Acads. Lourivaldo Junior e Marcela Lima
O Seminário da Consciência Negra de Pelotas – SECONEP – evento organizado e realizado anualmente por estudantes e servidores da UFPel, além da sociedade civil, completa em 2018 seus 10 anos.
A importância de se realizar um evento como este é o fato de levar à comunidade pelotense o conhecimento da cultura afrobrasileira e a valorização do povo negro, enquanto atuante no município, como contribuinte de cultura, empreendedorismo e educação.
Com o apoio do poder público municipal, sindicatos, imprensa e estabelecimentos comerciais locais, ao longo de suas edições o SECONEP teve por objetivos: valorizar ícones da sociedade pelotense; suscitar discussões acerca dos problemas que atingem a população negra regional, enfrentar o racismo e divulgar e vivenciar a cultura afro-brasileira.
A edição de 2018 ocorreu nos dias 21, 23 e 25 de novembro, homenageando as alunas negras da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), símbolos de resistência e dedicação neste espaço. Com abordagens artístico-culturais, científicas e sócio-antropológicas, ao longo desses dez anos, o evento alcançou um público estimado de 2500 pessoas, dentre elas 200 somente neste ano.
Nos dois primeiros dias da edição mais recente as atividades ocorreram no Clube Cultural Fica Ahí, um dos mais antigos da cidade de Pelotas, referencial por ser um dos primeiros clubes culturais negros na cidade. No dia 21, as atividades iniciaram com uma oficina de tambores que deu ritmo e descontraiu quem estava presente. Após, Rodas de Conversa com temas como “O Papel da Mulher Negra na Sociedade” e “Reflexões Sobre a Violência Contra a População Negra (física e simbólica)” foram abordados por palestrantes convidados.
Já no dia 23, trabalhos científicos foram apresentados desde o início da manhã, passando por uma Comissão Coordenadora de Trabalhos, que deu feedback para os apresentadores e os auxiliou na estruturação de seus trabalhos, com o objetivo de incentivar novos pesquisadores e promover conhecimento sobre temáticas ligadas à realidade da população negra. O tema geral dos trabalhos foi a aplicação da lei 10.639/03, que instituiu o ensino da cultura afrobrasileira no ensino básico.
O filme “Pantera Negra” foi reproduzido, trazendo a tona a importância das origens africanas, e preparando os participantes para as outras discussões que vieram a seguir como: “A universidade depois dos 30 (Como pessoas de mais idade se relacionam com o meio universitário)”, “Visibilidade da População Negra na Mídia” e “O Mercado de Trabalho e Sua Crescente Demanda Por Profissionais Capacitados.” fechando a noite de sexta-feira.
Como de costume, o SECONEP integra oficinas diretamente com a comunidade e no ano de 2018 não foi diferente. Realizado no Museu da Baronesa o “Kizomba na Praça”, com Oficinas de Arte-Educação, turbantes e penteados afro, Aula de Dança Afro, Pintura Facial, Hora do Conto, entre outras, ocorreu durante toda a tarde de domingo (25) contando também com a projeto da UFPel “PEPEU”, na qual alunos da música e de outros cursos da Universidade realizaram uma grande apresentação, a qual animou e encantou quem estava pelo Parque do Museu.
Cabe salientar que a realização do evento ao longo desses 10 anos somente foi possível graças ao trabalho incansável de muitos voluntárias e voluntários e ao apoio da Prefeitura Municipal de Pelotas, através da SECULT, do Clube Cultural Fica Ahi, da Padaria Esmeralda, dos bolsistas de Extensão: Arte na Escola e PEPEU, além de servidores do Centro de Artes, Coordenadoria de Inclusão e Diversidade e dos setores: de Infraestrutura, Planejamento, Comunicação Social, Extensão Universitária, Impressão e Transporte da UFPel.
Os registros fotográficos do evento estão disponíveis em: