo isso foi feito durante o período de férias dos bruxinhos e contou com jogos, contação de histórias e exibição de todos os filmes da saga. Tudo com um roteiro super regrado e atrativo.

Os organizadores queriam trazer a literatura para o mundo concreto das crianças de uma maneira que não parecesse trabalho de escola. É a literatura como entretenimento inteligente e deleite. O objetivo foi mostrar que é divertido ler. Tudo indica que conseguiram.

As atividades valiam pontos que eram marcados por tampas de garrafa PET nas cores das casas. Ao final da semana, durante um baile no salão nobre da Bibliotheca, cada criança da casa com mais pontos recebeu um prêmio: uma varinha feita a mão para levar de recordação dessa semana mágica.

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Curta de aluno da UFPel concorre no Festival de Gramado hoje

Com atores e não atores, “Bicha Camelô” retrata a vida de um jovem que está em fase de descobertas

     Bruna Silveira

     O sonho que outrora parecia tão distante, faz-se presente. O curta-metragem “Bicha Camelô”, com produção acadêmica do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi selecionado para ser um dos finalistas do “Prêmio Assembleia Legislativa de Curtas Gaúchos”, que será apresentado hoje, dia 20 de agosto, no Festival de Cinema de Gramado, reunindo os melhores audiovisuais do Brasil.

Projeto efetivado pelo aluno Wagner Previtali, o curta-metragem conta o cotidiano de uma drag queen no seu trabalho, em uma das bancas do camelódromo da cidade, retratando a forma como mantém o contato com diversas pessoas e mudando seu modo de ver o mundo. “Tinha pensado em um personagem forte desde sempre”, relata Previtali.

A ideia foi mostrar essa transformação como se fosse um documentário. Desde então, Previtali propôs  apresentar uma linguagem documental e acabou trazendo depoimentos de outras pessoas que relataram sofrer o mesmo processo de descoberta do ator principal. Uma das partes a serem destacadas no filme é o uso de não atores que assumiram diversos papeis, complementando então o papel do protagonista.

As cenas foram gravadas em um período de duas semanas e aconteciam antes da abertura para o público frequentador do Pop Center – Camelódromo de Pelotas. Outros pontos marcantes da cidade foram locados para as gravações, incluindo o Mercado Público no bairro Centro, além do Centro Cultural Las Vulvas. Seguiu-se o período de trabalho intenso com o processo de edição e pós-produção, quando “Bicha Camelô” torna-se um produto final e é selecionado para participar em um dos maiores festivais de cinema do Brasil.

Bicha Camelô” (2017)

Direção: Wagner Previtali / 16’49’’

Ficha Técnica

Roteiro: Wagner Previtali

Produção Executiva: Bruno Ferrari

Elenco: Mateus Felipe (drag queen Maiteh Carraro), Felipe Cremonini, Germano Rusch, Shaiane Molina, Maria Laura Magrini, Anderson Soares, Patrícia Bicoski, Lázaro Oliveira, Hakeen Mhucale

Relatos: Giovani Garcez, Erica Amorim, Gengiscan Pereira (drag queen Abigail Foster)

Direção de Fotografia: Lucas Vieira, Micael Jambers

Direção de Arte: Ana Paula Ogliari

Trilha Musical: Rico Dalasam

Montagem: Ana Paula Ogliari

Desenho de Som: Gabriel Portela

Preparação de Atores: Felipe Cremonini

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Um prodígio musical que encanta

 

 

Rubem Aloy, Vano Costa, André Chiesa e Mauro Oliveira fazem parte da banda criada em 2014

Fabio Ávila

     O músico pelotense Vano Costa, da banca Vano e os Capones, mas para os amigos mais antigos, o “Vano do Simões Lopes”, é um talento precoce. No início da década de 80, aos sete anos de idade, já tocava violão e ensaiava os primeiros passos na aventura musical, compartilhando seus conhecimentos sonoros com os amigos da escola, no bairro Siimões Lopes, onde morava.

