Exposição abre com bate-papo

 

Obra “Vertigem” está ao chão, no centro da sala,  interagindo com os espectadores e os demais trabalhos

 

Por Gilmar Hermes

     A exposição “Campo Minado” abriu dia 17 de maio com um bate-papo na galeria “A Sala”, do Centro de Artes da UFPel (rua Alberto Rosa, 62, Pelotas). Como pode ser visto na conversa de abertura, as obras representam parte de um conjunto de trabalhos de cada uma das 12 artistas, Amanda de Abreu, Bruna Silva, Camila Cuqui, Fabiana Faleiros, Jéssica Porciúncula, Julia Pema, Lua Miranda, Mariane Simões, Martha Gofre, Rafa, Rafaela Inácio e Stela Kubiaki.

Artistas Amanda de Abreu, Stela Kubiaki e a curadora deram início à conversa

     A mostra dá espaço para as artistas apresentarem o conjunto de seus trabalhos e as questões do nosso tempo que estão procurando refletir através deles. Alguns dos trabalhos apresentados – objetos, esculturas, desenhos, vídeos e fotografias – estão relacionados a performances, ações artísticas em que as autoras produzem intervenções plásticas em diversos lugares, inclusive espaços públicos da cidade. Os materiais organizados em objetos, imagens e formas tridimensionais refletem a identidade feminina entre os contextos público e privado.

     São várias propostas diferentes que estabelecem relações diversas com o espaço de exposição e consequentemente com o visitante que interage fisicamente nesse local. As obras são pensadas em como são dispostas em relação não só à visão, mas também em relação ao corpo dos espectadores em movimento pela sala.

     As circunstâncias do nosso tempo em relação às jovens mulheres estão simbolizadas na própria condição material de algumas obras, por exemplo, a apropriação de utensílios domésticos, objetos de uso íntimo, obras que fazem registros de intervenções em espaços públicos e materiais frágeis como as folhas de papel para a construção de estruturas.

“Capacho” é o trabalho de Jessica Porciuncula, logo na entrada da exposição

     A curadora Alice Porto ficou sabendo no dia da abertura da aprovação da sua candidatura para cursar doutorado na Bélgica, onde dará continuidade às suas pesquisas artísticas. A notícia foi mais um motivo de entusiasmo para o grupo. Estabelecendo várias ações colaborativas, as artistas reuniram-se por uma série de afinidades e a formação de uma rede de criação artística.

     A proposta da mostra foi juntar trabalhos de artistas mulheres que pensam e trabalham as questões femininas na cidade de Pelotas, tendo também proximidade com o ativismo feminista. Para ter uma ideia da força do movimento das mulheres na cidade, Alice lembrou que basta observar as inscrições nas ruas e levar em conta os espaços culturais voltados para essas questões.  Ainda citou que, na área de literatura, a autora pelotense Angélica Freitas tornou-se um marco nas reflexões de gênero com o livro de poesias “Um Útero é do Tamanho de um Punho”.

Objeto-vestígio de ações artísticas: “Rente”

DA CIDADE PARA A EXPOSIÇÃO

     Uma das obras apresentadas, “Ação Vermelha”, de Amanda de Abreu, traz o registro fotográfico da performance “Feminicídio”, em que a cor vermelha e a forma de um círculo evidenciam a ação em um espaço público, o que traz muitas lembranças para quem presenciou o acontecimento. É uma das obras que não se restringe aos espaços restritamente artísticos e, por isso, está relacionada à receptividade do ativismo feminista e às ações artísticas na cidade de Pelotas. Também evoca as várias simbologias associadas às cores e atuação das mulheres no cotidiano da cidade. Está relacionada aos questionamentos que outras obras e performances vêm fazendo da naturalização que se faz no cotidiano do uso do corpo como uma forma de afirmação, submissão ou opressão identitária, seja por parte das mulheres, seja por parte dos homens.

“Ação Vermelha” é um registro de uma performance realizada em um espaço público de Pelotas

     O trabalho de videoarte “Sem Título”, de Stela Kubiaki, registra uma performance no Museu da Baronesa em que o espaço arquitetônico serve para pensar a condição feminina.  Está acompanhado pelas fotos digitais que levam o nome “Fiada”.

