As roupas dos manequins não mudam mais apenas nas trocas de estações

Evento Fashion Revolution incentiva a sustentabilidade na hora de se vestir

Por Camila Pergentino

Um pensamento mais sustentável e humano. Esse foi o foco principal do evento Fashion Revolution, ocorrido na Secretaria de Cultura, localizado na Rua Lobo da Costa ao lado do Casarão 2, prédio da SECULT, que contou com a participação de lojas independentes e brechós. A Fashion Revolution é um evento mundial que tem cinco anos e teve como ponto de início o desabamento do prédio Rana Plaza, em Bangladesh. A tragédia deixou mais de 650 mortos pela falta de regulamentação de estrutura do edifício em 2013.

O que para algumas pessoas parece inofensivo é o mal de milhares de trabalhadores no mundo afora. Desde os anos 60, com a revolução industrial, confeccionar roupas foi se tornando um trabalho de condições precárias. Isso acontece devido às exigências dos consumidores de desejar sempre vestir peças de baixo custo e à sede compulsiva de lucro dos empresários. Cada requisito dessa conduta que o mercado atende, aumenta o número de funcionários terceirizados em fábricas têxteis. Trabalhar em situações perigosas, ou como mostra o documentário The True Cost (disponível na Netflix) “fábricas de suor”, não é uma opção viável a esses funcionários, e sim, a solução para a sobrevivência.

Entende-se que a moda é uma das indústrias mais poluentes do planeta. Países em desenvolvimento do oriente, como o Bangladesh, cujas seguranças e direitos trabalhistas são quase nulos, são alvos de locais de produção de peças para as Fast Fashion (termo concedido às lojas em que roupas de baixo custo e baixa qualidade são vendidas, para que sejam substituídas pelos compradores da forma mais rápida possível). Nestes países, não há direitos sindicais, o salário mínimo é exacerbadamente baixo, não existe aposentadoria e não há subsídio de maternidade.

 

O evento já está na sua segunda edição em Pelotas. O destaque do período foi o último dia do evento (28), onde houve a atuação da feira criativa de roupas e de outros materiais sustentáveis. Houve também a participação de food trucks, espaço Photo Booth, arara colaborativa, sendo possível trocar peças de roupas por outras da arara e bandas como Be Livin e os DJs Pedro Crizel, Vania e Vanessa e Dola. Nos dias anteriores, a organização disponibilizou workshops, palestras, rodas de conversa e a exibição do filme River Blue no cine UFPel, longa-metragem que mostra os males para os rios no processo de tingimento de tecidos.

O evento teve como representante da cidade a professora de design de moda do IFSul, Frantieska Schneid (veja a sua entrevista no vídeo) e a coordenação foi da parte da Camila Oliveira. Como parceira, a Fashion Revolution de Pelotas contou com o IFSul, Secult, Sanep, UCPel, Cine UFPel e a empresa Allmofada’s.

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Fotos e vídeo: Camila Pergentino

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