Moda consciente: a customização em alta

Mailyne Rodrigues, estudante de Técnico em Vestiário, trabalha com restauração e customização. Foto: Rafaela Dutra

Por Jéssica Lopes e Rafaela Dutra

Nos últimos anos os discursos sobre consumo consciente vem ganhando forças na indústria da moda. O movimento questiona a chamada “Moda Rápida” ou “Fast Fashion” – termos usados no meio para caracterizar a velocidade das tendências momentâneas –, o consumo excessivo de matéria prima e a produção abundante de poluentes. Lembrando que a Indústria Têxtil é segunda mais poluente no mundo, segundo a BCC.

Em contrapartida, o chamado “Slow Fashion”, movimento que visa justamente a reflexão sobre a “Fast Fashion” e preza pelo consumo de peças criadas a partir de material reciclável, por exemplo, vem ganhando força, ao lado de práticas já famosas na cidade como a de compras em brechós e o Upcycle, ato de transformar uma peça que já existe em algo diferente e totalmente original, a partir da customização.

As peças customizadas são vendidas na redes sociais da Mailyne (@maycustomiza)

Mailyne Silva Rodrigues, 22 anos, estudante em técnico de vestuário, que reside atualmente em Pelotas vem trabalhando com customização há alguns anos e afirma que no início não sabia que este era o nome dado ao seu trabalho. “Comecei com 12 anos. Ficava em casa sozinha e não tinha o que fazer, então iniciei pintando as minhas próprias roupas, e o pessoal achou massa” , conta a jovem.

May também acrescentou que não parou por aí, com apenas 14 anos de idade surgiu o interesse de customizar tênis, e uma colega a apoiou mostrando confiança em seu trabalho, e entregando os próprios tênis para que customizasse. “Demorei dois dias para fazer, foi bem rápido. Na mesma semana voltei pra casa com 13 pares de tênis, customizei tudo, e na semana seguinte já entreguei. Depois disso comecei a customizar, customizei por um tempo, no entanto parei. Em meados de 2017 retornei com as customizações e daí pra frente não parei mais. Foi quando a demanda aumentou e comecei a publicar no instagram, e agora estou com a loja online”.

É importante salientar que por trás da paixão que Mailyne encontra no Universo da customização, ela também não deixa de transmitir sua opinião sobre o consumo consciente e a importância em não obter quaisquer produtos sem que haja uma verdadeira necessidade.“Quando passamos na frente de uma loja, somos impulsionados pelo o que há nas vitrines, principalmente as mulheres. Tu já tem, mas a tentação em possuir o produto fala mais alto. Por isso, acho que as pessoas deveriam pensar mais antes de consumir sem consciência, até mesmo para não estragar o meio ambiente”.

A moda consciente nos leva a pensar em maneiras de diminuir o consumo excessivo e na expansão da moda sustentável. No entanto quando o assunto se trata de moda + sustentabilidade entramos num grande dilema. As empresas que trabalham com a ideia de sustentabilidade na elaboração de suas roupas precisam lidar com o custo exacerbado na produção, desencadeando a impossibilidade de acesso a todas as classes. “Eu acho que esse assunto precisa ser bem discutido. Para que uma pessoa tenha a possibilidade de abrir uma loja com roupas que não possuem derivados do petróleo, isso irá lhe custar muito caro…”, acrescenta May.

É necessário repensarmos nossos olhares e escolhas, levando em consideração que a produção e o descarte das peças que consumimos têm um impacto bastante significativo na poluição do planeta. Além disso, pode ser muito divertido garimpar brechós e vestir-se com peças únicas, customizadas especialmente para você.

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