Detalhe da obra “Capacho” que traz objetos domésticos para reflexão política

     A obra “Capacho”, de Jessica Porciuncula, confunde-se com um tapete para limpar os pés na porta da exposição, mas foi feito de esponjas. O material muito conhecido por cumprir com o ritual doméstico de lavar louças ganha o formato da bandeira brasileira e, assim, materializa em uma montagem o problema de ser mulher no contexto sociopolítico brasileiro hoje. O lugar de apoio para os pés oferece instabilidade e risco. Em tempos de desmanche das políticas públicas, este é um trabalho que contrapõe o espaço público ao espaço privado, remetendo às coisas caseiras elevadas à dimensão pública. Os materiais ligados às mulheres, enquanto enquadradas nos estereótipos do espaço privado, são deslocados para a ambiência pública e política, como também ocorre com “Do Rigor”, que Martha Gofre criou com tecido, madeira e pratos de louça.

Camila Cuqui apresenta “duas e quatro cadeiras”

     A artista Camila Cuqui cita em seu trabalho “duas e quatro cadeiras” a obra geralmente citada como referência da arte conceitual, “Uma e Três Cadeiras”, de Joseph Kosuth. Questiona sobretudo a heteronormatividade,  criando uma definição visual de cadeira na perspectiva de uma problematização da identidade sexual.

     O objeto “Rente”, com roupas íntimas femininas, é originário de uma outra performance da artista Lua Miranda. No lugar de usar como registro fotos ou vídeo, como ocorre em outros trabalhos, é usada uma vestimenta que foi parte de uma performance. A roupa íntima que protege está repleta de alfinetes, que na sua profusão deixam de ser inofensivos instrumentos de costura.

     Com seu trabalho “Trama”, Julia Pema fez um bordado sobre fotografia. O trabalho não foi posicionado em relação aos olhos, mas ao ventre do espectador, que é o lugar anatômico que abriga os órgãos vitais. Ela bordou sobre um ícone fotográfico da pele humana, limite entre o mundo e a estrutura interna do corpo. As formas de casas são associadas às células humanas, pensando na ideia de mundos em construção e inter-relacionados, na vida social/urbana e na interioridade da pessoa.

“Trama”: Bordado sobre fotografia de Julia Pema foi colocado na altura da cintura dos espectadores 

     Rafa fez a instalação “Vertigem”, explorando a discrepância do olhar dos espectadores em relação à distância do chão aos seus pés. Criou uma metáfora que se ajusta perfeitamente ao título da exposição “Campo Minado”, pensando na necessidade de cuidado em todo o percurso ao caminhar. Algo pode cair ou ser atingido e é necessário sempre prestar atenção no percurso. O trabalho tem uma dimensão escultórica, mas, no lugar de materiais resistentes como pedras e metais, ela faz uso de folhas de papel. Apesar das circunstâncias, ela busca estabelecer uma estrutura estável e resistente.

Obras de doze artistas dialogam entre si no espaço da exposição “Campo Minado”, no Centro de Artes

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Associação dos Amigos do Conservatório de Música da UFPel festeja aniversário

A soprano Jéssica Souza interpretou “Se tu m´ami” de  Giovanni Battista Pergolesi        Foto: Danieli Schiavon

Por Danieli Schiavon

     Nos dias 16, 17 e 18 de Abril aconteceu a Semana de Música Assamcon, evento alusivo à comemoração do aniversário de criação da Associação dos Amigos do Conservatório de Música (Assamcom), que completou 23 anos dia 5 de maio.

A História do Conservatório

     No dia 4 de junho de 1918 foi fundado o Conservatório de Música de Pelotas, instituição que na época desenvolvia atividades com ensino de piano, violino, canto, teoria e solfejo. Foi a primeira escola oficial criada especialmente para o ensino da música na cidade.

     O Conservatório sempre teve o compromisso com a promoção da cultura e a construção da cidadania, tomando para si a tarefa de promover e organizar os concertos realizados na cidade – tantos dos alunos da escola quanto de artistas convidados.

Regina de Sá Britto Fiss no discurso de abertura da Semana de Música                          Foto: Danieli Schiavon

     A Assamcon foi criada pela preocupação com o desenvolvimento cultural na cidade. O Conservatório manteve atividades ininterruptas desde sua criação, porém passa por problemas estruturais e administrativos que já ocasionaram, inclusive, a interdição da principal Sala da Escola, o Salão Milton Lemos.

     De acordo com a presidente da Associação, Regina de Sá Britto Fiss, o trabalho com o conservatório tem sido uma luta diária, principalmente no que se refere às dificuldades enfrentadas em relação ao prédio histórico, que demanda uma atenção especial.

