Episódio especial “Power Rangers: Agora e Sempre” chega ao streaming nesta quarta-feira

Produção celebra os 30 anos da série e gera expectativa pela volta de personagens da primeira geração dos heróis de uniformes coloridos    

Por Douglas Rafael Duarte      

“Power Rangers: Agora e Sempre” celebra os 30 anos da franquia      Foto: Divulgação Netflix

 

Nesta quarta-feira, dia 19 de abril, estreia no catálogo da Netflix “Power Rangers: Agora e Sempre”. O episódio especial da série foi produzido pela Hasbro em celebração aos 30 anos da franquia. A grande expectativa é por ver novamente em ação personagens como Billy (David Yost), Zack (Walter Emanuel Jones), Kat (Catherine Sutherland) e Rocky (Steve Cardenas) interpretados pelos atores originais.

A maior parte das informações disponíveis estão no trailer oficial da produção publicado pela Netflix em 22 de março. O vídeo de divulgação mostra a chegada de Rita Repulsa (Barbara Goodson). A primeira e icônica vilã da série pretende viajar ao passado e impedir os heróis de se tornarem os Power Rangers.

O trailer começa com uma batalha entre Rita e os heróis da Alameda dos Anjos. No confronto, Trini Kwan (a primeira ranger amarela) acaba morrendo. Na sequência, vemos Billy e Zack conversando com Minh Kwan (Charlie Kersh), a filha adolescente de Trini. Será a estreia da personagem no universo.

Este, aliás, foi um dos mais importantes rumores do período de preparação do longa-metragem. Isso se deve ao fato de a intérprete original de Trini, a norte-americana de origem vietnamita Thuy Trang, ter falecido em 2001. Apesar de o vídeo de divulgação não confirmar, a expectativa é de que a personagem Minh Kwan assumirá o lugar de sua mãe.

Thuy Trang, intérprete da primeira ranger amarela, faleceu em 2001 Foto: Acervo internet

Elenco desfalcado

O elenco foi um dos aspectos que mais gerou debates e teorias entre os fãs. A dúvida era sobre como o enredo iria trabalhar com as ausências. Além da morte precoce de Thuy Trang, os produtores tiveram de contornar as recusas de Austin St. Jhon, (intérprete de Jason, o primeiro ranger vermelho), Amy Jo Jhonson (Kimberly, a primeira ranger rosa) e Jason David Frank (Tommy, o primeiro ranger verde) em participar do projeto. David Frank inclusive viria a falecer em novembro do ano passado.

Os personagens até devem aparecer, mas sempre com seus capacetes e ocultando seus rostos. De acordo com os rumores sobre a trama, Tommy, Kimberly e Jason serão capturados por Rita. Isso fará com que Rocky (o segundo ranger vermelho) e Kat (a segunda ranger rosa) sejam convocados ao Centro de Comando onde, com a ajuda de Alpha e Zordon, retomarão o posto de Power Rangers para ajudar Billy e Zacky a salvar seus amigos e deter a vilã. Seria a primeira vez que este quarteto formaria uma equipe, já que eles pertencem a gerações diferentes da franquia.

David Yost e Walter Emanuel Jones nas gravações com a estreante Charlie Kersh        Foto: Divulgação Netflix

DNA japonês

Talvez você não saiba, mas apesar do nome norte-americanizado, Power Rangers na verdade tem um DNA essencialmente japonês. A obra adapta uma franquia de séries japonesas voltadas para o público infanto-juvenil denominadas Super Sentai, produzidas desde 1975 pela Toei Animation. A premissa é quase sempre a mesma: jovens com roupas coloridas lutam com armas e pilotam robôs gigantes para proteger o planeta.

 

Empresário Haim Saban foi responsável por adaptar os Super Sentai para o público ocidental          Foto: Saban Capital Group

O Super Sentai é um dos diversos gêneros dos chamados Tokusatsus, produções japonesas live-action marcadas pela forte utilização de tecnologia e efeitos especiais. O responsável por adaptar esse modelo para os públicos do ocidente foi o empresário Haim Saban. Na década de 90, Saban fundou seu próprio estúdio e comprou da Toei os direitos sobre a série Kyoryu Sentai Zyuranger (de 1992), cuja temática eram os dinossauros (na época em alta devido ao sucesso do filme “Jurassic Park”).

 

Kyoryu Sentai Zyuranger foi adaptado para as telas norte-americanas e assim nasceu Mighty Morphin Power Rangers
Foto: Acervo internet

 

Saban acreditava que o mercado dos Estados Unidos não receberia bem uma série com um elenco japonês e nem o roteiro original. O empresário contratou atores norte-americanos e decidiu reescrever os episódios para dar um tom mais cômico à trama, aproveitando apenas as cenas originais de luta. Nascia então “Mighty Morphin Power Rangers”. O sucesso foi tanto que logo a produtora adquiriu os direitos sobre outras produções nipônicas do gênero.

 

Primeiro elenco da franquia: Dadid Yost, Thuy Tang, Jason David Frank, Austin St. Jhon, Amy Jo Jhonson e  Walter Jones
Foto: Acervo internet

Esquecer o fracasso de 2017

Em 2017 a Lionsgate e a Saban Entertainment lançaram “Power Ranger – o Filme”, uma releitura de “Mighty Morphin Power Rangers”, a primeira temporada da série. Com novos atores, a produção trouxe de volta o primeiro quinteto de, segundo as palavras de Zordon, “adolescentes com garra”: Jason (vermelho), Kimberly (rosa), Trini (amarela), Billy (azul) e Zack (preto).

A receptividade, no entanto, não foi das melhores. Por um lado, o público fiel não encontrou os elementos mais marcantes da franquia. Por outro, a produção não apresentou atrativos ou inovações que lhe permitissem cativar novos fãs e competir com outros filmes de super-heróis lançados naquele período (“Homem-Aranha: de Volta ao Lar”, “Mulher Maravilha” e “Liga da Justiça”, por exemplo).

O desempenho final ficou muito abaixo da expectativa. No site Rotten Tomatoes a pontuação  foi de 51%  entre os críticos e de 65% na avaliação do público. Um dos sintomas do insucesso é o fato do filme não ser considerado “canônico” (eventos reconhecidos como oficiais pela franquia). O outro indicativo do fracasso é que, apesar do longa-metragem terminar com um gancho evidenciando a pretensão de produzir uma sequência para o filme, tudo indica que ela não virá.

