Projeto elabora Programas de Acessibilidade para os museus de Pelotas

Por Roger Vilela

Com equipe integrada por estudantes da UFPel, documentos serão entregues aos museus em dezembro

Para elaborar os Programas de Acessibilidade de seus museus institucionais – Museu do Doce, Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter (MCNCR) e Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG) – e adequá-los à lei, a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PREC) e a Rede de Museus da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) deram início ao projeto “Um museu para todos: Programas de Acessibilidade”.

Além dos três museus institucionais, participam do projeto o Memorial do Anglo, localizado no Campus Porto da UFPel, e o Museu da Baronesa, pertencente à Secretaria da Cultura da Prefeitura de Pelotas. O projeto, coordenado pela professora Desirée Nobre, iniciou suas atividades em outubro de 2019. Sua equipe é formada por estudantes – todas mulheres – de diferentes cursos da UFPel – da Terapia Ocupacional a História, da Museologia a Pedagogia. Todas as integrantes atuam como voluntárias.

As integrantes do projeto “Um museu para todos” com a equipe do Museu da Baronesa durante visita guiada Fonte: Rede de Museus da UFPel

Sobre essa convivência de diferentes disciplinas em um mesmo projeto, Nobre comenta que a “acessibilidade é uma área interdisciplinar e sendo os museus instituições que englobam, também, muitas áreas do conhecimento, é fundamental que estas áreas conversem entre si, dentro de suas especificidades, para que juntas consigam trabalhar de forma mais efetiva para alcançar a universalidade do acesso”.

O que é um Programa de Acessibilidade?                                                                         

Um Programa de Acessibilidade consiste em um conjunto de políticas institucionais que buscam promover o acesso universal aos museus.

Com a sanção da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146), em julho de 2015, foi incluída no Estatuto dos Museus (Lei nº 11.904/09) a obrigatoriedade para os Planos Museológicos dos museus de todo o País apresentarem um Programa de Acessibilidade.

Um Plano Museológico é o documento que, segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), “define conceitualmente a missão, a visão, os valores e os objetivos da instituição, e alinha, por meio de um planejamento estruturado e coerente, seus programas, seus projetos e suas ações”.

Etapas de criação
Em novembro do ano passado, as integrantes do projeto visitaram os museus com o objetivo de realizar o diagnóstico das condições de acessibilidade para pessoas com deficiência. Os resultados das análises foram apresentados às equipes dos museus entre os meses de julho e agosto de 2020.

Devido à pandemia do novo coronavírus e a necessidade de distanciamento social, a apresentação dos resultados dos diagnósticos e as etapas posteriores do projeto foram realizadas on-line, por meio de webconferência. 

A acessibilidade é um conceito que está dividido em sete dimensões, que são: acessibilidade atitudinal, arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e web.  

Nas instituições analisadas pelo projeto foram encontradas fragilidades em todas as dimensões. Problemas que a professora Nobre atribui à falta de recursos humanos e financeiros.

Com os diagnósticos feitos e as fragilidades identificadas, a próxima etapa do projeto se constituiu na realização de oficinas de capacitação em acessibilidade cultural, que tiveram como público-alvo as equipes dos museus (outros servidores e estudantes também puderam se inscrever). Foram sete no total, que abordaram temas levantados pelos próprios servidores das instituições. Entre os assuntos tratados, estavam o uso de linguagem simples, a descrição de imagens e a acessibilidade nos museus no pós-pandemia.

No fim do mês de setembro, começou o desenvolvimento dos Programas de Acessibilidade, a última etapa do projeto, que foi dividida em duas partes. A primeira – que ainda está em andamento – é uma série de encontros (dois com cada museu) entre a equipe do projeto e os servidores das instituições. Para as reuniões, as integrantes do “Um museu para todos” se dividiram em duplas interdisciplinares.

Cada dupla é responsável um por museu. Nos encontros são discutidos temas referentes à acessibilidade e às instituições. A segunda parte é a elaboração dos Programas de Acessibilidade, que serão produzidos pelas voluntárias do projeto a partir dos resultados dos diagnósticos e das reuniões. A entrega dos programas para os museus está marcada para acontecer em dezembro.

Nada sobre nós sem nós
No final do século 20, nos Estados Unidos, surgiu o lema “Nada sobre nós sem nós” (“Nothing about us without us”, em inglês), que se tornou um símbolo da luta pela inclusão e dos direitos da pessoa com deficiência. 

A frase, que também representa a luta de outras minorias, significa que todas as decisões que dizem respeito às pessoas com deficiência devem ser tomadas com a participação das próprias pessoas com deficiência. 

Para que um Programa de Acessibilidade seja realmente efetivo, é necessário a participação de uma pessoa com deficiência em sua elaboração, pois será ela quem realmente utilizará os recursos disponibilizados. “Por mais que uma pessoa sem deficiência tenha experiência [na área de acessibilidade], ela jamais saberá qual será a verdadeira necessidade da pessoa que tem algum tipo de deficiência”, comenta Leandro Pereira, pessoa cega, museólogo e consultor do projeto “Um museu para
todos”.

Leandro, que ficou cego na fase de vida adulta, começou a cursar Museologia em 2016. Ele conta que foi no curso que percebeu que o planejamento da acessibilidade nos museus era realizado apenas por pessoas sem deficiência e que isso ocasiona a produção de ações e recursos pouco efetivos.

Os museus: participação das equipes e suas ações
Para as equipes das instituições que integram o projeto, a promoção do acesso universal e igualitário aos museus e seus acervos deve ser um objetivo de toda instituição museológica. “O acesso universal ao conhecimento produzido, divulgado e em potencial que nossos museus [públicos e universitários] possuem, tem que ser encarado dentro de uma lógica que passa pelo direito universal de acesso, pelo pensamento crítico e a transformação da sociedade”, afirma Joana Lizott, museóloga do MALG.

A participação no projeto possibilitou aos servidores dos museus perceberem problemas que antes não estavam evidentes. Carolina Silveira, técnica-administrativa do MCNCR, tem baixa visão e não consegue ler o conteúdo das legendas das peças expostas no museu, devido ao tamanho diminuto das etiquetas. Participando do “Um museu para todos” ela entendeu o quão excludente é esse e outros problemas  existentes na instituição. Para Lizott, participar do projeto foi esclarecedor. “Acredito que contribuiu para rever algumas ideias, corrigir equívocos e na construção das propostas”, comenta.

