Nos trilhos da tradição: Conversa com Paola Zanetti Ribeiro

A escritora de Pedro Osório pesquisa história vinculada às tradições gaúchas             Foto: Christian Dias

Por Christian Dias

 

Origem, contos e memórias: O livro “O trem da 21ª RT: conhecendo os vagões da nossa história”, escrito pela jovem Paola Zanetti Ribeiro e lançado neste ano, conta a história da 21ª Região Tradicionalista (21ª RT). Paola, acadêmica do curso de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), decidiu unir duas de suas paixões: a escrita e a cultura gaúcha. Em seu livro, relata o resultado de uma intensa pesquisa sobre o nosso estado e, principalmente, nossa região. “O trem da 21ª RT” também descreve a influência do meio de transporte em trilhos na moda da década de 1950, no Rio Grande do Sul.

Paola Zanetti Ribeiro é natural de Pedro Osório, Rio Grande do Sul. No ano passado, representou a 21ª Região Tradicionalista como Primeira Prenda. Nasceu em 23 de julho de 1997. Dançarina e participante ativa do Centro de Tradições Gaúchas Fogo de Chão, Paola sempre dedicou sua vida a conhecer as histórias do seu estado. E também de seu município: Pedro Osório, uma simpática cidade de pouco menos de dez mil habitantes. Por muito tempo, o município foi cortado pelos trilhos de trem. Hoje, o prédio da Estação de Pedro Osório sedia a Prefeitura.

 

Obra revela antigas relações das roupas com o uso do transporte ferroviário    Foto: Acervo Pessoal

Arte no Sul – O livro “O trem da 21ª RT: conhecendo os vagões da nossa história” é resultado de uma vida dedicada ao tradicionalismo e às histórias do Estado e, principalmente, da região de Pedro Osório. Como foi o processo de criação da obra?

Paola – Para concorrer na Ciranda Cultural de Prendas, precisei fazer uma pesquisa sobre o uso das vestimentas em diferentes momentos. Na ocasião, decidi focar minha pesquisa na influência do trem no modo de vestir das pessoas na década de 1950, período de apogeu do trem na cidade de Pedro Osório. Durante a pesquisa, percebi que muitas memórias estavam se esvaindo com o tempo e, assim, a história estava se perdendo. Diante disso, passei a constatar também que o legado das entidades da 21ª Região Tradicionalista estava se perdendo, e muitos de nós mal sabíamos a origem do local onde crescemos.

Assim, resolvi realizar um projeto de resgate da história dos Centros de Tradições Gaúchas da região, incentivando que seus integrantes buscassem conhecer o início e a caminhada destes locais até os dias de hoje. O projeto originou o livro “O trem da 21ª RT”, que tem como objetivo registrar a criação e evolução destas entidades até os dias de hoje. Esse trem passou pelas nove cidades da 21ª Região Tradicionalista, e proporcionou momentos de alegria, nostalgia e conhecimento.

Arte no Sul – A cultura do Rio Grande do Sul consegue se manter firme mesmo com o passar dos anos. Qual a influência que os Centros de Tradição Gaúcha (CTG’s) possuem nesse aspecto?

Paola – Os CTG’s são os centros de irradiação da cultura rio-grandense. É através deles que conhecemos nossas origens e aprendemos valores como amizade, lealdade e persistência.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho é fundamental nesse aspecto. É através dele que estudamos a cultura e aprofundamos nosso conhecimento e nosso senso crítico sobre o tradicionalismo em geral.

Arte no Sul – Por fim, o livro ainda é muito recente, mas quais foram as primeiras impressões pós lançamento da obra e qual legado fica depois de todo um trabalho de pesquisa e convivência para criação deste livro?

Paola – Através do livro percebi que é necessário resgatarmos nossa história. Com ele, pude conhecer mais a fundo sobre os CTG’s da nossa região tradicionalista. Mas acredito que o maior legado que o livro deixou foi o conhecimento que os leitores e aqueles que realizaram as pesquisas de resgate obtiveram com essa experiência. Foi emocionante ver o orgulho que os participantes do projeto tiveram de sua história.

A escritora foi eleita a Primeira Prenda da 21ª Região Tradicionalista                           Foto: Acervo Pessoal 

A pesquisa continua
Paola prossegue realizando pesquisas sobre o Rio Grande do Sul e dedicado sua vida ao tradicionalismo, hoje é a Primeira Prenda do CTG Fogo de Chão. Com o grupo, busca divulgar as histórias e apresentar, através da dança, as origens e identidades do povo gaúcho. “Que queiramos fazer sempre mais para que nosso legado permaneça junto àqueles que, depois de nós, seguirem os trilhos do trem da vida,” enfatiza a autora.

