Educação no campo: um projeto de inclusão

Por: Yago Moreira

Na última semana, a equipe da EmPauta realizou uma visita à sede do curso especial de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e conversou com alunos e coordenadores do Programa Especial de Formação de Recursos Humanos e Formação no Campo, para saber como funcionam as atividades e como o programa é desenvolvido.

O programa, que teve início em 2011, visa alunos oriundos da Reforma Agrária e filhos de assentados de todo o país. Hoje tem como principal objetivo a formação e a capacitação de profissionais para atuar em suas comunidades. Esse projeto faz parte do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), criado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que abrange diversas áreas pelo Brasil.

As Turmas Especiais de Medicina Veterinária são uma realização da UFPel juntamente com o Incra. As aulas seguem o currículo da Universidade, que também fornece as estruturas de moradia, salas de aula e professores. Alimentação, transporte e materiais para aula prática e de laboratório são fornecidos pelo PRONERA.

Formação acadêmica e política se combinam. Foto: Ana Luiza Schuch
Formação acadêmica e política se combinam. Foto: Ana Luiza Schuch

O curso é sediado no prédio da antiga AABB, onde os alunos estudam e moram. Além do currículo básico da graduação, eles têm formação política de acordo com o método pedagógico do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Os estudantes fazem sua própria gestão interna. São organizados em Núcleos de Base, que dividem as tarefas de manutenção do espaço, como limpeza e alimentação. Além disso, cada turma possui um casal de coordenadores, que também são alunos do projeto.

“Os cursos do PRONERA são divididos em tempo escola e tempo comunidade. Um período em que eles ficam aqui para assistir as aulas e outro em que eles voltam ao assentamento para aplicar o que aprenderam,” explica a coordenadora pedagógica Cátia Faria Gonçalves. “Nosso objetivo é que além da formação técnica como Médicos Veterinários eles tenham uma formação política voltada ao assentamento”, completa.

Estudantes estudam e moram no prédio da AABB. Foto: Ana Luiza Schuch
Estudantes estudam e moram no prédio da AABB. Foto: Ana Luiza Schuch

O estudante Marco Antônio, coordenador de uma das turmas, ainda ressaltou a importância dessa iniciativa: “O projeto é extremamente válido, sem ele a maioria de nós não teria condição de fazer esse curso. A demanda nos assentamentos é muito grande, onde moro há cerca de 1200 famílias e nenhum médico veterinário.”

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