Steve Cardenas (esquerda) e Catherine Sutherland (direita) voltam a interpretar Rocky e Kat, formando quarteto inédito com   Walter Emanuel Jones e David Yost  (centro)            Foto: Divulgação Netflix

 

Fórmula mágica?

Ao longo de três décadas, a franquia conquistou adeptos ao redor de todo o mundo. Atualmente a série está em sua 28ª temporada (“Power Rangers Dino Fury”). Por mais infantil que possa ser, o fato é que parece funcionar a receita de jovens (normalmente seis) combatendo o mal com roupas coloridas. Ela foi repetida ano após ano até configurar-se em um verdadeiro império de séries, filmes, livros, quadrinhos, brinquedos e jogos eletrônicos. E claro: de fãs.

De propriedade da Saban Entertainment de 1993 a 2002, a franquia foi comprada pela Walt Disney Company, que a explorou até 2010. Os direitos passaram então para a Saban Brands, permanecendo com a produtora até 2018, ano em que a Hasbro (atual detentora) adquire a franquia. Batida ou não, o fato é que a fórmula continua dando retorno financeiro e cativando o público.

A dúvida é: como inovar para permanecer relevante, se os próprios fãs não parecem muito dispostos a abrir mão das características mais marcantes da franquia? A Hasbro e a Netflix estão trabalhando nisso. Ainda neste ano a plataforma de streamings deve lançar “Power Rangers Cosmic Fury”. A série em 10 episódios deve ser um marco, já que, pela primeira vez, o enredo não irá adaptar um Super Sentai.

 

                  Em três décadas franquia segue produzindo séries, filmes, quadrinhos, livros, brinquedos e jogos eletrônicos           Foto: Acervo internet

 

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“Daisy Jones and The Six” traz essência do rock’n roll dos anos 1970 em forma de documentário

Autora inova na forma de escrita e garante experiência única de leitura        

Por Samantha Beduhn        

Contexto musical do surgimento do rock e conflitos amorosos levam leitores a questionar fatos da história

 

O livro de ficção “Daisy Jones and The Six: Uma história de amor e música” conta a história de uma banda de rock da década de 1970 que se separou abruptamente no auge do sucesso. A autora Taylor Jenkins Reid usou uma linguagem de documentário para dar vida ao enredo, dando a possibilidade de saber a versão de todos os envolvidos nos acontecimentos. Lançado em 2019, nos Estados Unidos, o livro venceu o prêmio Goldsboro Books na categoria Glass Bell Award já no ano seguinte. E também ganhou uma adaptação para o Amazon Prime Video em 2023.

A autora Taylor Jenkins Reid (39) é conhecida pelo best-seller Os sete maridos de Evelyn Hugo, de 2017, que conta a história de uma atriz dos anos 1950 e seus sete casamentos. Na sequência, ela publicou os livros “Daisy Jones and The Six”, “Malibu Renasce” e “Carrie Soto está de volta”. Todos fazem parte do universo de celebridades criado por Reid e cada história se passa em uma década diferente.  Ao todo a autora norte-americana possui oito livros publicados e um conto. Ela é conhecida por uma narrativa envolvente e dinâmica, com conteúdos que levam a reflexões.

Em Daisy Jones and The Six a composição de enredo e documentário trazem diversas alusões ao contexto do movimento e gênero musical rock’n roll das décadas de 1970 e 1980. A autora teve inspirações musicais para construir a narrativa de acordo com as minúcias da época. Entre elas, a banda Fleetwood Mac que gravou seu álbum de maior sucesso nos anos de 1970 após a chegada de dois novos vocalistas, Lindsey Buckingham e Stevie Nicks. Eles tinham um relacionamento amoroso e lembram os protagonistas da história literária Daisy e Billy. Já o duo The Civil Wars, com Joy Williams e John Paul White, inspirou o fim inexplicável da banda após vencer o prêmio Grammy.

O universo musical foi bem construído, com referências a locais frequentados por músicos em Los Angeles, as dificuldades da carreira, as intrigas neste meio, os acontecimentos históricos daquela época e principalmente o abuso de drogas. Daisy Jones começou o seu vício em entorpecentes ainda na adolescência como forma de suprir uma carência afetiva por parte de seus pais. É importante analisar que a história é contada no futuro, quando a mocinha tem ciência do mal que fez para si. O caso de Billy já é diferente, o abuso de drogas começou junto com a carreira e mostra a forma como isso era comum na época. Após a sua filha nascer, o protagonista começa a se tratar e a lutar constantemente com as tentações ao seu redor. O amor de Billy e Daisy começa com a expectativa de que “os opostos se atraem”. Mas a história sai do tradicional romance cão e gato quando é maior a vontade dele de se redimir com a esposa do que o amor pela colega de banda.

Camila, a esposa de Billy, se mostra uma mulher forte desde o começo quando deu apoio total para o marido e a banda. É possível que ela tenha sido uma das personagens que mais sofreu, já que o marido a traiu sem qualquer pudor durante a primeira fase da banda. Após o seu tratamento, Billy tentou se redimir pelos erros cometidos, inclusive estava disposto a abrir mão de seu amor por Daisy para ficar com a Camila e as filhas. Contudo, é difícil saber ao certo qual seria sua atitude se a vocalista tivesse permanecido na banda, ao invés de sair praticamente em fuga, após Camila lhe pedir isso em uma conversa.

Os personagens secundários também possuem ótimos desenvolvimentos, o guitarrista solo e a tecladista, Graham e Karen, formam um casal surpreendente do início ao fim e, durante toda a narrativa, foi possível notar que um amava mais do que o outro. Já Eddie, o guitarrista base, é o personagem chave para mudar a experiência da leitura com os seus comentários opostos aos dos outros integrantes e sempre com “alfinetadas” direcionadas a Billy. Há quem diga que ele tem inveja da fama de Billy, mas também tem aqueles que o consideram injustiçado. Já Pete, o irmão de Eddie e baixista, é o integrante que se afastou da música e não quis participar do documentário, assim se parecendo com situações típicas da produção de documentários reais. E o Warren, o baterista, talvez seja o personagem menos interessante, pois serve apenas para dar uma direção sobre o que realmente ocorreu em meio a tantas versões dos mesmos fatos.

