Direito e Rock: A desconstrução social por um ritmo musical

Imagem de divulgação do evento. Foto: Feira do Livro/Facebook

Por Lia Xavier

Na noite da última sexta (10), ocorreu na 45ª Feira do Livro de Pelotas, realizada na Praça Coronel Pedro Osório, o painel Direito e Rock: #VemPraRua, que buscava apresentar os elementos e as indagações de até que ponto esse estilo influenciou nas desconstruções da sociedade e até onde ele pode ser um meio para interpretar as relações humanas e políticas. Organizado pela Câmara de Pelotas e OAB de Pelotas, o evento contou com os professores do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Carlos Dominguez e Fábio Cruz, e do Doutor em Direito e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Uniritter, de Porto Alegre, Germano Schwartz.

Com a intenção de introduzir ao público a importância do rock na sociedade, Germano conta toda a história de criação do ritmo, que, conforme relata, até ele desconhecia antes de realizar suas pesquisas sobre o assunto. Vindos da Europa em busca de uma nova vida, pela promessa do direito de ter direitos, os imigrantes viajavam trazendo, além de suas malas, violões e banjos e com estes cantavam músicas de lamento e de saudade de suas casas e essa música foi levada ao interior dos Estados Unidos, dando origem ao ritmo country. De outro lado, temos os negros, também sendo trazidos às Américas, mas com uma promessa jurídica completamente diferente. Saiam da África, onde ainda possuíam alguns direitos, para essa nova terra, onde não teriam direito algum. Durante esse percurso, de um continente a outro, também entoavam seus cânticos de lamúrias e tristezas – cantos esses que originaram o blues. .

Painelistas explicando a importância do rock na sociedade. Foto: Lia Xavier

No final dos anos 40, quando esses dois estilos se fundiram, foi pouco divulgado, devido ao fato de terem sido os negros que se utilizaram desse novo ritmo. No final dos anos 50, com a figura que foi o marco do estilo, pois tinha todos os atributos buscados, Elvis Presley trazia luz a esse ritmo musical.

Os debatedores argumentaram que é fundamental discutir sobre a música porque se pode falar da história utilizando-a para pensar como era a vida naquela época, além de poder discutir opiniões e comportamentos importantes, para determinar o que foi trazido daqueles anos para hoje. “A necessidade de se expressar é uma coisa que move o ser humano, então a música ela realmente é revolucionaria por que a partir da sua cultura de expressão muita coisa se fez no mundo inteiro”, comenta o professor Carlos.

Na visão do professor Fábio, a cobertura jornalística a respeito das bandas de rock é bastante deficitária. Em parte pela cultura do lucro que, em busca da monetização, prefere a rapidez à qualidade de informação. Com o aporte dos resultados de suas pesquisas, e baseando-se no filósofo francês Roland Barthes, traz duas classificações que são comuns nas notícias sobre esses grupos: a antítese, que é relacionar dois percursos diferentes em um único centro (como, por exemplo, os clichês preconceituosos que todo músico e fã de rock é drogado); e, também, a causa perturbada, que descontextualiza toda a informação, excluindo da narrativa os “comos” e os “porquês”, o que para Barthes não deixa de ser uma forma de sensacionalismo.

O que nenhum dos palestrantes discordou foi que ainda há a influência das “velhas bandas” de rock sobre as atuais. Os Beatles, segundo Fábio, invadiram a América no melhor momento. “Em 1964, as pessoas ainda viviam sobre o trauma do assassinato do presidente Kennedy. Cidadãos norte-americanos, principalmente os mais jovens, queriam algo mais leve, eles precisavam disso, então esse foi o momento certo dos Beatles adentrarem a América”.

A 45ª edição da Feira do Livro de Pelotas se estende até o dia 19 de novembro (domingo), das 13h às 22h.

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