‘Estamos vivendo um renascimento das relações entre Rússia e América Latina’, diz especialista
Nos últimos dois anos, registrou-se um ressurgimento das relações de Moscou com a região latino-americana, assegura a diretora do Comitê para a Cooperação Econômica da Rússia com a América Latina, Tatiana Mashkova, no âmbito do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, onde participam 130 países.
Há décadas, as autoridades soviéticas só se aproximavam da América Latina depois de terem concluído negociações com os Estados Unidos ou com a Europa, mas agora tudo mudou: “Até que enfim vejo um grande interesse na América Latina.”
“Estamos vivendo um renascimento das relações, uma nova etapa de nossa colaboração”, diz a funcionária em uma entrevista exclusiva à Sputnik.
Mashkova assegura que é necessário prestar atenção à relação de Moscou com as nações
latino-americanas porque é uma região
“muito especial para a Rússia”.
“Nós nunca tivemos nenhum tipo de contradição, de conflitos, nunca. Não há nenhum tipo de concorrência entre nossas economias”, afirma.
De fato, considera que é um problema que seu país não tenha um Tratado de Livre Comércio com nenhum país latino-americano. Um acordo desse tipo, diz, reforçaria as posições da Rússia no comércio internacional.
De acordo com a funcionária, os argumentos – como a distância ou a falta de informação sobre as economias da Rússia e da região latino-americana – utilizados para justificar a falta de aproximação, atualmente já não se sustentam.
Segundo ela, Moscou poderia encontrar
produtos da indústria têxtil nos mercados argentino, brasileiro ou mexicano.
Nesse sentido, se o país euroasiático enfrenta problemas com a transferência dos pagamentos devido às sanções unilaterais de Washington, não importa, porque é possível encontrar soluções alternativas.
“América Latina é um tema palpitante que realmente se tornou um tópico muito atual. Vejo-o trabalhando no Comitê Nacional para as relações com países da América Latina porque agora todos os dias temos ligações, cartas e mensagens de diferentes empresas russas“, aponta.
Mashkova afirma que o setor bancário russo, que sempre foi muito conservador, está atualmente muito interessado nos países latino-americanos e está à procura de contatos com instituições financeiras da região.
“Há que buscar mais possibilidades, há que analisar muito bem a informação […] sobre os produtos e serviços que a Rússia pode oferecer à América Latina e os produtos que a América Latina pode oferecer à Rússia“, diz.
Sobre os problemas que acarretam as sanções do Ocidente em áreas como o transporte, a logística e as transações monetárias, a funcionária sustenta que a solução poderia concretizar-se através do comércio compensado ou da troca.
“Entendo que há problemas, mas podem ser resolvidos”, conclui.
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