     Regina conta que desde que a associação foi reativada, cinco anos atrás, os esforços por recursos para manter o Conservatório em bom funcionamento são incansáveis. A instituição foi selecionada para receber recursos através da Lei Rouanet, mas o processo está sendo lento e não há previsão para que os fundos sejam convertidos em benefício do Conservatório.

     “O evento é para que as pessoas percebam que o Conservatório tem que continuar existindo. É uma das veias da música mais antigas de Pelotas e do Estado. É uma pena que essas coisas acabem por ficar de lado,” destaca a presidente da Assamcon.

     A programação do evento se dividiu em três dias. No primeiro, houve a Gala Lírica. Trouxe clássicos de compositores como Giacomo Puccini, Amadeus Mozart e Johann Sebastian Bach. As interpretações ficaram por conta de alunos do Curso de Canto da Instituição com a colaboração do professor Marcelo Cazarré, pianista e docente da Universidade Federal de Pelotas.

     A segunda noite contou com a apresentação do Grupo Instrumental Chorei Sem Querer. O grupo exibiu repertório de composições próprias e releituras de choros clássicos. A participação especial foi dos professores do Conservatório, o saxofonista Rafael Velloso e o acordeonista Vinícius Terres.

     Para encerrar a semana comemorativa, o grupo A Barda, composto por Raíssa Leal, Arthur Salles, Mateus Messias e Gabriel Faro levou ao público um espetáculo que integra música folk e cultura neomedieval.

     Na opinião de Luiz Carlos Carvalho Almeida, pelotense que já foi aluno do Conservatório de Música, a realização de eventos como esse é essencial para a manutenção da cultura pelotense, que apesar de rica, muitas vezes tem sua grandeza apagada. “Eu, sempre que tenho a oportunidade, venho prestigiar. Gosto muito desse meio e como ex-aluno, acho importante acompanhar as atividades do conservatório.”

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Estamos de volta!

Site retoma a divulgação das  atividades culturais da região da cidade de Pelotas em suas editorias

Aos poucos retomamos o nosso ritmo de publicações. Depois de um período sem atividades, o site Arte no Sul volta a trazer para os internautas informações e reportagens sobre as artes na região de Pelotas. Se você tiver sugestões para a melhoria do site e de assuntos para reportagens, entre em contato pelo e-mail <artenosul@hotmail.com> ou no espaço para comentários.

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Música pela saúde

Orquestra fez concerto junto ao projeto Cuida Ativa no mês de janeiro

Naiara Khastasmokia

     Dentro das diversas apresentações que fizeram parte do 8º Festival Internacional SESC de Música de Pelotas, em janeiro, uma chamou a atenção. A Orquestra Jovem do Estado de Sergipe encantou um público muito especial. A plateia contou com pacientes e familiares que literalmente lutam pela vida. Com doenças crônicas como o câncer, a hipertensão e diabetes, por exemplo, eles participam do projeto Cuida Ativa, que existe desde 2015, e funciona no prédio da antiga empresa Laneira Brasileira S. A., no bairro Fragata, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Para Carolina Lima Bettin, que se emocionou durante a apresentação e é voluntária do projeto há alguns anos, esse concerto musical teve um gostinho especial: “Estamos tentando implementar o tratamento com a musicoterapia nas atividades, e essa apresentação foi o pontapé inicial para a inserção da música nos projetos feitos aqui.”

Carolina Bettin: musicoterapia deve ser implantada nas atividades do projeto 

A Orquestra Jovem faz parte de um projeto social que acontece em Aracajú. É composta por jovens menores de 18 anos, e que moram em regiões de vulnerabilidade social em Sergipe.

Em apenas 45 minutos de apresentação, foi possível perceber o grande talento que esses jovens alunos possuem. Na sede da orquestra em Sergipe, 144 adolescentes ao todo aprendem os diversos instrumentos da música erudita, mas somente 15 vieram a Pelotas.

Em meio à luta pela melhora da saúde, a música serve de alento, e com o trabalho do projeto Cuida Ativa, os usuários e familiares encontram forças para continuar lutando e acreditando na vida.

Quinze estudantes de música sergipanos integraram a apresentação de música erudita

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Collab Trap Session

 

Binho Gimenez

     Nasceu em Pelotas o projeto Collab Trap Session, criado a partir da união de dois artistas musicais da cidade: Julie Schiavon e DJ Try-Angle.  O projeto se propõe a diálogos entre os gêneros musicais Trap Music, Pop Music e Hip Hop Music. Possibilita uma experiência estética visual através da performance da cantora, DJ e bailarinos.

