O blues como forma de conexão artística em Pelotas

Apresentação da banda The Cotton Pickets. Foto: Rayane Lacerda/Arquivo Pessoal

Por Rayane Lacerda

Na noite do último sábado (14), Pelotas foi palco para a conexão entre cidades da metade sul do Estado por meio de um evento ocorrido no espaço Diabluras Gastronômicas, no centro da cidade. Trata-se de uma preview do Mississipi Delta Blues Festival (MDBF), acontecimento reconhecido por trazer o Blues como o principal estilo musical de suas atrações.

Ao chegar no local, foi possível notar a influência que caracteriza o Blues no Rio Grande do Sul. Com o Diabluras lotado de amantes da música e da arte, foi preciso sorte para entrar sem a compra prévia de ingressos.

A música iniciou por volta da meia-noite com a banda pelotense Diablues, que recepcionou o grupo caxiense The Cotton Pickets, ambos responsáveis por um show energizante junto a uma plateia entregue à música. Ao conversar com Andrei Osório, 20, espectador e amante do estilo musical, foi possível perceber a influência marcante das apresentações: “No dia do evento já pus meus pés no bar com a confiança de que ia presenciar algo bom e diferente do usual. E assim foi. As pessoas que visitaram o bar eram diferentes das de costume em eventos de jazz e rock em Pelotas. A atmosfera do local me levou diretamente a época de Robert Johnson, nos primórdios do Delta Blues.”

Nina Mayers: sinônimo de naturalidade feminina no blues

Ao chegar no espaço do evento, logo foi possível notar uma peculiaridade com a participação de uma musicista na banda Diablues. A presença de Nina Mayers, saxofonista do grupo, traz a representatividade da mulher dentro da música. Mesmo que no próprio Blues e Jazz hajam divas da música – eis Nina Simone e Anita Oday – ela comenta sobre o espaço musical como um todo: “O universo da música é bem, bem masculino, falando de uma forma geral – desde a produção, engenharia de som, músicos, interpretes, etc”.

Após ter o primeiro contato com o instrumento musical entre os onze e 12 anos de idade, Nina explica que percebe grande naturalidade ao pensar no seu trabalho artístico: “Para mim é muito natural, é o que eu faço. Toco há tanto tempo que não sei como não é fazer parte desse universo”. Além de ouvir músicas instrumentais com frequência, ela traz como inspirações Dinah Washington, Lightnin Hopkins, Ella Fitzgerald, entre outras.

A sua carreira musical iniciou em 2014 com a própria banda Diablues. “Eu frequentava bastante o Diabluras, quando ainda era no [bairro] Porto. Toda a semana tinha o Diablues e lá pelas tantas um dos responsáveis do projeto me chamou para fazer um som. Demorei um pouco, mas logo começamos a jornada”, conta Nina.

Além de realizar participações em discos de artistas pelotenses conhecidos, como a banda Musa Híbrida e o rapper Zudizilla, ela também mantém demais projetos fixos além do Diablues, como: Vuelvo Libre – projeto autoral do uruguaio Vicente Pimentero – e Orange Noir – projeto franco-brasileiro.

MDBF: o festival de blues dos gaúchos

Com a sua primeira edição ocorrida em 2008, o MDBF é um evento original do município de Caxias do Sul que recebe inúmeras pessoas de todo o Estado, unindo em uma só área amantes do Blues.

Apresentação de J.J.Jackson na primeira edição, em 2008. Foto: Reprodução

“Uma estrutura incomparável situada no local ideal, aliada a uma line up tradicionalmente repleta de atrações de altíssimo nível com a presença garantida de alguns dos expoentes mais autênticos do Blues […]”, consideram os organizadores. Para o ano de 2017, atrações nacionais e internacionais estão garantidas, as quais se dispersam entre cantores, compositores, guitarristas, baixistas e demais talentos. Ian Siegal, Andrea Dawson e Chris Jagger são exemplos de gênios que compõem a lista de músicos participantes do evento.

 

 

Foto: Reprodução/Facebook

O festival ocorre nos dias 23, 24 e 25 de novembro, em Caxias.

Para mais informações do MDBF: www.mdbf.com.br
Para conhecer o Diabluras Gastronômicas: www.facebook.com/diablurasbar

 

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