Texto literário cria sensação de que vemos cenas de documentário com a descrição dos diálogos das personagens

Neste ano, foi lançada a série de “Daisy Jones and The Six” com dez episódios na Amazon Prime Video. A produção deu vida não somente à história do livro, mas também às músicas que os protagonistas compuseram com base em seus próprios sentimentos e que entregam mais uma forma de se enxergar os fatos narrados pelos personagens. Mesmo com composições diferentes, tanto na série como no livro, as músicas contam o romance nunca concretizado de Daisy e Billy, e também reforçam a ótima construção do rock que é tão marcante nessa obra.

Para os fãs do clássico rock’n roll essa obra é um excelente entretenimento, a leitura é rápida já que o formato de documentário possui apenas falas. Vale ressaltar que os documentários são populares no meio musical e isso torna ainda mais real a sensação de que “Daisy Jones and The Six” existiu.

Apesar de ser uma história que se passa durante muitos anos de forma rápida, a narrativa é bem construída com acontecimentos coerentes com a época, com o contexto musical e com os personagens. O romance causa um incômodo por conta das traições, mas o final consegue corrigir isso com a união dos mocinhos que recebem a benção de Camila antes de morrer. A grande revelação da jornalista por trás do documentário também é um ponto alto, a ideia de que a própria filha de Billy levanta a dúvida se o protagonista foi inteiramente sincero em relação à Daisy e Camila. Por todos esses motivos, a experiência de leitura é diferente para cada leitor, cada um pode ter a sua própria opinião sobre a história e a verdade por trás dela.

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Prefeitura do Rio Grande promove debate sobre Lei Paulo Gustavo

Encontro ocorre no Salão Nobre da Prefeitura na quarta-feira dia 19 de abril       

Por Vitor Porto       

A Prefeitura do Rio Grande, em parceria com o Núcleo de Produção Audiovisual OfCine/IFRS, promoverá um encontro aberto ao público no dia 19 de abril, no Salão Nobre da Prefeitura, com o objetivo de dialogar com a comunidade artística e cultural do município sobre a Lei Paulo Gustavo. A atividade visa informar sobre o funcionamento, etapas e regulamentação da lei, além de esclarecer dúvidas e discutir possibilidades de contemplação no setor audiovisual.

Segundo o secretário da Cultura, Esporte e Lazer, Luis Henrique Drevnovicz, a presença da comunidade é fundamental para esclarecer pontos sobre a Lei Paulo Gustavo e garantir que os recursos sejam aplicados de forma adequada. Ele destaca a importância de os documentos estarem em dia para que nenhum detalhe burocrático deixe alguém de fora.

“A presença da comunidade nesse debate é muito importante, para que possamos esclarecer alguns pontos sobre a Lei Paulo Gustavo, embora ainda não exista a regulamentação, devemos estar preparados, principalmente para que os recursos sejam bem aplicados. Então, é importante que o setor de cultura esteja com os documentos em dia, para que ninguém fique de fora por detalhes burocráticos”, destaca o secretário da Cultura, Esporte e Lazer, Luis Henrique Drevnovicz. 

O encontro contará com a presença da Coordenadora do Núcleo de Produção Audiovisual OfCine, Raquel Andrade Ferreira; do Secretário de Município da Cultura, Esporte e Lazer, Luis Henrique Abreu Drevnovicz e da Assessora de Governo, Anelise Trindade.

A Lei Complementar nº 195, de 08 de julho de 2022 – Paulo Gustavo, prevê o repasse de R$ 3,862 bilhões a estados, municípios e ao Distrito Federal para ações emergenciais destinadas ao setor cultural, visando combater e amenizar os efeitos da pandemia da Covid-19. Cerca de R$ 2,8 bilhões desse montante serão destinados ao setor audiovisual.

                                  Lei voltada para o setor cultural homenageia o ator de teatro, cinema e televisão Paulo Gustavo                Foto: https://www.cultura.sp.gov.br/

 

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Crédito foto: https://www.cultura.sp.gov.br/

Hip Hop Festival movimenta Centro Histórico de Rio Grande

O evento ocorreu como parte da programação do Festival do Mar na terça-feira       

     

  Alisson Freitas Fernandes, o Baby, é  cantor e compositor  e lançou recentemente as músicas  “Malbec” e “Utopia”                Foto: Tais Carolina

 

Teve início, no dia 30 de março, o 1º Festival do Mar (Festimar). O evento ocorre até 9 de abril em Rio Grande e São José do Norte e conta com uma programação diversa, que visa alavancar a cultura, comércio e o turismo na região. As atividades ocorrem de forma descentralizada, em diferentes locais, e a música está presente em muitos ambientes. A organização é da Câmara de Dirigentes Lojistas de Rio Grande (CDL), com apoio de outras entidades.

Na noite de terça-feira, dia 4 de abril, o Centro Histórico de Rio Grande recebeu a terceira edição do Hip Hop Festival. Diversos músicos do cenário local se apresentaram, agitando o público. A arte ficou por conta de Baby e convidados, Mallua, Guido CNR, referência artística da região em Pelotas, DJ Md Beats, DJ Vickyjay e Duckbeatz.

Alisson Freitas Fernandes, cujo nome artístico é Baby, tem 26 anos e começou a fazer música há 12 anos. Os lançamentos mais recentes do cantor e compositor são “Malbec” e “Utopia”, canções que foram apresentadas ao vivo no evento. Ao falar sobre o que o Hip Hop Festival representa, Baby diz que se trata principalmente de resistência.

“O Hip Hop Festival surgiu da carência de eventos voltados para o nosso meio musical e artístico, ele é uma forma de mostrar que nossa cultura também é forte e pode sim movimentar e gerar entretenimento para as pessoas”, afirma.

Para ele, a inserção do evento no Festimar foi de grande valia. “O fato de mostrar nosso estilo para as pessoas que são distintas de nós sempre agrega bastante, ainda mais se tu fores olhar o quanto que a nossa cultura é julgada por quem não a conhece. Mostrar que a gente também leva entretenimento e aprendizado para essas pessoas é muito importante”, relata.