A museóloga conta que o desenvolvimento do Plano Museológico do MALG ocorreu durante sua participação no projeto. Com isso, foram incluídas nele algumas questões voltadas à acessibilidade. “O programa de acessibilidade elaborado junto ao projeto foi pensado totalmente alinhado com as diretrizes traçadas no plano. As ações que foram elencadas são assim exequíveis e possíveis dentro do planejamento pensado para os próximos dois anos”, explica Lizott. 

O Museu Carlos Ritter, a partir das reuniões com o projeto, elaborou um documento que elenca algumas propostas para a sua política institucional de acessibilidade. Entre as ações presentes no texto, estão oficinas de capacitação para os funcionários e monitores do museu e a instalação de um elevador interno com acesso ao segundo piso. Segundo Silveira, com a recente renovação do contrato de aluguel da sede do MCNCR, a instalação do elevador já foi acordada com o proprietário do prédio.

No Museu da Baronesa, de acordo com a diretora Fabiane Moraes, o foco principal será a capacitação dos servidores, mas que vão buscar, através de editais de fomento, recursos para a aquisição dos equipamentos necessários para a efetivação da acessibilidade na instituição.

A acessibilidade cultural em pauta na UFPel
A acessibilidade cultural começou a ser pauta na UFPel entre os anos de 2011 e 2012, com o projeto de extensão “O Museu do conhecimento para todos: inclusão cultural para pessoas com deficiência em museus universitários”, coordenado pela professora Francisca Michelon, atual Pró-Reitora de Extensão e Cultura da  Universidade.

Em 2018, a Comissão de Apoio ao Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (CONAI) solicitou às Pró-Reitorias da UFPel que desenvolvessem planos de acessibilidade. Em julho de 2019, foi publicado o plano da PREC.

O documento, elaborado pela professora Desirée Nobre, prevê uma série de ações a serem realizadas até o segundo semestre de 2021. Entre elas está o desenvolvimento de Programas de Acessibilidade para os museus institucionais da UFPel.

No fim do ano passado, foi lançado o e-book “Um museu para todos: manual para programas de acessibilidade, também de autoria da professora Nobre. A possibilidade de pôr em prática o conteúdo do manual e de cumprir uma das metas do plano de acessibilidade da PREC foram os motivadores para a criação do projeto de extensão “Um museu para todos”.

Capa do e-book “Um museu para todos: manual para programas de acessibilidade” Fonte: Reprodução

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Novo espaço cultural para Pelotas

Por Rafaela Rosa

A Casa de Música da Cidade será na Estação Férrea; local acolherá agenda plural

Uma parceria entre Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Secretaria Municipal de Cultura (Secult) e Grupo Guanabara renderá mais um espaço cultural à Pelotas: a Casa de Música da Cidade. Ela estará localizada em um dos galpões da antiga Estação Férrea e promete ter como principal característica a pluralidade. A princípio, no dia 14 de novembro, será lançada a marca do local, junto com uma campanha de arrecadação de brinquedos para o Natal e, em seguida, a inauguração oficial.

 

A antiga Estação Férrea terá espaço para oficinas e apresentações (Foto: Marcel Ávila/Arquivo Prefeitura Municipal de Pelotas)

De acordo com o coordenador de Arte e Inclusão da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPel, professor Fernando Igansi, a ideia do espaço surgiu com a necessidade da UFPel ampliar seus equipamentos culturais. “Consideramos novos espaços para a atuação de qualificação e execução de atividades culturais na área de música, levando em conta as parcerias com o setor organizado da sociedade”, completa, fazendo referência à Secult e ao Grupo Guanabara.

Para o local foi pensado instalar oficinas e ensaios de grupos, tanto os de música da Universidade quanto os da comunidade externa. “O espaço sediará os ensaios desses grupos, como por exemplo a Orquestra de Crianças do Ginásio do Areal e o Coral da Universidade”, exemplifica Igansi. Para ele, o resultado desses ensaios irá gerar produtos artísticos com a apresentação de um repertório de músicas qualificadas à comunidade, de maneira descentralizada. O espaço já foi requalificado e uma nova vistoria técnica está programada.

Depois desses procedimentos, a UFPel, a Secult e o Grupo Guanabara assinarão um termo de cooperação técnica, artística e cultural que será o instrumento institucional dessa parceria, ficando na responsabilidade da pasta municipal o agenciamento dos agentes de portaria e limpeza. Já o Guanabara ficará encarregado pelo empréstimo do espaço e a Universidade por administrar a agenda. Para a inauguração no dia 14 de novembro, está sendo planejada uma campanha de arrecadação de brinquedos chamada “Natal Solidário Casa de Música da Cidade”, que deverá distribuir os presentes no dia 20 de dezembro. “A comunidade ganha um espaço cultural para desenvolver atividades voltadas à qualificação da música e a cidade ganha a possibilidade de interação com as futuras oficinas”, destaca o
docente, orgulhoso.

Para o Secretário de Cultura de Pelotas, Giorgio Ronna, a Casa de Música da Cidade será um importante equipamento para convidar a sociedade a se reencontrar no pós-pandemia. “Ao mesmo tempo que oferece arte e educação para a comunidade, oferece aos agentes culturais um espaço de ensaio e apresentações”, destaca. Além disso, ele acredita que a parceria entre a empresa Guanabara, UFPel e a Prefeitura é frutífera e um importante movimento de descentralização do fazer cultural. O supervisor de marketing do Guanabara, Luciano Canteiro conta que para o grupo é uma grande satisfação poder fazer parte de uma parceria que envolve a UFPel e a Prefeitura. “A responsabilidade social é um dos valores que são continuamente desenvolvidos internamente com nossos colaboradores e entendemos que poder contribuir para a sociedade de Pelotas, com a criação de um projeto tão bacana como vai ser a Casa da Música, é mais uma oportunidade de materializar esse importante pilar da empresa”, ressalta.

Espaço está sendo organizado com um ponto descentralizado para atividades culturais (Foto: Carlos Queiroz)

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Borat está de volta

Por Milena Schivittez

Personagem jornalista do Cazaquistão mostra América em sua face mais grotesca

Os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, em meio a uma pandemia e com eleições se aproximando. Não haveria momento mais propício para a volta do segundo melhor jornalista do Cazaquistão à América. O filme “Borat: Fita de Cinema Seguinte”, lançado no final de outubro pela plataforma de streaming Prime Video, nos apresenta o regresso do personagem criado e interpretado por Sacha Baron Cohen, 14 anos depois do primeiro filme. Desta vez, Borat tem a missão de estreitar os laços entre os EUA e seu país, que foi ridicularizado após os eventos de sua última grande aparição.