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Arte do grafite brota nas ruas de Pelotas

As cores e formas artísticas de diversos autores dão mais vida ao contexto urbano e à zona portuária

Por Paulo Lopes Marques

Não é difícil andar pelas ruas de Pelotas e deparar-se com gravuras coloridas emoldurando muros e paredes que, na maioria das vezes, estavam degradados e abandonados. Essa arte de transformar o que antes era sem vida, trazendo cores e formas para as ruas é conhecida como grafite. Seu estilo de arte contemporâneo possibilita a revitalização de locais da cidade abandonados. Também vem ganhando espaço em galerias de arte e museus, sendo incorporado ainda em estabelecimentos comerciais. É facilmente visível no cotidiano de Pelotas e tem como um dos seus principais artistas, Vinicius Moraes, conhecido como Bero. A cidade sedia nos dias 16 e 17 de novembro o evento Meeting of Styles.

Derivado da expressão italiana “graffiti”, essa forma de expressão referia-se inicialmente às inscrições ou desenhos pré-históricos em rochas. Atualmente é uma arte de desenhar, essencialmente em paredes e muros, com a utilização de sprays. Durante a década de 1960, na França, foi usada como forma de contestação política do movimento estudantil e manifestação de liberdade de expressão. Depois, expandiu-se para os Estados Unidos, principalmente em bairros da periferia de Nova Iorque, onde os jovens, principalmente ligados a movimentos hip hop, escreviam e pintavam paredes com spray para passar mensagens à sociedade. No Brasil, os movimentos estudantis, ainda sob a forma de pichação, utilizavam o spray para manifestar contrariedade à opressão militar durante a ditadura. O grafite ganhou força na década de 1990, articulado com movimentos musicais de hip hop e rap, bem como de praticantes do skate.

Esse estilo de arte é uma forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, refletindo a realidade das ruas. De desvalorizado e marginalizado, passou a ser considerado como expressão social cultural, chegando às galerias de arte contemporânea. Hoje é reconhecido pela maioria das pessoas como uma arte que transforma muros e paredes abandonadas da cidade, transformando em espaços revitalizados mais atraentes e bonitos, ganhando cor e quebrando a monotonia e o acinzentado urbano. O grafite possibilita uma democratização da arte ao trazê-la diretamente ao público, podendo aumentar o interesse por outras obras e levando as pessoas a explorar o mundo da arte.

Os estabelecimentos comerciais estão aderindo ao movimento e compartilhando seu espaço com a arte

Em Pelotas, podem ser identificados diversos espaços onde o grafite é encontrado: muros, tapumes de reformas prediais, na parte interna de canalizações, caixas de telefonia, praças públicas e, cada vez mais, residências e espaços privados. A área das instalações portuárias é o principal local onde as gravuras podem ser encontradas. O grafite transformou essa área da cidade um tanto abandonada em um local com mais vida, ganhando um novo público e um outro olhar sobre o local, numa verdadeira galeria a céu aberto. A Princesa do Sul, além de ser considerada cidade histórica, com sua rica arquitetura e prédios tombados, origem das charqueadas e conhecida nacionalmente pela culinária dos doces, pode, com a arte das ruas em contato com a população, ser reconhecida também como um polo cultural através do grafite, podendo, inclusive, essa manifestação artística ser explorada como potencial turístico.

Uma das principais referências artísticas da cidade é Vinicius Moraes, ou “Bero”, como é simplesmente conhecido. Formado no curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), criou várias obras espalhadas pela cidade e considera que, aos poucos, a população está reconhecendo o grafite como forma de expressão artística. O artista foi personagem do documentário “Sprayssionismo” veiculado pela TV Educativa (TVE) em maio de 2016.

O artista pelotense Bero teve o seu trabalho valorizado com a produção do documentário Sprayssionismo (Foto: Divulgação/TVE) 

Evento reunirá vários artistas em novembro

O Meeting of Styles é uma plataforma de intercâmbio entre artistas, que já organizou mais de 250 eventos desde 2002 em 25 países. Em 2019 o calendário do Meeting of Styles passará por 24 cidades ao redor do mundo, sendo que Pelotas receberá o evento nos dias 16 e 17 de novembro, em que cerca de 40 artistas nacionais e internacionais realizarão seus trabalhos na zona do porto da cidade, num grande encontro de diversidade cultural. Na etapa do ano passado, o evento contou ainda com aulas gratuitas de grafite, atrações musicais e food trucks gastronômicos.

