Seleção brasileira faz jornada de superação, mas é eliminada pelas anfitriãs na Copa do Mundo Feminina

Marta, a maior de todas. Imagem: REUTERS.

Por Luís Artur Janes Silva

No domingo, dia 23 de junho, a cidade francesa de Le Havre sediou uma das oitavas de final da edição de 2019 da Copa do Mundo Feminina. As francesas, donas da casa, encontram as brasileiras e ambas as seleções protagonizaram um dos maiores espetáculos deste Mundial. A vitória da França (2×1), obtida na prorrogação, foi extremamente valorizada pela atuação da seleção brasileira, que foi melhor na etapa inicial da partida e teve forças para manter o duelo equilibrado até a metade do segundo tempo.

 

PRIMEIRA ETAPA – BRASIL CONSEGUE CONTER O ÍMPETO DA FRANÇA

O início do jogo apresentou um Brasil precavido na defesa e na espera das investidas francesas, que foram raras e, quase todas, baseadas na bola aérea, principalmente nos escanteios e faltas. A seleção francesa dominou as ações, mesmo sem objetividade, até os 22 minutos, quando teve o gol de Gauvin anulado pelo VAR. Após a interrupção do jogo por cinco minutos, gastos na análise do lance e no atendimento à goleira Bárbara, o Brasil voltou “ligado” e passou a atuar mais perto da defesa francesa, que tinha na figura de Torrent, o seu grande destaque.

Mas, mesmo quando passou a ocupar o campo francês, a Seleção mostrou dificuldade para penetrar no sistema defensivo das adversárias, por causa da saída de bola deficiente e também por depender apenas da movimentação de Marta para criar lances de perigo. Acuadas, as francesas vencem pela primeira vez a marcação de Ludmila aos 30 minutos do tempo inicial, quando Le Sommer acionou Majri, que cruzou da esquerda, a bola sobrou para Diani, que desequilibrada, chutou fraco.

Aos 43 minutos, Debinha venceu a dividida com a zaga francesa e a bola fica com Cristiane, que entrou na área pela esquerda, chutou rasteiro, mas Bouhaddi mandou para escanteio com os pés. Quatro minutos mais tarde, a defesa do Brasil saiu errado, a pelotas sobrou para Bussaglia, que lançou para Majri no lado esquerdo da área. Pressionada, a atacante francesa chutou por cima do gol. Aos 48 minutos, Formiga, 41 anos e futebol de craque, venceu Le Sommer no lance de corpo. A volante fez um lançamento longo, tentando encontrar Cristiane, mas a goleira Bouhaddi saiu da área e aliviou de cabeça.

O saldo final da primeira etapa mostrou um Brasil dominante, que foi muito eficiente ao fechar os lados de campo e nas triangulações, que fizeram a Seleção chegar algumas vezes à defesa francesa.

 

SEGUNDA ETAPA – JOGO ELETRIZANTE

No segundo tempo, as seleções se soltaram de vez e mostraram toda a sua qualidade. Logo aos 6 minutos, Diani (a melhor jogadora da França) avançou pela direita e cruzou rasteiro para a conclusão de Gauvin, que na segunda tentativa fez um gol válido. O Brasil não se entregou e três minutos mais tarde, a atacante Cristiane aproveita um cruzamento da esquerda e cabeceou com estilo, para grande defesa de Bouhaddi, que espalmou e ainda viu a bola “beijar” o travessão.

As francesas voltaram com mais volume de jogo, mas o Brasil soube ferir a defesa adversária nos contra-ataques. Mas, aos 17 minutos, numa ligação direta da defesa, Le Sommer recebeu a bola na esquerda, partiu para a área, cortou para o meio e chutou a bola, que desviou em Gauvin e Mônica, dirigindo-se à linha de fundo.