O longa segue o mesmo formato do anterior, um documentário falso (mockumentary), no qual grande parcela dos personagens são pessoas reais que não fazem a mínima ideia de que estão diante de Sacha e pensam estar sendo filmados para um documentário ou apenas para uma entrevista. 

Sacha Baron Cohen retorna com seu personagem marcante (Foto: Divulgação/Amazon Prime Video)

Nesta sequência, o jornalista cazaque, ao lado de sua filha Tutar (Maria Bakalova), vai atrás do vice presidente americano, Michael Pence, vestido de “McDonald Trump”, interrompendo seu discurso na CPAC (Conservative Political Action Conference), participa de um evento de extrema direita supremacista contra as políticas de combate a Covid19 e a favor do armamento, fica de quarentena com uma dupla de republicanos que acreditam e espalham teorias da conspiração contra democratas e, por último, realiza uma “entrevista” com Rudy Giuliani, advogado de Trump, que acaba por ser a cena mais polêmica (e genial por parte de Baron Cohen) do filme.

Borat é a representação do nacionalismo extremo, sempre trazendo diversos comentários antissemitas, racistas e misóginos, o que é exposto como característico de seu país. É um personagem que se coloca em diversas situações absurdas, que geram desconforto e vergonha em quem está assistindo, mas que se encaixam no pensamento do atual governo americano e de seus apoiadores, que são mostrados ao longo do filme. 

Contudo, há sopro de humanidade em “Borat 2”, vindo de uma senhora negra chamada Jeanise Jones, que é contratada pelo cazaque para ser babá da sua filha Tutar. Jones se preocupa com a forma como a menina é tratada pelo pai e tenta impulsionar a mesma a seguir o próprio caminho. A popularidade foi tanta em torno da forma carinhosa e genuína que Jeanise trata Tutar, que uma vaquinha virtual foi criada para ajudá-la, pois Jones perdeu o emprego devido à pandemia. 

Há mistura de ficção e realidade no encontro da filha Tutar (Maria
Bakalova) e Jeanise Jones Foto Reprodução/Amazon Prime Video

Por conta da repercussão do filme, algumas personalidades mostradas no longa foram a público afirmar que se sentiram lesadas por não terem sido informadas sobre a verdadeira intenção das filmagens, o que mais uma vez expressa a genialidade de Sacha Baron Cohen em conseguir expor o pensamento preconceituoso da população conservadora ao deixá-los pensar que estão diante de um companheiro.

Extremamente atual, afiado e absurdo na medida certa, “Borat: Fita de Cinema Seguinte” se consagra não somente como uma sequência digna, mas como um dos filmes mais importantes lançados no ano de 2020.

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Música e bom humor de baterista

Por Rafaela Martins dos Santos

Conheça os vídeos de Gabriel Faro durante a quarentena

Já parou para pensar quais são os maiores desafios de um baterista na quarentena? Se essa dúvida nunca passou pela sua cabeça, então você precisa conhecer o Instagram do músico pelotense, Gabriel Faro. Em vídeos curtos, de pouco mais de um minuto, Gabriel apresenta situações inusitadas, que unem música e humor.

Gabriel Faro é estudante do nono semestre de Composição Musical na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem investido na criatividade para ganhar espaço nas redes sociais. O projeto de vídeos publicados no Instagram, conta a rotina de Faro de um jeito um tanto quanto inusitado. “Eu comecei a analisar que é quase como se fosse uma crônica. O cronista tem essa questão do dia a dia e é mais ou menos o que eu faço nos vídeos. E acho que as pessoas se identificaram com isso”, contou Gabriel.

A ideia tem dado certo, e ele vem conquistando visibilidade até mesmo internacional com seus vídeos. “Eu consegui umas coisas que eu nem imaginava que eu fosse conseguir, tipo viralizar um vídeo tocando bateria”, comentou Gabriel sobre o episódio em que ele toca bateria vestindo uma fantasia de dinossauro, vídeo que chegou ao marco de 26,4 mil visualizações.

A produção é toda própria, incluindo roteiro, composição das músicas, filmagem e edição. A única ajuda que ele recebe, vem das participações que a família faz. Sua avó é presença especial nas produções. “Eu botei ela meio para descontrair, sabe?! Porque tá todo mundo nessa de não poder sair, principalmente ela que já é idosa, então isso ajuda a descontrair, e ela adora fazer”, explicou.

E ela vem fazendo sucesso com o público: “Às vezes os caras comentam nos meus vídeos: Ah, que legal, mas cadê tua avó?”. Além dela, a mãe e até o cachorro já fizeram participações, “o único que eu não consegui convencer ainda é o meu avô”.

Um detalhe importante dos vídeos é que as músicas são todas autorais. Composições próprias, que servem como projetos de experimento para o estudante. “É uma coisa que eu sempre prezei, tem a questão do humor, mas eu sempre prezo pela questão musical ser de bastante qualidade, eu sempre tenho que estar tocando de uma maneira que eu me sinta satisfeito”, pontua o músico.

Para o futuro, o baterista já tem ideias a serem exploradas. “Eu queria fazer vídeo na rua, em lugares inusitados. Eu ainda tenho planos de testar várias acústicas em Pelotas”, ele adiantou. Para ver mais dessas produções e acompanhar o trabalho do Gabriel, é só buscar pelo perfil @gabrielfarod no Instagram.

Gabriel Faro divulga composições próprias através dos vídeos inusitados

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Ciena em Canguçu é transferida devido à pandemia

Por Jéssica Timm

Evento ocorreu de forma online durante o período de isolamento social

A Ciranda Estudantil Nativista (Ciena), evento anual que celebra a cultura gaúcha no município de Canguçu, não pode ser realizada de forma presencial no ano de 2020. O movimento que ocorreria nos dias 22, 23 e 24 de outubro precisou ser adiado em virtude da pandemia do novo coronavírus. Criada em 1987, a Ciena surgiu com o intuito de despertar o interesse de crianças e jovens pela cultura gaúcha. São contados 33 anos do evento, com apresentações artísticas e culturais nas modalidades de: artesanato, declamação, culinária, instrumentos musicais, canto e dança.

O símbolo do festival é a Ciranda, brincadeira de roda infantil que neste contexto, representa o círculo de união e respeito dos estudantes e comunidade escolar.

Reunindo cerca de 2 mil alunos de toda rede pública de ensino e atraindo um público de cerca de 10 mil pessoas, a celebração é um marco no mês de outubro para a cidade de Canguçu, conforme coloca a integrante da comissão responsável pelo evento, Roberta Oliveira:  “A Ciena é uma mistura de emoções, quando se tem a culminância de todo trabalho realizado por alunos, professores, equipe diretiva e comunidade escolar. A cada apresentação, uma superação, em que não se imagina a história de cada um para conseguir chegar até ali”, destaca.