No fim da década de 80, já estava inserido no contexto musical da cidade. Hoje destaca-se como cantor, guitarrista e compositor, apresentando composições singulares, que  retratam o cotidiano e experiências do real e do imaginário. Quando se apresenta, no entanto, dá a impressão  de que é apenas lúdico, pois parece focar mais no divertimento do que a qualquer outro objetivo. Seus shows alegram todo o tipo de público, o clima de descontração faz com que todos se sintam como crianças em um parque de diversões.

Nessa caminhada, compôs mais de 100 canções. No ano de 2014, passou a fazer gravações, motivando a criação da banda Vano e os Capones. No grupo, conta com a companhia de André Chiesa na bateria, Mauro Gonçalves no contrabaixo e Rubem Aloy nos violões, backings e guitarras.

Vano Costa ressalta que, embora tendo gravado somente em 2014, algumas canções foram compostas há mais de 15 anos. Entre as melhores, estão as canções “O que sobrou de bom” e “Tudo bem”.

O que se esperar, não do artista, mas do ser humano Vano Costa? Suas expressões e comportamento denotam um homem de espírito manso e humilde, todavia, atrás do violão ou da guitarra e soltando a voz no microfone, esqueça o que leu nas linhas anteriores. Há uma transformação inexplicável, tem-se a sensação de que não se trata da mesma pessoa, de franzino vira um gigante e a voz com nuances de rouca, lembra grandes ícones vocais como Raul Seixas, Emilio Santiago e o consagrado Milton Nascimento.

As emoções são intensas e cada nuance no timbre de voz, uma nova sensação. Aproveitem enquanto é possível encontrar o vocalista andando livremente pelas ruas da cidade, quem buscar, ouvir e conhecer o trabalho que realiza, terá uma certeza paradoxal: Por que essa banda ainda não estourou no País? Então melhor pegar logo o seu autógrafo e tirar umas fotos com a gurizada da banda.

Quem deseja conhecer o trabalho da banda pode acessa os vídeos no Facebook ou no Youtube.

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Crônica: Theatro Sete de Abril

 

 

Em restauração hoje, espaço cultural que fica na Praça Pedro Osório também já funcionou como cinema

 

Bruna Silveira

     Março de 2010,  tempos sombrios em Pelotas, mês e ano em que a arte e a população pelotense perdiam a alma do espetáculo. Local… Praça Coronel Pedro Osório, ali reside o Theatro Sete de Abril.

Inaugurado em 2 de dezembro de 1833, tem sido palco de emoções há mais de 180 anos. Traz consigo uma história forte de riqueza e poder cultural. Inaugurado na época do ciclo econômico do charque, o Theatro foi casa frequentada por senhores poderosos e damas da sociedade pelotense, que, naquela época, usavam facilmente o linguajar francês. Foi visitado por Dom Pedro II – imperador que inspirou seu nome com a data de abdicação do trono de Dom Pedro I em nome do seu filho.

O ano era 1958,  o Sete de Abril era palco de grandes companhias europeias e brasileiras que desbravavam o tablado da casa de espetáculos pelotense. O Theatro mais antigo do Rio Grande do Sul teve seu funcionamento interrompido, já  tendo passado por várias reformas na segunda metade do século XIX, devido ao surto de urbanização na cidade.

Casa de espetáculos; dança; cinema e até mesmo alojamento de guerra, isto porque na segunda metade do século XIX aconteceu a Guerra dos Farrapos. As apresentações do Theatro foram suspensas, as luxuosas fantasias e máscaras foram substituídas pela farda. O recém inaugurado Theatro transformava-se em alojamento de soldados.

Hoje, fechado há sete anos para uma restauração, o Sete de Abril, Theatro símbolo de prosperidade, serve de abrigo para diversas manifestações culturais e até mesmo protestos, uma vez que acontecem diversos atos organizados pelo Facebook e por mobilizações da classe artística que clamam pela reestruturação do Theatro.

Um justo reconhecimento à importância do prédio e ao significado do Theatro que expressa sua beleza nas linhas da escultura neoclássica para o mundo artístico da Princesa do Sul. Mesmo de portas fechadas continua a ser abraçado pelos artistas da cultura brasileira. Viva, Sete de Abril.