Julie Schiavon decidiu pela profissionalização em 2017    Foto: Binho Gimenes

Julie Schiavon

A cantora Julie Schiavon, que já foi tema de uma reportagem no Arte no Sul, descobriu-se cantora na infância, aos 11 anos. Enquanto aprendeu a tocar teclado, já escrevia suas próprias músicas em inglês. Já aos 13 anos de idade focou em aprimorar o canto, ingressou em uma escola de música, onde desenvolveu a voz por três anos.

Decidiu iniciar uma carreira profissional com a música recentemente, em 20 de março do ano passado, quando lançou seu primeiro single, com a música autoral chamada The Fear.

O single tem mais de 5000 views em mídias sociais, e 200 downloads na plataforma de stream Spotify. Sendo de coautoria dos deejays Wizard e Ayepee, conta também com produção de Ita Nascimento (Estúdio Nutom). Já o clipe oficial do single teve produção de FOG.

Singles do DJ Try-Angle contam com mais de 3100 visualizações na internet     Foto: Binho Gimenes

 

Início na percussão

O outro pilar desse projeto, DJ Try-Angle, iniciou sua trajetória com a música na infância, sobre a influência de seus pais, Alejandro Gabriel e Léia. Tornou-se percussionista atuando em shows de ritmos latinos em todo território nacional acompanhado da família.

Depois de 2011, assume o pseudônimo de DJ Try-Angle e passa a discotecar com base no gênero Bass Music e integrar a dupla de deejays Crazy Fuckers, a qual também incluía o gênero Dub Step em suas apresentações. Com isso teve grande expressão no cenário local independente o que possibilitou a participação em grandes eventos fora do espaço local, incluindo uma apresentação no país vizinho, Argentina.

Com o passar dos anos, começou a se aprofundar em produções autorais e integrar a dupla Sarraboys, que se destina ao hibridismo Bass Music e Funk Carioca. Com esta parceria lançou os singles Vem Kicando e XXXTentacion – Looking For A Star em um intervalo de três meses, estes atualmente com mais de 3100 visualizações nas mídias sociais.

A partir dos elos de conexão entre Julie Schiavon e o DJ Try-Angle, surge o show Collab Trap Session e se pode dizer que o projeto tem como inspiração os trabalhos de artistas internacionais como Beyonce, Chris Brown, Rihanna, Ciara, Troyboi e também artistas nacionais como Iza e Tropkillaz.

O repertório também percorre outras composições nacionais e internacionais. Estão inclusos sucessos como Sua Cara (Major Lazer, Anitta e Pabllo Vittar); e Swimming Pools de Kendrick Lamar. No entanto, além das faixas conhecidas pelo grande público, o setlist também conta com duas faixas autorais da dupla, Pra Quem é de Boa Noite e The Fear que fecham o mesmo.

Collab Trap Session em show no último dia  da 3ª Semana Integrada de Inovação Pesquisa e Extensão                         Foto: Binho Gimenes

Coreografia

Bailarinos da Collab Trap Session  durante encerramento do 3º SIIEPE-UFPEL

Já a parte coreográfica e a direção geral ficam a cargo de Taison Furtado, que também é diretor e coreógrafo da Rua em Cena Companhia de Dança. Além dos dançarinos Thiago Meirelles, Marlon Costa e Emanuel Brizolara integrarem o grupo, ainda “dão corpo” ao balé que integra o show.

A Collab Trap Session estreou na Virada cultural, evento realizado pela Prefeitura Municipal de Pelotas, no dia 19 de novembro do ano passado. Também marcou presença no último dia  do 3ª Semana Integrada de Inovação, Ensino, Pesquisa e Extensão (SIIEPE-UFPel) em 24 de novembro.

Contatos com os artistas pelo e-mail: collabtrapsession@gmail.com

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Agatha Cristhie: dos livros para o cinema e TV  

 

E Não Sobrou Nenhum é considerada melhor adaptação da obra para TV         Foto: Divulgação

Carina Reis

 

     Uma das escritoras mais populares e bem-sucedidas na história da literatura, Agatha Cristhie é conhecida como a rainha do crime, pelo gênero em que escreveu, sendo a precursora para que, posteriormente, outras mulheres escrevessem sobre literatura policial.

Foram mais de quatro bilhões de livros vendidos, entre romances, livros de contos e de poemas. Suas obras estão em terceira posição entre as mais publicadas, atrás apenas das obras de William Shakespeare e da Bíblia. Ela também é a autora mais traduzida, pois pode ser lida em 103 línguas.

