Minha primeira vez assistindo a uma ópera – Uma resenha sobre Pagliacci (2024)

Obra de 1892 ganha nova versão e encanta o público pelotense no 12° Festival Internacional Sesc de Música Pelotas 

Por Isabella Barcellos / Em Pauta.

Estreia de Pagliacci no Theatro Guarany. / Foto: Isabella Barcellos

Na quinta-feira (18), o 12° Festival Internacional Sesc de Música recebeu a apresentação da ópera Pagliacci no Theatro Guarany. A partir da parceria entre a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul e o Grupo Tholl, a obra de 1892 escrita pelo dramaturgo italiano Ruggero Leoncavallo foi adaptada por Flávio Leite e primeiramente apresentada ao público porto-alegrense em junho de 2023. Desta vez, com a participação da Sociedade Música pela Música de Pelotas, o espetáculo foi renovado e trouxe ao público pelotense uma experiência imersiva da língua italiana e do gênero artístico teatral.

Preciso esclarecer que esta foi a minha primeira experiência com a ópera, então não sabia ao certo o que esperar. Em um passado não tão distante, a cidade de Pelotas recebia companhias de ópera com frequência, especialmente no Theatro Sete de Abril. Já na inauguração do Theatro Guarany, em abril de 1921, a Companhia Lyrica Italiana Marranti apresentou O Guarani. Ainda que elitizada, a ópera fazia parte do imaginário cultural da cidade. Hoje, posso dizer que foi uma ótima experiência.

Exemplo do uso de tradução simultânea durante o espetáculo. / Foto: Isabella Barcellos

Pagliacci é uma obra em dois atos, cada um deles com cerca de 1 hora e com um intervalo de 15 minutos entre ambos, sobre um circo que chega a uma cidade pequena para fazer seu espetáculo. Somos apresentados a Canio (Giovanni Marquezelli), Nedda (Eiko Senda), Silvio (Sérgio Sisto), Beppe (Oséas Duarte) e Tonio (Roger Nunez). A infidelidade e a possessividade são os fios condutores de todos os acontecimentos da peça. 

Todas as músicas são cantadas em seu idioma original, o italiano, enquanto a tradução simultânea é transmitida por um projetor. O maestro Evandro Matté foi o responsável por conduzir a orquestra durante à noite. O primeiro ato tem um ritmo mais contido e melancólico, nele os personagens são apresentados e temos a dimensão dos dramas vividos pelos personagens principais. Tanto o elenco principal quanto o elenco de apoio estavam em harmonia entre si, especialmente Eiko Senda e Giovanni Marquezelli (que interpretam, respectivamente, Nedda e Canio, um casal em crise). 

Giovanni Marquezelli interpretando a canção Ridi Pagliacci, um dos pontos altos da noite. / Foto: Isabella Barcellos

Este ato inicial é encerrado com a apresentação de Ridi Pagliacci, minha música predileta em todo o espetáculo. No segundo ato, a exuberância da trupe circense é apresentada pelo Grupo Tholl com coreografias acrobáticas impecáveis. Entre o brilho e a tensão quase palpável entre os personagens, a ópera termina em seu clímax. 

Entre a violência e o brilho, o espetáculo se mostra relevante e capaz de cativar diversos tipos de público. A estranheza que senti em um primeiro momento se transformou em curiosidade e admiração pelo trabalho de todos os envolvidos na produção. Pagliacci ainda pode ser assistido na íntegra e gratuitamente pelo canal da Ópera Sinfônica de Porto Alegre. A versão ali disponível é a mesma apresentada ao público em junho de 2023. Saiba mais sobre o 12° Festival Internacional Sesc de Música Pelotas clicando aqui

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