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Crítica: “O Filme da Minha Vida”

Elenco: Selton Mello, Bruna Linzmeyer e Johnny Massaro contracenam 

 

Matheus Pereira

     O jovem Tony sempre via o início e o final dos filmes. O início pra entender a história e o fim porque o fim sempre é bonito. Com o tempo, entretanto, ele aprendeu que o meio é tão importante quanto o início e o final juntos, e que muita coisa acontece entre os extremos de uma história. Em “O Filme da Minha Vida”, terceiro longa-metragem dirigido por Selton Mello, a beleza está impregnada em cada quadro, pinturas em movimento que registram o interior gaúcho nas suas locações. A beleza também está nos diálogos, que soam como músicas bem ritmadas, que mostram outro interior, aquele de cada personagem.

De preciosidade visual e narrativa inegável, “O Filme da Minha Vida” acompanha Tony Terranova, um jovem que retorna a Remanso, cidade onde nasceu. Ao voltar, o garoto, recém-formado e pronto para ser professor, vê seu pai, francês, subindo em um trem e indo embora, para França, alegando ter saudades de sua terra. Neste cenário, Tony encara os primeiros meses de sua vida adulta, dando aulas na escola local e se divertindo com amigos e a namorada, Luna. Enquanto segue o curso natural da vida, o rapaz tenta entender porque o pai abandonara a família.

O “Filme da Minha Vida” é uma obra de simplicidades. Sem se jogar às emoções baratas e resoluções rasas, o roteiro faz um bom trabalho ao tornar a narrativa (adaptada do livro “Um Pai de Cinema”, de Antonio Skármeta) a mais verdadeira possível. Mesmo as reviravoltas mais dramáticas, quase novelescas, ganham um verniz naturalista e sensível por parte de Mello, diretor com total domínio de seu ofício.

A câmera de Mello, aliás, amparada pela fotografia deslumbrante de Walther Carvalho, capta a nostalgia como poucos cineastas conseguem. Ao focar nos descampados e morros da Serra, o diretor cria um universo aprazível, ensolarado e belo, mesmo durante a queda do sereno ou das folhas secas do outono. Assim, o diretor foge do cenário urbano e amplamente conhecido da TV e do cinema. É no interior do Rio Grande do Sul, na natureza e nas pequenas vilas, que a história se desdobra.

Mello, no entanto, não merece elogios apenas por seu rigor técnico ou olhar apurado para quadros. Seu cuidado com os personagens é igualmente notável, principalmente por humanizar cada um deles. Mesmo aqueles que poderiam se tornar meros vilões, surgem como pessoas complexas, profundas e perdidas em seus próprios erros. Não há o maniqueísmo básico que assola a maioria das narrativas, mas sim a complexidade humana de indivíduos cheios de segredos e anseios.

Com um elenco irretocável, capitaneado pelo talentoso Johnny Massaro, “O Filme da Minha Vida” é feito de simplicidades e sensibilidades. Com ambientação certeira, levando o público direto para a época e o lugar da obra literária, o longa ainda acha espaço para uma trilha sonora repleta de clássicos nacionais e estrangeiros, além de interessa8ntes reflexões sobre a passagem do tempo e a importância das relações interpessoais.

Todo o preciosismo técnico (da trilha aos belos figurinos; da fotografia sépia à direção arrojada), contudo, não funcionaria sem o fator humano, e isso “O Filme da Minha Vida” tem de sobra. O título, aliás, não tem relação a algum filme que seja o favorito da vida do personagem. O título aponta que toda a vida, de cada pessoa, com altos e baixos, que é como um filme. E o fim, o fim eu não posso contar.

Ficha Técnica:

Direção

Selton Mello

Elenco

Johnny Massaro , Vincent Cassel , Bruna Linzmeyer , Bia Arantes , Ondina Clais Castilho , Erika Januza , Martha Nowill , Antonio Skármeta , João Prates , Selton Mello e Rolando Boldrin

Roteiro

Selton Mello e Marcelo Vindicato.