Veja a apresentação de Baby com a participação especial de Tais Carolina:

 

Como Festival Hip Hop começou

A primeira edição do Hip Hop Festival ocorreu em 2021, sendo executada no Balneário Cassino. A ideia foi do comunicador rio-grandino Selmo Junior. Ele explica que tornou o desejo realidade juntamente com esforços do DJ Md Beats e Duckbeatz, ambos de Rio Grande e que reuniram as personalidades do gênero para um evento grandioso, além de Franco, que participou organizando um evento de skate que ocorreu paralelamente aos shows musicais. Depois, em 2022, houve a segunda edição, realizada em frente à Prefeitura Municipal.

Segundo Selmo Junior, a proposta de unir o Hip Hop Festival ao Festimar surgiu a partir de uma conversa com o Serviço Social do Comércio (Sesc), que cuida da parte musical do Festimar.

“A ideia era que o Hip Hop Festival fosse um evento anual, mas quando o diretor do Sesc, André Miki, falou para mim que queria um evento voltado ao Hip Hop, pensei que seria muito importante fazer uma edição do evento para fortalecer a cena do gênero em Rio Grande. Essa parceria dá maior credibilidade para o Festival como um todo”, relata.

Ressalta-se que o Hip Hop Festival ocorreu em um formato reduzido dentro do Festimar, sem batalhas de rima e skate, mas com representação da dança com o grupo Elemento de Rua. Selmo Junior adianta que através da parceria com o Sesc existe a possibilidade de levar o Hip Hop Festival para outras cidades da região.

Houve mais apresentações de Hip Hop na quarta-feira, dia 5 de abril, no Balneário Cassino, com a Noite do Hip Hop no Barracão. Fizeram parte da programação Getsêmani Rap, Dj Tosze Beats, Mr Diones, Quality Sul, Tuty e Malako Records.

Veja o show de Guido CNR:

 

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Professor da UFPel Leandro Maia faz campanha para seu quarto disco

Cantor e compositor tem financiamento coletivo “Tudo ou Nada”, com prazo de participação até terça-feira, na plataforma Catarse para realizar o trabalho inédito em vinil

    Capa do Disco “Guaipeca: uma ilusão autobiográfica” que fala com humor de amor e política Imagem: Lucas Bibi de Mello e Patrick Tedesco

Dentro de alguns meses, deverá ser lançado “Guaipeca: uma ilusão autobiográfica”, quarto disco de Leandro Maia. Duas das canções, inclusive a que dá título ao trabalho, já estão disponíveis nas plataformas digitais desde fevereiro, quando o cantor e compositor abriu um financiamento coletivo para o álbum. Ele é professor do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), junto aos Cursos de Bacharelado em Música e Especialização em Artes.

Leandro possui três discos autorais: “Palavreio” (2008, produzido por Pedrinho Figueiredo), “Mandinho” (2012, produzido por Leandro e Luiz Ribeiro) e “Suíte Maria Bonita e Outras Veredas” (2014, produzido por André Mehmari). Recebeu o 1º Prémio Ibermúsicas de Composición de Canción Popular, concedido pela Organização dos Estados Ibero-Americanos. Conquistou o Troféu Brasil-Sul de Música como intérprete, melhor projeto visual e melhor disco infantil (para “Mandinho”). Possui cinco Prêmios Açorianos de Música (Grupo MPB, Revelação, Intérprete, Disco Infantil), um Troféu RBS Cultura e diversas indicações como compositor e melhor espetáculo. Em 2020, lançou o filme “Paisagens”, dirigido por Juliano Ambrosini e Nando Rossa.

Para custear o disco em vinil, o autor oferece recompensas e recebe contribuições em campanha na plataforma Catarse, que fica aberta até às 23:59 de terça-feira dia 4 de abril de 2023. Em menos de dois meses de adesão, Leandro Maia e equipe já arrecadaram 89% da meta de R$ 25 mil. Porém, é necessário atingir o valor total para o registro em vinil sair, pois a campanha é na modalidade “Tudo ou Nada”.

A faixa 10 do álbum, “Minha Barba é Meu Blush”, foi lançada nas plataformas como single, no início de março. E a próxima canção do disco a chegar ao público será “quem já viu” (faixa 8), parceria de Leandro Maia com Ronald Augusto (letra), no dia 1º de abril.

Guaipeca é como se chama o cachorro vira-lata. Uma palavra de origem indígena, muito utilizada no Sul do país para o “cachorro de rua”, “bicho solto”. Conforme o memorável escritor da fronteira Brasil-Uruguai, Aldyr Schlee, em seu “Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Riograndense” (2019), o Guaipeca é um “cusco, cachorrinho, cachorro de pequeno tamanho e de raça indefinida”.

Nesta nova produção musical de Leandro Maia, Guaipeca é um avatar, o alter ego que ele escolheu para contar a sua “ilusão autobiográfica”, que se desenvolve em três eixos narrativos interligados: o amor, o humor e a política (crítica social). Neste caso, “Guaipeca” não tem complexo de vira-lata. A “vira-latinice” guaipeca descoloniza, ao mesmo tempo em que problematiza identidades e estereótipos. Para o “vira-latino”, fronteiras não são barreiras ou divisórias, mas superfícies de contato.

“Guaipeca” integra um álbum composto de 12  canções autorais que serão lançadas a seguir. As músicas “Milagres do Barão de Itararé”, “Infinito e Além (Ia)” e “Perto de Você” foram compostas com apoio do 1° Concurso Ibero-Americano de Composición de Canción Popular Ibermúsicas.

O disco é inspirado na vida e nas obras de Aparício Torelly, Aldyr Garcia Schlee, Walter Ferguson, Zé da Terreira, George Orwell, Dona Conceição Rosa Teixeira, Rita Lee, David Bowie, Stevie Wonder, Henfil, Quino, Renato Russo e Tom Zé.

                    Leandro Maia: “vira-latinice guaipeca descoloniza e  problematiza identidades e estereótipos”                      Foto: Patrick Tedesco  

Serviço

Campanha de financiamento do álbum Guaipeca: uma ilusão autobiográfica até dia 4 de abril.