Criadora de um dos personagens mais importantes do século XX – Hercule Poirot -, a escritora ganhou notoriedade pela criatividade em suas tramas, no qual utiliza o plot twist e reviravoltas para manter o público na leitura, o que consequentemente chamou a atenção da sétima arte, e, assim, desde 1920, há produções de filmes baseados em suas obras.

Para homenagear Agatha Christie, que morreu há 85 anos, o canal GNT disponibilizou neste ano, em suas plataformas on-demand duas séries baseadas nas obras da escritora, que são: E Não Sobrou Nenhum e Sócios no Crime.

E Não Sobrou Nenhum é um livro de 1939, considerado o maior best-seller policial de todos os tempos, ao vender 100 milhões de cópias mundialmente, estando também entre os 10 melhores livros da prolífica escritora.

Em 2015, no lançamento da série, pela BBC, a crítica especializada considerou a melhor adaptação de Agatha Christie para a televisão. A produção televisiva, dividida em três episódios de, em média, 50 minutos, apresenta dez pessoas em uma ilha particular, no sul do Inglaterra, a convite de um anfitrião desconhecido. Ao chegarem, os convidados são acusados de um crime. Porém, enquanto estão na ilha, algumas pessoas do grupo vão desaparecendo, do mesmo modo que um poema emoldurado na casa diz, e assim, entendem que há um assassino entre eles.

A segunda série, Sócios no Crime, é inspirada em um dos contos do livro homônimo de 1929. A adaptação, que conta com seis episódios, retrata a história de Tommy e Tuppence, um casal de detetives que precisa desvendar o desaparecimento de Jane Finn, uma garota que sumiu após o naufrágio de um navio na Primeira Guerra Mundial. A jovem carregava um importante documento com informações comprometedoras da Inglaterra e dos países aliados, fazendo com que não somente o governo, mas também um grupo de revolucionários queira esses papéis.

David Walliams e Jessica Raine em Sócios do Crime     Foto: Divulgação

As séries estão disponíveis nos links do Globosat Play E Não Sobrou Nenhum e Sócios do Crime. Para aqueles interessados em conhecer as obras literárias, não se preocupem, pois como em qualquer boa arte, nem livro nem série contam a história toda: são complementares.

 

 

 

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Danças urbanas movimentam Pelotas

Binho Gimenez

     A Princesa do Sul é conhecida como uma cidade universitária, devido à quantidade de faculdades que coexistem em Satolep. Impulsionada pelo público jovem, a arte tem ganhado espaço e colorido aos poucos as ruas e palcos na cidade. Quem tem conquistado grande visibilidade no cenário artístico local é o grupo de danças urbana Rua em Cena (REC).

O grupo surgiu em 20 de agosto de 2014, criado por Taison Furtado, Tiago Meireles e Tauana Oxley. A principal motivação que levou ao seu surgimento era a carência que Pelotas encontrava no espaço das danças urbanas. Isso por que, na época, completava quatro anos do encerramento do grupo Piratas de Rua, uma referência no Brasil

O grupo destaca-se pela critica muito bem desenvolvida em seus trabalhos. Durante a criação dos espetáculos, é feita uma intensa pesquisa quanto a símbolos, para que o público seja atingido sensivelmente e compreenda a encenação. As coreografias são relacionadas com acontecimentos da vida cotidiana, fortalecendo a conexão do grupo com os espectadores.
O primeiro trabalho apresentado pela REC se chama Defenda sua Palavra, que se trata de um manifesto com proposta que vem de encontro com o momento que o Brasil vivia, durante as manifestações de 2014. Em 2015, o grupo participou do Festival de Dança, em Bagé, e obteve o segundo lugar na modalidade conjunto.

O segundo trabalho da companhia se chama Relógio de Areia, realizado em 2016. A obra de 25 minutos de duração contava com um elenco de 11 pessoas. O último grande trabalho do grupo se chama Lutas e Lutos. A obra artística discute a violência, tendo em vista o grande número de assaltos que ocorrem na cidade e a negligência do poder público. Como enfatiza Taison Furtado, é uma realidade vivida por todos os integrantes do grupo. O espetáculo conta com participação da parte produção musical de DJ micha, e, na abertura, de Afro-X (ex-integrante do grupo de rap 509-E).

