O GAMA foi idealizado por um grupo de professores do Departamento de Matemática e Estatística, do Instituto de Física e Matemática da UFPel, todos recém integrados ao quadro docente da instituição. O GAMA foi intitulado, inicialmente, de Projeto Tópicos de Matemática Elementar: Matemática Básica – Iniciação ao Cálculo (TME) e só passou a ser denominado Grupo de Apoio em Matemática (GAMA) a partir de 2015. Nestes primeiros anos, o grupo oferecia monitorias durante os semestres letivos e um curso de matemática básica para alunos ingressantes nos recessos acadêmicos. As monitorias, neste período, eram desenvolvidas de maneira personalizada, com atuação individual de um bolsista por turma. Neste modelo, cabia ao professor responsável pela turma solicitar o apoio do GAMA. O curso de matemática básica era composto por seis aulas, ministradas por bolsistas e acompanhadas presencialmente por professores colaboradores do grupo. O objetivo deste curso era de sanar algumas lacunas na aprendizagem de conceitos fundamentais para as disciplinas iniciais de cálculo diferencial e integral.
Desde a sua criação, este projeto se dedica a pensar, propor e executar diversas ações de acolhida à estudantes que procuram apoio institucional para revisão e reforço em matemática, tanto em nível elementar (conteúdos de ensino fundamental e médio) quanto em nível de graduação (conteúdos de ensino superior).
Ao longo de mais de uma década, desde a sua criação, o GAMA se tornou um projeto tradicional da UFPel, com atuação reconhecida através de seu compromisso para com a comunidade acadêmica e passou a ser classificado, a partir de 2018, como projeto estratégico institucional. Atualmente, o GAMA vem se dedicando especialmente a buscar alternativas para vencer um dos principais desafios característicos do ensino tradicional: a passividade dos alunos em relação a sua própria aprendizagem. Esta particularidade, facilmente identificada em muitas salas de aula, dificultam e até mesmo impossibilitam uma aprendizagem de qualidade.
A partir de 2015, atendendo a um pedido da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE/UFPel que visava potencializar o apoio a estudantes em situação de vulnerabilidade social, através de aulas de reforço em matemática elementar, o GAMA desenvolve e implementa as Atividades de Reforço em Cálculo – ARC. Nesta proposta, cada turma realizava um encontro semanal de quatro horas onde eram revisados conteúdos de matemática elementar e Cálculo Diferencial. A proposta visou desenvolver o conteúdo de forma paralela ao desenvolvido na disciplina de Cálculo na qual o aluno estava matriculado. Ao contrário das monitorias, onde geralmente são discutidas dúvidas específicas, estas atividades propõem a revisão sistemática da teoria e, em seguida, resolução de exemplos e exercícios pré-estabelecidos.
A partir de 2017, as Atividades de Revisão em Matemática passaram a representar a principal ação oferecida pelo GAMA, em número de estudantes participantes. estruturadas em módulos de revisão tanto do ensino básico quanto superior. Cada módulo é composto por seis aulas presenciais envolvendo conteúdo e exercícios. Das vagas oferecidas, 50% são destinadas para alunos vinculados a programas de permanência da PRAE/UFPel. Cada turma tinha aula duas vezes por semana, com duração de duas horas cada encontro ou uma única vez por semana, em um encontro de quatro horas oferecido geralmente aos sábados pela manhã.
Os módulos de revisão oferecidos atualmente são: Matemática Básica I, Matemática Básica II, Geometria Analítica, Funções, Funções trigonométricas, exponenciais e logarítmicas, Limites, Derivadas e Integrais. As inscrições e a divulgação das turmas são realizadas na página institucional do GAMA. O participante que obtiver presença em 75% das aulas recebe certificado de 12 horas em cada módulo.
Além das Atividades de Revisão em Matemática, o GAMA mantém o atendimento dos estudantes através de monitorias, que são oferecidas ao longo dos semestres letivos. Os bolsistas disponibilizam 12 horas semanais em três campi da universidade, com horários nos três turnos e, neste formato, as monitorias deixaram de ser personalizadas por turma, o que possibilitou a participação de um maior número de estudantes. Na página institucional do grupo é disponibilizada uma tabela com todos os horários disponíveis, nomes dos monitores, disciplinas atendidas e locais, atualizada sempre que necessário. Os alunos que comparecem a 15 monitorias recebem um certificado de 20 horas.
Em 2018, iniciou-se a postagem de videoaulas no canal do YouTube do GAMA. Inicialmente, havia 31 videoaulas que abordavam integralmente os conteúdos do módulo de matemática básica. Os vídeos foram gravados por um bolsista e editados por um professor colaborador do grupo. Nos anos de 2018 e 2019, o canal começou a ser acessado, alcançou mais de 200 inscritos e ultrapassou seis mil visualizações. Atualmente, são mais de 2.000 inscritos e mais de 40.000 visualizações. Os vídeos foram gravados utilizando a webcam do computador, um gravador para captação de áudio, o software OBS Studio para captação dos movimentos da tela e o software OpenShot para edição de vídeos.
