Literatura de cordel reconhecida como patrimônio cultural do país

A literatura de cordel ganha reconhecimento. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Por Roberta Muniz

Na última semana, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concedeu à Literatura de Cordel o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. A decisão foi concedida por unanimidade em reunião que aconteceu no Rio de Janeiro, dia 19, com a presença do Ministério da Cultura e da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

A Literatura de Cordel teve seu surgimento na Espanha e em Portugal, mas alcançou o seu auge aqui no Brasil, onde se mantém em grande alta no norte e nordeste do país desde meados do século XIX. Ao contrário dos demais tipos de literatura, o cordel é apresentado em “folhetos”, com suas capas em xilogravura – técnica de gravura em madeira para reprodução de imagens –, e além da escrita, usa muito da oralidade.

“Poetas, declamadores, editores, ilustradores, desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores, além dos folheteiros, como são conhecidos os vendedores desses livros, já podem comemorar a conquista”, anunciou o Iphan. Segundo o Instituto, inúmeros brasileiros sobrevivem da arte e, apesar desta ter nascido no norte e nordeste, hoje, pode ser encontrada por todo Brasil.

O estudante de enfermagem Josué Sousa, nascido em Fortaleza (CE), ao ser questionado sobre o reconhecimento diz que sente imensa alegria ao ver a literatura de cordel se tornar patrimônio cultural. “Alegria, imensa alegria. O sertanejo é humilde. A família, o gado e a fé são os maiores orgulhos. O cordel retrata isso, essa realidade, sofrida mas guerreira”, declara.

Na região onde cresceu e viveu a maior parte de sua vida, Josué conta que são ensinados desde crianças, nas escolas, sobre a história dos cordéis e que é muito entusiasmante que essa literatura tão comum ao povo do norte e nordeste esteja recebendo esse título. “Algo meu está sendo reconhecido pra todo mundo ver. Pela estrutura, conteúdo, história e grandes cordelistas, só o que posso sentir é alegria, daquelas que enche o peito e invade cada artéria”, conta.  

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