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O massacre transformado em arte

Mostra no Campus II da UFPel no início do mês de setembro trouxe obras literárias, pinturas e esculturas

Por João Pedro Macedo

No dia 17 de Setembro, no Campus II da UFPel, ocorreu a quarta edição da exposição de arte e cultura “Lanceiros Negros, sua história através dos tempos!”. O evento, organizado pela cooperativa local Cooperarte, Artes e Ações Integradas, teve como intuito mostrar o lado oculto da Guerra Farroupilha. A expressão artística foi tratada como o principal meio de comunicação para entender este lado da guerra.

Questiona-se se houve um ato de mudança depois da revolta farroupilha. Desta forma, ela não é vista como uma revolução para muitas pessoas, e na exposição não foi diferente. Os lanceiros negros foram escravos que lutaram a favor dos donos das charqueadas gaúchas com a promessa de que iriam ser libertos, porém foram enganados sofrendo um genocídio orquestrado pelo Império e pelos donos das charqueadas. O nome deste evento ficou conhecido como o Massacre dos Porongos e reflete o real significado desta falsa revolução.

A exposição funcionou de uma forma em que ela era constituída por etapas, na perspectiva do sincretismo. Os representantes da Cooperarte e do evento explicaram que cada símbolo, em cada pintura de cultura africana, estava vinculado ao passado e aos atuais momento histórico e situação do país. No início da apresentação, o artista e um dos criadores da Cooperarte, Jonas Fernando Martins Santos, fez uma breve explanação sobre a exposição e falou que o significado dos lanceiros negros é muito maior do que só a Guerra Farroupilha. Com isso, ele quis dizer que os lanceiros negros foram os personagens históricos que lutaram em busca da liberdade e acabaram por serem enganados e sofrerem com essas mazelas de desigualdade até hoje. Jonas exemplificou isso falando sobre o caso dos negros na Guerra de Secessão nos Estados Unidos da América.

Sobre a parte artística do evento, na entrada do auditório, havia diversos tipos de produtos artísticos à venda, como livros, pinturas e esculturas, todas intervenções artísticas feitas por membros da Cooperarte. Nas paredes, foram expostos banners das outras edições da exposição, pinturas que remetiam a símbolos, destacando a cultura africana e ainda desenhos dos orixás, entidades divinas nas religiões de matrizes africanas.

As manifestações artísticas foram propostas como formas de resistência e reflexão sobre processo histórico

Os desenhos dos orixás de Jonas Fernando fizeram parte de uma história muito triste. O artista foi convidado a expor esses desenhos no Shopping Pelotas, porém quando o artista levou seus projetos até lá, foi proibido de expor pela segurança, sob a alegação de que aqueles desenhos eram errados e que não deviam ser expostos. Jonas foi vítima de racismo e intolerância religiosa, e ainda foi proibido de mostrar sua arte para as pessoas no centro comercial.

Perguntado sobre o que significava essa exposição e valorização da arte e cultura negra na atual conjuntura política do país, Jonas respondeu com ênfase que aquilo nada mais era que outra forma de resistência contra um atual Brasil que sempre foi racista e agora tende a ser ainda mais, principalmente Pelotas, cidade historicamente elitista e que tenta apagar sua negritude: “Vendo essa exposição com um monte de produções artísticas de pessoas negras trabalhando em uma cooperativa, é resistência pura, e é por isso que a gente luta.”

O evento além de ter esse dia para exposição também conta com ações em ONG’s e escolas, sempre valorizando a cultura negra e dando espaço e voz para aqueles que precisam ser ouvidos. Foi a primeira vez que a UFPel abriu espaço para este evento, e apesar do número de visitantes não ter sido o esperado, a exposição tocou todos que compareceram e trouxe um momento de reflexão para quem estava lá.

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Apagão mundial e legado dos Beatles

 O personagem Jack Malik  sofre em  um mundo inimaginável sem a memória do grupo de Liverpool

Por Gabriellla Militao Cazarotti

A banda The Beatles foi divisora de águas no cenário mundial desde sua criação nos anos 1960. No romance londrino Yesterday, em cartaz no Cineflix Shopping Pelotas, Jack Malik é um músico malsucedido atingido por um ônibus durante um apagão que atingiu todo o planeta. Jack acorda em um universo paralelo onde os Beatles nunca existiram e apenas ele se lembra das músicas. Nesse mesmo universo, coisas como cigarro e Coca-cola também nunca existiram.

Ele se reúne com os amigos e com sua empresária Ellie, toca a famosa canção Yesterday. Como ninguém reconhece a canção, Jack tem a ideia que mudaria a sua vida: regravar todas as canções dos Beatles como se fossem suas.