Cada vídeo é composto por uma apresentação do conteúdo, em slides de powerpoint, acopladas à imagem do apresentador, em tamanho reduzido, narrando a explicação no canto inferior esquerdo da tela. Optou-se por mesclar os slides de conteúdo com a imagem do bolsista e não somente o recurso de áudio, na apresentação da aula, por entender-se que a imagem do bolsista poderia representar um recurso importante para aproximar o estudante da aula, qualificando assim a aprendizagem.
Também em 2018, surgiu a ideia de criar um grupo de whatsapp entre alunos, bolsistas e professores, a fim de ser mais um canal de auxílio em dúvidas de matemática em horários que por ventura não tenha monitoria ou não seja possível o deslocamento até a universidade. Esta iniciativa tem se mostrado muito eficiente, especialmente em períodos nos quais os atendimentos presenciais não são possíveis.
A parir de 2019, o GAMA deixa de ser um projeto de ensino da UFPel e passa a ser cadastrado em uma nova modalidade, como “projeto unificado”. Nesta nova modalidade, passa a ser permitida a oferta de ações de pesquisa e extensão, além das tradicionais atividades de ensino já desenvolvidas pelo grupo desde a sua criação. Estudantes e professores da rede pública de ensino passam a participar das atividades do projeto e isto fomenta uma aproximação do GAMA com instituições de educação básica.
Também neste ano, uma nova metodologia de ensino foi utilizada no módulo de matemática básica I, chamada Sala de Aula Invertida – SAI, a fim de obter um aprendizado mais significativo. Nesta proposta, vídeos pedagógicos produzidos pelo grupo foram enviados previamente para os estudantes da turma antes de cada aula presencial. Os estudantes assistiram os vídeos e compareceram no encontro presencial para esclarecer dúvidas e resolver exercícios. Nesta proposta, o que seria feito em aula (primeira exposição do conteúdo) agora é feito em casa e o que era feito em casa (resolver os exercícios) é feito em aula, com o auxílio de colegas, monitores e professores. A primeira experiência de implementação da SAI no GAMA indicou maior personalização do ensino, autonomia do discente, interação professor/aluno e aluno/aluno e melhora na aprendizagem.
No ano de 2020, já no contexto de isolamento social causado pela pandemia da COVID-19, o grupo mais uma vez se reinventa, agregando duas novas ações. A primeira delas, diretamente relacionada à impossibilidade de atividades presenciais, consistiu em gravar mais de 150 vídeos pedagógicos que abrangem o conteúdo dos módulos de Funções (14 vídeos), Funções Trigonométricas, Exponenciais e Logarítmicas (20 vídeos), Limites (13 vídeos), Derivadas (12 vídeos), Integrais (21 vídeos), Álgebra Linear e Geometria Analítica (27 vídeos), além de diversos vídeos que versam sobre resoluções de exercícios. As videoaulas foram baseadas no material didático desenvolvido para as aulas presenciais do GAMA e foram produzidas por um grupo de professores colaboradores do projeto. A confecção deste material permitiu ao grupo oferecer diversas atividades online ao longo de 2020 e 2021, tanto para estudantes da UFPel quanto para estudantes de outras instituições públicas de ensino, reforçando o caráter extensionista.
A segunda ação agregada ao GAMA a partir do ano de 2020 foram as Oficinas de Aprendizagem Autorregulada.
O oferecimento da primeira turma ocorreu ao longo do mês de novembro de 2020. Esta atividade foi composta por quatro encontros virtuais síncronos, além de atividades assíncronas, onde foram abordados temas centrais relacionados ao constructo da Autorregulação da Aprendizagem, tais como oferecimento de atividades de apoio, na forma de oficinas, que visam propor reflexões acerca do uso de estratégias de aprendizagem em matemática, a partir das experiências dos estudantes participantes. Nos encontros, abordou-se também alguns temas específicos, tais como o estabelecimento de objetivos de aprendizagem, o planejamento de estudos, automonitoramento da aprendizagem, autoavaliação da aprendizagem, a gestão do tempo disponível, a organização e transformação da informação, a atenção e a concentração na tarefa, procrastinação, o ambiente de estudo e procura por ajuda.
O GAMA tem se mostrado uma ferramenta importante na colaboração com políticas afirmativas, como o sistema de cotas para ingresso nas Universidades Federais, onde 50% das vagas devem ser preenchidas por alunos oriundos integralmente do ensino público. O investimento significativo de energia por parte de professores colaboradores, bolsistas, gestores educacionais e demais participantes, consolidam o GAMA como uma das mais relevantes inciativas no combate a evasão e retenção da história da Universidade Federal de Pelotas.