Produção

Vânia Catani

Fotografia

Walter Carvalho

Música

Plínio Profeta

Design de Produção

Claudio Amaral Peixoto

Figurino

Kika Lopes

Gênero

Drama

Distribuição

Europa Filmes

Lançamento

3 de agosto de 2017

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Mirna Xavier: feminismo, arte e bruxaria

              Mirna Xavier tem usado o esoterismo como o fundamento de sua produção artística                              Foto: Aluap Ana

Clara Celina

    A artista Mirna Xavier desenvolve trabalhos e exposições sobre questões da mulher, faz dança tribal e é uma das organizadoras do Encontro das Bruxas em Pelotas. Nessa entrevista, ela revela as conexões entre arte e bruxaria e mostra como tem sido o seu trabalho criativo. Mais do que algo que possa produzir terror, a bruxaria está vinculada ao caráter de constante descoberta da arte e também à feminilidade vinculada ao conhecimento oculto da natureza.

Arte no Sul – Como você visualiza as conexões entre bruxaria e arte?

Mirna – Eu não tinha a menor noção de bruxaria quando vim estudar em Pelotas. Foi algo que conheci por aqui, comecei a pesquisar e acabou movendo tudo que eu faço na arte. Na época – quando comecei a entrar em contato com a bruxaria – era 2014, eu estava no segundo semestre, ainda estava engatinhando nas pesquisas, mas já comecei a inserir símbolos e mitologias no meu trabalho. Fui a fundo nisso e não consegui mais me desvincular.

Quando comecei a realmente me desenvolver, em 2016, consegui criar coisas que têm mais a ver comigo. Essas coisas possuem “raízes” da bruxaria e “troncos e galhos” da arte e do feminismo, da semiótica, do Tarot – uni todas essas coisas.

Então, sem dúvidas, a bruxaria foi muito significativa para o meu trabalho. E acho que não só para o meu, há várias meninas no Centro da Artes (CA/UFPel) que passaram a também desenvolver trabalhos com bruxaria. Algumas com as quais eu troquei ideias e sinto que também foi instintivo para elas adicionarem esses elementos nos seus trabalhos artísticos, então se tornou quase uma reação em cadeia e hoje tem várias meninas que focam em bruxaria como arte no CA… E também fora do CA, eu falo nele porque é onde eu mais tenho convívio, mas é algo muito recorrente. Isso me deixa muito feliz porque também gera muitos eventos que falam de bruxaria e têm raízes na arte. O último Encontro das Bruxas, por exemplo, teve dança, teve Tarot, várias atividades ligadas à arte.

AS – Como você tem aplicado bruxaria nos seus trabalhos artísticos especificamente?

Mirna – Bom, como eu disse, a bruxaria virou a raiz do meu trabalho, é o alicerce a partir do qual eu construo tudo. Então, eu faço dança do ventre, dança tribal, meus trabalhos como artista, tudo a partir da bruxaria.

As associações dessa tríade – bruxaria, feminismo e arte – por exemplo, em um trabalho meu que abri em exposição na Las Vulvas, se chamava “Caixotas”, eu construí pequenas caixinhas de cerâmica com vaginas dentro. Isso tudo me remete muito às mitologias que têm uma divindade feminina como centro de criação do mundo – Kuan Yin, na China, e Nanã, na mitologia Yorubá, que é a raiz das religiões afro-brasileiras. Eu não consigo mais ver meu trabalho se desenrolando sem a questão feminista, então faço uniões entre essas três coisas.

O trabalho artístico remete às mitologias que têm uma divindade feminina como centro de criação do mundo 

Agora em 2017 estou desenvolvendo meu trabalho de conclusão de curso e ele é formulado a partir dessa tríade. Ele se desenrola a partir da carta Imperatriz do Tarot, porque percebi que das 78 cartas do Tarot, apenas duas focam na mulher. Todas as outras mostram homens ou situações mais neutras. A partir disso, eu desenvolvo a questão feminista e utilizo a arte e a bruxaria para que o trabalho de desenvolva e cresça – porque não basta só criar o trabalho, ele precisa de alicerces para manter-se em pé.