Jack passa os próximos dias relembrando o maior número de canções que ele pode e as toca pela cidade até chamar atenção de Gavin, um produtor musical local que o convida a gravar as canções. O sucesso de Jack como letrista é quase imediato, atraindo olhares de grandes produtores musicais e do cantor de pop Ed Sheeran. Ele é convidado para gravar um álbum com as músicas escritas e fazer turnê, porém Jack vive em desconfiança com a fonte das canções. Seu maior medo é de que alguém descubra que sua composição é uma farsa.

Além disso, a história também aborda o romance desencaixado que vivem Jack e sua empresária Ellie (interpretada por Lily James). Ao atingir o estrelato, Ellie decide que não vai mais o empresariar, quebrando a relação de anos que eles mantinham. De coração partido por nunca ter se declarado, ele segue sua jornada artística solitária.

Jack Malik (Himesh Patel) e Ellie (Lily James) vivem história de amor imersos na cultura musical pop

Nem todas as canções dos Beatles são relembradas por Jack, entretanto os clássicos I Wanna Hold Your Hand, Hey Jude, Back in the USSR e Yesterday estão entre os hits do filme, alegrando o gosto do público beatlemaníaco que esperou ver seus ídolos representados nesse longa-metragem. Há também a visita de um personagem inesperado para surpresa do público

Dirigido por Danny Boyle, cineasta e produtor britânico vencedor do Oscar, o filme trata da ética de um personagem em conflito. Em um mundo onde a genialidade dos Beatles não aconteceu e a mensagem de gerações não foi passada, seria antiético reproduzir as músicas como originais de Jack quando os créditos são de Paul McCartney, George Harrison, John Lennon e Ringo Starr?

Confira o trailer!

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Gerações se encontram no Mercado das Pulgas

     Colecionadores conectam passado e presente com exposição de  antiguidades no Centro de Pelotas        (Fotos: Isabelli Neckel)

Por Isabelli Neckel

Todo sábado, há cinco anos, o Largo do Mercado Público de Pelotas ganha mais vida – e mais história. É que, logo pela manhã, as bancas com exposições de antiguidades tomam seus lugares no chamado Mercado das Pulgas. Até o meio da tarde, 40 expositores dividem com o público seus “garimpos”.

A feira já teve outras edições, de verão, na Praça Coronel Pedro Osório e também no Laranjal. Atualmente, está bem consolidada no Largo do Mercado, onde ficam expostos antiguidades, plantas, artigos de brechó, artesanatos e itens de colecionador, como discos de vinil, selos, cédulas, moedas, cartões-postais, revistas, gibis, facas, medalhas e máquinas fotográficas, entre outros.

A aposentada Nélia Morais, 64, é uma das expositoras do Mercado. Sua banca traz, principalmente, xícaras e artigos de cozinha. Há três anos, ela viu no hobby de colecionar antiguidades um meio para superar a depressão. “Comecei a garimpar e a colecionar para me distrair, hoje em dia amo o que faço”, explica. Nélia, que encontra seus itens principalmente em leilões e casas da área rural, vê na atividade um elo com o passado. “Traz lembranças boas, da infância, da época de meus avós”, reflete.

 

 

Memória

O monitor Júlio Petrechel, 49, começou o hobby após a morte de seu pai, quando encontrou uma garagem repleta de antiguidades. Desde então, sua banca expõe principalmente livros, discos, mapas e até mesmo revistas adultas das décadas de 80 e 90.

“Aqui, tu lidas com a memória, com a lembrança. O Mercado tem essa característica de marcar as pessoas. Elas vêm aqui, veem os itens e se transportam para aquela época, para suas lembranças”, conta.

Enquanto os mais velhos são atraídos pela nostalgia, os mais novos o são pela curiosidade. Camila Cruz, 20, é um exemplo. Ela observa as antiguidades com atenção, mas gosta especialmente do setor de brechós. “Acho interessante pela sustentabilidade. A ideia das roupas terem uma história também me agrada”, explica.

Por que colecionar?

O hábito é antigo. Vem desde a antiguidade, passando pelo século 16 e a “moda” de colecionar autorretratos e pelo século 19, quando as coleções tinham cunho científico. Hoje em dia, a prática se mantém. Quando se fala em colecionar antiguidades, a atividade está ligada a nossa busca pela permanência no tempo e também por classificar, ordenar e exteriorizar a existência.

Segundo um artigo de pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), que analisou diversas entrevistas com colecionadores, o sentindo principal das coleções está ligado aos ciclos da vida: “As coleções que se diversificam na forma de exteriorização dos objetos colecionáveis guardam histórias particulares e afetividades, que se confundem com a trajetória biográfica dos colecionadores”, conclui a pesquisa.