Apesar da impossibilidade da realização do evento presencial, foram realizados outros projetos para resgate e culto as tradições. No dia 23 de outubro, o Departamento Municipal de Cultura, realizou uma live no Facebook, pela página Festejos Farroupilhas, com avaliadores e alguns ganhadores das últimas edições, buscando relembrar e celebrar o evento. Além disso, no final do ano ainda estão sendo preparados outros projetos com essa temática. 

“Teremos em dezembro o evento virtual de Mostra de Culturas, em que os alunos poderão demonstrar os seus talentos virtualmente”, completa Roberta. O coordenador de danças, Guilherme Ellwangue, também é um dos responsáveis pela execução de propostas para valorização dessa solenidade, através de apresentações online nas escolas onde trabalha. “Para me aproximar novamente dos meus dançarinos, mesmo que, virtualmente, preparei o projeto ‘Ciena é tradição, em casa’,” explica.

Nesta proposta, cada aluno poderia mandar um vídeo de no máximo 30 segundos. “Tivemos lindas participações em nossa Ciena virtual, proporcionados pelos dançarinos das sete escolas onde ensaio, somando 16 grupos de dança”. Guilherme ainda frisa as dificuldades de trabalhos culturais em meio à pandemia do Coronavírus e a importância de maiores investimentos nessa área.

“A escola pode proporcionar culturalmente o crescimento destas crianças, jovens e adultos do nosso município, que estão se desenvolvendo melhores seres humanos, sabendo desde cedo que participar deste evento é investir em cultura, não somente investir em dinheiro, mas em buscar e descobrir o seu dom e o seu talento. Investir em cultura não é dinheiro jogado fora”. 

A previsão para o próximo ano é de retomada das atividades presenciais do evento, conforme coloca o ex-secretário de educação e vice-prefeito da cidade, Cledemir de Oliveira Gonçalves. “Esperamos que a situação referente ao Covid-19 já tenha se normalizado para o próximo ano. Pois temos uma grande expectativa com relação ao tradicionalismo de Canguçu. Em agosto de 2021, realizaremos a Distribuição Estadual da Centelha da Chama Crioula, e queremos junto a este grande evento, disseminar o nome da Ciena, envolvendo os alunos das redes de ensino, afinal, são dois eventos marcantes e com valor imensurável para o município.”

Abertura da Ciena na realização de outubro de 2018

A Ciranda além de reunir toda a comunidade escolar também é responsável pela revelação de talentos da cidade. Com a sua realização, o apreço pela cultura gaúcha e a integração em Centro de Tradições Gaúchas (CTGs) cresceram significativamente nos últimos anos.

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Grupo Sente o Clima Samba Clube produz novo EP durante isolamento

Por Valesca Silva de Deus

Em distanciamento social, grupo enfrenta desafios do mercado musical em Pelotas

A pandemia de coronavirus em 2020 causou diversos prejuízos na saúde, economia e interação social no mundo. Estabelecimentos se reinventaram durante o período de crise para seguir pagando as contas, por meio de sistema de entrega de mercadorias, pague e leve e vendas online. No setor artístico, o impasse não foi diferente, a classe está entre os segmentos mais afetados com os cancelamentos de shows presenciais. Vários artistas, no entanto, criaram uma forma de continuar interagindo com o público de forma online, através de apresentações em lives.

O período de isolamento social foi um desafio para produzir conteúdo ou esperar a crise passar? Para o Sente o Clima Samba Clube de Pelotas, a estratégia foi mostrar um novo projeto mesmo dentro da instabilidade do momento. Em entrevista ao vivo pela Rádio Acústica FM, no dia 17 de setembro, a banda de swing e pagode, formada por Jonathan Dias, Regis Daian, Guilherme Galle e Lucas Calçada, compartilhou a experiência de ficar isolado durante um tempo em uma residência no Cassino em Rio Grande. Naquele espaço, o objetivo era desenvolver o novo EP “Dentro de casa. Fora da caixa”. 

Segundo Daian, o grupo terminou o ano de 2019 com muito trabalho e iniciou 2020 repleto de projetos para todo o ano. Porém foi impedido de realizar todas essas ideias por causa da ascensão da epidemia do Covid-19. Com o impacto do isolamento social também aumentou a saudade da conexão presencial. Mas nem tudo estava perdido: “O público estava cobrando, já tínhamos planos de gravar e então colocamos em prática”, destaca. Para a gravação, foram sete dias de processo criativo dentro de uma casa. Esse tempo permitiu começar o EP do zero. E, deste projeto, surgiu um documentário de seis episódios, disponível no YouTube.

Neste material, estão os bastidores do isolamento, registrado pelo grupo, processo criativo, lazer da banda, ensaios, produção de arranjos e bastidores do projeto: “As coisas foram fluindo naturalmente dentro do trabalho coletivo”, afirma o músico. O cantor Guilherme acredita que a pandemia ensinou outras formas de trabalhar.

Durante a entrevista, eles ainda destacaram um novo formato de apresentação no dia 24 de setembro. A banda participou de um show drive-in em uma associação rural de Pelotas. A organização do evento transmitiu o show ao vivo. Ainda durante o bate papo, os músicos mencionaram um episódio atípico envolvendo a música “´Só Para Você Saber” em 2019. Nessa oportunidade, o jogador de futebol Neymar divulgou o trecho da canção em suas redes sociais, quando ocorreu a sua separação da atriz Bruna Marquezine. Com essa divulgação, o grupo Sente o Clima recebeu visibilidade internacional.

Desde 2010 o conjunto passou por mudanças de membros, além de produtor, Regis é o único integrante da formação inicial: “O respeito é essencial para manter o coletivo da banda”, destaca Guilherme. “Ensaio Maker” não será lançado neste ano, no entanto um novo projeto surpresa deve ser liberado em breve. Para contratar a banda é necessário ligar para (11) 9992.993.66 com Alcateia Entretenimento. Também
podem ser feitos contatos pela página do grupo no Facebook

Assista a entrevista

Confira o último episódio do documentário

Sente o Clima Samba Clube gravou documentário com seis episódios. Conheça os componentes: Guilherme Galle (E), Lucas Calçada, Jhonatan Dias e Regis Daian (D)

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Tropa Dark Side: a cultura geek como educação

Por Carolina Amorim

Devido a pandemia e ao falecimento do fundador do projeto, Tony Gonçalves, a Tropa volta aos poucos, porém, a gratidão dos alunos e colegas permanece

O mundo geek chama atenção de muitos jovens quando o assunto é entretenimento. Na Escola Estadual de Ensino Médio Professor Carlos Loréa Pinto, porém, um novo projeto voltado aos alunos foi discutido em 2015, quando o professor de Língua Portuguesa, Tony Gonçalves, juntamente com os educandos, criou a Tropa Dark Side. Este projeto visa atividades pedagógicas para a inclusão e respeito entre os alunos rio-
grandinos. 

