Episódio especial “Power Rangers: Agora e Sempre” chega ao streaming nesta quarta-feira

Produção celebra os 30 anos da série e gera expectativa pela volta de personagens da primeira geração dos heróis de uniformes coloridos    

Por Douglas Rafael Duarte      

“Power Rangers: Agora e Sempre” celebra os 30 anos da franquia      Foto: Divulgação Netflix

 

Nesta quarta-feira, dia 19 de abril, estreia no catálogo da Netflix “Power Rangers: Agora e Sempre”. O episódio especial da série foi produzido pela Hasbro em celebração aos 30 anos da franquia. A grande expectativa é por ver novamente em ação personagens como Billy (David Yost), Zack (Walter Emanuel Jones), Kat (Catherine Sutherland) e Rocky (Steve Cardenas) interpretados pelos atores originais.

A maior parte das informações disponíveis estão no trailer oficial da produção publicado pela Netflix em 22 de março. O vídeo de divulgação mostra a chegada de Rita Repulsa (Barbara Goodson). A primeira e icônica vilã da série pretende viajar ao passado e impedir os heróis de se tornarem os Power Rangers.

O trailer começa com uma batalha entre Rita e os heróis da Alameda dos Anjos. No confronto, Trini Kwan (a primeira ranger amarela) acaba morrendo. Na sequência, vemos Billy e Zack conversando com Minh Kwan (Charlie Kersh), a filha adolescente de Trini. Será a estreia da personagem no universo.

Este, aliás, foi um dos mais importantes rumores do período de preparação do longa-metragem. Isso se deve ao fato de a intérprete original de Trini, a norte-americana de origem vietnamita Thuy Trang, ter falecido em 2001. Apesar de o vídeo de divulgação não confirmar, a expectativa é de que a personagem Minh Kwan assumirá o lugar de sua mãe.

Thuy Trang, intérprete da primeira ranger amarela, faleceu em 2001 Foto: Acervo internet

Elenco desfalcado

O elenco foi um dos aspectos que mais gerou debates e teorias entre os fãs. A dúvida era sobre como o enredo iria trabalhar com as ausências. Além da morte precoce de Thuy Trang, os produtores tiveram de contornar as recusas de Austin St. Jhon, (intérprete de Jason, o primeiro ranger vermelho), Amy Jo Jhonson (Kimberly, a primeira ranger rosa) e Jason David Frank (Tommy, o primeiro ranger verde) em participar do projeto. David Frank inclusive viria a falecer em novembro do ano passado.

Os personagens até devem aparecer, mas sempre com seus capacetes e ocultando seus rostos. De acordo com os rumores sobre a trama, Tommy, Kimberly e Jason serão capturados por Rita. Isso fará com que Rocky (o segundo ranger vermelho) e Kat (a segunda ranger rosa) sejam convocados ao Centro de Comando onde, com a ajuda de Alpha e Zordon, retomarão o posto de Power Rangers para ajudar Billy e Zacky a salvar seus amigos e deter a vilã. Seria a primeira vez que este quarteto formaria uma equipe, já que eles pertencem a gerações diferentes da franquia.

David Yost e Walter Emanuel Jones nas gravações com a estreante Charlie Kersh        Foto: Divulgação Netflix

DNA japonês

Talvez você não saiba, mas apesar do nome norte-americanizado, Power Rangers na verdade tem um DNA essencialmente japonês. A obra adapta uma franquia de séries japonesas voltadas para o público infanto-juvenil denominadas Super Sentai, produzidas desde 1975 pela Toei Animation. A premissa é quase sempre a mesma: jovens com roupas coloridas lutam com armas e pilotam robôs gigantes para proteger o planeta.

 

Empresário Haim Saban foi responsável por adaptar os Super Sentai para o público ocidental          Foto: Saban Capital Group

O Super Sentai é um dos diversos gêneros dos chamados Tokusatsus, produções japonesas live-action marcadas pela forte utilização de tecnologia e efeitos especiais. O responsável por adaptar esse modelo para os públicos do ocidente foi o empresário Haim Saban. Na década de 90, Saban fundou seu próprio estúdio e comprou da Toei os direitos sobre a série Kyoryu Sentai Zyuranger (de 1992), cuja temática eram os dinossauros (na época em alta devido ao sucesso do filme “Jurassic Park”).