Como Expor

Para ser um expositor no Mercado das Pulgas, é necessário entrar em contato com a Secretaria de Cultura de Pelotas, a Secult (53-3225-8355). Antes de serem aprovadas, as coleções são cadastradas, analisadas por uma comissão e, então, a autorização pode ser concedida.

 

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“Have You Forgotten”?

Anthony Koutsos, Gorden Mack, Mark Kozelek, e Jerry Vessel, do Red House Painters

Por Arthur Grohs

     Antes da ascensão de Lana Del Rey, haviam bandas que se aventuraram nos chamados sadcore e slowcore, oferecendo uma maneira diferente de experimentar música.

     Melancólico, macio, nostálgico e puro, o slowcore e o sadcore “personificado”, aqui pela banda Red House Painters, é uma pérola que ficou muito tempo “escondida” do grande público. O grupo californiano teve como líder o cantor Mark Edward Kozelek, o qual era o compositor da maior parte das canções e produziu todos os discos lançados pelo quinteto.

     Em um viés intimista, por vezes sombrio, a sonoridade oferecida pela banda, fundada em 1988 e extinta em 2001, traz bastante de uma tristeza urbana, por assim dizer. Isto é, o gosto acinzentado e conflituoso que uma cidade movimentada oferece. Ao mesmo tempo, utilizando de recursos acústicos, os “pintores de casas vermelhas” oportunizam o ouvinte a viajar para longe dos mesmos núcleos de civilização, levando-os para fogueiras e espelhos de conflito intrapessoal.

“And shut out what they say, ‘cause your friends are fucked up anyway/when they come around, somehow they feel up and you feel down”
(Have You Forgotten, Songs For A Blue Guitar, 1996)

     Esta variação de sensações pode ser passada de uma maneira melhor através dos próprios discos. Canções como Have You Forgotten e Wop-A-Din-Din resgatam a influência folk e do “country side feeling”, o qual habita dentro das linhas líricas de Kozelek. A busca pela fuga e o sentimento da nuvem de chuva sob a cabeça integram partes da essência do que compõe e é o universo de Red House Painters.

     “It’s all in your head, she said/morning after nightmare” e “the hurting never ends/like birthdays and old friends” são fragmentos de Medicine Bottle. Uma narrativa intrigante acompanhada dos sons da guitarra, que chegam aos ouvidos de quem ouve tal qual o movimento realizado pelas ondas do mar quando tocam a areia da beira da praia. A reverberação e eco das notas contribui na imersão dentro da poesia da música.

     Contrastando com a anterior, Grace Cathedral Park é a faixa que abre o disco Red House Painters I (apelidado como Rollercoaster, por conta da fotografia de uma montanha-russa na capa do LP), traz uma marca registrada: a proposta de uma conversa franca sobre o cotidiano vivido pelo compositor. É a grande bandeira trazida nos álbuns da banda que foi originada em San Francisco, Califórnia. Um espelho de música.

“Tell me why you are like this/ Are you the same with anyone?/ Save me from my sickness and tell me why do you treat me like this?/ Why are you like this?”
(Grace Cathedral Park, Red House Painters I, 1993)

   Levando em conta avaliações de veículos consagrados e/ou populares, a recepção dos discos da banda sempre foi positiva. Em especial, uma resenha publicada no portal AV Club, escrita por Marc Hawthrone, elogia o alcance de diferentes emoções e situações cantadas por Kozelek em seu “reino frio e solitário”.

     Sobre sadcore

     Antes de Lana Del Rey ter Video Games e Blue Jeans viralizadas na internet e recorrentes em programações de rádio e de canais de tv, o sadcore já tinha seus representantes. Além do Red House Painters, bandas como American Music Club, Codeine e Pedro the Lion deram sua contribuição para o acervo de músicas tristes. Além disso, o jornal semanário LA Weekly, por meio de um texto opinativo, coroou a cantora Cat Power como “rainha do sadcore”.

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Artes visuais na terceira edição da Feira Vegana

Propostas ecológicas do evento vão da alimentação ao vestuário 

     Por Angelo Gabriel Aiala

    A terceira edição da Feira Vegana de Pelotas foi um verdadeiro sucesso. O evento contou com a presença de diversas atrações culturais e com artistas locais que apresentaram diferentes tipos de artes, como pintura, desenhos digitais e na técnica  de aquarela. A organização do evento se preocupa em dar visibilidade a artistas e marcas locais que apoiam o movimento vegano.