Proporcionando aos estudantes uma nova “família”, a Tropa Dark Side deixa a escola com mais um aspecto: um local de criação. A cultura geek é o tema do projeto para complementar o currículo e uma maneira de fugir das práxis tradicionais de quadro e giz. Permite a união entre animes, séries, filmes e educação, além de fazer referência em seu nome a um dos maiores clássicos geek: a série de filmes “Star Wars”.

Willian Portela, o primeiro estudante a aderir ao projeto, ao ser procurado pelo professor Tony Gonçalves, diz que pensou em algo que refletisse o mundo geek: “Sugeri para o Tony numa reunião, o nome ‘Tropa Dark Side’ então esse foi o nome que ganhou”.

Ao ser questionada sobre a diminuição da evasão entre os alunos por causa da Tropa, Gabrielly Butierres, professora de Matemática e uma das responsáveis pelo projeto, diz que este é um dos objetivos: “A ideia é justamente fazer com que estudantes se sintam pertencentes à escola, importantes para a escola e acolhidos pela escola. A cultura Geek tem muitas possibilidades de aprendizagem, mas é também uma forma de vincular a instituição (que muitas vezes pode ser difícil de diferentes formas) a algo que estudantes gostam muito e, assim, fazer com que sigam na escola.”

Porém, a professora ressalta que o projeto não se deve somente aos estudantes, mas também aos educadores. “No contexto dificílimo de desvalorização do magistério estadual, o projeto também nos dá gás para continuarmos lutando por uma educação de qualidade e por espaços de ensino e aprendizagem diferentes do tradicional quadro e giz.”

Tropa Dark Side no Anime Extreme, em Porto Alegre, no dia 20 de outubro de 2018

Estudantes participantes
Os alunos Tebas, Davi Duarte e Julia Oliveira contam um pouco sobre como foi para cada um a entrada na Tropa e de como a influência de diferentes atividades ajudou em questões de inclusão e novas amizades. Participando do projeto desde 2017, o aluno Tebas – que prefere ser identificado pelo sobrenome -, afirma: “A Tropa não só influenciou a minha frequência nas aulas como também fez com que minhas notas aumentassem e o comportamento na sala melhorasse muito.”

Já o ex-estudante da instituição Davi Duarte revela que se sentiu acolhido pelos colegas e responsáveis quando entrou no projeto em 2018. “Além da cultura geek ser algo que me atraiu para este grupo, o grande diferencial era que ali eu tinha um lugar, eu podia falar e ser ouvido, podia expressar meus interesses, e sem falar que os professores estavam ali sempre para ajudar, não só com relação às nossas atividades em eventos e na escola.”

Em 2019, Julia Oliveira ingressou na Tropa, mas já conhecia o projeto desde a sua gênese e sempre participou dos eventos geek. Ela explica que “é um espaço onde podemos nos expressar e mostrar o nosso amor por um personagem, como por exemplo fazendo um cosplay, dançando, entre outras formas de expressão, mas cada um usa a maneira que se sente mais à vontade.”

Eventos
Nesses cinco anos de atuação, a Tropa Dark Side realiza edições do “Geek World”, em que são organizados eventos pelos professores e alunos dentro da instituição, sendo abertos à comunidade. De acordo com a professora Gabrielly, este “é o momento que podemos mostrar para quem está de fora como um projeto de cultura geek pode mobilizar toda a comunidade escolar”. Além de proporcionar uma abertura para a população conhecer o projeto, a Tropa leva o nome da escola a outros lugares em oficinas sobre a cultura geek e em instituições da região.

Em comemoração ao “Star Wars Day”, os alunos da E.E.E.M Profº Carlos Loréa Pinto se reuniram para assistir ao oitavo episódio de “Star Wars”, discutir sobre o futuro dos filmes, além de uma competição com um quiz e brindes

“Já realizamos oficinas sobre cultura Geek em várias escolas da cidade, já fomos para Venâncio Aires falar sobre cosplay e sempre que possível participamos de eventos geeks na região, sempre levando o nome do Loréa e mostrando que outras formas de aprender e de ensinar são possíveis e dão resultados muito positivos”, conta a professora.

Pandemia e perda

Com a chegada da pandemia, houve uma parada na realização de eventos e oficinas geek. Outra questão foi o falecimento do professor de português, Tony Gonçalves. Ele foi o criador do projeto, sendo conhecido como “Mestre Tony” – alusão ao Mestre Jedi do filme “Star Wars”.

“Ainda estamos aprendendo a não ter a presença física dele conosco e não está sendo fácil… Mas como diz o código Jedi: não há morte, há a força. Então, logo vamos estar honrando a vida, o amor e a alegria do Tony seguindo com as atividades da Tropa!”, desabafa Gabrielly.

A dificuldade de acesso a equipamentos de internet na situação atual (pandemia), também é tema que dificulta a participação dos alunos no projeto e realização de atividades das disciplinas do Ensino Médio. Para a professora Gabrielly, “a pandemia acabou com muitas ilusões, inclusive a de que todos e todas têm acesso à internet e à tecnologia. E na Tropa não é diferente!”

As expectativas pós-pandemia ainda são positivas graças a um professor que trouxe o aluno mais próximo da escola. A Tropa leva consigo uma caminhada com muitos frutos e todos com o mesmo propósito: mudar a educação por meio da cultura geek e trazer novas atividades aos alunos e professores. “Como disse antes, vamos ter que buscar a força para superar esse ano tão difícil, mas firmei o compromisso de honrar tudo que o Tony fez por nós e uma das formas de fazer isso é seguir com a Tropa. Logo que for possível vamos reunir a Tropa e, como sempre fazemos, vamos decidir juntos quais serão os próximos passos”, conclui a professora.