Faixas do disco:

1) Guaipeca   

2) Perto de Você

3) Raining in Cahuita (para Walter Ferguson)

4) Infinito e Além (Ia)

5) On the same side

6) Deus na Laje – parceria com Pablo Lanzoni (música)

7) Feito São Thomé – parceria com Jerônimo Jardim (letra)

8) quem já viu – parceria com Ronald Augusto (letra)

9) Milagres do Barão de Itararé

10) Minha Barba é Meu Blush          

11) Lurdes e o Esquerdomacho       

12) As Vaca Ouvindo Mozart

Ficha Técnica:

Produzido por Luciano Mello

Masterizado por Marcos Abreu

Gravado por Leandro Maia e Luciano Mello no Téu Téu Studio, Laranjal (Pelotas), entre julho e setembro de 2022

Editado e Mixado por Luciano Mello

Mixado por Luciano Mello no Quatro

Edição de vozes: Rodrigo Esmute Farias

Capa e Encarte, Arte e Fotografias: Patrick Tedesco

Guaipeca da Capa e Encarte: Rei Lucas Bibi de Mello e Tedesco

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“O Auto da Compadecida 2” chegará aos cinemas 10 anos após a morte de Ariano Suassuna

Anúncio foi feito nas redes sociais de Selton Mello e Matheus Nachtergaele, os atores que imortalizaram os personagens Chicó e João Grilo   

Por Douglas Rafael Duarte   

Suassuna (1927-2014) foi escritor, dramaturgo, romancista, poeta, artista plástico, professor e advogado

 

Os atores Selton Mello e Matheus Nachtergaele, intérpretes dos divertidos Chicó e João Grilo respectivamente, usaram as suas redes sociais no dia 12 de março para anunciar a produção de “O Auto da Compadecida 2”. A sequência do clássico filme dos anos 90, baseado na obra de Ariano Suassuna, deverá entrar em cartaz em 2024 somente nos cinemas. A produção deverá lembrar os dez anos da morte do poeta, escritor e intelectual que inspirou a produção e revive as tradições da cultura popular nordestina em suas obras, vindo a falecer no dia 23 de julho de 2014.

Selton e Matheus publicaram conjuntamente em suas contas no Instagram um “carrossel”, post com várias imagens. Os atores comemoram a retomada da produção abraçados nas imagens e são disponibilizadas informações sobre a produção. Um pouco mais tarde, os intérpretes da irreverente dupla de sertanejos imortalizada nas telas, “postaram” na mesma rede social um vídeo em que rememoram falas dos personagens e fazem alguns comentários sobre o longa-metragem.

        Flávia Lacerda e Guel Arraes dirigem a nova versão com a dupla de atores Matheus Nachtergale e Selton Mello            Fotos: Divulgação

 

“A trupe é divina”, afirma Nachtergaele referindo-se ao elenco. Mello por sua vez acrescenta: “Durmam com essa informação, ‘O Auto da Compadecida 2’ vem aí. Vem muito aí”, confirma.

Apesar de ainda não terem sido oficializados detalhes como a data de lançamento e o elenco, sabe-se que a obra cinematográfica será dirigida por Flávia Lacerda (“Amorteamo” e “Belíssima”) e – assim como no primeiro filme da, agora, franquia – pelo cineasta Guel Arraes (“Caramuru – A Invenção do Brasil” e “Lisbela e o Prisioneiro”). Já a produção de “O Auto da Compadecida 2” ficará por conta da Conspiração Filmes e da H2O films.

Atores Matheus Nachtergaele e Selton Mello retomam grande sucesso de suas carreiras

 

Familiares de Suassuna foram consultados

Conforme revelado por Manuel Dantas Suassuna (filho de Ariano) em entrevista concedida ao portal G1, uma continuação já havia sido debatida entre Arraes e seu pai. No entanto, o autor morreu em 2014 sem que a ideia fosse tirada do papel. Segundo Manuel, a retomada do projeto contou com o aval e o acompanhamento dos familiares de Suassuna.

“Todo esse processo passou pela família. Desde que Guel propôs a ideia, ele conversou com a família para saber o que nós achamos, e foi um processo que passou por nós há cerca de dois anos”, afirmou Manuel.

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Frutas e açúcar: A tradição dos doces coloniais pelotenses

Nova reportagem com Museu do Doce traz contribuição dos imigrantes europeus para culinária de Pelotas   

Por Isabella Barcellos   

          Primeiro rótulo usado em  1920. quando a Quinta Pastorello inaugurou nova era na indústria dos doces coloniais           Foto: Arquivo Museu do Doce

 

Receitas açucaradas criadas a partir da travessia entre uma Europa castigada por crises econômicas em direção a uma terra com promessas e novas oportunidades. Os doces coloniais fazem parte do patrimônio imaterial pelotense desde a fundação da cidade e foram responsáveis por um amplo desenvolvimento industrial local na primeira metade do século XX. Conhecer mais sobre essa história é garantir a sobrevivência de um legado. Esta é uma parte do que pode ser visto nas exposições do Museu do Doce, na Praça Coronel Pedro Osório, Casarão 8 – bairro Centro, em Pelotas, aberto à visitação de terça-feira a sábado, das 13h às 18h.

 

                              O pêssego tornou-se parte da identidade pelotense, movendo a economia e a memória coletiva                  Foto: Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Pelotas/2021

Estabelecer raízes

Para os imigrantes europeus em meados do século XIX, a chegada ao sul do Rio Grande do Sul veio acompanhada da necessidade de garantir moradia e sustento. Famílias vindas em sua maioria de países como Portugal, Alemanha, Espanha, França e Itália estabeleceram raízes na Antiga Pelotas através do espaço rural. O trabalho desempenhado na agricultura e pecuária tinha seus produtos direcionados às elites charqueadoras e a crescente população urbana pelotense. Com os conhecimentos herdados de seus antepassados e os recursos locais, os colonos passaram a cultivar pomares e desenvolver doces a partir de cada safra.