     De acordo com Aline Ebert, ativista e organizadora da Feira,  o propósito é ser um festival cultural com ativismo, para mostrar relevância social e ambiental de várias frentes, sobretudo a libertação animal. “A Feira traz também o tema de não uso de agrotóxicos, menos consumo de industrializados, menor geração de lixo, reuso de roupas, objetos e móveis, moda autoral e tudo o que for possível ressignificar”, reforça Aline

     O artista Jefferson Nascimento, estudante de Cinema de Animação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) se fez presente na Feira, pois ele se relaciona bastante com o movimento. “Acredito que seja uma forma muito interessante de se viver. E como o ambiente da feira é muito agradável, acaba se tornando muito interessante vir expor e prestigiar”, afirma.

     Jefferson defende que não é preciso de carne para ter uma ótima alimentação, pois o ideal é preparar comidas bem elaboradas, mesmo que sejam com alimentos simples. O artista desenvolveu um projeto exclusivo para a feira, que envolve pinturas sobre receitas veganas acessíveis. Ele pensa que, mostrando essa culinária de uma forma diferente, abre a mente das pessoas e faz com que elas vejam de outra maneira o movimento.

     Já a artista Carol Cotrim, estudante de Cinema de Animação (UFPel), estava expondo juntamente com Jefferson e sempre gostou muito de desenhar animais, pois ela acredita que as pessoas só protegem o que conhecem, portanto acha essencial mostrar isso a elas de alguma forma. “Além da causa animal, me preocupo muito com as causas ambientais e com os animais que estão em extinção”, declara Carol.

A designer Caterine Ribeiro  produz retratos com técnica da aquarela e também apoia causas ecológicas

     O evento contou também com a artista Caterine Ribeiro, estudante de Design Gráfico, que produz desenhos em aquarela. A artista gosta muito de desenhar mulheres no geral, como personagens de filmes, atrizes, youtubers, entre outras. Ela ama a interação que tem com o público, quando as pessoas reconhecem o seu trabalho. “Quando tive o primeiro contato com aquarela, por ser um tanto quanto difícil, meu trabalho não era bom, mas com o tempo fui dominando a técnica”, diz Caterine.

     Seu primeiro contato desenhando animais foi recente, quando a própria Feira entrou em contato e pediu se ela tinha interesse em desenhar alguns bichos para a capa do evento, Caterine amou a ideia. “Mesmo que tenha sido fora da minha zona de conforto, essa experiência abriu bastante a minha mente, foi muito interessante de fazer”.

     A artista tem a intenção de divulgar mais seu material e juntar com a causa, pois acha que é bom mostrar isso a mais pessoas. “Eu já colo adesivos em alguns pontos da cidade, tenho interesse de juntar desenhos de animais com frases que remetam ao movimento”, afirma Caterine.

     Os artistas simpatizaram muito com essa edição, mesmo tendo sido a primeira que eles participaram. A ideia da Feira e principalmente do movimento é mostrar as pessoas que o Veganismo é acessível e não apenas para uma pequena parte da população. “A ideia surgiu por observarmos que na cidade existem várias marcas veganas. A luta fica mais forte quando é em um grupo”, diz Aline.

     A próxima edição ainda não tem data, mas a Feira sempre informa através de redes sociais, como Instagram e Facebook, pois a ideia é que ela cresça cada vez mais. “Todos são bem-vindos para conhecer o Veganismo, pois o tema segmentado e a divulgação empática chamam atenção do público”, conclui Aline.

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II Mostra Pelotense de Teatro Independente

Ingrid Duarte na peça “Filhos de Tereza”, apresentada na primeira edição da Mostra em 2017

 

     A II Mostra Pelotense de Teatro Independente acontece a partir do dia 24 de junho (segunda-feira) e finaliza dia 30 de junho, com a promoção de duas oficinas de experimentação teatral, uma contação de história e 12 peças teatrais, com grupos de cidades da região, incluindo Pelotas e Rio Grande. Todas as atrações terão entrada franca, ocorrendo na Bibliotheca Pública Pelotense e na Esplanada do Theatro Sete de Abril. A iniciativa é da Você Sabe Quem Cia de Teatro, com apoio da Prefeitura de Pelotas, através do edital de apoio a eventos. O intuito desta realização é valorizar a produção teatral regional, cativar e formar espectadores.

    A primeira edição da Mostra aconteceu com êxito em 2017, tendo como participantes, entre outras peças, “Morte e Vida Severina”, “Dona Frida”, “Corre o Risco” e “Filhos de Tereza”. Os organizadores procuraram, depois dessa primeira experiência, amadurecer a ideia. A participação e seleção do projeto nos editais da Prefeitura e o apoio de várias empresas somaram para valorizar os artistas independentes. Os grupos participantes fazem teatro de forma autônoma e não têm suporte de outras instituições no seu trabalho cotidiano.