Sobre o processo seletivo

Segundo Gabrielly, “Como responsáveis pelo projeto, vimos que não poderíamos ter mais que 20 a 25 estudantes na Tropa, então foi preciso fazer um processo de seleção”. Com isso, o processo seletivo vai mudando de acordo com o crescimento de participantes e se restringe aos estudantes do Ensino Médio da instituição. No processo, ela conta que os interessados escrevem uma carta explicando por que querem participar do projeto e qual a relação com a cultura Geek e depois realizam uma entrevista. “Os critérios variam de ano para ano e são estabelecidos tanto pelos padawans quanto pelos mestres”, conta. Além disso, mesmo após a formatura, os estudantes continuam participando sempre que podem. 

Para mais informações sobre o projeto acesse a página no Facebook. 

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Parabenizo a estudante Carolina Amorim pela bela reportagem com o título “Tropa Dark Side: a cultura geek como educação”. Projeto desenvolvido na escola Pública E.E.E.M Profº Carlos Loréa Pinto aqui da Cidade do Rio Grande, de onde soube que a aluna é egressa. Parabéns por não se afastar das suas raízes e por ter dado continuidade aos estudos em uma universidade federal.
Desejo sucesso no curso, repito, em uma universidade pública e gratuita, como a UFPEL e na carreira escolhida.

Goreti Costa Butierres
Arte/Educadora

Em meio à pandemia: Coletivo AMU e Mano Rick apostam na reinvenção

Por Nathianni Gomes da Cruz

Desafios do ano 2020 levam a descobertas e inovação na área musical

Como você imaginou o ano de 2020 no dia 1º de janeiro? Certamente, para músicos, poderíamos esperar a resposta de um ano de lançamentos e shows em vários cantos do País. Infelizmente, com a pandemia que assolou o mundo, a área cultural foi uma das mais afetadas, exigindo dinâmica para elaboração de novas ideias.

Foi o caso do artista pelotense de Rap, Mano Rick, e do Coletivo Apoie o Movimento Underground (AMU). Artista e Coletivo se encontraram em entrevista no programa da RádioCom Pelotas 104.5 FM no dia 16 de outubro, para debater aspectos da carreira do rapper, lançamentos de singles e iniciativas para manter a produção musical, apesar da falta de shows e espaços públicos para realizá-los durante o isolamento social.

Nathianni Gomes, Maicon Rodrigues e Lucas Lima na entrevista com Mano Rick no programa do Coletivo AMU

Coletivo AMU
Criado em Pelotas, o Coletivo AMU está na ativa desde 2017, apoiando artistas, músicos, escritores e promovendo o acesso à cultura e da ocupação de espaços culturais. A ideia de criação do coletivo surgiu através da reunião de músicos como Douglas Jardim, integrante da banda Suburban Stereotype, Pedro Soler, vocalista da banda Marina’s Found, e teve a ajuda de outros nomes conhecidos da cena pelotense, como Maicon Rodrigues, Lucas Consentins, Vinicius Lemes, Mateus Daldon, Arthur Gros, Jocemar Daniel, entre outros apoiadores importantes.

De acordo com Maicon (30), professor de Geografia e guitarrista da banda Inimigo Eu, o coletivo AMU tem o objetivo de utilizar espaços para promover debates, abrir palcos para apresentações e debater as questões políticas que permeiam movimentos sociais, organizados ou não: “Pela conscientização de classe, pelo empoderamento das minorias!”.

Antes da pandemia, o AMU vinha com uma proposta de promover eventos musicais, muitas vezes, trazendo para Pelotas artistas de todo o Brasil para tocar na cidade. Além de contar com um programa semanal na RádioCom, difundindo a cultura underground e realizando entrevistas com artistas da cena local.

“A gente tá sempre tentando valorizar a cena independente, seja ela do rock, que é a que a gente faz parte, seja do rap também”, explica Maicon Rodrigues, um dos participantes do Coletivo.

No contexto atual, o Coletivo buscou inovar na apresentação do propósito do AMU, de apoio às bandas e artistas, pois utilizar o espaço da RádioCom se tornou ainda mais essencial. Sem os movimentos das ruas, o programa AMU investiu em entrevistas online, não só com artistas locais, mas, também, com artistas de todo o País. Maicon conta sobre o novo modelo de entrevistas do programa, já que foi preciso o afastamento da rádio e do contato ao vivo, com o isolamento social: “Estamos testando esse novo formato de entrevistas gravadas, por causa da pandemia. E estamos disponibilizando também em podcast para a galera”.

O programa do Coletivo AMU, continuando com a missão de difundir cultura e apoiar o movimento underground, está no ar na RádioCom Pelotas, 104.5 FM, todas as sextas-feiras, às 20h, e conta com entrevistas como a do Mano Rick, falando sobre música, pandemia, experimentos musicais, notícias semanais e indicações de bandas.

Mano Rick
Um dos convidados recentes do programa de rádio é uma das grandes influências no Rap pelotense. O músico Luís Henrique “Mano Rick” Barcelos Duarte tornou-se conhecido por grandes trabalhos nacionais e internacionais.

Graduado em Geografia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), morador do bairro Dunas, Mano Rick lançou seu primeiro EP em 2013, o “Fatos e Fatos”; e em 2017, apresentou seu primeiro álbum, o “Do Dunas Pro Mundo”, que alavancou a carreira a outros patamares. 

Mano Rick na época do lançamento de Flash Your Face

Desde então, o rapper fez parcerias com diversos artistas, como os músicos pelotenses Lucas Consentins e Gabriel Soares, e com artistas como Stime, da Angola, e com Marley do Beat, na música “Além do Tecido”, lançada no ano passado.

Com planos de lançamento de um novo álbum, Mano Rick se reinventou na cena musical: “A gente resolveu não lançar um álbum, achamos que não seria propício. Então decidimos lançar as faixas do álbum em formato de singles”. Os lançamentos estão previstos até dezembro. 

O rapper, que tem sua trajetória marcada por influências de rap dos anos 1990 e de rap de protesto, em 2020 decidiu trazer várias vertentes diferentes para as novas produções: “São experimentos. Tem música de amor, tem música com uma pegada mais ‘charme’ […] Tudo vai se transformando. As referências estão aí”.

KL Jay, do Racionais MC’s, fez parte do primeiro lançamento deste ano, em 1º de agosto. O interlúdio, que antecipa o single “Música pela Arte”, foi uma parceria mantida desde 2016, depois de uma entrevista realizada em Pelotas, que se consolidou no ano passado, em São Paulo. 

A letra foi escrita para a composição do álbum de estreia do artista, em 2017, mas ainda não estava completa. Foi finalizada em 2019, e a gravação foi feita em fevereiro deste ano. “Ela era para ser desse álbum, eu a guardei, fechei e lancei esse ano. Ela encerrou o processo ‘Do Dunas Pro Mundo’”, explica o rapper.