Já na dança, o processo foi pelo caminho contrário, pois a dança surgiu a partir da bruxaria – diferente da criação artística, que posteriormente se vinculou à bruxaria. Eu comecei a dançar também em 2014, pois descobri esse estilo – a dança tribal, especificamente – quando estava pesquisando sobre danças e rituais em bruxaria e encontrei alguns grupos que faziam dança especificamente para isso, aí pensei no quanto seria legal se tivesse alguém que ensinasse em Pelotas, e tinha. Então, eu nem sempre faço isso, mas quando tenho a oportunidade de escolher o que eu quero aplicar na minha dança, qual a temática e o fundo que quero colocar nela, eu gosto de ir tanto para a bruxaria quanto para a cultura popular e fazer algo mais inusitado.

Gosto de aprofundar essa questão do paganismo e da bruxaria. No último encontro das bruxas, por exemplo, coincidiu que as danças que queríamos fazer estavam todas relacionadas à bruxaria e resolvemos fazer como um ritual mesmo. Por exemplo, a professora – que é a Morgan – fez uma dança associada com a deusa Khalil para remeter à purificação do espaço. Ela dançou antes de mim e os meus movimentos buscaram invocar os elementos e os deuses para dentro do ritual. Quando unimos nossas performances fez muito sentido e foi automático e natural, não foi algo planejado, as danças foram improvisadas.

É claro que pensamos um pouco em casa, temos um embasamento, mas o que sai na hora é improvisado. Quando incluímos a bruxaria na nossa vida, podemos visualizá-la tanto nas artes, danças e músicas, quanto na escrita, e não só escrita poética, mas até escritas acadêmicas mais aprofundadas. É muito recente, mas é possível ver como a bruxaria pode ser aplicada em vários âmbitos, não é um campo limitado.

AS – O Encontro das Bruxas pode ser considerado um evento artístico?

Mirna – Sim, eu acho muito que sim. Quando fazemos o encontro das bruxas, as meninas que facilitam isso trazem as artes que elas produzem. Algumas constroem bijuterias, por exemplo, e todas elas têm uma inclinação à bruxaria.

Então o encontro das bruxas para o público das meninas bruxas de Pelotas é um grande achado, porque tem tudo – arte associada à bruxaria, dança associada à bruxaria, rodas de conversa. Coisas baseadas em elementos artísticos e culturais, porque não existe algo como workshop de bruxaria, não se trata de um grupo de estudos, é focado especificamente na parte cultural da bruxaria, então dança, música, artesanato é tudo artístico. E é incrível que tenhamos um evento desses para abarcar tudo isso.

AS – Como seu trabalho tem sido aceito pelo público e pela comunidade acadêmica?

Mirna – Olha, não vou dizer que é um tema especificamente difícil porque o campo das artes é bem mais aberto. Então tudo que é produzido a partir de associações com bruxaria e esoterismo, coisas assim, já teve precedentes na história da arte, principalmente na arte contemporânea. Então tem sido bem aceito, na verdade.

Eu surpreendentemente achei que era pior e que não teria uma boa receptividade, estava bem insegura, porque meu trabalho inteiro é baseado nessa tríade – bruxaria, feminismo e arte – e não é algo discreto. Não é o tipo de coisas que só algumas pessoas vão perceber, eu deixo bem explícito, mesmo quando não fica perceptível através da visualidade, eu gosto de falar, porque para mim faz sentido fazer isso.

Essa semana, por exemplo, eu defendi a primeira parte do meu trabalho de conclusão de curso e falaram que estava muito interessante, foi algo que me surpreendeu bastante. Tenho medo que as pessoas achem que isso só está na minha cabeça, que essas relações não existem. Mas elas existem, essas associações entre bruxaria, mulher e arte. E é bom ver como essa repercussão acontece, porque a academia sempre foi muito restrita, poder falar sobre bruxaria dentro dela hoje é algo extremamente valioso.

É muito bom para eu ver como essa aceitação ocorre, porque existe uma vontade de realmente transmitir o trabalho para um público, de ter esse processo de volta por algo em que investi tanto tempo e dinheiro. Eu fiquei muito feliz de ver que a maior parte dos meus trabalhos teve algum tipo de retorno, que as pessoas gostaram e perguntaram se ia ter mais. Não me vejo parando de fazer arte baseada em bruxaria e sagrado feminino tão cedo, porque é algo que me move muito.

Para entrar em contato e visualizar o trabalho da artista, é possível acessar sua página no Facebook e no Behance.

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