Aos 18 minutos, o Brasil respondeu com Debinha, que desceu pela esquerda, cruzou para a área, a defesa francesa aliviou parcialmente e, na sobra, Thaísa chutou rasteiro e no canto, empatando a partida. Dois minutos mais tarde, a França chegou com perigo após cobrança de falta do lado direito de campo, a bola alta chegou na cabeça de Le Sommer, que mandou para fora.

Na tentativa de buscar a virada, o técnico Vadão colocou Andressinha para melhorar a qualidade da meia cancha, mas retirou Formiga, deixando o sistema defensivo mais vulnerável. Para diminuir ainda mais as chances de virada do Brasil, o esgotamento físico passou a ser uma ameaça real. Mas as francesas também facilitaram a sustentação defensiva do Brasil, pois passaram a forçar apenas na bola aérea. E, apesar do cansaço, as meninas brasileiras chegaram quatro vezes à meta de Bouhaddi, com destaque para o gol bem anulado, anotado por Debinha, aos 41 minutos. Quando o cronômetro marcava 48 do tempo final, Cristiane encontrou Beatriz (que entrou na segunda etapa e atuou bem) sozinha pelo lado esquerdo, a jogadora entrou na área, mas pressionada, arrematou por cima do gol.

 

PRORROGAÇÃO – A VALENTIA BRASILEIRA É INSUFICIENTE PARA BARRAR O EFICIENTE JOGO AÉREO DAS FRANCESAS

Logo no início da prorrogação, aos 3 minutos, a defesa francesa se atrapalhou, Beatriz entrou sozinha na área, mas sem companhia, acabou perdendo o lance. Dois minutos depois, Majri cruzou da esquerda, mas a defesa brasileira salvou, mesmo que batendo cabeça. Consequência deste lance é a saída da atacante Cristiane, que sofreu lesão muscular e foi mais uma vítima da vulnerabilidade física do time, que desde antes da Copa do Mundo lotou o departamento médico.

A França ameaçou mais duas vezes na etapa inicial da prorrogação em lances oriundos de escanteio, mas aos 15 minutos, o Brasil teve a chance matar o jogo. Geisy acionou Debinha pela esquerda, que cortou para o meio, entrou na área e chutou, fazendo a bola passar por Bouhaddi, mas que sem força, permitiu que a zagueira francesa tirasse o balão quase em cima da linha do gol.

A não conversão da chance de gol no instante final da primeira etapa do tempo extra acabou penalizando o Brasil, logo na virada de tempo. No primeiro minuto da parte complementar da partida, mais uma falta do lado direito de ataque da França. A bola foi batida com o pé trocado e Henry aproveitou a desatenção da zaga brasileira, que tem dificuldades para conter a bola aérea vinda das extremas, e tocou de esquerda para o gol de Bárbara, que nada conseguiu fazer. Neste lance, a partida se decidia.

Já extenuadas pelo esforço físico, que permitiu um duelo equilibrado com as favoritas francesas, o Brasil não ameaçou a meta de Bouhaddi no decorrer da prorrogação. Pior que isso, a França ainda teve pernas para chegar aos 8 minutos do tempo final de jogo, quando a descansada Perisset puxou o contra-ataque e passou para Diani, que entrou pelo lado direito na área e chutou para o desvio de Bárbara, que não foi visto pela juíza.

Com o apito final, as brasileiras foram tomadas pela decepção da desclassificação, após um enfrentamento digno diante das anfitriãs francesas. Enquanto isso, as vencedoras e sua torcida, respiraram aliviadas após a suada vitória. O Brasil, eliminado pela segunda vez consecutiva nas oitavas de final da Copa do Mundo Feminina, começa a preparar o trabalho que culminará nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que acontecerão no ano que vem. Já as classificadas francesas aguardam a vitoriosa do confronto entre Estados Unidos e Espanha, que se encontram nesta segunda-feira (24), na cidade de Reims, às 13 horas no Brasil. O duelo de quartas de final será realizado na sexta-feira, dia 28 de junho, às 16 horas (horário de Brasília).

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