    Para participar das oficinas é só comparecer no local e horário, sem a necessidade de inscrição. Não é preciso ter experiência, sendo que o intuito é oferecer ao público um primeiro contato com as artes cênicas. As duas serão com coordenação da Você Sabe Quem Cia de Teatro. A Oficina Teatro de Rua acontece dia 24 de junho (segunda-feira), às 14h30min, na Esplanada do Theatro Sete de Abril. A Oficina de Teatro do Oprimido será dia 25 de junho (terça-feira), às 14h30min, na Bibliotheca Pública Pelotense.

        As apresentações das peças começam dia 26 de junho, quarta-feira, sempre na Bibliotheca Pública Pelotense (Praça Coronel Pedro Osório, 103, Centro, Pelotas). A única exceção será “O Beijo no Buraco”, que será encenada na Praça Coronel Pedro Osório. Dia 26, às 15h, ocorre a apresentação na Bibliotheca da contação de história “A Fera Solitária” (Você Sabe Quem Cia Teatro). As demais peças serão as seguintes:

Quinta-feira – Dia 27 – 15h – “O Mágico de Oz” (Grupo MALV).

Sexta-feira – Dia 28 – 15h – “Um Copo de Alga” (Camarim Arte & Cultura)

Sexta-feira – Dia 28 – 18h30min – “Annica” (Grupo Mettá)

Sábado – Dia 29 – 17h – “O Beijo no Buraco” (Ateliê Colaborativo) – Esta peça será apresentada para Praça Coronel Pedro Osório.

Sábado – Dia 29 – 18h30min – “Sanatório” (Grupo Teatral Atrás das Cortinas)

Sábado – Dia 29 – 20h – “Alucinações” (V.I.D.A Vivendo, Interpretando e Distribuindo Arte)

Sábado – Dia 29 – 21h30min – “Nadim Nadinha Contra o Reino de Fuleiro” (Cia Cem Caras de Teatro)

Domingo – Dia 30 – 15h30min – “É Só uma Brincadeira – Laboratório” (Escola de Arte Popular)

Domingo – Dia 30 – 16h30min – “Mulher: Sobre o Direito de Ficar ou Partir – Laboratório” (Escola de Arte Popular)

Domingo – Dia 30 – 18h – “Dois Pontos” (Ruidosa Alma)

Domingo – Dia 30 – 19h30min – “8 Minutos” (Cia de Teatro Inação)

Domingo – Dia 30 – 21h30min – “Cartão Postal” (Coletivo Meiaoito)

 

Andressa Bitencourt apresentou a contação de História “O Dragão que só Comia Pipocas Exatamente Laranjas” na edição de 2017                (Foto: Eduardo Mancini/Divulgação)

 

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Festival de cinema francês até dia 19 em Pelotas

O drama histórico A Revolução em Paris (2018), de Pierre Schoeller é um dos títulos  em cartaz

Por Danieli Schiavon

 

A décima edição da maratona de filmes franceses no Brasil já começou. As exibições do Festival Varilux acontecem até o 19 de junho, em diversos cinemas brasileiros, inclusive no Cineflix do Shopping Pelotas.

O evento, que é realizado atualmente pela Produtora BonFilm, com apoio da Embaixada da França no Brasil e da Delegação das Alianças Francesas, traz para o público as mais recentes produções cinematográficas francesas, e desperta no brasileiro a curiosidade sobre as criações dos longa-metragens de diretores geniais como Pierre Schoeller, Hugo Gélin, Frédéric Tellier, entre outros.

O primeiro festival, que aconteceu em 2010, foi realizado em nove cidades brasileiras, sendo exibido em 11 salas de cinema e visto por cerca de 25 mil pessoas. Na edição de 2019, são 65 cidades, distribuídas entre 22 estados, e a expectativa é que mais de um milhão de pessoas assistam aos filmes.

De acordo com os curadores do festival, Emmanuelle e Christian Boudier, “nos últimos dez anos o Varilux conquistou o cinéfilo brasileiro; e não foram apenas os fãs, admiradores das produções francesas. O espectador comum, interessado na diversidade cultural também”.