Os doces coloniais nada mais são do que frutas conservadas em caldas de açúcar e água. Sejam cristalizados, em massa ou compota, os conhecidos doces de tacho (por conta de seu preparo em tachos de cobre) surgiram inicialmente para o consumo familiar. Em toda a região os pomares predominantes eram os de pêssego, figo, goiaba, laranja, maçã, pera e marmelo. Gradativamente, os preparos passaram a ser comercializados em espaços urbanos e ganharam muita popularidade. Segundo o pesquisador e historiador Alcir Bach, os primeiros passos da industrialização na fruticultura colonial foram dados pelo francês Amadêo Gustavo Gastal, em 1874.

No atual distrito de Monte Bonito, Gastal abriu o Bruyères, estabelecimento da região que “fabricou as primeiras compotas artesanais de pêssego em calda, além de vinhos e aguardentes de uvas finas, cultivadas por ele mesmo no local”. Os doces em conserva eram comercializados em vidros esverdeados e se tornaram símbolo de qualidade e modernização. A Colônia Santo Antônio passou a se desenvolver economicamente em volta da fruticultura, dando origem à Quinta Pastorello, a primeira indústria de compotas de pêssego fundada na década de 1920.

 

       Atividades museológicas cumprem com papel de  registrar e divulgar contribuições dos imigrantes para Pelotas      Foto: Fábio Vergara/2015

A subjetividade do que é imaterial

A tradição dos doces coloniais, ao lado da tradição dos doces finos, mistura-se com a história e o desenvolvimento de Pelotas. Entretanto, os doces coloniais se relacionam mais especificamente ao cotidiano das famílias moradoras da zona rural. O professor e diretor do Museu do Doce, Roberto Heiden afirma que saber sobre “a história dos doces [coloniais] é também conhecer o processo de urbanização local e a importância da agricultura familiar para o desenvolvimento da região sul do Estado”.

Enquanto diretor, Roberto testemunha os mais diversos relatos de quem passa pelo Museu. “A reação de cada visitante é subjetiva, geralmente relacionada ao passado dela com estes doces”, relata. “Temos uma exposição sobre as fábricas de doces enlatados. Muitas pessoas que passaram décadas trabalhando em fábricas da região vêm ao museu e se emocionam relatando passagens da própria vida”. Há também aqueles que se lembram da infância, da receita passada por um familiar já falecido ou de outros episódios guardados na memória.

Legado em metamorfose

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) define o patrimônio imaterial como “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. “Os saberes envolvendo os doces coloniais são parte fundamental do patrimônio imaterial pelotense. Além de envolver estes recortes históricos em registros, pesquisas acadêmicas e educação do público (tarefas desempenhadas tanto pelo Museu do Doce quanto por outros órgãos ligados à Universidade Federal de Pelotas), é necessário também analisar possíveis transformações nesse legado.

“Um desafio dos dias atuais é a proibição da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] quanto ao uso de tachos de cobre para preparar as receitas”, conta o professor Heiden. “Os tachos de cobre são proibidos pela vigilância sanitária porque é alegado não serem 100% seguros para o preparo dos doces. No entanto, quem prepara essas receitas diz que só as panelas em liga de cobre garantem o ‘ponto’ certo”. Segundo especialistas, o cobre em contato com as altas temperaturas dos preparos pode desencadear nos seres humanos desordens neurológicas, psiquiátricas, renais e ósseas. E, atualmente, só estão aprovados os modelos com revestimento de ouro, prata, níquel ou bronze. Além disso, frutas como o marmelo não têm a mesma popularidade atualmente, o que prejudica produções em maior escala. 

Toda a tradição passa por transformações com o surgimento das novas gerações. Mas ainda é notável a presença de feiras de agricultura familiar, doces em conservas e receitas familiares no cotidiano local. Valorizar esses saberes é, por consequência, valorizar uma história que muitas vezes parece estar esquecida.

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Festimar promove 1ª Mostra de Dança

As apresentações acontecem no Teatro Municipal de Rio Grande com a participação de 12 grupos selecionados e inscrições encerram nesta quarta-feira        

Escolas, academias e grupos de dança podem participar            Foto: Hugo Lobi

As inscrições para a 1ª Mostra de Dança do Festival do Mar, que acontece em Rio Grande, estão abertas até esta quarta-feira, dia 15 de março. Devem ser feitas através do site do Festimar. As escolas, academias e grupos de dança das cidades do Rio Grande e São José do Norte podem participar.

O evento promete promover muita arte, cultura, dança e música, como afirma Renato Silveira, Coordenador do Festimar. “Será uma honra receber e aprender toda a riqueza cultural dos grupos de dança rio-grandinos. É a primeira vez que desenvolvemos um projeto que valoriza a dança local”, afirma Renato Silveira.

A 1ª Mostra de Dança acontece nos dias 3, 4, 5 e 6 de abril. Será um evento beneficente e gratuito para o público, com o ingresso simbólico da doação de um quilo de alimento não perecível. Haverá apresentações de 12 grupos no Teatro Municipal de Rio Grande, sempre das 20h às 22h. Cada grupo participante receberá uma ajuda de custos no valor de R$ 500,00.

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Raízes da cultura negra tomam conta das ruas de Pelotas

Festival Cabobu acontece entre os dias 21 a 23 de abril mobilizando diversas atrações culturais e atividades comunitárias   

Por Maria Clara Morais Sousa e Stéfane Costa   

Tambor é símbolo da resistência cultural e da luta pela preservação das tradições ancestrais     Foto:  Luis Ferreirah

    

Retornando após 23 anos desde sua última edição, o Festival Cabobu promete trazer apresentações, oficinas e debates para Pelotas, nos dias 21 a 23 de abril, de sexta a domingo, tendo como palco dos shows o Largo Edmar Fetter, ao lado do Mercado Central de Pelotas. Idealizado pelo mestre e guardião do Sopapo, Giba Giba, o festival estreou em 1999 e faz homenagem aos mestres Cacaio, Boto e Bucha.

A retomada do evento veio da iniciativa da MS2 Produtora e hoje conta com patrocínio da Natura Musical. Nesta edição, Edu Nascimento, filho de Giba Giba, atua como coordenador honorário, junto com José Baptista, filho do Mestre Baptista.