O ano de 2017 foi um ano de ampliação do elenco da companhia, pois marca a criação de um elenco de hip-hop dance e break dance. O elenco de Break dance conquistou o primeiro lugar na categoria duo adulto no Festival de Dança de Arroio Grande.

Projeto Aula Aberta

Oficina que ocorreu no segundo semestre de 2017       Foto: Binho Gimenes

A companhia surgiu em uma oficina artística no dia 20 de setembro de 2014. O projeto, como o nome já sugere, trata-se de uma aula aberta de danças urbanas, realizada periodicamente, promovendo o gênero a todos que têm desejo de praticar o estilo, independente da experiência na área. O grupo também busca novos integrantes durante as aulas, tendo em vista que, muitas vezes, a pessoa tem potencial, mas não tem a técnica.

Atualmente, o projeto conta com participação de DJs, proporcionando um espaço sonoro semelhante ao dos espetáculos das danças urbanas. Os Disc Jockeys participam para ambientar e projetar um clima que transcende a dança tradicional, promovendo sensações que inserem os participantes em diversas atmosferas.

A próxima aula acontece dia 18 de março na Rua em Cena Companhia de Dança.(Rua Quinze de Novembro 755, das 15h às 18h30min)

 

Aula aberta trouxe muita gente  na segunda parte do ano passado                 Foto: Binho Gimenes

O que esperar de 2018?

Em entrevista com o criador e responsável pela companhia, Taison Furtado, além da participação em festivais de dança, foi revelado que 2018 será um ano de ampliação dos elencos, visando o desejo da grupo em desenvolver mais técnicas, tornando a companhia o mais plural possível em termos estéticos.

 

O elenco atual conta com:

Espetáculo Relógio de Areia                     Foto: Divulgação

Marlom Costa
Julie Schiavon
Taison Furtado
Tavani Paiva
Renan Severo
Lucas Falcão
Bruno Quadros
Deivid Garcia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Cultura abre horizontes para APAE

Ensaio da Invernada “Bem Querer”  em Jaguarão        Foto: Rafael Techera

Rafael Techera

     Além do entretenimento, a arte também pode ser utilizada na educação. Filmes, músicas, pinturas e livros podem ser de grande ajuda no dia a dia das salas de aulas das escolas brasileiras. Principalmente no aprendizado de crianças especiais, como por exemplo nas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs ) espalhadas pelo Brasil.

No instituto localizado na cidade de Jaguarão, são realizadas algumas atividades artísticas com seus alunos. Na maioria das vezes, relacionadas à música, como a banda do colégio e a Invernada, em que os estudantes também conhecem mais sobre a cultura de nosso estado.

Seja como filmes de super-heróis, músicas lúdicas ou mesmo meter a mão na massa com pinturas em papel, a arte é de suma importância no aprendizado especial infantil. Porém, como um instituto sem fins lucrativos, a APAE sofre muito com a disponibilidade de oportunidades de inserção de seus alunos em eventos culturais. Esses acabam restritos a alguns momentos durante o ano.

Atividades musicais: uniforme da banda da instituição    Foto: Rafael Techera

‘’Infelizmente, a cultura fica, na maioria das vezes, ligada às datas comemorativas, são raras as exceções em que se criam projetos pedagógicos para incentivar os alunos a vivenciar e conhecer os diferentes tipos de expressões culturais’’, comenta Vanessa Alaniz, professora da APAE Jaguarão.

Apesar das diversidades, a questão da arte ainda é muito usada para discutir assuntos importantes com as crianças. Questões que abordam a diversidade são tratadas de uma forma muito mais leve e didática, fornecendo um melhor entendimento para os alunos.

’Vamos abordando o assunto junto com respeito às diferenças de gênero, raça, religião e comportamentos sociais. A arte é um mundo muito amplo e proporciona a união da nossa racionalidade com a emoção. Intensifica a sensibilidade, transformando nossa identidade. Com uma linguagem própria, torna-se relevante para a socialização e beneficia a retenção multissensorial da aprendizagem humana,’diz Márcia Cassales, professora da APAE Jaguarão.

A arte é de suma importância para a vida humana, e na educação ainda mais. Apesar das adversidades, as APAEs desempenham um papel fundamental no aprendizado de jovens com necessidades especiais, formando uma comunidade muito mais consciente e inclusiva.

Conheça a APAE de sua cidade, ajude.