Os longa-metragens em cartaz variam entre drama, comédia, animação e romance; são eles: Amor à Segunda Vista, Asterix e o segredo da Poção Mágica, Através do Fogo, Boas Intenções, Cyrano Mon Amour, Os dois filhos de Joseph, Filhas do Sol, Finalmente Livres, Graças a Deus, Um homem fiel, Inocência Roubada, O Mistério de Henri Pick, Meu Bebê, o Professor Substituto, Quem você pensa que sou, A Revolução em Paris e Cyrano de Bergerac – O Clássico.

Em Pelotas, todos os 17 títulos estão, de forma alternada, em exibição no Cineflix do Shopping Pelotas (Avenida Ferreira Viana, 1526) até o último dia do festival, 19 de junho. Os ingressos custam R$18,00 – inteiro e R$9,00 – meia entrada.

A programação do evento em todo o Brasil, disponível no site do festival, conta com atividades paralelas, além da exibição dos filmes, que contemplam debates com os integrantes da delegação (atores e cineastas), entre outras atividades.

O Festival Varilux de cinema francês é um grande convite para conhecer um pouco mais da criatividade da sétima-arte francesa. Os filmes são para todos os públicos e também, um incentivo à democratização da cultura cinematográfica no Brasil.

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10ª Edição do Festival Sesc é lançada amanhã

O evento congrega a cidade de Pelotas com a diversidade da cultura musical pela décima vez consecutiva

O Festival Internacional Sesc de Música, um dos maiores festivais latino-americanos de música de concerto, completa dez anos no próximo ano.  A 10ª edição acontece de 20 a 31 de janeiro de 2020. O lançamento oficial é amanhã, dia 11 de junho, às 19h, no estande da Prefeitura Municipal na Fenadoce (Av. Pinheiro Machado, 3390 – Distrito Industrial – Pelotas). Amanhã também começa o período de inscrições para os cursos oferecidos na próxima edição.

Durante o Festival, no turno da manhã, acontecem as classes (cursos); no período da tarde, os ensaios; e à noite, as apresentações, todas com entrada franca para a comunidade. Em 2020 serão oferecidos cursos para 19 instrumentos de Música de Concerto, além de Choro, Canto Lírico e Composição. As classes contam com 47 professores de 12 nacionalidades, de reconhecidas escolas, conservatórios de música e orquestras das Américas, Europa e Ásia. Músicos e estudantes de música podem realizar as inscrições até o dia 15 de julho pelo site <www.sesc-rs.com.br/festival>. Haverá bolsas integrais e parciais, além de espaço para alunos das instituições parceiras – Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), e os Projetos Sociais da Escola da Ospa (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre) e Vida com Arte da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

Cursos

A edição conta com os cursos tradicionais de 19 instrumentos de Música de Concerto: Violino, Viola, Violoncelo, Contrabaixo, Flauta, Oboé (Corne-inglês), Clarinete, Fagote, Trompa, Trompete, Trombone Tenor, Trombone Baixo, Tuba, Saxofone, Eufônio, Harpa, Percussão para Música de Concerto, Violão Clássico, Piano, além de Canto Lírico e Composição. Em 2020, o Festival seguirá com o Curso de Choro, que passou de oficina a curso há duas edições, devido à sua alta procura. No Curso de Choro são ensinadas práticas para os instrumentos de Violão, Sopros, Acordeon, Bandolim, Percussão e Cavaquinho.

O período de inscrições é do dia 12 de junho a 15 de julho. A primeira chamada com a divulgação dos selecionadas está marcada para o dia 22 de agosto, enquanto as matrículas deverão ocorrer entre os dias 22 de agosto e 17 de setembro. A segunda chamada de selecionados ocorre dia 27 de setembro.

Além dos cursos oferecidos, durante o Festival, os alunos têm a oportunidade de participar de Recitais de Música de Câmara, Prática de Orquestra e Prática de Banda Sinfônica. Os cursos de Prática de Orquestra e Prática de Banda Sinfônica não disponibilizam matrícula. Serão realizados pelos alunos selecionados entre os participantes dos cursos de instrumentos. Os recitais de Música de Câmara serão organizados no decorrer do Festival e apresentados nos horários designados para recitais de alunos.

O Festival Internacional Sesc de Música incentiva o desenvolvimento da produção musical, o intercâmbio e a apreciação dos bens culturais. Promovido há dez anos pelo Sistema Fecomércio-RS/Sesc, tem como coordenador artístico o maestro Evandro Matté.  O evento tem o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Pelotas/RS e apoio cultural da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Faculdade Senac, Bibliotheca Pública Pelotense, Unisinos, OSPA e Expresso Embaixador, Ecosul, Café 35 e Biri Refrigerantes. Informações sobre os cursos e inscrições podem ser obtidas pelo site <www.sesc-rs.com.br/festival>.

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