Hércio Medeiros: várias facetas de sua arte

Por Julya Bartz Boemeke Schmechel   

Artista de São Lourenço do Sul desenvolve trabalhos na literatura, música e cinema

Hécio e Deivid Cardoso, na produção do curta “Todos os dias são iguais”

No meio artístico, a pandemia levantou diversas barreiras que tornaram o trabalho dos artistas ainda mais exaustivo. Além das dificuldades enfrentadas anteriormente, outras apareceram. Para artistas do interior, acaba sendo ainda mais difícil, principalmente na divulgação de trabalhos. Morador de São Lourenço do Sul, município com 43.540 habitantes, o artista Hércio Medeiros, de 24 anos, conta um pouco sobre o seu trabalho e as dificuldades que vem enfrentando, principalmente na pandemia.

A paixão de Hércio pela arte começou desde cedo, através de livros e filmes, que despertavam sua imaginação. A paixão foi se desenvolvendo e surgiu também o interesse pela atuação. Foi aí que decidiu fazer cursos de teatro e participar de companhias, ao mesmo tempo em que começou a escrever um livro: “Decidi começar a escrever sobre algumas das histórias que eu inventava na minha cabeça. Mas como eu era muito novo, até o livro ficar pronto demorou”, conta Hércio.

Hércio no lançamento de seu primeiro livro “Os Símbolos do Poder”

Seguindo a sua paixão, em 2015, entrou para o curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no qual ficou por um ano, até ir para o curso de Cinema e Audiovisual. Durante seus estudos, Hércio dirigiu curtas, entrou na companhia de teatro Misenscene, de São Lourenço do Sul, produziu os videoclipes do músico Miguel Lima (também de São Lourenço do Sul) e lançou o seu livro, que é o primeiro da saga “Os Símbolos do Poder”. O livro, que possui o subtítulo “O Enigma do Círculo da Pedra”, foi lançado em 2018, pela editora Chiado Books.

NOS CAMINHOS DA MÚSICA

Hércio formou-se em Cinema e Audiovisual em 2019 e, com o começo da pandemia, decidiu explorar mais uma área: a música. “Música também sempre foi algo que eu gostei muito… Tocava violão, mas sempre por hobby. Até que comecei a compor algumas músicas despretensiosamente e as pessoas que ouviam gostavam muito e me encorajavam a fazer algo com elas”. Assim, Hércio iniciou nas aulas de canto e lançou “Política de morte”, sua primeira gravação. Trata-se de um rap, escrito em um momento de indignação com a situação do País. “Não era algo que eu pretendia lançar, eu estava estudando para cantar e gravar as músicas mais “pop” e “reggae”, mas a letra veio em um momento de inspiração e como se tratava de algo atual, também me encorajaram a gravar e lançar… Foi mais como uma mensagem que eu considerava importante, para quem quisesse ouvir”, completa Hércio.

AUDIOVISUAL

Saindo um pouco da música, Hércio e seu amigo Deivid Cardoso montaram uma produtora audiovisual, a Ecran. Porém, com o início da pandemia, houve um grande atraso, principalmente pela falta de produções. Como uma luz, para a dupla de amigos, em novembro de 2020 a Prefeitura Municipal de São Lourenço do Sul abriu um edital para apoia financeiramente profissionais e instituições da classe artística, através da Lei Aldir Blanc: “Escrevi rapidamente o projeto do filme, enviamos o edital e ganhamos… Graças a isso, então, conseguimos comprar alguns equipamentos e produzimos o curta”. O filme “Todos os dias são iguais” foi escrito e estrelado por Hércio, em que ele interpreta um jovem que vive quase sempre o mesmo dia, apenas com alguns detalhes diferentes.

.Hércio conta que, além da pandemia ter afetado o seu trabalho e atrasado produções, o fato de ser um artista do interior também interfere na divulgação de seus trabalhos: “Aqui as coisas ‘não acontecem‘, né… Qualquer cidade maior, mais central, tem muito mais oportunidades e maior visibilidade”. Justamente por isso, o artista lourenciano conta que pretende difundir a cultura da região: “Um dos meus esforços, inclusive, enquanto não vou embora daqui, é tentar fazer essa movimentação, mostrar para as pessoas que aqui também tem arte e daqui também pode sair muita coisa boa, se tiver o apoio necessário”, afirma Hércio.

Quanto ao futuro, ele pretende lançar outros curtas através da Ecran, além de dar continuação ao seu livro, a qual já começou a escrever. E sobre a música, diz que pretende continuar estudando para aperfeiçoar-se na área, além de estar trabalhando em uma nova composição, que escreveu aos 18 anos.

Artistas como o Hércio inspiram e mostram como o interior possui grande potencial, mas que, na maioria das vezes, não é visto. O Sul do Sul possui muitas riquezas, que vão além de belas paisagens: a cultura é única e merece receber cada vez mais espaço e destaque.

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COMENTÁRIOS

Eu amei!! Incrível, e muito obrigado pelo reconhecimento, de coração!

Hércio Medeiros

O Hércio sempre foi muito dedicado, em todos os aspectos.
Ver o seu crescimento é uma inspiração!
Bela matéria! Um abraço!

Juliana Tacques Touguinha

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