Resenha: Os oito odiados

Por Graça Vignolo de Siqueira

Sinopse:

“Durante uma nevasca, John Ruth (Kurt Russell) está transportando a famosa prisioneira Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh), a quem ele  espera ver enforcada depois de trocá-la por muito dinheiro. No caminho, os viajantes aceitam transportar o caçador de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson) e o xerife Chris Mannix (Walton Goggins), prestes a ser empossado em sua cidade. Como as condições climáticas pioram, eles buscam abrigo no Armarinho da Minnie, onde quatro outros desconhecidos estão abrigados. Aos poucos, os oito viajantes no local começam a descobrir os segredos sangrentos uns dos outros, levando a um inevitável confronto.”

Tenho que avisar desde o início: o filme é escrito e dirigido por Quentin Tarantino e é impróprio para menores de 18 anos. E se você conhece o diretor já sabe que é proibido para menores pelo excesso de violência.

Com 2h48 de duração Quentin faz o que gosta em seu oitavo filme. A começar por belíssimas imagens na neve, em quase metade da trama, filmadas em Ultra Panavision 70 e uma trilha sonora de arrepiar. Ponto para Ennio Morricone que já levou o Globo de Ouro de 2016 pelo excelente trabalho.

E quem já conhece o diretor fica esperando sangue. Mas a trama custa a acontecer. Embora seja um filme repleto de bons diálogos, o que exige muito dos atores, a ação demora muito.

A segunda inserção de Tarantino no gênero western, depois de Django Livre, tem uma introdução muito longa. Mas isso serve para o aprofundamento de cada personagem inicial. Porém, vou confessar, esses primeiros 80 minutos são difíceis de passar. 

A partir da chegada do grupo no Armarinhos da Minnie você já se depara com um filme em que, o enclausuramento das pessoas naquele local, aguardando a nevasca passar, culminará em explosão de ânimos a qualquer momento.

No local já estão o carrasco Oswaldo Mobray (Tim Roth), o vaqueiro Joe Gage (Michael Madsen), o velho general Sanford Smithers (Bruce Dern) e o mexicano Bob (Demián Bichir), que cuida do local na ausência de Minnie.

Mas é lógico que não são o que dizem ser, pois tudo que planejam é libertar Domergue.  Confinados, sem confiar uns nos outros, aguardam por um banho de sangue a qualquer momento.

O que complica a situação é o preconceito que paira no ar, pois ali estão uma mulher, um negro, um confederado, um britânico e um mexicano, causando discórdia nos acirrados discursos de ódio, em que retratam a sociedade americana pós-guerra civil.

Tarantino é roteirista e diretor, mas como é apaixonado por aparecer em todos os seus filmes, desta vez empresta sua voz para narrar as reviravoltas da história.

Bem, eu gosto da forma como Tarantino é independente. Admiro seu amor ao cinema. Aprecio algumas de suas histórias. Mas tenho que admitir que Os Oito Odiados é extremamente cansativo. Eu já não tinha mais posição na poltrona.

Quem o acompanha perceberá citações ao ótimo Bastardos Inglórios e à Cães de Aluguel. E sangue não faltará. Foram usados milhares de litros de sangue falso.

Uma das curiosidades em relação à trilha sonora é que o compositor Morricone a criou sem ver uma imagem sequer do filme. E mesmo assim podemos sentir terror e  tensão.

 

O diretor cumpre seu estilo. É muito bem filmado e editado, mas é um filme para poucos.

Trailer: 

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