José Baptista é um dos coordenadores do evento que movimentará Centro de Pelotas       Foto: Luis Ferreirah

 

Sopapo: um instrumento de resistência

O sopapo é um tambor de grandes dimensões (1,5 m de altura por 60 cm de diâmetro) encontrado nas cidades de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Inicialmente era feito de tronco de árvores e tocado pelos escravizados nas Charqueadas do Rio Grande do Sul. E hoje é o instrumento de destaque no festival. Chamado de atabaque-rei, pela sua grandiosidade e imponência, o sopapo foi por muito tempo esquecido devido a um processo de “carioquização” do Carnaval de Pelotas.

Recheado de ancestralidade, a teoria mais provável é que nasceu no Rio Grande do Sul. José Batista, filho do Mestre Baptista, conta que o sopapo é sinônimo de intimidade pessoal, um elo atípico. “Pra mim ele é um ser vivo,” diz.

 

        Giba Giba nasceu em Pelotas, e lutou pela preservação da arte musical do tambor                Foto: Diego Coiro

 

O guardião do sopapo

Gilberto Amaro de Nascimento, ou Giba Giba (1940-2014), nasceu em Pelotas, mas foi naturalizado em Porto Alegre, onde fez grandes feitos. Na sua vida, passou por conjuntos musicais, fez parte de espetáculos, fundou uma escola de samba e ganhou diversos prêmios, entre eles a Medalha da Cidade de Porto Alegre e o Prêmio Quilombo dos Palmares (2003).

O filho de Ogum começou fazendo shows em barzinhos ao mesmo tempo em que trabalhava no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Em toda sua carreira fez apenas um disco individual – “Outro Um” -, o qual ganhou Prêmio Açorianos de Melhor CD em 1994.

Seu filho, Edu Nascimento, diz que “ele deu sempre valor ao negro e sua existência, como sua história, ponto de originalidade e pertencente ao mundo”. E desse ponto nasceu o Cabobu, Giba veio para Pelotas para se apresentar com sua banda e ficou surpreso ao perceber que o sopapo não estava presente no Carnaval de rua. A ideia inicial era a construção de 40 sopapos para serem distribuídos para blocos de carnaval, junto com aulas sobre o instrumento.

Atualmente o Festival Cabobu transcendeu sua raiz, virou semente e hoje ele serve para revelar a presença negra na cultura e música gaúcha E como Edu enfatiza, “o Cabobu veio para mostrar as diversidades culturais do nosso estado”.

É graças a esse enraizamento do festival que o babalorixá Juliano Silva de Oxum, diretor espiritual do Ilê Axé Reino de Oxum epandá e Xapanã Jubeteí, uma das personalidades que integra a programação do evento, ressalta a presença da ancestralidade. “Ressignificar a história do povo negro e de terreiro através do Festival Cabobu é manter viva a chama da ancestralidade. Essa ancestralidade que é imaterial, que é imortal, que sobrevive a tudo e a todos, está na luta do combate ao racismo e no fortalecimento de combate à intolerância. O sopapo é uma ferramenta que reconstrói um pouco da nossa história”, comenta.

Ele também conta sua ligação com o sopapo e o convite para participar da abertura do festival. “Minha passagem pelo Cabobu se dá através de Zé Batista, Edu Nascimento e Sandra Narcizo, que fizeram o convite pela luta contra a intolerância, pela luta contra a discriminação na cidade de Pelotas e também levando um pouco desse ser religioso que luta, desbravando contra todo tipo de intolerância, seja ela racial, religiosa ou até mesmo de gênero”.

Silva vai iniciar o ritual de abertura do Festival Cabobu no dia 21 de abril, a partir das 15h. “Sopapo, Cabobu, Festival Natura Cultural é o momento de celebrar a cultura negra, a religiosidade e a vida. Passamos por momentos difíceis na história da cidade de Pelotas. Da sua construção, negros e negras, reis e rainhas, príncipes e princesas que vieram escravizados, trouxeram na sua bagagem a cultura, a culinária, a dança, a oralidade e também a musicalidade, que por muito tempo foi silenciada. Hoje festejamos, com o grande festival as portas se abrem, e os palcos, as cortinas se descerram para que a ancestralidade faça seu desfile”, comemora.

Por fim, o babalorixá comenta a importância do retrato cultural plural para a cidade. “Pelotas do samba, do pop, do rock, do choro, Pelotas de alegria. Pelotas do charque, do doce e das gostosuras. Esta é Pelotas que estará representada nos dias 21,22 e 23 com a sua pluralidade, com a sua diversidade de ações, de pessoas, religiões, e também da área musical. Pelotas que permanece viva, e não morta e açoitada, Pelotas que é raiz ancestral do Rio Grande do Sul. Construídos casarões a ferro e a fogo, mas deixou marca milenar, deixou marca ancestral da África Mãe, mãe que abraça o mundo, mãe que abraça a Terra, mãe que abraça todos. Esta é Pelotas que estará representada no Festival Cabobu”, finaliza. 

Expectativa do Festival

Para a produtora Sandra Narcizo, a expectativa em torno do festival é grande, principalmente após mais de duas décadas de espera. “Acredito que o fato deste festival ter um hiato de 23 anos, para quem conhece e espera há tanto tempo a expectativa seja muito grande, para a nova geração que ouviu falar e aos que agora estão se inteirando do evento, cria-se uma expectativa muito maior, ao mesmo tempo em que estamos tendo o maior cuidado para entregar todos os aspectos das áreas da cultura preta”, pontua.

Ela também detalha que o evento vai muito além do eixo musical, tendo espaços até mesmo para o empreendedorismo. “Não é um festival comum, já que a programação envolve shows musicais, dança, mesas redondas, oficinas, e uma feira do empreendedorismo do povo preto, que envolve alimentação, vestuário, artesanato, projetos ecológicos, projetos da educação, da música, porque esta feira é feita pelos próprios construtores deste evento, então, a população determina o que quer mostrar neste espaço cultural e social”, detalha.

Nesta edição, o projeto concorreu a um edital lançado pela Natura, que hoje apoia o evento. “Quando abriu o Edital da Natura em 2021, submeti o projeto, que foi selecionado entre os 3720 projetos enviados por todos os estados brasileiros, e, entre os 33 selecionados, estávamos entre os sete festivais brasileiros. A partir disso, submeti à Pró Cultura no sistema da Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul e também fomos contemplados, com o mérito de ser considerado prioritário para o RS”, explica.