 

Kyoryu Sentai Zyuranger foi adaptado para as telas norte-americanas e assim nasceu Mighty Morphin Power Rangers
Foto: Acervo internet

 

Saban acreditava que o mercado dos Estados Unidos não receberia bem uma série com um elenco japonês e nem o roteiro original. O empresário contratou atores norte-americanos e decidiu reescrever os episódios para dar um tom mais cômico à trama, aproveitando apenas as cenas originais de luta. Nascia então “Mighty Morphin Power Rangers”. O sucesso foi tanto que logo a produtora adquiriu os direitos sobre outras produções nipônicas do gênero.

 

Primeiro elenco da franquia: Dadid Yost, Thuy Tang, Jason David Frank, Austin St. Jhon, Amy Jo Jhonson e  Walter Jones
Foto: Acervo internet

Esquecer o fracasso de 2017

Em 2017 a Lionsgate e a Saban Entertainment lançaram “Power Ranger – o Filme”, uma releitura de “Mighty Morphin Power Rangers”, a primeira temporada da série. Com novos atores, a produção trouxe de volta o primeiro quinteto de, segundo as palavras de Zordon, “adolescentes com garra”: Jason (vermelho), Kimberly (rosa), Trini (amarela), Billy (azul) e Zack (preto).

A receptividade, no entanto, não foi das melhores. Por um lado, o público fiel não encontrou os elementos mais marcantes da franquia. Por outro, a produção não apresentou atrativos ou inovações que lhe permitissem cativar novos fãs e competir com outros filmes de super-heróis lançados naquele período (“Homem-Aranha: de Volta ao Lar”, “Mulher Maravilha” e “Liga da Justiça”, por exemplo).

O desempenho final ficou muito abaixo da expectativa. No site Rotten Tomatoes a pontuação  foi de 51%  entre os críticos e de 65% na avaliação do público. Um dos sintomas do insucesso é o fato do filme não ser considerado “canônico” (eventos reconhecidos como oficiais pela franquia). O outro indicativo do fracasso é que, apesar do longa-metragem terminar com um gancho evidenciando a pretensão de produzir uma sequência para o filme, tudo indica que ela não virá.

Steve Cardenas (esquerda) e Catherine Sutherland (direita) voltam a interpretar Rocky e Kat, formando quarteto inédito com   Walter Emanuel Jones e David Yost  (centro)            Foto: Divulgação Netflix

 

Fórmula mágica?

Ao longo de três décadas, a franquia conquistou adeptos ao redor de todo o mundo. Atualmente a série está em sua 28ª temporada (“Power Rangers Dino Fury”). Por mais infantil que possa ser, o fato é que parece funcionar a receita de jovens (normalmente seis) combatendo o mal com roupas coloridas. Ela foi repetida ano após ano até configurar-se em um verdadeiro império de séries, filmes, livros, quadrinhos, brinquedos e jogos eletrônicos. E claro: de fãs.

De propriedade da Saban Entertainment de 1993 a 2002, a franquia foi comprada pela Walt Disney Company, que a explorou até 2010. Os direitos passaram então para a Saban Brands, permanecendo com a produtora até 2018, ano em que a Hasbro (atual detentora) adquire a franquia. Batida ou não, o fato é que a fórmula continua dando retorno financeiro e cativando o público.

A dúvida é: como inovar para permanecer relevante, se os próprios fãs não parecem muito dispostos a abrir mão das características mais marcantes da franquia? A Hasbro e a Netflix estão trabalhando nisso. Ainda neste ano a plataforma de streamings deve lançar “Power Rangers Cosmic Fury”. A série em 10 episódios deve ser um marco, já que, pela primeira vez, o enredo não irá adaptar um Super Sentai.

 

                  Em três décadas franquia segue produzindo séries, filmes, quadrinhos, livros, brinquedos e jogos eletrônicos           Foto: Acervo internet

 

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