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Aluísio Rockembach lança álbum Dona Maria

 

Músico pelotense inicia divulgação de seu novo trabalho e faz show no Theatro São Pedro em março

Jessé Krüger     

     Natural de Pelotas e conhecido no meio da música tradicionalista, o acordeonista Aluísio Rockembach dispensa apresentações. Músico, compositor, produtor e arranjador, acumula mais de 15 anos de carreira. E, agora, parte para um novo capítulo de sua história, com o lançamento do álbum Dona Maria.

“A realização do Dona Maria é um marco na minha vida. Poder contar com a presença de grandes músicos e amigos nas gravações torna ainda mais especial o trabalho”, comentou Rochemback.

O álbum conta com participações de grandes músicos do cenário gaúcho e latino. Dentre eles, Vitor Ramil, Duca Leindecker (Cidadão Quem, Pouca Vogal), Thedy Corrêa (Nenhum de Nós), Gicela Mendez Ribeiro, Pirisca Grecco, e claro, Luiz Marenco, um dos expoentes da música tradicionalista gaúcha e o qual Aluísio acompanha em turnês há alguns anos.

“Trabalhar com o Marenco é sensacional. Me abriu portas para muitas coisas, assim como também me faz ser um instrumentista melhor a cada ano. Penso que cada show apresenta novas nuances e desafios. É sempre uma alegria trabalhar com ele,” comenta sobre a parceria.

Rochemback contou com a participação especia de Duca Lendeicker no álbum Foto: Divulgação

E novidades não param de surgir desde o lançamento oficial do disco em novembro do ano passado. Logo na primeira semana, Aluísio pode fazer parte da Virada Cultural, evento idealizado pela Prefeitura de Pelotas. Agora há pouco, no mês de janeiro, um convite para participar de um festival em Corrientes, Argentina, levou o pelotense ao país vizinho para se apresentar. E, no dia 20 de março, Rockembach parte para Porto Alegre, onde no Theatro São Pedro realiza o show de lançamento de Dona Maria.

“Tocar em Pelotas sempre vai ser especial pra mim, assim como foi uma baita experiência mostrar o trabalho do disco em Corrientes. E sobre o São Pedro nem se fala. Eu considero um dos palcos mais marcantes do Brasil, e ter a chance de lançar o Dona Maria lá é um motivo de orgulho imenso”, finalizou Aluísio.

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César Lascano: do samba às múltiplas referências musicais

 

Larissa Teixeira Medeiros

     Pelotas, 1990. Neste cenário, dia 20 de abril, nascia César Eduardo Hasse Lascano, geralmente conhecido apenas por  Lascano. Na divisa entre o Centro e o bairro Areal, o músico, compositor e, agora, professor, tem vivido profundamente o Carnaval pelotense. Esse foi o ponto de partida para uma carreira de compositor com muitas referências, que passam pelo samba, MPB, rock e blues.

O pai participava na Academia do Samba, escola mais antiga do Estado em atividade, e também era presidente da Banda Bandalha. César era levado aos encontros carnavalescos do pai e também aos jogos do Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas, pelo qual é completamente apaixonado até hoje. Sendo assim, a inserção na cultura do samba veio desde criança. Aos 15 anos, começou a tocar cavaquinho. Conseguiu um instrumento emprestado por amigos da família, fez algumas aulas e ansiava encontrar um pessoal que também quisesse tocar alguns choros por aí. Sem sucesso, a saída era participar nas rodas de pagode, contrariado, já que não era o gênero que queria tocar. Mas um pouco antes disso, por volta dos 12 anos, descobriu nos discos de vinil que a família possuía alguns sucessos do mundo do rock. Passou a escutar The Beatles, Led Zeppelin, Guns and Roses, Kiss e até Engenheiros do Hawaii. “Eu era o garotão cabeludo, grandalhão, que gostava de ir ao jogo de futebol do Xavante, conhecia o samba mas também já escutava Beatles há uma cara de tempo […] então eu era uma aberração! [risos] Com 14 ou 15 anos eu queria tocar choro no cavaco mas eu gostava de ouvir em casa Led Zeppelin e Beatles”, explica César.