“O Rap trouxe muito autoestima para os pretos do mundo inteiro”. Ouça no álbum KL Jay na
Batida – Vol III Disco 1. 

Chuva dá início a novos lançamentos
“O estúdio é um laboratório, onde fazemos experimentos […] E ‘Chuva’ é mais um desses experimentos”, conta Mano Rick, sobre essa nova perspectiva musical que será lançada a partir do single, compondo uma dinâmica de diferentes estilos musicais com um mesmo propósito: experimentar, lançar clipes, e estudar a música através de contextos diferentes. “Eu não consigo me prender às caixinhas. Eu quero fazer música”, conta. 

A discografia está disponível nas plataformas YouTube, Spotify, Apple Music, Deezer e iTunes

“Chuva” tem a temática de ciclos. A ficha técnica conta com nomes como Luciano Matuck, Gabriel Soares e Lucas Consentins. “Sonhar/correr/pode ser difícil/ eu sei […] E mesmo quando a chuva vem/pode ser bom.” Vale conferir no Youtube a criação recente de Mano Rick, com poesia e ritmo para enfrentar esses tempos. 

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Cine UFPel realiza mostra virtual durante a pandemia

Por Danieli Schiavon   

Projeto realiza evento online com convidados para debater diversas temáticas durante o período de distanciamento

O Cine UFPel é uma sala de cinema criada em 2015 por iniciativa de docentes do Colegiado dos Cursos de Cinema e Audiovisual e Cinema de Animação da Universidade Federal de Pelotas. Originado por meio de um Projeto de Extensão, o Cine UFPel é sediado no auditório Luis Simões Lopes, na Agência de Desenvolvimento da Lagoa Mirim, à Rua Lobo da Costa, nº 447, no centro de Pelotas.

A criação do Cine UFPel se deu para estimular a universalização do acesso às obras cinematográficas e audiovisuais e incentivar a reflexão e discussão de ideias por meio do cinema e de suas interfaces culturais e sociais. Dentre a programação do cinema se destacam principalmente as produções autorais e independentes, nacionais e latino-americanas, filmes fora dos padrões de cinemas comerciais e, também, as obras produzidas pelos alunos da UFPel nos cursos de Cinema.

Sala de Cinema do Cine UFPel funciona de forma virtual durante pandemia / Reprodução

As sessões de filmes são gratuitas e abertas a todos os públicos, em horários variados de segunda-feira à sábado, mas desde setembro de 2018, quando um incêndio atingiu a sede da Sala do Cine UFPel, as atividades do projeto estavam suspensas. No começo de 2020, o espaço foi novamente liberado, mas em razão da pandemia do novo coronavírus, as atividades não chegaram a ser retomadas. De acordo com a coordenadora do projeto e docente do Centro de Artes da UFPel, Cintia Langie, o Cine UFPel não costumava produzir mostras online, mas diante do cenário de distanciamento social e das propostas de atividades virtuais sugeridas pela Universidade, houve a iniciativa de criar exibições através da página do Facebook do projeto.

A primeira mostra ocorreu em julho, com exibições quinzenais de curtas-metragens produzidos por alunos e ex-alunos da Universidade. Na dinâmica, após a exibição do filme, acontecia uma conversa com os produtores sobre os filmes, com participação dos internautas, por meio de mensagens enviadas no chat da transmissão.

Com os bons resultados da primeira experiência, em outubro foi lançado o Cine UFPel Convida, com a ideia inédita de convidar coletivos e grupos sociais para debater temáticas como sobre direitos humanos, liberdade de expressão e diversidade.

“Agora que estamos confinados, é um grande momento para saber ouvir e ter sensibilidade. É importante nos entendermos enquanto grupo de pessoas com lutas e visões de mundo comuns. A pandemia nos oportunizou esse momento de formar redes, trocar ideias, fazer parcerias”, pontuou Cintia. 

Segundo a coordenadora, é a primeira vez que o Cine UFPel produz mostras com convidados, visando dar maior visibilidade a esses grupos. “Há uma série de coletivos tão legais que têm produzido materiais, conhecimento, ações sociais muito importantes. Achamos interessante tirar a centralidade daquele curador que escolhe filmes por questões autorais e de estética e voltar nosso olhar para o cinema enquanto encontro e multiplicador de sensações e visões de mundo que podem melhorar nossa realidade”, completou.

A dinâmica desta mostra vai ser um pouco diferente da ocorrida no primeiro semestre. Os filmes serão divulgados na página do Facebook na semana anterior ao debate, e às quintas-feiras, às 18h, ocorrerá a transmissão do debate entre os convidados. 

A primeira exibição ocorreu na quinta-feira (15), no Canal do YouTube do Cine Ufpel. O coletivo convidado para abrir o evento foi o Macumba Lab, integrado por realizadores negros do Rio Grande do Sul. O filme escolhido foi o “Um é pouco, dois é bom”, produzido por Odilon Lopez, o primeiro longa-metragem realizado por um diretor negro no Brasil.

Cartaz do filme “Um é pouco, dois é bom” de Odilon Lopez / Divulgação – Facebook Cine UFPel

O próximo coletivo convidado vai ser a Usina Feminista, um grupo pelotense que gera empregos e renda para mulheres da cidade. Os temas desta Mostra vão transitar entre o movimento negro, feminista, LGBTQI+, índigena, ambiental e sobre agroecologia. A divulgação dos coletivos e da programação dos filmes escolhidos para os próximos debates pode ser acompanhada pela página do Facebook do Cine UFPel.

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O Dilema das Redes

Documentário expõe as contradições do uso das mídias sociais e impõe reflexões sobre comportamento humano

Por Paulo Lopes Marques

O documentário “O Dilema das Redes” aborda a complexa relação entre os benefícios oriundos dos avanços da tecnologia e os problemas associados ao uso indiscriminado das redes sociais na internet. A obra é uma produção da Netflix e está disponível nesta mesma plataforma de streaming. O longa com a direção de Jeff Orlowski (diretor dos documentários “Perseguindo o Gelo” e “Em busca dos Corais”) tem a duração de 94 minutos e foi lançado no Brasil em setembro de 2020.

A produção é baseada em depoimentos reais de ex-funcionários de empresas como Facebook, Twitter, Instagram, Google, Gmail, Whatsapp, Youtube, Pinterest e outros aplicativos. Além das entrevistas, atores assumem um papel coadjuvante, encenando um enredo de uma família com dois filhos adolescentes que são usuários compulsivos destas plataformas tecnológicas. Interessante destacar a palavra usuário, pois ela aparece em um depoimento ao longo do filme que afirma que este termo é utilizado apenas por dois segmentos de indústrias para nominar seus clientes (o de drogas e o de internet), sugerindo o nível de atividade viciante que estaria atrelado ao uso excessivo e sem controle dos aplicativos de mídias sociais.