Sandra também faz seu agradecimento especial à Pró Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) pela parceria que abraçou o evento. “Muito felizes com essa parceria que não pode faltar”, diz.

Cerca de 50 mil pessoas são esperadas em toda a instalação do parque cultural Cabobu, que mobilizará o Centro Histórico de Pelotas.

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Informações extremamente necessárias, pois contribuem para a ampliação e esclarecimentos sobre as vivências dos povos africanos e suas respectivas obras de arte, constituídas no saber histórico.

Elizabeth Morais

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Vai ter grupo organizado partindo de Porto Alegre para o evento?

Joana

Resposta:

A organização está fazendo contatos para conseguir descontos  para quem vir de outras cidades. As  novidades serão divulgadas nas redes sociais e este é o link para a página do Facebook do evento: Festival Cabobu.

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A programação de shows já está definida? Seria possível adiantar nomes já confirmados?

Roberto

Resposta:

Deveremos publicar uma nova reportagem com os destaques da programação em datas mais próximas do evento! Muito obrigado pela sua leitura do site Arte no Sul!

A volta do Carnaval de rua de São Lourenço do Sul

Após dois anos, a maior festa popular brasileira voltou a acontecer na passarela do samba e na Praia das Nereidas    

Por Larissa Schneid Bueno         

Escola de Samba XV de Novembro brilhou nos desfiles carnavalescos da cidade    Fotos: Larissa Schneid Bueno

 

No mês de fevereiro, o município de São Lourenço do Sul foi contemplado com a retomada do Carnaval de rua, após dois anos em pausa devido à pandemia de Covid-19. A maior festa popular brasileira contou com uma programação diversa tanto na Praia das Nereidas, quanto na passarela do samba no Centro da cidade.

Diversas apresentações artístico-culturais foram realizadas, contando com o desfile da corte oficial da edição, e com a participação do Esporte Clube São Lourenço, a Escola de Samba XV de Novembro, Bloco Filhos de Orfeu e Bloco Arrastão, entre os trios elétricos, grupos carnavalescos, carros humorísticos e carros alegóricos.

As cores neon que decoraram os principais pontos da realização da festa uniram-se à alegria do verão com a participação popular.  Não houve cobrança de ingressos para quem prestigiou o desfile, sendo que o evento é marcado principalmente pela tradição dos carros humorísticos.

Todos os preparativos do evento foram feitos pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio (SMTIC) e conforme informações da secretária Fernanda Krumreich Helms, o repertório musical foi escolhido de acordo com a preferência de cada bloco, trio, escola de samba, etc.

Ao falar sobre o impacto da retomada, Helms aborda a importância do evento para a cidade e destaca que ele sempre foi relevante dentro do aspecto cultural e sociocultural, movimentando âmbitos diferentes.

Segundo a secretária, nos últimos anos, o Carnaval tem fomentado bastante a economia. Além do aspecto sociocultural, ele é essencial para quem vive de turismo. Favorece, principalmente, os serviços de hospedagem, hotéis, pousadas e as casas de aluguel das imobiliárias, que estiveram lotadas. “E foi importante, até mesmo, para quem executa atividades relacionadas ao evento, como as costureiras, as lojas de maquiagem e de aviamento de roupas”, disse.

O  Carnaval contou com diversas apresentações artístico-culturais através do desfile da corte oficial, dos trios elétricos, dos grupos carnavalescos, dos carros humorísticos, dos carros alegóricos e escola de samba

 

Emoção e dores nos pés

Para a primeira princesa da corte do Carnaval, Maria Eduarda Ferreira, 20, a experiência de fazer parte da corte foi emocionante e dolorosa, além de envolver muita responsabilidade e dedicação. A princesa e técnica em comunicação visual pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-riograndense (IFSul), salienta que o Carnaval da cidade “move multidões, atenua discórdias políticas e abre espaço à alegria e à criatividade popular”.

“Só quem participa da corte sabe a responsabilidade que é representar o Carnaval da cidade, bem como as emoções e o cansaço físico que vêm à tona durante os quatro dias de folia. Entretanto, a exaustão e os pés absurdamente machucados ficam esquecidos perante a energia que se estabelece nas passarelas, ao som da bateria e à saudação de tanta gente”, evidencia.

Ao falar sobre o impacto cultural que o Carnaval tem em sua vida, Ferreira lembra o período da pandemia de Covid-19 e destaca que o acesso à cultura através da música, da leitura e dos ambientes culturais reduziu as consequências psicológicas do momento.

“Por conta disso, estimular que eventos presenciais como o Carnaval sejam realizados nos municípios, é também oferecer um ‘respiro’ a quem é constantemente massacrado pelo sistema, é fazer a economia girar e oportunizar uma fonte de renda àqueles que enfrentam a fila do desemprego. O incentivo à cultura para todos é uma das formas de impulsionar o crescimento do país e garantir saúde e esperança de dias melhores à população.”

A organização do evento foi realizada pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio (SMTIC)

 

O canto da alegria

As vozes por trás das letras das músicas dos blocos carnavalescos também fazem parte da cultura do Carnaval, como a do músico Jairo Luiz Santos Rosa, 64, que há anos é um dos responsáveis por levar animação para os prestigiadores da passarela do samba através do Bloco Arrastão.

Jairo conta que o bloco, composto por um grupo de amigos, é como uma família, a qual anualmente ensaia junto com o objetivo de levar o melhor para a comunidade durante os dias de folia. Na sua percepção, fazer parte da cultura do Carnaval através da sua voz é ter o compromisso de levar a tradição da festa para a rua. Envolve muita satisfação e alegria, pois são dias para descontrair e esquecer dos problemas do dia a dia.

“Então eu acho que a música tem essa função, como toda a arte, de levar alegria para as pessoas. O melhor Carnaval do mundo é no Brasil. A gente só faz isso por prazer mesmo, para levar felicidade para as pessoas. Acho muito válida para o país inteiro essa diversão e também durante os quatro dias no nosso município”, finaliza.

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