César Lascano no show Plays the Samba no Mercado Público de Pelotas                               Foto: Divulgação

 

 

Conforme foi amadurecendo, surgiram outros interesses. Aos 18 anos, o cavaquinho foi ficando de lado e Lascano começou com o violão. Foi aprendendo praticamente sozinho, apenas com algumas dicas de amigos. Nessa altura, então, começou a compor as próprias músicas. “Aí foi o meu divisor de águas. Comecei a me interessar por um melhor conhecimento da música popular brasileira e a querer tudo que era da MPB. Percebi que tinha outra visão, outra maturidade, e coisas que eu já tinha escutado comecei a ver de outra maneira. […] Aí aquela dualidade do guri que escutava Guns and Roses e Led Zeppelin e queria tocar choro e samba mudou um pouco, porque comecei a me interessar pelo blues”, relata Lascano. De choro, samba e rock and roll, o interesse passou um pouco para MPB e blues, embora ainda quisesse seguir tocando o rock. Havia várias formas de inspiração, desde a literatura até filmes de cinema ou programas de TV.  Lascano definiu nessa época que queria fazer músicas “assim como faz Humberto Gessinger, assim como faz o Vitor Ramil” e que elas também fossem “como são as do Zé Ramalho” e “fazer uma balada inteligente tipo a do Caetano”. Junto com o blues, veio o gosto pela gaita harmônica diatônica (gaita do blues, diferente da gaita comum que costumamos conhecer). Aprendeu a tocar o instrumento com algumas dificuldades por volta de 2009. Hoje domina essa sonoridade.

Em 2011, iniciou a profissão de músico, de fato. A princípio ainda morava com a família, e a música não era seu sustento. Trabalhava também no comércio. Chegou a ingressar uma graduação em História, mas não concluiu. Em 2013 saiu da casa da família e passou a morar sozinho, mas a decisão de viver apenas da música não foi algo muito pontual. “Não sei determinar exatamente o mês ou o ano. Quando me dei conta, olhei pra trás e já estava fazendo isso há um baita tempo, pagando minhas contas e vivendo só com a música”, relata. Em 2015 dava aulas de gaita de boca em casa, outra forma de se manter com a música.

A gaita harmônica diatônica é uma das sonoridades integradas no trabalho musical de Lascano                  Foto: Divulgação 

 

Lascano já tocou com diversos músicos e fez parte de projetos como Diablues, Ventura, Toca um Blues Aí, Jam do Boteco, e várias outras formações em dupla e trio. Além disso, há o Plays the Samba, trabalho desenvolvido a partir de clássicos do blues e do samba, resignificando os dois gêneros.

As inspirações do músico vão de Vitor Ramil, Ney Lisboa, Humberto Gessinger, Zé Ramalho e Sérgio Sampaio até Led Zeppelin e grandes nomes do blues, como Elmore James, Jimmy Reed e Sonny Boy Williamson. Mas não só de reprodução de outros artistas vive o músico César Lascano. Após compôr em torno de 40 músicas, lançou um trabalho totalmente autoral em 2014: o Ruas Cruas. Com sete músicas denominadas por César como “MPB experimental”, o álbum mostra canções que falam sobre “a poesia abstrata dos prédios, de tantas ruas, e o mistério que há por entre os becos da Rua XV de novembro”, conforme a letra de “Rua XV”, por exemplo. Sons mais calmos como este, mas também músicas de ritmo mais marcante como “Correntes”, por exemplo.

Segundo o músico, o trabalho autoral vai ganhar forma mais uma vez com o álbum Visceral, que está em fase de produção. Além da música, César também transformou o gosto por literatura em prática de vida. Escreveu o livro “Contos da Arquibancada”, com contos e crônicas sobre futebol, ainda não lançado por falta de recursos.

Atualmente, César continua levando seus trabalhos mais próximo ao público, profissão que leva com carinho e dedicação. Quando ele questiona “Onde podem me prender? Aonde podem me levar?” na música “Correntes”, ele mesmo responde a pergunta: já tocou em diversas cidades da região e foi, junto com um de seus companheiros de música Wysrah Moraes, Uruguai adentro descobrir novos lugares e contatos para parcerias, em maio de 2017.

César Lascano continua músico, continua compositor, e agora, continua professor. Voltou a dar aulas de harmônica diatônica.

Além do canal do Youtube, você também pode ouvir o trabalho de César no SoundCloud.

Para quem quiser contatar, seja para shows ou para aulas, os telefones são (53) 99997-9582 e (53) 98126-2003. O e-mail é  <ruascruas@gmail.com>. Amanhã César Lascano toca no  Black Bison (Rua Félix Xavier da Cunha, 555, a partir das 20h)  e sexta-feira no Javali BeerBrew Pub (Avenida São Francisco de Paula, 4005, bairro Areal, a partir das 18h).

“Somos os ares da cidade, a feracidade, o ectoplasma das ruas”

(Trecho de Ruas Cruas)

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