O protagonista de destaque no documentário é Tristan Harris, um ex-funcionário da área de designer do Google e que era responsável pelo departamento ético da empresa. Além de Harris, há vários outros depoimentos de ex-funcionários das múltiplas plataformas sociais, sendo que muitos deles exerciam cargos de direção nas empresas.

Tristan Harris é ex-funcionário do Google e atualmente dirige a ONG “Time Well Spent”

No transcorrer do documentário, os depoimentos dos profissionais vão se intercalando e atestando aquilo que os atores encenam na ficção, que é a dependência que as pessoas desenvolvem no uso das plataformas digitais, principalmente através do uso de smartphones.

Nas entrevistas, os especialistas das áreas de tecnologia afirmam que as plataformas foram criadas para facilitar a vida das pessoas e que, lá no início, não se imaginou os efeitos colaterais que poderiam causar. É inegável o avanço conquistado ao se pedir um carro de transporte ou uma refeição na porta de casa, o encontro de amigos e parentes que se havia perdido o contato, a união de pessoas em busca de doação de órgãos e outras formas de cooperação e solidariedade que se utilizam das redes. No entanto, os profissionais também não se furtam em questionar a gratuidade destes aplicativos. Embora não cobrem diretamente dos usuários pelo produto que oferecem, os próprios utilizadores são parte do produto. Com seus sistemas inteligentes composto por algoritmos, as plataformas conseguem monitorar os gostos e desejos das pessoas, seus pensamentos e movimentos e, desta forma, sugerem notícias, vídeos e, principalmente, publicidade de produtos e serviços, que são realmente quem financia as redes sociais e, não à toa, essas empresas de tecnologia estão entre as mais ricas.

Este monitoramento e manipulação das pessoas são demonstrados no documentário em forma de ficção, em que três administradores de mídias sociais exercem a função que seriam de algoritmos, instigando a todo momento o interesse dos usuários em se manterem conectados, aumentar o engajamento e, paralelamente, manterem-se vinculados às suas bolhas. O ser humano é comparado a um avatar, em que seu cérebro é condicionado à vontade de quem administra as mídias.

O documentário também dá voz a profissionais da área de psicologia, que expressam a preocupação com a dependência das pessoas estarem conectadas o tempo todo às redes, sobretudo os mais jovens e os adolescentes. Sentimentos de ansiedade, frustações, diminuição de autoestima e depressão são alguns dos efeitos danosos causados e que, em casos extremos, podem levar ao cometimento de suicídio, fato que tem aumentado entre os jovens nos últimos anos.

Além dos problemas de saúde mental ocasionados nas pessoas, o uso indevido das redes sociais está acarretando uma série de outros problemas de ordem social. Entre os principais, pode-se destacar a ignorância proporcionada pela proliferação de mentiras, a radicalização das opiniões, a polarização política e a ameaça às democracias. Focando em temas bastante atuais, o documentário expõe as fragilidades e perigos das mídias sociais, mostrando as interferências constatadas nas últimas eleições em países democráticos como Estados Unidos e Brasil, além da enxurrada de falsas informações e de debates ideológicos inflamados no período de pandemia mundial da Covid-19.

Os profissionais da área de tecnologia entrevistados demonstram a preocupação com o rumo que a utilização das redes sociais pelas pessoas está tomando e que alguma coisa dever ser feita em breve para frear este movimento, seja em formas de regulamentação por parte dos governos, seja pela conscientização da sociedade de que estamos ficando doentes tecnológicos. A tecnologia em si não é a ameaça, mas a forma como ela usa a psicologia a seu favor, acaba tendo a capacidade de despertar o pior na sociedade, como a distração, a alienação, a falta de capacidade de focar nos problemas reais, a falta de confiança no outro, a incivilidade, o discurso de ódio, resultando, por exemplo, na expansão do populismo, em fraudes eleitorais e revoltas contra a democracia.

O documentário pode até ser considerado um pouco sensacionalista. Logo no início, por exemplo, aparece uma frase filosófica que compara a internet a uma maldição. Os personagens não possuem limite algum em sua vontade própria e são facilmente levados pelos comandos dos algoritmos das plataformas digitais, o que pode ser considerado um certo exagero. Mas, em suma, a produção é um excelente exercício de reflexão sobre o uso destas tecnologias e os perigos que se escondem por trás das telas de interação.

Segundo os especialistas entrevistados, estamos cruzando uma fronteira muito tênue entre a era da informação para uma da desinformação. Eles sugerem que as pessoas desinstalem dos seus aparelhos de celular tudo aquilo que não for realmente imprescindível e desativem as notificações. Além disso,  aconselham que os pais tentem evitar que seus filhos façam uso indevido das redes sociais. É preciso um redirecionamento. Usar com mais cautela essas tecnologias; pensar em quais aplicativos são realmente essenciais e fazem diferença em nossas vidas; não expor tanto os nossos dados; escolher os vídeos pela nossa vontade e não simplesmente porque são recomendados; checar as informações e suas fontes antes de compartilhar; sair um pouco das nossas bolhas, seguindo pessoas que pensam diferente de nós; são algumas das sugestões dadas para alterar a lógica na qual a sociedade está inserida. Desta forma, poderíamos usufruir melhor dos benefícios que seriam os objetivos originários quando da criação das mídias sociais.

Documentário aborda a complexa relação entre os benefícios oriundos dos avanços da tecnologia e os problemas associados ao uso indiscriminado das redes sociais na internet

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COMENTÁRIOS:

Essa resenha realmente foi muito bem escrita, e acima de tudo, faz nós leitores entrarmos em uma reflexão, mesmo não assistindo ao documentário. E uma parte que achei muito interessante foi a que faz uma ponte entre estarmos a todo tempo conectados e a ansiedade, baixa autoestima, depressão, etc. Porque realmente isso acontece. Vemos ali pessoas “perfeitas” com vidas “perfeitas” e começamos a nos sentir inferiores a elas sem ao menos saber a real verdade sobre aquela pessoa. E concordo que realmente nós devemos nos redirecionar, e usar a tecnologia para o bem, para o que ela realmente foi planejada e criada.

Bruna Rodrigues Félix Duarte

Muito obrigado pelo texto!

Verônica

eu quero videooooooooooooooooooooooooooooooooo com o resumoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo